terça-feira, 23 de março de 2010

Italiani – Pietro Mari Bardi e as obras de artistas italianos no MASP (1)

O acervo do Museu de Arte de São Paulo (Masp) garimpado pelas mãos de Pietro Maria Bardi está repleto de obras de artistas italianos. Do pintor veneziano Jacopo Tintoretto, ( 1518-1594 ), o MASP conserva duas obras: Lamentação sobre o Cristo Morto (ou Pietà) e Ecce Homo ou Pilatos Apresenta Cristo à Multidão. Pietà é óleo sobre tela (95cm x 140 cm) doada por Gladstone Jafet. Cristo à Multidão é também óleo sobre tela (109 x 136 cm).

O Grupo Fiat editou o livro Arte Italiana no Masp Arte Italiana no Masp que assim comenta a tela Pietà: “A obra relaciona-se ao mesmo tema pintado por Tintoretto para a decoração de uma luneta, obra conservada hoje na Pinacoteca Brera de Milão, e pode ser datada entre 1560 e 1565. A cena representa o momento do pesar diante do Cristo deposto da cruz, já morto – uma iconografia gerada somente a partir do século XII. Amparando o corpo de Jesus estão a Madona e São João Evangelista, o discípulo mais jovem do Mestre. Aos pés do corpo, Maria Madalena estende seus braços, em um gesto teatral de acolhimento, expandindo-se no espaço, e com isso se contrapondo ao outro grupo, fechado e concentrado no lamento. A paisagem crepuscular integra-se ao clima narrativo, evocando a morte e a melancolia serena do final do dia, ao mesmo tempo em que nos dá um belo exemplo das harmonias cromáticas de Tintoretto, em estreito diálogo com as graduações da luz".

Em relação ao quadro Pilatos Apresenta Cristo à Multidão, o livro ressalta que   "a fonte para a cena encontra-se nos Evangelhos de Mateus, Lucas e sobretudo em João (19, 4). Após ser flagelado e humilhado, Jesus recebe uma coroa de espinhos – representada por Tintoretto em destaque, graças à auréola luminosa que emana da cabeça do salvador – e é entregue a Pilatos, governador romano da Judéia, que o apresenta ao povo dizendo “Eis o Homem” (Ecce Homo).

A multidão enfurecida pede para crucificá-lo, apesar das tentativas de Pilatos para convencê-la do contrário. Tintoretto faz o público se calar: não há turbulência entre as pessoas, que assistem à cena com admiração. No alto da escadaria, o corpo nu de Jesus ensaia um movimento, serpenteando no espaço, como nas formas de Michelangelo. Note-se a alta qualidade das cores, que sugerem texturas variadas aos tecidos, como o amarelo do manto do personagem à direita. O teatro é o grande modelo para a representação de Tintoretto, mantendo assim uma forte relação com os efeitos dramáticos, que o episódio narrado pode gerar nos observadores. A presença do cão, exatamente na metade da escada, citação típica da pintura veneziana, alivia a tensão da cena e preenche o vazio daquele espaço como uma mancha negra circunscrita pelos brancos e cinzas. Obra de juventude do artista pode ser situada entre 1546 e 1547".

Nenhum comentário:

Postar um comentário