Em parceria com o poeta Vinicius de Moraes, Toquinho chegaria à Itália (final anos 60), onde faria amigos como Sergio Endrigo e Ornella Vanoni, fatos relatados em site.
"Na Itália, Toquinho e Vinicius infiltraram-se pela península em longas e marcantes temporadas. Mas era ainda uma época em que podiam andar pelas ruas de braços dados, protegidos pelo anonimato. Toquinho lembra essa fase: 'Curtíamos passear por Firenze, parecendo dois Beatles, cabelos compridos, casacos enormes, bonés e cachecóis. Vinicius adorava admirar as estátuas da Piazza della Signoria. Andávamos por aquelas ruelas, parávamos para falar com as pessoas. Entrávamos nos bares e comíamos presunto cru, pão e bebíamos vinho. E as idéias das músicas brotavam simples e despretensiosas ' " .
"Depois, a proteção do anonimato foi de desfazendo. A universalidade da música e da poesia deles 'expandiu-se dos palcos para os discos. Ao longo dos anos, gravaram o LP infantil 'L’arca di Noè”, com Sergio Endrigo; o LP 'Per vivere um grande amore', em italiano; em Milão, quatro horas de estúdio, uma garrafa de uísque do lado, os técnicos no 'aquário', a colaboração especial dos maestros Bacalov e Bardotti, e eles cantando descontraidamente o que lhes vinha à cabeça, originando o LP 'Toquinho e Vinicius – O Poeta e o violão'. Quem ouve esse disco tem a primazia de sentir Toquinho e Vinicius como se estivessem sentados num banco de quintal, conversando entre as músicas e cantando do jeitinho que todo mundo gosta de escutar, sem interrupção, essas delícias como ''Marcha da quarta-feira de cinzas', “Morena flor”, 'Chega de saudade',(...)
Pouco tempo depois, caíam nos braços do público italiano com o LP 'La voglia, la pazzia, l’íncoscenza, l’allegria', um documento lírico definitivo, que gravaram com Ornella Vanoni: 'Questo disco é um momento talmente magico per me!', escrevia ela na contracapa. Cantando em todas as faixas, ou sozinha com Toquinho e Vinicius, Ornella é parte integrante da magia desse disco, no mínimo magnífico.
O LP não só se tornou um dos mais importantes do ano como, até hoje, jamais saiu de catálogo, sendo ainda um grande sucesso em toda Itália e em muitos outros países. As versões de Bardotti, estudioso da língua portuguesa e falando fluentemente nossa língua, saíram com todo molho e picardia que Toquinho e Vinicius colocaram no momento da composição. O disco é todo emocionante. Parece que, nas expressões italianas, as palavras se desnudam mais, transparecendo a alma do lirismo, principalmente em canções como 'Samba della rosa', 'Samba in prelúdio', 'Um altro addio', e nesse raro retrato do cotidiano, cada vez mais moderno, que é 'Semáforo rosso'- o 'Sinal fechado', de Paulinho da Viola.
Sem dúvida, é esse disco, que carrega o selo RGE e foi gravado no Studio Fonit-Cetra, em Roma, um dos trabalhos mais felizes da dupla Toquinho/Vinicius.
Por mais que Toquinho e Vinicius desejassem – e esse desejo era sempre duvidoso – livrar-se das cantoras em seus trabalhos, volta e meia elas estavam presentes. Eles não perdiam tempo nem oportunidades. Nos estúdios de gravação, trabalhavam com Ornella, enquanto para o palco levavam junto a carioquíssima violonista, compositora e cantora Joyce, num espetáculo apresentado no Lírico de Milão e no Sistina de Roma, ocasião em que quase duas mil pessoas conseguiram entrar no teatro e mais mil ficaram de fora. Um público, segundo o empresário Franco Fontana, só igualado com Charles Aznavour e Gabriela Ferri".
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