quarta-feira, 3 de março de 2010

Italiani – O legado do pintor Aldo Locatelli (1)

Dentre tantos artistas italianos que radicados no Brasil deixaram importantes e significativos trabalhos em praças, igrejas e palácios públicos, o bergamasco Aldo Locatelli tem seu nome gravado na história cultural do rio Grande do Sul.

Aldo Locatelli nasceu em Vila D’Almé, na Itália, no ano de 1915. Realizou seus primeiros estudos em sua cidade natal e depois mudou-se para Roma, para estudar na Escola de Belas Artes. Durante o curso, foi convocado para a Segunda Guerra Mundial. Serviu no Egito e, ferido em combate, afastou-se dos campos de batalha. Retornando à Bérgamo, iniciou sua vida profissional. Criou murais para a Igreja de Santa Cruz e partiu para Gênova e Nápoles, dedicando-se sempre à pintura religiosa.

Em 1948, desembarcou no Brasil, a convite do bispo da cidade de Pelotas Dom Antonio Zattera, para restaurar a Catedral de São Francisco de Paula. Veio com a promessa de retornar à Itália assim que terminasse seu trabalho. Um mês depois de sua chegada ao Rio Grande do Sul, recebeu Emílio Sessa, seu colega na Academia Carrare em Bérgamo, com quem dividiu vários projetos. Nos dois anos em que trabalhou no restauro da Catedral de São Francisco, em seus raros momentos de folga, ministrou aulas gratuitas de pintura para pessoas interessadas em arte. A repercussão do curso fez com que incentivasse a criação de uma Escola de Belas Artes em Pelotas. Foi, ao lado de Antonio Caringi, um dos primeiros professores da Escola.

Em 1950, Locatelli decidiu permanecer no Brasil, mandou buscar a esposa, D. Mercedes, mudou-se para Porto Alegre e começou a dar aulas no Instituto de Belas Artes da UFRGS. Nesta época pintou o interior de igrejas, o mural intitulado “Conquistando Espaço” no antigo prédio do Aeroporto Salgado Filho, em parceria com Sessa e Atílio Pisoni e, inspirado na obra de Simões Lopes Neto, criou o painel Negrinho do Pastoreio no grande salão central do Palácio Piratini . 

A decoração pictórica do Salão de Atos do Palácio também é de sua autoria, nela seus pincéis recriaram o processo de povoamento e colonização do Rio Grande do Sul. Em Caxias do Sul, pintou o interior da Igreja São Pelegrino e, ao final do trabalho, reconheceu o painel intitulado Via Sacra como sua maior criação. Locatelli escrevia a tese para prestar concurso para o cargo de professor da cadeira de Composição Decorativa no Instituto de Belas Artes da UFRGS, quando adoeceu. Faleceu poucas semanas antes de defender seu trabalho, vítima de câncer no pulmão, aos 47 anos.

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