A história do atual estádio Palestra Itália, propriedade da Sociedade Esportiva Palmeiras, remonta à virada do século XIX para o século XX e envolve uma das mais tradicionais empresas brasileiras da época, a Companhia Antarctica Paulista. Pensando no lazer de seus funcionários, a empresa criou o Parque da Antarctica, um espaço de 300 mil metros quadrados que abrangia uma vasta área verde, com lago, parque infantil, restaurantes, choperia, local para bailes, reuniões e áreas para a prática esportiva (incluindo pistas de atletismo, quadra de tênis e um dos primeiros campos de futebol da cidade).
Em pouco tempo, o parque passou a ser uma referência não só para a prática do futebol, mas também para diversas atividades ao ar livre, como corridas de automóveis, lutas de boxe, etc.
Com a crescente paixão pelo futebol, esporte que já tinha adeptos em grande número não só em São Paulo, mas também no Brasil, o espaço passou a ser muito requisitado para esta prática esportiva.
A empresa, então, passou a alugar o campo de futebol lá existente para clubes nos primeiros anos do século 20.
O Germânia, clube de origem alemã, passou então a ser o mandante do campo. Exatamente no dia 3 de maio de 1902, o Mackenzie College venceu o Germânia (atual Esporte Clube Pinheiros) no Parque Antarctica, por 2 a 1, dando início ao primeiro campeonato oficial de futebol do Brasil, o Paulista.
Com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o Germânia diminui suas atividades sociais e repassou seu contrato de locação para o América F.C. (já extinto), clube este que foi fundado por Belfort Duarte.
Por sua vez, com dificuldades econômicas, o América passou a sublocar o espaço para outras equipes.
Foi assim que, exatamente no ano de 1917, o Palestra Itália passou a mandar seus jogos no Parque Antarctica. O contrato de então previa que o América utilizasse a estrutura nas terças, quintas, sábados e domingos, enquanto o Palestra Itália usaria o local nos mesmos dias, porém na parte da tarde, para treinos e partidas oficiais.
Em 1920, contanto com o apoio da Companhia Matarazzo, o Palestra Itália efetuou a compra do campo de futebol e de grande parte do terreno do Parque Antarctica pelo valor total de 500 contos de réis, uma verdadeira fortuna à época.
As condições de pagamento também não eram muito favoráveis: metade a vista, outra metade em duas prestações anuais de 125 contos de réis. Era uma aposta ousada, mas que foi aceita de pronto pelo presidente Menotti Falchi. Exatamente no dia 27 de abril de 1920, o contrato entre as partes foi firmado.
Na escritura de compra as condições de favorecimento aos empregados e ao comércio dos produtos Antarctica eram explícitas. A exclusividade duraria 99 anos: desde a fundação do Parque, 1904, até 2003, só produtos daquela fábrica poderiam ser vendidos.
Na primeira partida como legítimo proprietário do estádio, no dia 16 de maio de 1920, o Palestra Itália aplicou uma sonora goleada sobre o Mackenzie, por 7 a 0, gols de Caetano (3), Heitor (2), Fabbi e Imparato.
O Palestra Itália conseguiu, com dificuldades, pagar as duas primeiras parcelas do pagamento, porém não conseguiu arcar com a última delas. A solução foi vender uma parte do terreno para o conde Francisco Matarazzo, que pagou a soma de 187 contos de réis.
Aos poucos, o clube passou a investir em grandes reformas no local, incluindo a construção da arquibancada geral, ainda de madeira, e da tribuna social (reservada aos associados do clube).
Em 13 de agosto de 1933, o Palestra Itália vencia o Bangu, por 6 a 0, pelo Torneio Rio-São Paulo, marcando a inauguração do “Stadium Palestra Itália”. Já com arquibancadas de concreto, tratava-se do maior, mais moderno e imponente estádio do país na época. Neste mesmo período, a sede social do clube foi transferida do centro da cidade para o entorno do estádio.
No final da década de 1950, foi iniciada uma nova e profunda reforma, onde a arquibancada foi totalmente reconstruída e passou a ter mais do que o dobro da capacidade anterior.
O campo foi suspenso – daí surge o nome de “Jardim Suspenso” – e foram construídos vestiários no sub-solo. A reinauguração aconteceu no dia 7 de setembro de 1964, com o jogo Palmeiras x Guaratinguetá, pelo Campeonato Paulista.
A partir da década de 1990, o Palmeiras fez diversas obras de melhorias, para aumentar o conforto dos torcedores e começar a formalizar, aos poucos, o grande sonho de gerações de palestrinos e palmeirenses: a construção de uma nova Arena, que será em breve um dos estádios mais modernos das Américas. (Fonte: Site Oficial do Palmeiras)
Um blog para difundir e aprofundar temas da presença italiana no Brasil, bem como valorizar o Made in Italy. Um espaço para troca de informações e conhecimento, compartilhando raízes comuns da italianidade que carregamos no sangue e na alma. A italianidade engloba a questão das nossas raízes italianas e também reserva um olhar para a linha do tempo, nela buscando e resgatando uma galeria de personagens famosos ou anônimos que, de alguma forma, inseriram seus nomes na História do Brasil.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Oriundi - Padre Busato: igreja e política na história de Erechim, no Rio Grande do Sul
Um personagem marcante da história da cidade gaúcha de Erechim foi o padre Benjamin Busato, filho de italianos, que mereceu a atenção da pesquisadora Sonia Mári Cima. Na dissertação de mestrado Padre Busato: um protagonista na história de Erechim (1926 - 1950) pela Universidade de Passo Fundo ela relata influência política do religioso no cotidiano daquela cidade entre 1926-1950.
"No período referido (1926-1950), observa-se um envolvimento muito grande de
padre Benjamin com a sociedade local e regional, expresso nas eleições municipais ou de
outras esferas, nas atividades da Ação Católica e Liga Eleitoral Católica, na formação do
Círculo Operário Erechinense, nas atividades como presidente da Associação Rural, na
tentativa de criação de cooperativas, nas iniciativas de construção do Hospital de Caridade,
do Colégio São José e da Igreja São José e noutras influências sociais, como a busca de
produtos – o sal e o querosene –, quando da escassez provocada pela Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), e na defesa dos descendentes de italianos pelo nacionalismo do
Estado Novo (1937-1945)".
"O personagem deste estudo, padre Benjamin Busato, nasceu no dia 27 de junho de 1902 em Nova Palma,28 Rio Grande do Sul. Seus avós paternos foram Basílio e Julia Busato, e avós maternos, Antônio e Maria Ruaro. Sobre seu avô Antônio Ruaro encontramos este registro em Sponchiado
"O próprio padre Benjamin Busato, que utilizava o codinome “Chico Tasso” em seus escritos, destaca nas crônicas sobre seu avô: (...) 'Recordo uma história de meu avô. Meu avô vinha das montanhas dos Alpes, divisa entre Suíça e Itália, onde ao tempo êle vingava um perigoso contrabando de fumo, visto como tudo que fosse tabaco ou tabacaria era do Govêrno como o eram o fósforo, sal e selos de correio.' "
"Os ascendentes familiares do padre Benjamin eram italianos, desenvolviam atividades ligadas à agricultura e tinham o sonho de adquirir propriedades e obter autonomia. Ludibriados pela propaganda da América como uma terra de esperança e farturas, informações nem sempre condizentes com a realidade de preencher espaços demográficos ou mão-de-obra, eles vieram para o Brasil através da política oficial de imigração. Vale Vêneto e Nova Palma foram os espaços onde cresceu o padre Benjamin"
“Os vinte e quatro anos de liderança do padre Benjamin Busato na igreja São José, apesar dos cinqüenta anos que nos separam desde seu afastamento, são marcantes para os habitantes de Erechim, sobretudo para os que o conheceram pessoalmente. Para entender esta afirmação, destacamos, primeiramente, a participação política de padre Benjamin, com grande evidência à sua função de vereador, desempenhada de 1946 a 1947 e como presidente, na época denominado Conselho Administrativo, além de sua indicação, em 1945, como candidato à Assembléia Legislativa, pelo PSD".
"Ele assumiu a liderança como vigário de uma paróquia com a função de transmitir as bases espirituais para o povo, porém uma das suas principais preocupações foi o acompanhamento social e político do desenvolvimento de Erechim. Outra consideração, não menos importante, é a influência comprovada que o padre Busato exerceu nas eleições quer locais, quer estaduais ou nacionais, confrontando-se com autoridades locais, ou de partidos diferentes, como foi o caso criado com o prefeito Amintas Maciel em 1933 e por ter assumido o papel de cabo eleitoral de alguns candidatos, como do prefeito Attilano Machado, em 1928, e do deputado estadual Adroaldo Mesquita da Costa, em 1933, 1934 e 1946".
"A atuação de nosso biografado baseava-se em sua função como religioso, exercendo enorme controle sobre as comunidades rurais italianas, imbuído do espírito da Liga Eleitoral Católica ou da Ação Católica, ou na organização de associações trabalhistas. 116 No Rio Grande do Sul, sob a orientação de dom João Becker, arcebispo de Porto Alegre, o padre Benjamin orientou seu trabalho para a organização popular em torno da Igreja Católica, buscando a reestruturação da instituição no pós-30".
"Foi esse um período em que a sociedade brasileira passava por mudanças estruturais, sociais, políticas e econômicas e no qual a Igreja Católica passou a disputar espaço junto ao poder do Estado, quase sempre assumindo a organização de instituições como o Círculo Operário Erechinense, a Associação Rural, o Hospital de Caridade, o Colégio São José e a construção da igreja São José. A ação centralizadora do padre Benjamin refletiu-se na organização da sociedade erechinense em meio à disputa entre Estado e Igreja por espaço político, destacando-se sempre sua participação mais no plano político do que no religioso, o que nos leva a deduzir do respeito que tinha na comunidade, pois o encaminhamento de todas as questões referentes ao município se iniciava ou passava por sua orientação".
"Em meio à necessidade de organização social, à inexistência de elementos materiais e estruturais em Erechim, o padre Busato exercia o papel de autoridades legais, encaminhando as questões sociais e assumindo a função de mediador messiânico nos conflitos entre pessoas e grupos. O personagem padre Busato apresenta-se não como um padre burocrático, restrito às funções religiosas, a registros catequéticos, mas abrange um universo de aspectos, remetendo a uma figura que se impunha e angariava o respeito e a obediência da população erechinense. Era assim que via sua missão de padre. O religioso marcou seu apostolado com seus escritos e com sua palavra".
"Teve numerosos artigos publicados em jornais locais e seus sermões eram fluentes pela profundidade de suas idéias e de seus conhecimentos, denotando domínio da escrita e da palavra, que utilizava para participar social e politicamente nos assuntos de interesse dos erechinenses. Em todo o período do exercício de suas funções na paróquia São José, seu envolvimento social e político superou o religioso, até mesmo em seus escritos, nos quais destacou muito mais temas políticos e sociais do que religiosos".
"Assim, também ficou marcado na sociedade erechinense como um padre político, que se manifestava, que assumia posições e era muito influente no meio rural, especialmente entre os descendentes de imigrantes italianos. Apesar de já se terem passados cinqüenta anos e se vivenciado inúmeras transformações radicais, tanto política quanto religiosamente, comentar sobre um afastamento ou licenciamento ainda causa certo receio às pessoas, as quais preferem, por 117 isso, conduzir o assunto pelo viés político, evitando o religioso".
"Isso foi observado muitas vezes no decorrer dos relatos, dando-nos a impressão de que se criou um “pacto de silêncio” em torno do fato da saída de padre Busato em 1950, apesar de se observar uma lacuna documental desde 1948 no Livro-Tombo da paróquia São José, ou seja, não há registros a partir desta data, só retomados com a posse do padre Gregório Comassetto em 1950. Esse comportamento parece fazer sentido por se tratar de um religioso e, sobretudo, uma autoridade local; portanto, misticismo, medo e controle pressionam a sociedade a não expressar seu julgamento sobre o caso".
"No período referido (1926-1950), observa-se um envolvimento muito grande de
padre Benjamin com a sociedade local e regional, expresso nas eleições municipais ou de
outras esferas, nas atividades da Ação Católica e Liga Eleitoral Católica, na formação do
Círculo Operário Erechinense, nas atividades como presidente da Associação Rural, na
tentativa de criação de cooperativas, nas iniciativas de construção do Hospital de Caridade,
do Colégio São José e da Igreja São José e noutras influências sociais, como a busca de
produtos – o sal e o querosene –, quando da escassez provocada pela Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), e na defesa dos descendentes de italianos pelo nacionalismo do
Estado Novo (1937-1945)".
"O personagem deste estudo, padre Benjamin Busato, nasceu no dia 27 de junho de 1902 em Nova Palma,28 Rio Grande do Sul. Seus avós paternos foram Basílio e Julia Busato, e avós maternos, Antônio e Maria Ruaro. Sobre seu avô Antônio Ruaro encontramos este registro em Sponchiado
"O próprio padre Benjamin Busato, que utilizava o codinome “Chico Tasso” em seus escritos, destaca nas crônicas sobre seu avô: (...) 'Recordo uma história de meu avô. Meu avô vinha das montanhas dos Alpes, divisa entre Suíça e Itália, onde ao tempo êle vingava um perigoso contrabando de fumo, visto como tudo que fosse tabaco ou tabacaria era do Govêrno como o eram o fósforo, sal e selos de correio.' "
"Os ascendentes familiares do padre Benjamin eram italianos, desenvolviam atividades ligadas à agricultura e tinham o sonho de adquirir propriedades e obter autonomia. Ludibriados pela propaganda da América como uma terra de esperança e farturas, informações nem sempre condizentes com a realidade de preencher espaços demográficos ou mão-de-obra, eles vieram para o Brasil através da política oficial de imigração. Vale Vêneto e Nova Palma foram os espaços onde cresceu o padre Benjamin"
“Os vinte e quatro anos de liderança do padre Benjamin Busato na igreja São José, apesar dos cinqüenta anos que nos separam desde seu afastamento, são marcantes para os habitantes de Erechim, sobretudo para os que o conheceram pessoalmente. Para entender esta afirmação, destacamos, primeiramente, a participação política de padre Benjamin, com grande evidência à sua função de vereador, desempenhada de 1946 a 1947 e como presidente, na época denominado Conselho Administrativo, além de sua indicação, em 1945, como candidato à Assembléia Legislativa, pelo PSD".
"Ele assumiu a liderança como vigário de uma paróquia com a função de transmitir as bases espirituais para o povo, porém uma das suas principais preocupações foi o acompanhamento social e político do desenvolvimento de Erechim. Outra consideração, não menos importante, é a influência comprovada que o padre Busato exerceu nas eleições quer locais, quer estaduais ou nacionais, confrontando-se com autoridades locais, ou de partidos diferentes, como foi o caso criado com o prefeito Amintas Maciel em 1933 e por ter assumido o papel de cabo eleitoral de alguns candidatos, como do prefeito Attilano Machado, em 1928, e do deputado estadual Adroaldo Mesquita da Costa, em 1933, 1934 e 1946".
"A atuação de nosso biografado baseava-se em sua função como religioso, exercendo enorme controle sobre as comunidades rurais italianas, imbuído do espírito da Liga Eleitoral Católica ou da Ação Católica, ou na organização de associações trabalhistas. 116 No Rio Grande do Sul, sob a orientação de dom João Becker, arcebispo de Porto Alegre, o padre Benjamin orientou seu trabalho para a organização popular em torno da Igreja Católica, buscando a reestruturação da instituição no pós-30".
"Foi esse um período em que a sociedade brasileira passava por mudanças estruturais, sociais, políticas e econômicas e no qual a Igreja Católica passou a disputar espaço junto ao poder do Estado, quase sempre assumindo a organização de instituições como o Círculo Operário Erechinense, a Associação Rural, o Hospital de Caridade, o Colégio São José e a construção da igreja São José. A ação centralizadora do padre Benjamin refletiu-se na organização da sociedade erechinense em meio à disputa entre Estado e Igreja por espaço político, destacando-se sempre sua participação mais no plano político do que no religioso, o que nos leva a deduzir do respeito que tinha na comunidade, pois o encaminhamento de todas as questões referentes ao município se iniciava ou passava por sua orientação".
"Em meio à necessidade de organização social, à inexistência de elementos materiais e estruturais em Erechim, o padre Busato exercia o papel de autoridades legais, encaminhando as questões sociais e assumindo a função de mediador messiânico nos conflitos entre pessoas e grupos. O personagem padre Busato apresenta-se não como um padre burocrático, restrito às funções religiosas, a registros catequéticos, mas abrange um universo de aspectos, remetendo a uma figura que se impunha e angariava o respeito e a obediência da população erechinense. Era assim que via sua missão de padre. O religioso marcou seu apostolado com seus escritos e com sua palavra".
"Teve numerosos artigos publicados em jornais locais e seus sermões eram fluentes pela profundidade de suas idéias e de seus conhecimentos, denotando domínio da escrita e da palavra, que utilizava para participar social e politicamente nos assuntos de interesse dos erechinenses. Em todo o período do exercício de suas funções na paróquia São José, seu envolvimento social e político superou o religioso, até mesmo em seus escritos, nos quais destacou muito mais temas políticos e sociais do que religiosos".
"Assim, também ficou marcado na sociedade erechinense como um padre político, que se manifestava, que assumia posições e era muito influente no meio rural, especialmente entre os descendentes de imigrantes italianos. Apesar de já se terem passados cinqüenta anos e se vivenciado inúmeras transformações radicais, tanto política quanto religiosamente, comentar sobre um afastamento ou licenciamento ainda causa certo receio às pessoas, as quais preferem, por 117 isso, conduzir o assunto pelo viés político, evitando o religioso".
"Isso foi observado muitas vezes no decorrer dos relatos, dando-nos a impressão de que se criou um “pacto de silêncio” em torno do fato da saída de padre Busato em 1950, apesar de se observar uma lacuna documental desde 1948 no Livro-Tombo da paróquia São José, ou seja, não há registros a partir desta data, só retomados com a posse do padre Gregório Comassetto em 1950. Esse comportamento parece fazer sentido por se tratar de um religioso e, sobretudo, uma autoridade local; portanto, misticismo, medo e controle pressionam a sociedade a não expressar seu julgamento sobre o caso".
Italianità: Raízes tocam a fundo a juventude de Erechim, no Rio Grande Do Sul
Exemplo disso é o trabalho da Associazione della Gioventù Veneta di Erechim, entidade que congrega os jovens de origem vêneta da cidade Erechim e das regiões norte e nordeste do Rio Grande do Sul, Brasil. A entidade tem um BLOG que é uma antena para a italianidade no Rio Grande do Sul.
Nos anos 20 a cidade de Erechim tinha 1.500 habitantes. Destes, 90% eram descendentes de italianos, tanto na cidade como no interior. Muitos vieram diretamente da Itália, especialmente da Região Veneto. As Terras Velhas, hoje municípios de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Antônio Prado contribuíram grandemente na imigração italiana em Erechim e Região.
As primeiras famílias chegaram em nossa cidade por volta de 1910 através da Ferrovia. Entre os pioneiros, encontramos nomes como Antenor Pedrollo, Paulo e Elisa Vacchi, Eugênio Isoton, PedroLongo, José Bonaldo, Bortolo Balvedi, João Massignan, Júlio Trombini, João Carlone e Attilio Assoni - que instalou o primeiro engenho de serra e a primeira casa de alvenaria.
Os imigrantes italianos, ao longo de várias décadas foram modificando a fisionomia social da região com seus valores espirituais, culturais e materiais. É importante ressaltar que a maioria dos imigrantes vinham em busca de uma vida melhor para si e para seus filhos.
Arquitetura – Italianos na construção da cidade planejada de Belo Horizonte (3)
Marcel de Almeida Freitas, antropólogo (UFMG), mestre em Psicologia
Social (UFMG), professor da Faculdade da Cidade de Santa Luzia
(disciplinas História da Arte, Psicologia e Antropologia), autor do
trabalho A influência Italiana na arquitetura de Belo Horizonte, conta como foi a disposição geográfica dos imigrantes italianos na capital de Minas Gerais, belo Horizonte entre 1910 e 1920.
“Italianos da classe média ligados ao varejo instalaram-se no Centro de Belo Horizonte, nas avenidas Santos Dumont e Paraná – já que a Rua Caetés era dominada pelo comércio sírio-libanês, judeu e armênio – nas décadas de 1910-20. Suas residências se localizavam em geral na Avenida Olegário Maciel e Rua Guarani. Com isso, favoreceram a transformação arquitetônica da região com novos estilos e tipos de moradia, introduzindo, por exemplo, o hábito das vilas internas, onde viviam várias famílias".
"Tais vilas se distinguiam das construídas pelos portugueses no Rio de Janeiro e em São Paulo, porque, no estilo ibérico, o uso de fontes internas e o pátio mourisco eram a tônica. No entanto, muitos italianos, assim como imigrantes de outras procedências, viviam já em processo de enfavelamento. As duas zonas mais conhecidas, no período da construção de Belo Horizonte, que abrigavam a população miserável eram a Fazenda do Leitão (hoje Bairro Santo Antônio) e o Morro da Estação (Favela da Estação, hoje Bairro Floresta). Ali moravam em barracões de zinco ou em cafuas de madeira, ao lado de negros ex-escravos e migrantes de outras partes do Brasil. Eram 'dois bairros mescladíssimos e turbulentos, sobretudo à noite e nos dias de descanso' (BARRETO, 1996, p. 369)".
"Nos bairros Santa Tereza e Santa Efigênia viviam italianos de origem humilde, muitos empregados na construção civil, assim como nas indústrias recém-instaladas: predominavam as tecelagens e as fábricas de massas. Uma rua com o nome de Gennaro Masci, no bairro Horto, que liga as ruas Pouso Alegre e Salinas, é emblemática da presença italiana em Belo Horizonte, especialmente na zona leste. Outro exemplo é a travessa Romano Stocchiero em Santa Efigênia, entre as ruas Padre Rolim e dos Otoni".
"Também a região do Barreiro recebeu considerável contingente de italianos, destacandose aí a família Gatti. Além de trazer formas associativas, como sindicatos e associações de beneficência mútua, essa imigração também contribuiu para a inserção do futebol no país, mais especificamente nas grandes cidades do Sudeste (Cruzeiro, Palmeiras, entre outros)".
"No Bairro Lagoinha existiu um importante exemplar da participação italiana na arquitetura de Belo Horizonte. Conforme Noronha (2001), a Casa da Loba foi construída na década de 1920 por Octaviano Lapertosa para João Abramo, o proprietário. Hoje nada restou Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v.14 - n.15 - dezembro 2007 156 da belíssima residência em estilo neoclássico italiano, somente fotografias. Outra ilustração é a bem preservada casa da família Falci, à Avenida Bias Fortes, 197. Em estilo neoclássico com elementos renascentistas, o suntuoso palacete é preservado porque a família é consciente da sua importância e dos significados simbólicos em torno do seu patriarca".
“Italianos da classe média ligados ao varejo instalaram-se no Centro de Belo Horizonte, nas avenidas Santos Dumont e Paraná – já que a Rua Caetés era dominada pelo comércio sírio-libanês, judeu e armênio – nas décadas de 1910-20. Suas residências se localizavam em geral na Avenida Olegário Maciel e Rua Guarani. Com isso, favoreceram a transformação arquitetônica da região com novos estilos e tipos de moradia, introduzindo, por exemplo, o hábito das vilas internas, onde viviam várias famílias".
"Tais vilas se distinguiam das construídas pelos portugueses no Rio de Janeiro e em São Paulo, porque, no estilo ibérico, o uso de fontes internas e o pátio mourisco eram a tônica. No entanto, muitos italianos, assim como imigrantes de outras procedências, viviam já em processo de enfavelamento. As duas zonas mais conhecidas, no período da construção de Belo Horizonte, que abrigavam a população miserável eram a Fazenda do Leitão (hoje Bairro Santo Antônio) e o Morro da Estação (Favela da Estação, hoje Bairro Floresta). Ali moravam em barracões de zinco ou em cafuas de madeira, ao lado de negros ex-escravos e migrantes de outras partes do Brasil. Eram 'dois bairros mescladíssimos e turbulentos, sobretudo à noite e nos dias de descanso' (BARRETO, 1996, p. 369)".
"Nos bairros Santa Tereza e Santa Efigênia viviam italianos de origem humilde, muitos empregados na construção civil, assim como nas indústrias recém-instaladas: predominavam as tecelagens e as fábricas de massas. Uma rua com o nome de Gennaro Masci, no bairro Horto, que liga as ruas Pouso Alegre e Salinas, é emblemática da presença italiana em Belo Horizonte, especialmente na zona leste. Outro exemplo é a travessa Romano Stocchiero em Santa Efigênia, entre as ruas Padre Rolim e dos Otoni".
"Também a região do Barreiro recebeu considerável contingente de italianos, destacandose aí a família Gatti. Além de trazer formas associativas, como sindicatos e associações de beneficência mútua, essa imigração também contribuiu para a inserção do futebol no país, mais especificamente nas grandes cidades do Sudeste (Cruzeiro, Palmeiras, entre outros)".
"No Bairro Lagoinha existiu um importante exemplar da participação italiana na arquitetura de Belo Horizonte. Conforme Noronha (2001), a Casa da Loba foi construída na década de 1920 por Octaviano Lapertosa para João Abramo, o proprietário. Hoje nada restou Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v.14 - n.15 - dezembro 2007 156 da belíssima residência em estilo neoclássico italiano, somente fotografias. Outra ilustração é a bem preservada casa da família Falci, à Avenida Bias Fortes, 197. Em estilo neoclássico com elementos renascentistas, o suntuoso palacete é preservado porque a família é consciente da sua importância e dos significados simbólicos em torno do seu patriarca".
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