Para os italianos e italianos que se fixaram em Barra Bonita a partir do final do século XIX um ditado era seguido à risca: a união faz a força. É isso que relata o portal Estância Barra Bonita ao contar a história da cidade.
"Superadas as dificuldades de adaptação, a colônia italiana foi se
integrando à nova terra, não esquecendo, porém, a distante Itália. Dessa forma, para amenizar a saudade, receber notícias, trocar
experiências, conhecer as dificuldades dos 'paesanos' e manterem vivos
os usos, costumes, tradições e cultura da terra-mãe, os italianos aqui
residentes decidiram fundar uma sociedade, onde pudessem se reunir para
tratar de assuntos de interesse geral, incluindo nas finalidades
estatuárias (Artigo 3º e 6º letra "f") o mútuo socorro material,
intelectual e moral, a consolidação dos vínculos de nacionalidade entre
os italianos residentes nesta República, e efetuar, desde que houvesse
disponibilidade, pequenos empréstimos de valores aos sócios
necessitados, com aval de associado reconhecidamente idôneo e
proprietário de imóvel. A Assembléia Geral de fundação e aprovação dos estatutos da 'Societá
Italiana Di Mutuo Socorso e Beneficenza di Barra Bonita' - realizou-se
no dia 16 de outubro de 1907, conforme exemplar do mesmo, em impresso
datado de 1910, indicando apenas dois diretores: Antenore Balsi,
presidente e Bruno Romano, Secretário"
. Segundo consta, (e de acordo com
os depoimentos dos descendentes dos Sócios fundadores) a 'Sociedade
Italiana' de fato, foi fundada em 1907, mas só foi legalizada e passou
a funcionar efetivamente em 5 de setembro de 1909, quando os sócios
fundadores elegeram por unanimidade de votos, o Conselho Diretivo e
também, por unanimidade, escolheram 20 de setembro - Data Nacional da
Itália - como dia de fundação da sociedade (Ata de 5 setembro de 1909
do Livro de Deliberazione Assembléia Generale da Societá Italiana, fls.
1 e 3)"
"O Conselho Diretivo ficou assim constituído: Presidente: Antenore
Balsi; Vice presidente: Tomazo Pugliese; Secretário: Bruno Romano, Vice
Secretário: Tomazo D'Ambrósio; Tesoureiro: Antônio Reginato;
Conselheiros: Tomazo Guzzo, Carlo Meneghesso, Aurélio Saffi, Vittorio
Cinquetti, Ferrucio Bolla, Rocco Di Muzio, Francisco Mascaro, Giustino
Basilico, Giustiniano Ferrazoli, Eugenio Nanni e Francisco De Luca;
Porta Bandeira: Valentino Reginato e Ângelo Borsetto; Exator
(Cobrador); Amedeo Ruotti.
Presentes também os sócios fundadores: Vitto Melle, Dr. Luciano
Maggiori, Pietro Zanella, Carlo Vechiatti, Antônio Sacco, Giácomo
Cestari, Francisco Polizzi, Emilio Bressan, Ângelo Cestari, Alfonso
Bellei, Batista Torcia, Giovanni Cicco, Arturo Balsi, Giuseppe Rizzi,
Antônio Bruno e Luiz Reginato".
"Para se ter uma idéia do entusiasmo dos 'paesanos' com a sua sociedade,
em 8 de novembro de 1909, o sócio fundador e Conselheiro Ferrucio
Bolla, doava uma área de 300m2 para a construção da sede social, à rua
1º de março (hoje Atacadão Badu). Em reconhecimento a essa valiosa
doação, a 'Sociedade Italiana', como era chamada, concedeu-lhe o título
de Sócio Benemérito em 28 de novembro de 1909, oportunidade em que
homenageou também Juvenal Pompeu com o título de Sócio Honorário, por
ter lavrado a escritura do imóvel gratuitamente e por seus méritos
pessoais, como consta da Ata do Conselho. Na mesma data, Ferrucio Bolla
foi eleito para chefiar a comissão encarregada de promover festas
beneficentes, subscrições, rifas, etc.. com o fim de angariar fundos
destinados à construção do prédio próprio".
"Sobre a inauguração do prédio, não há nenhum registro em Ata, nem placa
comemorativa. Apenas um recorte de jornal, possivelmente do "Estado de
São Paulo", que publicava em 9 de setembro de 1911 a notícia do seu
correspondente local, Juvenal Pompeu, informando que, 'a Societá
Italiana de Mutuo Socorso e Beneficenza trabalha activamente para
inaugurar festivamente o seu bello edificio próprio no dia 20 de
setembro próximo' ".
"A determinação e a coragem daqueles imigrantes, constituíram-se em
alicerces sólidos do belo prédio, construído em menos de dois anos, que
resistiu à passagem do tempo, permanecendo majestoso, embora tenha
sofrido modificações na sua fachada e interior. É bom lembrar que o
edifício sede da "Sociedade Italiana", possuía no pavimento inferior um
salão para festas, bailes e reuniões. Na parte térrea, um amplo
auditório com 314 poltronas, dotado de camarote, palco, camarins,
sanitário, além de um piano e equipamento para o 'cinematógrafo', assim
chamados os pertences para a projeção de filmes. No carnaval, as
poltronas eram retiradas, e lá se realizavam os bailes. Por aquele
palco passaram muitos artistas profissionais e amadores. Recitais,
festas cívicas e escolares, teatro e festivais beneficentes, enfim,
todas as manifestações artísticas eram realizadas na "Sociedade
Italiana"
A denominação 'Príncipe Umberto' só ocorreu a 8 de março de 1925 com a
reforma dos estatutos e eleição dos novos conselheiros e diretores,
assim distribuídos: Presidente, Antenore Balsi; Vice presidente,
Vittorio Blasizza; Tesoureiro, Tommaso Guzzo; Secretário; Luigi
Pichiello; Vice Secretário, Alberto Stangherlin; Conselheiros: Julio
Turi, Dionísio Barduzzi, Padre Nicola Giúdice, Frederico Corradi,
Tizziano Dalla Chiara, Ricardo Pigatto, Mario Lorenzoni, Augusto
Bombonatto e Domênico Carlo Stocco; Suplentes: Tiziano Bressanim,
Tommaso Casale, Emilio Bertagnoli, Nicola Saffi e Emilio Gottardo;
Revisores das Contas: Ambrosio Colombo, Domênico Giovanni Guzzo e
Romolo Manesco".
Há que se ressaltar a figura de Antenore Balsi que presidiu a 'Sociedade Italiana' por 28 anos, merecendo, quando de sua retirada, em
26 de maio de 1935, os maiores elogios da nova diretoria, presidida por
Julio Turi, além do título de "Presidente Benemérito" concedido por
unanimidade.
Para atender as exigências legais, a 'Sociedade Italiana' reformulou
seus estatutos em 5 de outubro de 1938, sendo estes, e todas as atas a
partir de então, redigidas em português, o que anteriormente era feito
no idioma italiano".
"Entre 1938 e 1956, as atividades limitaram-se,
praticamente, a alterações e reformas estatuárias exigidas para
registro, reorganização e funcionamento da mesma. Em 15 de janeiro de
1957, houve uma tentativa de transformá-la em 'Associação dos Amigos de
Barra Bonita' entidade que não chegou a se constituir juridicamente".
"A 'Sociedade Italiana de Mútuo Socorro e Beneficência Príncipe Umberto'
se findou, por deliberação da maioria de seus sócios e representantes,
em 25 de outubro de 1961, destinando todos seus bens ao Hospital São
José local, de acordo com os estatutos. Dos sócios fundadores apenas um
remanescente: Giovanni Chicco (João Chico)".
Um blog para difundir e aprofundar temas da presença italiana no Brasil, bem como valorizar o Made in Italy. Um espaço para troca de informações e conhecimento, compartilhando raízes comuns da italianidade que carregamos no sangue e na alma. A italianidade engloba a questão das nossas raízes italianas e também reserva um olhar para a linha do tempo, nela buscando e resgatando uma galeria de personagens famosos ou anônimos que, de alguma forma, inseriram seus nomes na História do Brasil.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Fiquei emocionado em ver o nome do meu bisavô ROCCO DI MUZIO.
ResponderExcluirAbraços
Thiago Monteiro Di Muzio