Vittorio
Capelli, professor-associado de História Contemporânea na Universidade
da Calábria no ensaio “A propósito de imigração e urbanização: correntes
imigratórias da Itália meridional às ‘outras Américas’ ”(tradução da Profa. Dra. Núncia Santoro de
Constantino,docente do Programa de Pós-Graduação em História da
PUCRS.-2006) discorre sobre a da presença italiana em Sergipe no séculos XIX e
XX.
"Transferimo-nos agora da Bahia para o vizinho estado de
Sergipe, na pequena Aracaju, onde o número de italianos é muito
menor. Entretanto, nesta modesta presença, encontram-se múltiplos
e justificados motivos de interesse. A proveniência geográfica
é sempre a mesma: o território compreendido entre as províncias
de Salerno e de Cosenza. A tipologia migratória é a mesmíssima,
mas com traços sociais mais elevados: os italianos de Aracaju são
comerciantes, empreendedores e artistas, que deram uma contribuição
decisiva à renovação urbana da pequena capital de Sergipe
na primeira metade do século XIX.
O mais conhecido pioneiro da pequena colônia italiana é o
comerciante Nicolau Pungitori (1845-1909),31 que construiu o teatro
“Carlos Gomes”, em 1903. Os expoentes mais lembrados da
geração sucessiva italiana são Nicola Mandarino (1883), de Vibonati-
Campania, e Federico Gentile (1888-1970), calabrês de Paola: o
primeiro, proprietário de uma grande marcenaria, em Aracaju, de
uma fábrica de sabão e de um depósito de tecidos; o segundo, ativo
construtor civil, junto com o irmão Attilio.
Mandarino conquista um posto de primeiro plano na elite
sergipana e, por isso, será alvo fácil das manifestações antiitalianas
no verão de 1942, depois do afundamento de um navio
mercantil brasileiro por submarino alemão, no largo de Aracaju,
provocando mais de duzentas mortes.
Gentile faz parte da dita
“Missão artística italiana” que, a partir de 1918, renova visivelmente
o equipamento urbano da cidade. Trabalham Bellando Bellandi
(arquiteto), Oreste Gatti (pintor), Bruno Cercelli (escultor e decorador),
Raffaele Alfano (cinzelador), Hugo Bozzi (construtor). Em
particular, destaca-se o arquiteto Bellandi, restaurador da fachada
do palácio do governo em estilo eclético, que se torna modelo imprescindível
para as residências dos ricos de Aracaju; Gentile, que
é o construtor mais importante da cidade, constrói muitas vilas
para a oligarquia local e para os italianos enriquecidos, prédios em
que insere elementos modernos, ecléticos e art nouveau, transformando
a arquitetura local, segundo a moda européia.
Pertencer à maçonaria torna-se comum e caracteriza a pequena
comunidade italiana de Aracaju".
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