Um interessante relato da imigração italiana pós-Primeira Guerra Mundial foi postado na internet pelo Circolo Trentino de Belo Horizonte.
"Giuseppe Savoi casado com Clementina Paolazzi Savoi, nascidos em Faver – Val di Cembra – Trento, lutou na 1ª guerra sendo convocado forçadamente, sob ameaça de uma baioneta calada, servindo ao exército austríaco que ocupou com o alto-comando a sua residência, foi capturado pelos soviéticos e ficou preso na Sibéria em meio as geleiras.
Saudável, conseguiu fugir da prisão soviética misturando-se aos doentes e falecidos. Foi enviado de volta à Trento, dois dias depois de sua chegada foi declarado o fim da guerra, recebendo depois, os agradecimentos pessoais do Imperador Francisco José da Áustria. Indignada com a forma pela qual Giuseppe Savoi foi convocado para lutar na guerra e pelo sofrimento que passaram no decorrer, Clementina Paolazzi sua esposa e mãe de oito filhos, Marcella, Pompeu, Miriam, Gemma, Lina, Ezio, Ettore, Arrigo Savoi e grávida de gêmeos, sendo que Amério Savoi nasceu no Brasil e o outro faleceu, não queria que seu filho mais velho Pompeu Giuseppe Savoi ingressasse no exército de Benito Mussolini, convenceu o marido a emigrarem para o Brasil em busca de uma nova vida, repleta de paz, harmonia e felicidade.
Ao chegarem a Genova, passando por exames, um médico da imigração impossibilitou-os de seguirem viajem no navio, no qual tinham comprado as passagens na primeira classe como turistas, declarando que dois de seus filhos, Pompeu e Miriam, estavam com tracoma (doença infecciosa dos olhos), dizendo que todos teriam que voltar para Trento. Por intermédio de um outro médico que examinou seus filhos não constatando o mesmo diagnóstico, o fato foi comunicado ao Príncipe di Savoia que os liberou, somente sendo possível seguirem viajem em outro dia em um navio de imigrantes na segunda classe, partiram do Porto de Genova no navio Pincio em 17 de março de 1924.
Chegaram ao Brasil, no Estado do Rio de Janeiro em 05 de abril de 1924, onde depois se deslocaram para Ilha das Flores – RJ, quando separaram a mãe e dois filhos, Ezio e Ettore, do restante da família, pai e irmãos, levando-os para o Hospital Paula Cândido em outra ilha sem avisar ao marido, somente voltando três dias depois. Na Ilha havia três galpões com muitos alemães e somente a família Savoi de italianos, todos dormiam no chão em cima de uma esteira, somente com as roupas do corpo. Como Giuseppe Savoi falava o alemão conversava muito com o vizinho, era uma forma de se comunicarem. Embarcaram em uma caminhonete indo para a estação ferroviária, que os levou para Sete Lagoas, cidade próxima a capital Belo Horizonte no Estado de Minas Gerais, onde já residia um irmão de Giuseppe de nome Damiano Savoi, que tinha uma chácara, onde foram morar e trabalhar em suas lavouras.
Mais tarde, a família de Giuseppe Savoi mudou-se para outra chácara onde trabalhava para um professor conhecido como Dr. Otoni, trabalhando certo tempo, depois arrendaram a chácara dos Tolentinos. Conheceram em Sete Lagoas a família Cassimiro cujo chefe Sr. Olímpio Cassimiro, tinha um armazém sendo também proprietário de várias terras na região. Dois de seus filhos, Geraldo Cassimiro (Protético-odontológico) casou-se com Gemma Savoi e o médico José Cassimiro Silva (colega, amigo e companheiro de partido político de Juscelino Kubitschek de Oliveira) com Marcella Savoi, vindo para Belo Horizonte onde arrendaram uma chácara na Vila São Francisco.
Em Sete Lagoas, nasceram um dos gêmeos Amério, Anna Maria, Geraldino, Marcello e Therezinha, totalizando 13 (treze filhos). Geraldo Cassimiro, genro de Giuseppe, por intermédio Magalhães Pinto (futuro Governador de Minas Gerais) conseguiu empregar Giuseppe Savoi para trabalhar no Banco da Lavoura .
Os filhos de Giuseppe Savoi, estudaram, adquirindo profissão e independência, mas Clemetina Paolazzi Savoi não parava de trabalhar até mesmo depois de idosa, rachava lenha para pôr no fogão e fazia sabão onde morava na Rua Tenente Durval, no bairro de Santa Tereza em Belo Horizonte (última residência). Guiseppe Savoi nasceu em 17 de abril 1873 e faleceu aos 08 de abril 1961, Clementina Paolazzi Savoi, nasceu em 22 de fevereiro de 1889 e faleceu aos 16 de agosto de 1974.
Apesar da vida sacrificada da família Savoi, desde sua chegada ao Brasil, todos os filhos conseguiram ter uma profissão honrada, constituindo suas famílias, dando-lhes educação e formação dignas. Hoje, a família Savoi participa maciçamente do Circolo Trentino di Belo Horizonte, sendo o maior número de participantes por família no quadro de associados e diretoria". (Fonte: Circolo Trentino de Belo Horizonte)
Um blog para difundir e aprofundar temas da presença italiana no Brasil, bem como valorizar o Made in Italy. Um espaço para troca de informações e conhecimento, compartilhando raízes comuns da italianidade que carregamos no sangue e na alma. A italianidade engloba a questão das nossas raízes italianas e também reserva um olhar para a linha do tempo, nela buscando e resgatando uma galeria de personagens famosos ou anônimos que, de alguma forma, inseriram seus nomes na História do Brasil.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Feliz e emocionado com a publicação desta linda história.
ResponderExcluirSou o Amério Savoi Filho, neto do Giuseppe Savoi, filho do Amério Damião Savoi (que veio na barriga da Nona Clementina em 1924 na viagem de navio para o Brasil).
O povo Italiano são pessoas fortes, de garra, contribuiu muito com o crescimento do Brasil. Brasil tem uma dívida enorme com os imigrantes Italianos. Vieram pra cá com corpo, alma e coração, dispostos a mudarem sua história.
ResponderExcluir