No Sudeste do Brasil, a imigração italiana também deixou marcas no estado do Espírito Santo, onde a cidade de Nova Venécia é testemunha desse tempo. No site da Prefeitura Municipal de Nova Venécia assim relata a formação do Núcleo Colonial.
“O governo da antiga Província do Espírito Santo, prevendo o fim da escravidão, tratou de dotar os vales dos rios Itapemirim e São Mateus de Comissões de Medição de Terras. Tais comissões foram responsáveis pela criação de núcleos coloniais, cuja função, era atrair imigrantes europeus para essas regiões, onde se poderia “seduzi-los” para trabalharem nas fazendas.
Devemos compreender que neste momento, o preconceito dos antigos senhores, aliado à sede de liberdade dos ex-escravos, foram os principais fatores que levaram a crise da mão-de-obra que sobreveio nas fazendas. Muitos fazendeiros não admitiam o fato de tratar como empregados assalariados aqueles que haviam sido sua propriedade, presos como estavam à antiga mentalidade escravista. Por outro lado, muitos escravos, ao se verem livres, abandonavam as fazendas que tantas lembranças ruins lhes traziam.
Havia ainda a intenção do Governo Imperial que visava “embranquecer” a população com a introdução de imigrantes europeus. Nesta época, a maioria dos habitantes de São Mateus era negra.
Em 1888 foi criado o Núcleo Colonial de Santa Leocádia, situado, aproximadamente, a 23 km a oeste da cidade de São Mateus, às margens do córrego Bamburral e seus afluentes. A direção deste ficou a cargo do engenheiro Gabriel Emílio da Costa.
Em outubro de 1888 o núcleo recebeu a sua primeira leva de imigrantes italianos. Vieram no navio a vapor Ádria, de bandeira italiana.
Este navio tinha a capacidade de transportar aproximadamente 1.500 passageiros por viagem. Era um dos mais velozes, percorrendo o trajeto Gênova a Vitória entre vinte e vinte e um dias. Esses imigrantes, chegando a Vitória, fizeram “quarentena” em uma hospedaria improvisada no centro da cidade, aguardando o navio Mathilde, de bandeira nacional, que fazia linha regular entre o Rio de Janeiro e o Sul da Bahia passando pelo Espírito Santo. O embarque no Mathilde se deu a 1º de outubro e, de Vitória, seguiram para o porto de São Mateus, onde desembarcaram dois ou três dias depois.
Eram 87 pessoas naturais das regiões da Lombardia e do Vêneto, norte da Itália, que, ao chegarem a São Mateus foram alojadas em um barracão atrás do cemitério da cidade. Grande deve ter sido a curiosidade tanto de italianos quanto de mateenses, devido ao contraste de culturas.
Todos os colonos deveriam prosseguir para Santa Leocádia. Ocorre que, por pressão dos fazendeiros junto ao presidente da Província, Dr. Henrique Moscoso, parte das famílias foi destinada às fazendas da região da Serra dos Aymorés.
Para a Fazenda da Serra dos Aymorés (Serra de Baixo), pertencente ao major Antônio Cunha, foram encaminhadas as famílias de: Giovanni BERTOLDI, Giovanni Battista CORADINI e da viúva Maria ZANFERRARI, num total de 13 pessoas. Para a Fazenda da Boa Esperança (Serra de Cima), do comendador Matheus Cunha foram as famílias de: Domenico SARTORI, Domenico BASSE, Domenico PERUZZI, Antonio ZANETTI e Angelo MANZANI totalizando 14 pessoas.
Para a Fazenda da Terra Roxa, do Dr. Constante Sudré, foram as famílias de: Domenico BERNARDI, Domenico BIASI, Pietro PERONI, Paolo ZACHINELLI, Rafaele MORO e Pietro GALLINA, totalizando 12 pessoas. Para a Fazenda da Gruta, do Dr. Antônio Sudré, foram as famílias de: Luigi APRILE e Battista BENEVENUTTI, totalizando 04 pessoas.
Estes foram, portanto, os primeiros italianos a chegar à região do atual município de Nova Venécia no ano de 1888 e formavam um grupo de 43 pessoas.
Devido ao não cumprimento das promessas feitas pelos fazendeiros aos imigrantes, parte retirou-se para no Núcleo Santa Leocádia e outros, seguiram para Vitória a fim de alcançar novos destinos".
Um blog para difundir e aprofundar temas da presença italiana no Brasil, bem como valorizar o Made in Italy. Um espaço para troca de informações e conhecimento, compartilhando raízes comuns da italianidade que carregamos no sangue e na alma. A italianidade engloba a questão das nossas raízes italianas e também reserva um olhar para a linha do tempo, nela buscando e resgatando uma galeria de personagens famosos ou anônimos que, de alguma forma, inseriram seus nomes na História do Brasil.
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Caro Eduardo o texto que o sr. está citando é de minha autoria e encontra-se postado no meu blog www.projetopipnuk.blogspot.com com o título "Da colonização à emancipação: uma breve Hitória de Nova Venécia (1870-1953)".
ResponderExcluirGostaria que fizesse a devida citação. A Prefeitura municipal colocou ele em seu site e lá fazia referência a minha autoria.