O acervo do Museu de Arte de São Paulo (Masp) garimpado pelas mãos de Pietro Maria Bardi está repleto de obras de artistas italianos. Do pintor veneziano Jacopo Tintoretto, ( 1518-1594 ), o MASP conserva duas obras: Lamentação sobre o Cristo Morto (ou Pietà)
e Ecce Homo ou Pilatos Apresenta Cristo à Multidão.
Pietà é óleo sobre tela (95cm x 140 cm) doada por Gladstone Jafet. Cristo à Multidão é também óleo sobre tela (109 x 136 cm).
O Grupo Fiat editou o livro Arte Italiana no Masp Arte Italiana no Masp que assim comenta a tela Pietà: “A obra relaciona-se ao mesmo tema pintado
por Tintoretto para a decoração de uma luneta,
obra conservada hoje na Pinacoteca Brera de
Milão, e pode ser datada entre 1560 e 1565.
A cena representa o momento do pesar diante
do Cristo deposto da cruz, já morto – uma iconografia
gerada somente a partir do século XII.
Amparando o corpo de Jesus estão a Madona
e São João Evangelista, o discípulo mais jovem
do Mestre. Aos pés do corpo, Maria Madalena
estende seus braços, em um gesto teatral de
acolhimento, expandindo-se no espaço, e com
isso se contrapondo ao outro grupo, fechado e
concentrado no lamento. A paisagem crepuscular
integra-se ao clima narrativo, evocando a
morte e a melancolia serena do final do dia, ao
mesmo tempo em que nos dá um belo exemplo
das harmonias cromáticas de Tintoretto, em
estreito diálogo com as graduações da luz".
Em relação ao quadro Pilatos Apresenta Cristo à Multidão, o livro ressalta que "a fonte para a cena encontra-se nos Evangelhos de
Mateus, Lucas e sobretudo em João (19, 4). Após
ser flagelado e humilhado, Jesus recebe uma coroa
de espinhos – representada por Tintoretto em
destaque, graças à auréola luminosa que emana
da cabeça do salvador – e é entregue a Pilatos,
governador romano da Judéia, que o apresenta
ao povo dizendo “Eis o Homem” (Ecce Homo).
A
multidão enfurecida pede para crucificá-lo, apesar
das tentativas de Pilatos para convencê-la do
contrário. Tintoretto faz o público se calar: não há
turbulência entre as pessoas, que assistem à cena
com admiração. No alto da escadaria, o corpo nu
de Jesus ensaia um movimento, serpenteando no
espaço, como nas formas de Michelangelo. Note-se
a alta qualidade das cores, que sugerem texturas
variadas aos tecidos, como o amarelo do manto do
personagem à direita. O teatro é o grande modelo
para a representação de Tintoretto, mantendo
assim uma forte relação com os efeitos dramáticos,
que o episódio narrado pode gerar nos observadores.
A presença do cão, exatamente na metade da
escada, citação típica da pintura veneziana, alivia a
tensão da cena e preenche o vazio daquele espaço
como uma mancha negra circunscrita pelos brancos
e cinzas. Obra de juventude do artista pode ser
situada entre 1546 e 1547".
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