Na Fazenda Gertudes "
O Colonato ao combinar distintas formas de produção, proporcionava ao colono um pagamento em dinheiro pelo trato e colheita e também a produção da sua subsistência. O dinheiro que ele recebia pelo trato e pela colheita geralmente não cobria as necessidades de sobrevivência da família.
Os salários pagos aos colonos variavam de região para região, de fazenda para fazenda, de ano para ano, dentro de uma própria fazenda. Seu valor estava diretamente ligado as condições oferecidas para a lavoura de subsistência e praticamente independia das condições de oferta e demanda de mão-de-obra.
Estes salários provinham de três fontes: Do trato, de um certo número de pés de café, pago por unidade de 1000 pés; o trato consistia em fazer a limpeza das ervas daninhas de três a cinco vezes ao ano; Da colheita paga pela quantidade de alqueires de café colhido (um alqueire de café equivalia a 50 litros); Das diárias, isto é, dias de trabalho avulso prestado ao fazendeiro conforme as necessidades da fazenda.
A documentação da fazenda Santa Gertrudes permite verificar o quanto cada uma das fontes de rendimento monetário representava no total do rendimento familiar, quer em relação ao tamanho da família, quer em relação à força de trabalho, quer ainda em relação aos anos de boa ou má safra.
O trato tanto em relação ao tamanho da família quanto ao número de trabalhadores chegava a representar quase a metade do rendimento monetário do colono, enquanto a colheita era responsável por cerca de 39% ficando o restante por conta da diária e outros serviços.
Embora estas proporções não variem muito quando se trata do tamanho da família, o trato quando é relacionado com um número de trabalhadores tem uma leve tendência a diminuir enquanto as outras fontes no geral tendiam a aumentar ligeiramente a sua participação no rendimento, à medida que aumentava também o número de trabalhadores no grupo familiar.
A documentação da fazenda Santa Gertrudes permitiu estimar o orçamento de uma família colona naquela propriedade, para o ano de 1913. Esta família, composta de marido, mulher, dois adolescente entre 12 e 16 anos e mais uma criança pequena aparece na documentação da fazenda como uma família de 5 pessoas e duas enxadas.
Em 1913 ela tratou de 5081 pés de café recebendo por isso a importância de R$ 406$480, colheu 903 alqueires de café no valor de R$ 415$500 (este foi um ano de excelente safra) e executou 33,25 diárias no total de R$ 74$625, além de receber R$ 90$300 de gratificação pela colheita paga pelo fazendeiro a todos os colonos que concluíram o ano agrícola em Santa Gertrudes.
Portanto, esta família recebeu da fazenda a importância de R$ 986$905. Isto posto, pode-se inferir que o sistema de colonato apresentava-se vantajoso para as famílias que se e encontravam no ápice de sua capacidade produtiva e soubessem se beneficiar ao máximo da mesma. As famílias empregadas nas fazendas mais próximas aos núcleos urbanos possuíam uma opção de vender o excedente da sua produção de subsistência e fazer aí as suas compras evitando os preços mais altos cobrados no armazém da fazenda, numa época em que os gêneros de primeira necessidade estavam bastante caros". ( (Fonte: Fazenda Santa Gertrudes )
Um blog para difundir e aprofundar temas da presença italiana no Brasil, bem como valorizar o Made in Italy. Um espaço para troca de informações e conhecimento, compartilhando raízes comuns da italianidade que carregamos no sangue e na alma. A italianidade engloba a questão das nossas raízes italianas e também reserva um olhar para a linha do tempo, nela buscando e resgatando uma galeria de personagens famosos ou anônimos que, de alguma forma, inseriram seus nomes na História do Brasil.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
História (183) - "Far l'America (102)": Imigração italiana na história da Fazenda Santa Gertrudes (3)
O site da Fazenda Gertrudes relata que "a própria hospedaria dos imigrantes, como agente de mão-de-obra vinculado, na época, aos interesses do café, além de classificar os indivíduos por sexo, distribuía-os em três grupos etários: de 0 a 12 anos, de 12 a 45 anos e mais de 45 anos, numa clara demonstração da importância de se conhecer o potencial da força de trabalho destas famílias. Aliás, entreas exigências para que a família conseguisse obter a passagem subsidiada era que ela fosse de agricultores e tivesse pelo menos um elemento masculino entre 12 e 45 anos. Dos italianos (55%) e dos cearenses (60%) possuíam 12 anos ou mais e, portanto, eram considerados aptos para o trabalho.
Uma amostra significativa destas mesmas famílias, localizada na documentação da fazenda Santa Gertrudes, no momento de sua chegada na fazenda aponta que 49% dos italianos e também dos cearenses eram "pessoas de trabalho". Esta amostra compõe-se de 26 famílias italianas com 126 pessoas, sendo 62 "de trabalho" e 101 famílias cearenses com 498 pessoas sendo 246 "de trabalho". Partindo-se então do pressuposto de que todos os homens maiores de 12 anos fossem trabalhadores efetivos, poder-se-ia deduzir que a diferença entre as porcentagens apresentadas acima (55% - 49% = 6% para os italianos e 60% - 49% = 11% para os cearenses) ficasse por conta das mulheres com mais de 12 anos que não participavam do trabalho produtivo.
Aplicando-se estas porcentagens as 26 destas famílias identificadas na documentação da fazenda Santa Gertrudes obtém-se que 70 das 126 pessoas deveriam possuir 12 anos ou mais (36 eram homens e 34 mulheres). Se todos os homens com 12 anos ou mais fossem considerados trabalhadores e se o total de trabalhadores era 62, concluí-se que das 34 mulheres, 26 apenas estavam incluídas na força de trabalho. O retrato das famílias imigrantes para o café, no momento de sua introdução a São Paulo, deixa entrever que independente de sua origem e ao contrário do que pretendia os fazendeiros, famílias numerosas e com muitos braços, essas famílias não eram grandes. Possuíam tamanhos médios de cinco elementos e relativamente jovens".( (Fonte: Fazenda Santa Gertrudes )
Uma amostra significativa destas mesmas famílias, localizada na documentação da fazenda Santa Gertrudes, no momento de sua chegada na fazenda aponta que 49% dos italianos e também dos cearenses eram "pessoas de trabalho". Esta amostra compõe-se de 26 famílias italianas com 126 pessoas, sendo 62 "de trabalho" e 101 famílias cearenses com 498 pessoas sendo 246 "de trabalho". Partindo-se então do pressuposto de que todos os homens maiores de 12 anos fossem trabalhadores efetivos, poder-se-ia deduzir que a diferença entre as porcentagens apresentadas acima (55% - 49% = 6% para os italianos e 60% - 49% = 11% para os cearenses) ficasse por conta das mulheres com mais de 12 anos que não participavam do trabalho produtivo.
Aplicando-se estas porcentagens as 26 destas famílias identificadas na documentação da fazenda Santa Gertrudes obtém-se que 70 das 126 pessoas deveriam possuir 12 anos ou mais (36 eram homens e 34 mulheres). Se todos os homens com 12 anos ou mais fossem considerados trabalhadores e se o total de trabalhadores era 62, concluí-se que das 34 mulheres, 26 apenas estavam incluídas na força de trabalho. O retrato das famílias imigrantes para o café, no momento de sua introdução a São Paulo, deixa entrever que independente de sua origem e ao contrário do que pretendia os fazendeiros, famílias numerosas e com muitos braços, essas famílias não eram grandes. Possuíam tamanhos médios de cinco elementos e relativamente jovens".( (Fonte: Fazenda Santa Gertrudes )
Assinar:
Postagens (Atom)