Um dos mais talentosos artista da pintura contemporânea brasileira tinha sangue toscano nas veias. Seu nome: Giuseppe Gianinni Pancetti (José Pancetti). Filho de imigrantes italiano, Pancetti nasceu em Campinas em (18 de junho de 1902) e faleceu no Rio de Janeiro (10 de fevereiro de 1958), tendo vivido alguns anos de sua infância e adolescência na Itália, por decisão de seus pais. O site do Museu de Arte Contemporânea (MAC), em São Paulo, traz o seguinte perfil do artista, num trabalho coordenado pela Profa. Dra. Daisy V. M. Peccinini de Alvarado
. “Aos 11 anos de idade foi para a Itália com o tio a fim de melhorar sua condição e aliviar as despesas da família, idéia que não teve sucesso na prática; invariavelmente sua vida foi marcada por uma pobreza, que só atenuou-se um pouco quando começou a vender seus quadros nos anos 30. Em 1920 voltou para São Paulo, onde trabalhou como pintor de paredes, dentre outros tantos pequenos serviços que fazia para sobreviver. Em 1922, partiu para o Rio de Janeiro, onde alistou-se, neste mesmo ano, na Marinha de Guerra do Brasil, para aí permanecer até 1946, (quando reformou-se como Segundo Tenente), e para aí lutar nas revoluções que se desenrolavam (1922, 1924, 1930, 1932, 1935), irremediavelmente, ao lado das tropas do governo. A Marinha foi um fator que condicionou decisivamente toda sua obra pictórica, não tanto pelas funções que desempanhava nela -foi pintor de convés, após ter estudado algo sobre tintas, combinações e preparo de superfícies na Escola de Auxiliares Especialistas, quanto pela grande paixão que nutriu incessantemente pelo mar. Tornou-se pintor sem freqüentar aulas teóricas sobre a arte da pintura e, neste sentido, foi um auto-didata. Segundo ele próprio: 'certa vez, não sei como, tive vontade de pintar aquilo que meus olhos viram na louca carreira do mar' ".
Na Revolução de 1932 desenhou a cena de um combate que presenciara, entre um navio e um avião, que foi publicada em seguida no A Noite, fato que repercutiu um pouco no meio artístico. Sempre se interessou em fixar paisagens e ficou conhecido sobretudo por suas marinhas. O interesse constante pela arte da pintura fez com que Pancetti se matriculasse nas aulas do Núcleo Bernardelli, em 1933, onde certamente entrou em contato com algumas técnicas formais, tendo sido orientado pelo pintor polonês Bruno Lechowski. Ali, conviveu com artistas como Milton Dacosta, Edson Motta, Antônio Bento, entre outros, mas não permaneceu por muito tempo.
Neste mesmo ano expôs pela primeira vez no Salão Nacional de Belas Artes, Salão que lhe premiaria diversas vezes nos anos seguintes. Em 1941, quando foi criada a Divisão Moderna deste evento, ganhou o prêmio de viagem ao exterior, mas uma tuberculose o obrigou a trocar o estrangeiro pelo clima de campo de cidades como Campos do Jordão — SP, e São João del Rei — MG, entre outras, cujas paisagens passariam a configurar em suas telas. Pancetti é o exemplo de artista que iniciou seu trabalho nos conturbados anos 30. Sua obra de retratista carrega algumas das questões tangentes destes tempos e suas marinhas e paisagens terrestres atestam o programa nacionalista em voga, independentemente de o artista estar ou não a par destas questões da Modernidade.
Pancetti, apesar da desvinculação constante de movimentos coletivos, correspondia ao meio no qual estava inserido, tanto no sentido histórico quanto de qualidade plástica. Em 1950 instalou-se na Bahia, cujo colorido da paisagem passou a fazer parte de suas composições. Participou da Bienal de Veneza neste ano, e no seguinte, da I Bienal de São Paulo. Morreu aos 56 anos, num momento em que, a constante economia dos detalhes nas formas, fator que percorreu toda sua obra, alcançava certa proximidade com a abstração".
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