"Marco na história agrária de São Paulo, a Fazenda Santa Gertrudes originou-se de uma sesmaria, a do Morro Azul (a sesmaria do Morro Azul foi concedida, em 1817, a Joaquim Galvão de França, José Galvão de França, moradores de Itu, e Manoel de Barros Ferraz da Freguesia de Piracicaba) a semelhança de outras importantes fazendas de cana e café como Ibicaba, Morro Azul e Paraguaçu.
Como Ibicaba, que pertenceu a Nicolau de Campos Vergueiro, Santa Gertrudes também teve como ponto de partida as terras de um engenho. Sua origem prendeu-se ao Sítio Laranja Azeda que Amador de Lacerda Rodrigues Jordão (era filho do Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão, um dos homens mais notáveis de seu tempo pela sua riqueza e prestígio, e de Dona Gertrudes Galvão de Moura Lacerda, dama honorária do passo imperial, figura representativa da sociedade paulista do século XIX e proprietária de várias fazendas.
Amador de Lacerda Rodrigues Jordão casou-se em 1852 com Maria Hypólita dos Santos Silva, filha do Barão de Itapetininga; foi agraciado em 1858 com o título de Barão de São João do Rio Claro; foi deputado provincial por diversas legislaturas e deputado geral), futuro Barão de São João do Rio Claro, recebeu na partilha dos bens de sua mãe Gertrudes, realizada em 1848.
O Sítio denominado Laranja Azeda, conta à tradição que Amador de Lacerda Rodrigues Jordão teria mudado para Santa Gertrudes em homenagem a sua mãe. Mas esta designação passou a predominar na documentação, a partir de 1856. Inicialmente voltada para o cultivo de cana, com vistas à produção do açúcar e da aguardente, a fazenda Santa Gertrudes pouco a pouco foi deixando de cultivar este produto e paralelamente introduzindo o café.
Em 1857 a fazenda é relacionada como fazenda de açúcar e café, ocupando uma área aproximada de 585 alqueires.
No ano de 1861 que marcou o aparecimento do café com a principal atividade agrícola do município de Rio Claro, a propriedade produzia 6000 arrobas de café, 2000 de açúcar e 30 pipas de aguardente.
Entretanto, por volta de 1870, apenas 20 anos a sua formação, a fazenda Santa Gertrudes vinha a ser uma das maiores de São Paulo e seu proprietário um dos maiores fazendeiros de seu tempo com lavouras de riquíssima produção. Quando do falecimento do Barão São João do Rio Claro, em 1873, a Fazenda Santa Gertrudes passou para sua esposa, Maria Hipólita dos Santos Silva.
A Baronesa de São João do Rio Claro, em 1876, contraiu segundas núpcias com o Barão e posteriormente Marques de Três Rios que passou então a dirigir os destinos da fazenda até 1893.
Pouco mais de 40 anos após a sua formação, em 1893, a Fazenda Santa Gertrudes cobria uma área de aproximadamente 700 alqueires, portanto sua expansão já se fizera por mais de uma centena de alqueires; produzia 30000 arrobas de café, quintuplicara sua produção em 1861 quando o número de arrobas chegava apenas a 6000, colocando-se como o maior produtor de café do município de Rio Claro.
Oitenta e cinco casas para colonos formavam o núcleo habitacional dos trabalhadores. Os bens móveis e imóveis da fazenda foram avaliados em 1893 e as transformações operadas pelo café de 1848 a 1893 aumentaram aproximadamente em 90 vezes o valor da propriedade nesses 45 anos de atividade cafeeira.
Em 1893, com o falecimento do Marques de Três Rios e da Marquesa nos anos seguinte, a fazenda foi herdada por Eduardo Prates casado com a irmã da Marquesa de Três Rios, pois aquela não deixará descendentes diretos. Apesar das alterações resultantes da mudança de proprietário em 1895 não houve quebra no ritmo ascendente da fazenda.
Eduardo Prates acelerou ainda mais.
Tornou-se proprietário da fazenda num período excepcionalmente favorável à expansão do café. Eduardo Prates conde pela Santa Sé, de acordo com o título agraciado pelo Papa Leão XIII, era ativo homem de negócios, o capitalista de São Paulo, em 1895 se viu fazendeiro de café, proprietário da Fazenda Santa Gertrudes, considerada uma das mais importantes cafeeiras.
Em 1898 a sede já era iluminada a gás acetileno e quatro anos mais tarde 1902, um contrato com a central elétrica de Rio Claro trouxe este novo tipo de energia e iluminação para a fazenda. Em 1904 o telefone colocava a propriedade em contato com vários núcleos urbanos.
Uma maior necessidade de energia para movimentar suas máquinas e as constantes quedas de energia elétrica prejudicavam a produção, o que levou Eduardo Prates a romper com a central elétrica de Rio Claro e acentou um motor Wolf, instalando assim uma usina elétrica própria.
Esta fazenda possuía a maior concentração de trabalhadores estrangeiros e seus descendentes, dentre as fazendas da região. Foi possível localizar para o período de 1897 - 1902 famílias italianas que se destinaram a fazendas de Santa Gertrudes, assim como famílias nacionais, cearenses, que em 1920 também se encaminhavam para aquela propriedade.
Para o período de 1903 - 1914 os registros das hospedarias anotam algumas poucas famílias italianas, austríacas, portuguesas e espanholas que se dirigiram àquela fazenda, já para 1915 - 1920 os livros não apresentam nenhuma família para Santa Gertrudes. Porém os documentos da fazenda mostram a chegada de várias famílias italianas e espanholas, procedentes da Argentina, e para 1918 - 1919 a entrada de japoneses nesta propriedade". (Fonte: Fazenda Santa Gertrudes )
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