"Posteriores elementos de interesse apresenta a surpreendente
imigração italiana nos estados do norte, principalmente em Belém,
Santarém e Óbidos, no Pará, e em Manaus, no Amazonas. Também
desta vez trata-se de uma imigração proveniente do mesmo território
no Apenino meridional, atraída pelo mítico boom da “borracha”,
cujo ciclo se estendeu entre 1870 e 1920, e no qual esses italianos
procuram inserir-se de qualquer maneira.
É conhecido o vibrante desenvolvimento urbano de Belém
que, em 1904, tem 125.000 habitantes, o triplo de trinta anos antes,
graças ao boom do comércio internacional da borracha. No final do
século XIX, na cidade também se iniciava um processo de industrialização,
com o surgimento de oficinas mecânicas e pequenas
fábricas de sabão, cera, biscoitos, licores, etc.
Seja no comércio citadino, seja na pequena indústria, encontramos
uma centena de italianos também em Belém. Muitos são sapateiros, operários, vendedores de fruta. Por iniciativa dos italianos
Conte e Libonati, surgem as primeiras fábricas de sapatos.
Mais uma vez, esses sobrenomes remetem à mesma zona do Apenino
lucano, entre a Calábria e a Campania. No final do século
XIX, quando vivem em Belém cerca de quinhentos italianos, é movimentada
a linha de navegação Genova-Manaus, empreendimento
da Società di Navigazione Ligure-Brasiliana. A colônia cria raízes
rapidamente; tanto é que, em 1912, constitui-se uma Associazione
Culturale Italo-Brasiliana, contando com algumas centenas de sócios
fundadores.
No censo de 1920, registram-se cerca de mil italianos
que, nos anos sucessivos, fundam mais duas associações, uma de
caráter elitista, outra de caráter mais popular, ambas em permanente
competição. Neste momento, quando encerrava o ciclo da
borracha, os italianos eram numerosos no comércio de gêneros
alimentícios, tecidos, ferragens e no comércio de produtos regionais,
mas também desempenhavam atividades bancárias e ocupavam-
se de tipografias" .(Fonte: Vittorio
Capelli, professor-associado de História Contemporânea na Universidade
da Calábria, no ensaio “A propósito de imigração e urbanização: correntes
imigratórias da Itália meridional às ‘outras Américas’ tradução
da Profa. Dra. Núncia Santoro de
Constantino,docente do Programa de Pós-Graduação em História da
PUCRS.-2006)
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