domingo, 14 de fevereiro de 2010

Oriundi - Sangue italiano nas veias do Modernismo brasileiro: a obra de Anita Malfatti (2)

“Após a polêmica exposição de 1917, Anita Malfati vive um clima de sofrimento; até o tio que financiou seus estudos no exterior quis destruir uma das telas a bengaladas. Heroína, lutou contra todos, tendo a seu lado apenas um fiel defensor e sua paixão nem tão secreta assim: Mário de Andrade, que morreu 19 anos antes de Anita, sem nunca dar a definição amorosa que ela tanto queria.

Após a Semana de 22, apresenta Tarsila do Amaral aos modernistas Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia; formam o "grupo dos cinco" e estão constantemente juntos. Em 1923, ganha o Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e vai para Paris, onde encontraria com Tarsila e Oswald, Victor Brecheret, Paulo Prado e Di Cavalcanti. Anita vive então uma transformação profunda, perde o impulso marcante do expressionismo, deixa de lado o uso de cores violentas e artificiais e começa a representar o mundo de forma mais simples.

Volta para São Paulo em 1928, reencontra os modernistas e participa das últimas manifestações do grupo. Nos anos 30, grandes dificuldades econômicas a obrigam a dedicar-se cada vez mais ao ensino da pintura e do desenho, e à pintura decorativa. Mas é no retrato, agora sem deformações, que deixa sua contribuição mais permanente. Aproxima-se da Família Artística Paulista, participando de todas as coletivas do grupo. Os amigos cobrariam o fato de Anita não ter seguido Tarsila no movimento Pau-Brasil. Nos anos 40, Anita visita Belo Horizonte e cidades históricas mineiras. O que ela passa a expor então, são as festas, as procissões, ainda ao lado de retratos e flores, que vão ficando raros. Nos anos 50 - até sua morte, em 1964 - vive muito distante das polêmicas artísticas, recolhida em seu sítio. Segundo suas próprias palavras "Tomei a liberdade de pintar a meu modo."

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