A assistência médico-hospitalar ao imigrante italiano tem no Hopsital Umberto I, em São paulo, um importante marco cuja criação é assim descrita por Maria do Rosário R. Salles e Luiz A. de Castro Santos no trabalho Imigração
e médicos italianos em São Paulo na Primeira República .
"A Sociedade Italiana de Beneficência se constituiu pouco
antes do fim da Monarquia, num momento em que São Paulo
contava com pouco mais de 25 mil habitantes e a comunidade
italiana era ainda reduzida, com comerciantes e artesãos na sua
quase totalidade. Uma aspiração da Sociedade desde o início foi
fundar um hospital, projeto difícil de se realizar, uma vez que
requeria recursos de que os sócios não dispunham. Dessa forma,
primeiro abriu-se uma enfermaria no bairro do Bexiga, cuja
população, no começo do século, era quase exclusivamente italiana.
Em 1901, a criação do Fundo de Emigração pelo governo italiano proporcionou uma inesperada e oportuna ajuda financeira de 350
contos de réis, acrescida de uma subvenção a ser obtida do governo
brasileiro, em função de um acordo firmado em novembro de 1896
entre os dois países, que previa a ajuda a iniciativas que visassem à
melhoria das condições de assistência ao imigrante (Pisani, 1937).
A Sociedade Italiana de Beneficência em São Paulo pôde inaugurar
seu hospital em 1.º de janeiro de 1905, com um forte apoio, inclusive
financeiro, da comunidade.
O fato, entretanto, do hospital ter sido
criado com o intuito de atender aos imigrantes, sem restrições de 'raça, cor ou credo' (Lammoglia, 1954), criou desde logo
dificuldades financeiras e administrativas para sua manutenção, em
grande parte resultantes do crescimento do número de indigentes e
pacientes de baixa renda, atendidos gratuitamente.
Desta forma, com sucessivas contribuições pessoais e
subscrições coletivas de italianos, dotações e subsídios do governo
italiano, e também com o decisivo apoio financeiro do Conde
Francisco Matarazzo18, funda-se uma casa de saúde anexa ao hospital,
a Casa de Saúde Francisco Matarazzo, onde deviam funcionar as
clínicas e serem atendidos pacientes particulares, cuja renda serviria
para subvencionar o atendimento gratuito do hospital.
A Casa de
Saúde seria o primeiro de uma série de empreendimentos, quase
todos patrocinados pelo Conde ou pela família, todos favorecendo o
hospital, a partir da renda gerada pelo atendimento à clientela pagante.
Essa era a expectativa do Conde Matarazzo, anunciada no discurso
de inauguração da Casa de Saúde, em 1917 (Lammoglia, 1954).
A fundação do Hospital Umberto I em São Paulo, significou,
por um lado, a possibilidade de incorporação de um número
importante de médicos italianos e o incremento da imigração médica
e, por outro, a alavanca para o seu desenvolvimento posterior como
grupo e a base da constituição de sua visibilidade'
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