Alexandre Machado |
A sátira de Bananére
No dia 11 de abril de 1892, nascia na cidade Pindamonhangaba, interior de São Paulo, Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, filho de José Francisco Ribeiro Marcondes Machado e de
Mariana Machado. Em 1895, com a morte de José Francisco, a viúva partiria rumo
a Araraquara (interior paulista) Paulo, levando consigo seus
oito filhos. Mais tarde os Machado seguiriam para Campinas ondeAlexandre completaria o ensino secundário.
Em
1911, com residência fixada em São Paulo e matriculado na Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, um novo tempo se abriria
na vida desse jovem estudante, com sua participação na revista “O Pirralho”. E
é na Pirralho que surge a figura de Juó Bananére, pseudônimo que Alexandre Machado optou para atuar como
cronista no periódico fundado por Oswald
de Andrade.
Quem
abriu espaço para o nascimento de Bananére foi o próprio Oswald, que, sob o
pseudônimo de Annibale Scipione, publicava na revista crônicas no
estilo macarrônico.
Vários
estudos e artigos produzidos no meio acadêmico brasileiro analisam a importância
do gênero literário de Juó Banaére e suas implicações sociológicas e linguítsicas.
Ao comentar a caricatura de Bananére, criada por Voltolino (pseudônimo do ilustrador
oriundo Lemmo Lenni ),Benedito Antunes (professor
de Literatura Brasileira da Unesp, Câmpus de Assis, e autor de Juó Bananére: As
Cartas d’Abax’o Pigues, São Paulo, Editora Unesp, 1998),
lembra que “sua
figura tem traços mais populares e cômicos do que a de seu antecessor (Anibale):cabeleira
desgrenhada, nos bigodões em ponta e nas pernas arqueadas, como na casaca, no
chapéu, na impagável bengala e no cachimbo fumarento que o acompanham. Passa a
representar, dessa forma, o imigrante italiano mais pobre, que ocupava grande
parte dos bairros populares da capital paulista, na figura daqueles que
habitavam a Baixada do Piques’.
Benedito Antunes defende que
tal representação deve ser avaliada dentro do contexto social de uma São Paulo repleta de imigrantes,
cidadãos sujeitos ás mais diversas formas de preconceitos, entre elas em grande número, e espalhados em bairros como
Brás e Bexiga, os italianos, naturalmente, eram alvo preferencial dessa sátira imigrante italiano "Pode ser que Oswald de Andrade, ao criar a coluna
no semanário, não tenha ido muito além de uma intenção humorística semelhante à exploração
mais corrente da situação do imigrante, que consistia em imitar o linguajar
ouvido nos bairros populares do Brás, Bixiga, Bom Retiro, Barra Funda, Piques.
Alexandre Machado, por sua vez, foi
consolidando uma perspectiva um pouco diferente, fazendo com que a figura de
Bananére desperte interesse ainda hoje, independentemente de sua motivação
original. Isto porque logrou superar a imitação um tanto preconceituosa do
linguajar dos forasteiros e atingiu um nível de criação textual que pode ser
caracterizado como literário. Em outras palavras, foi como se, superando o macarrônico
enquanto incapacidade de falar bem determinada língua, tivesse alcançado um
nível superior de macarrônico, que poderia ser designado por gênero
macarrônico. Aqui reside, a meu ver, o grande diferencial do fenômeno Bananére,
que lhe garante sobrevivência e eventual incorporação definitiva ao cânone da
literatura brasileira"
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário