Região cafeeira, o Vale do Paraíba foi outro centro de atração de imigrantes italianos que além de trabalhar nas plantações de café desenvolveram outras atividades. É o que relata Marco Antonio Giffoni Junior no texto "A Imigração Italiana na Cidade de Guaratinguetá (1880 - 1930)” (Foto Guaratinguetá em 1901).
"Na compra de um lote de terra na Província de São Paulo, o imigrante se obrigava a tratar da conservação dos marcos tão logo recebesse o lote medido e demarcado e, depois disso, teriam um prazo de seis meses para deixarem a terra devidamente roçada e plantada, além de serem obrigado a construir uma casa para servir de habitação permanente de seus ocupantes.
O descumprimento de tais regras poderia acarretar na perda do terreno e de todas as benfeitorias nele realizadas e das parcelas da dívida com a Fazenda Nacional já pagas antes da perda da posse do terreno mas, haviam casos em que tal regra não era aplicada como no caso de enfermidade do proprietário, por exemplo. Somente eram dispensados da obrigação de morada e cultura efetiva os lotes de menor superfície, nos distritos urbanos, concedidos para qualquer fim de reconhecida utilidade, devendo ser aproveitados convenientemente no espaço de dois anos. Os primeiros núcleos coloniais agrícolas de São Paulo eram divididos em dois tipos: oficiais e particulares. Localizavam-se em diversas regiões do território paulista e, na região do Vale do Paraíba, o processo não foi diferente pois, existia um grande número de colônias, tanto particulares como oficiais, localizadas em cidades como Pindamonhangaba, Taubaté, Lorena, Paraibuna, Santa Isabel, Ubatuba, São Sebastião e outras mais. Atualmente, muitas informações à respeito de algumas dessas colônias se perderam, a maioria delas jamais fora estudada”
“Com a introdução do imigrante e a abolição da escravatura, começou a se desenvolver em Guaratinguetá o trabalho remunerado. Os imigrantes contribuíram muito com o desenvolvimento do município, sua colaboração consistiu na introdução de novas técnicas de trabalho oriundas das próprias condições em que viviam em seus países de origem. O número de imigrantes estrangeiros na cidade aumentou consideravelmente a partir de 1892, com o início das atividades da colônia do Piagui . Nessa ocasião, a cidade recebeu imigrantes das mais variadas etnias, que tiveram um papel de destaque na vida comunitária da cidade, exercendo sua influência tanto no meio urbano como no meio rural e, o imigrante italiano, nosso objeto de estudo, também participou deste processo.
É praticamente impossível precisar quando teria vindo o primeiro imigrante italiano para Guaratinguetá, as fontes consultadas mostram que, antes de 1892, ano da fundação da Colônia do Piaguí, já havia a presença de italianos na cidade.
Esses imigrantes, em sua maioria financiaram a viagem para o Brasil por conta própria, o que lhes concedeu maior independência. Desses imigrantes, destacamos alguns nomes como Augusto Lucchesi, que começou como mascate e depois tornou-se proprietário de loja; Thomas Rocco, que montou uma relojoaria e posteriormente uma loja de artigos finos que por sinal existe até os dias atuais sob a direção de seus descendentes. Além desses dois nomes, destacamos também os irmãos Barone (alfaiates), Pascoale Panunzio (sapateiro), Rafael Bisseglia (padaria) e Felix Cioffi (médico)”.
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