Marcel de Almeida Freitas, antropólogo (UFMG), mestre em Psicologia
Social (UFMG), professor da Faculdade da Cidade de Santa Luzia
(disciplinas História da Arte, Psicologia e Antropologia), autor do
trabalho A influência Italiana na arquitetura de Belo Horizonte, conta como foi a disposição geográfica dos imigrantes italianos na capital de Minas Gerais, belo Horizonte entre 1910 e 1920.
“Italianos da classe média ligados ao varejo instalaram-se no Centro de Belo Horizonte, nas avenidas Santos Dumont e Paraná – já que a Rua Caetés era dominada
pelo comércio sírio-libanês, judeu e armênio – nas décadas de 1910-20.
Suas residências se localizavam em geral na Avenida Olegário Maciel e Rua
Guarani. Com isso, favoreceram a transformação arquitetônica da região com
novos estilos e tipos de moradia, introduzindo, por exemplo, o hábito das vilas
internas, onde viviam várias famílias".
"Tais vilas se distinguiam das construídas pelos portugueses no Rio de Janeiro e em São Paulo, porque, no estilo ibérico, o uso de fontes internas e o pátio mourisco eram a tônica. No entanto, muitos italianos, assim como imigrantes de outras procedências, viviam já em processo de enfavelamento. As duas zonas mais conhecidas, no período da construção de Belo Horizonte, que abrigavam a população miserável eram a Fazenda do Leitão (hoje Bairro Santo Antônio) e o Morro da Estação (Favela da Estação, hoje Bairro Floresta). Ali moravam em barracões de zinco ou em cafuas de
madeira, ao lado de negros ex-escravos e migrantes de outras partes do Brasil.
Eram 'dois bairros mescladíssimos e turbulentos, sobretudo à noite e nos dias
de descanso' (BARRETO, 1996, p. 369)".
"Nos bairros Santa Tereza e Santa Efigênia viviam italianos de origem
humilde, muitos empregados na construção civil, assim como nas indústrias
recém-instaladas: predominavam as tecelagens e as fábricas de massas. Uma
rua com o nome de Gennaro Masci, no bairro Horto, que liga as ruas Pouso
Alegre e Salinas, é emblemática da presença italiana em Belo Horizonte,
especialmente na zona leste. Outro exemplo é a travessa Romano Stocchiero
em Santa Efigênia, entre as ruas Padre Rolim e dos Otoni".
"Também a região
do Barreiro recebeu considerável contingente de italianos, destacandose
aí a família Gatti. Além de trazer formas associativas, como sindicatos e
associações de beneficência mútua, essa imigração também contribuiu para
a inserção do futebol no país, mais especificamente nas grandes cidades do
Sudeste (Cruzeiro, Palmeiras, entre outros)".
"No Bairro Lagoinha existiu um
importante exemplar da participação italiana na arquitetura de Belo Horizonte.
Conforme Noronha (2001), a Casa da Loba foi construída na década de 1920
por Octaviano Lapertosa para João Abramo, o proprietário. Hoje nada restou
Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v.14 - n.15 - dezembro 2007
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da belíssima residência em estilo neoclássico italiano, somente fotografias.
Outra ilustração é a bem preservada casa da família Falci, à Avenida Bias
Fortes, 197. Em estilo neoclássico com elementos renascentistas, o suntuoso
palacete é preservado porque a família é consciente da sua importância e dos
significados simbólicos em torno do seu patriarca".
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