Marili Peres Junqueira docente da Faculdade de Artes, Filosofia e
Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia traça , no artigo Comércio e Imigração Italiana: uma estreita relação na cidade de São Carlos/SP/Brasil (1880-1900), um panorama da presença italiana na área urbana da cidade de São Carlos, interior de São Paulo no final do século XIX e começo do XX.
"Ao chegarem num momento de transição, isto é, quando a escravidão entra em crise
e se recorre ao trabalho livre, os imigrantes conseguem inserir-se num contexto
urbano ainda magmático, que oferece possibilidades de empregos em fase de
gestação e de definição, e, portanto, ainda não aproveitadas pelos poucos
trabalhadores locais. Em todos os setores do trabalho urbano, por longo tempo,
prevalecerá uma situação de monopólio por parte dos estrangeiros. (TRENTO, 1989,
p. 127)”.
“A presença do imigrante italiano no comércio de São Carlos é marcadamente
percebida pelo grande número de casas comerciais de propriedade de italianos12.
Primeiramente os italianos dirigiram-se para o comércio ambulante; ao se estabelecerem
nas cidades, os mascates abriam uma lojinha, de preferência de gêneros alimentícios, de
armarinhos ou de artigos diversos13. Em 1894, São Carlos contava com 19 mascates
sendo destes dez italianos, com 44 armazéns de fazendas dos quais 35 eram de italianos,
com 32 armazéns de ferragens e tintas dos quais 18 eram de italianos. Em 1916-1917,
São Carlos contava com dez lojas de fazenda, armarinhos, chapéus, roupas feitas, etc.
destas quatro eram de propriedades de italianos” Segundo Trento (1989), além do setor comercial, o mundo do trabalho urbano
oferecia outras possibilidades de inserção ao imigrante italiano, principalmente às
camadas mais baixas".
"Os italianos eram numerosos entre os barbeiros, sapateiros,
alfaiates, cocheiros, carregadores, marmoristas, marceneiros, ferreiros, entre outros. Em
São Carlos, segundo os dados do Almanaque de 1894, os imigrantes italianos ocupavam
preferentemente as seguintes profissões: alfaiataria (93,75%), barbeiros (76,92%),
cocheiros (66,67%), ferreiros e serralheiros (60%), marceneiros e carpinteiros (66,67%),
marmorista (100%) e sapateiro (91,18%)".
"Em 1916-1917, basicamente todos os
alfaiates, ferreiros, sapateiros da cidade eram italianos.
Segundo Trento (1989), era no setor de subemprego e das atividades marginais
que se encontrava o monopólio dos imigrantes italianos. Os engraxates, aguadeiros,
vendedores de peixe, castanhas assadas e os vendedores de jornais representavam “um
exército de italianos”.
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