O fenômeno da imigração italiana no Brasil teve reflexos em diversos setores da sociedade inclusive no chamado campo das profissões liberais. Um interessante relato de situações desse tipo vem do trabalho de Médicos italianos em São Paulo - 1890 a 1930 de autoria de Maria do Rosário Rolfsen Salles.
“Os médicos italianos que se dirigiram para o Estado São Paulo constituem um grupo diferenciado em relação ao conjunto dos imigrantes italianos . Suas origens sociais, evidenciadas pela profissão do pai ou pela posição social que a família ocupava na Itália, seus títulos, sua formação, suas relações indicam um conjunto de famílias bastante distintas socialmente: famílias tradicionais de profissionais liberais, médicos, juristas, altos funcionários, advogados etc.; famílias de origens aristocratas, inscritas, algumas, no elenco oficial de condes e barões; famílias burguesas e, em alguns casos, de proprietários rurais, em geral, pequenos agricultores em dificuldade”.
“A opção pela emigração deveu-se, em larga medida, a uma série de circunstâncias que diziam respeito às peculiariadades das famílias de origem dos médicos e à sua estruturação. Por outro lado, deveu-se ao lugar que a própria Medicina italiana ocupava no rol das demais profissões. Com as mudanças introduzidas pela universalização das relações capitalistas na sociedade italiana, decorrente do processo tardio de unificação política do Estado, as famílias já não representavam um caminho seguro e certo de uma colocação definitiva na carreira. Além disso, a carreira militar, a carreira jurídica e outras eram mais viáveis e desfrutavam de maior prestígio do que a Medicina. À competição por postos de trabalho somava-se, no caso da Medicina, uma competição interna inserida numa rígida hierarquia profissional”.
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