O Monumento-Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932 (São Paulo - região do Parque Ibirapuera) é a obra mais famosa do escultor marchigiano Galileo Emendabili. A obra se destaca na paisagem com seu obelisco de 72 metros de altura, revestido de mármore travertino. No subsolo, uma cripta em forma de cruz grega abriga uma capela e os despojos dos ex-combatentes. Popularmente conhecido como “Obelisco do Ibirapuera”, homenageia a Revolução Constitucionalista de 1932, seus heróis anônimos, “mártires”, a causa constitucionalista, as personalidades que mais se destacaram como o poeta Guilherme de Almeida e o “tribuno” Ibrahim Nobre, bem como o dia em que foi deflagrada a revolta armada contra o governo de Getúlio Vargas – “9 de julho”.
A simbologia do 9 de julho foi explorada pelo escultor Galileo Emendabili ao projetar um obelisco que, da base ao topo, tem 72 metros de altura (7+2=9); da cripta ao topo tem 81 metros (8+1=9), sendo que 81 também é o quadrado de 9; pela soma aritmética de 72 e 81, também se chega ao número 9 (7+2+8+1=18 (1+8=9)).
Cada face do obelisco volta-se para um dos quatro pontos cardeais. Em cada uma delas, encontram-se quatro figuras em alto-relevo, com 5,75 metros de altura. Os dezesseis relevos ornamentam o terço inferior do obelisco e aludem à luta militar da Revolução de 1932 e aos feitos dos bandeirantes.
Entre os relevos, estão inscritos versos de Guilherme de Almeida:
AOS ÉPICOS DE JULHO DE 32 QUE, FIÉIS CUMPRIDORES
DE SAGRADA PROMESSA FEITA A SEUS MAIORES
OS QUE HOUVERAM AS TERRAS E AS
GENTES POR SUA FORÇA E FÉ
NA LEI PUSERAM SUA FORÇA
E EM SÃO PAULO, SUA FÉ.
Na base do obelisco, duas portas de bronze com cerca de 3,5m de altura por 2m de largura, instaladas nas faces norte e sul, denominam-se Porta da Vida e Porta da Glória, respectivamente.
Com cenas em alto-relevo, a primeira exalta a capacidade de trabalho do povo bandeirante, enquanto a outra retrata a partida dos voluntários para as linhas de frente e o sacrifício dos jovens.
Na entrada da cripta, três arcos lembram as arcadas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, de onde saíram grande parte dos constitucionalistas. Acima dos arcos, encontra-se a inscrição:
VIVERAM POUCO PARA MORRER BEM
MORRERAM JOVENS PARA VIVER SEMPRE
As primeiras providências para a construção de um monumento ao soldado constitucionalista de 1932 foram tomadas em 1934, com a criação de uma Comissão Pró-Monumento por personalidades de destaque da sociedade paulistana. Um concurso público para a escolha do projeto foi realizado em 1937. O edital exigia que a obra fosse eminentemente arquitetônica e não apenas escultórica, devendo destinar espaço para acolher as urnas funerárias dos chamados “heróis constitucionalistas”. Para a seleção final, classificaram-se Mário Ribeiro Pinto e as duplas Galileo Emendabili e Mário Eugênio Pucci, Yolando Mallozzi e Arnaldo Maria Lello. Os projetos foram expostos no foyer do Teatro Municipal de São Paulo, atraindo grande público. Da comissão julgadora faziam parte Mário de Andrade, Júlio César Lacreta, Amador Cintra do Prado, Dácio A. de Moraes e Victor Brecheret. Por decisão unânime, o trabalho de Galileo Emendabili (Ancona, Itália, 1898 – São Paulo, 1974) e Mário Eugênio Pucci (São Paulo, 1908 – 1985) foi selecionado. Pucci era engenheiro e ficou responsável pela parte técnica da construção.
Apesar dos esforços na arrecadação de fundos para a construção, o projeto não saiu do papel durante todo o período da ditadura Vargas, contra quem se fizera a “Revolução”. Entre as muitas dificuldades, as verbas disponíveis não cobririam os custos com mão-de-obra e materiais.
O lançamento da pedra fundamental ocorreu no dia 9 de julho de 1949. Tanto o Governo do Estado quanto a Prefeitura destinaram recursos para a construção, a cargo da “Fundação Monumento e Mausoléu ao Soldado Paulista de 32”. O Decreto Municipal nº 1.078 de 6 de julho de 1949, determinava que o “Monumento aos Mortos de 32” deveria ser erigido “na parte central da praça circular localizada no prolongamento da avenida Brasil, a 1.100,00 metros, aproximadamente, da avenida Brigadeiro Luís Antônio.”
As obras começaram em 1950 e, cinco anos depois, o monumento foi inaugurado parcialmente. A partir de então, todos os anos, durante as cerimônias do “9 de julho”, os restos mortais de inúmeros ex-combatentes passaram a ser transladados para a cripta
. À Sociedade Veteranos de 32 – MMDC cabia a organização dessas solenidades e a administração do monumento. A conclusão das obras ocorreu somente em 1970.
A partir de 9 de julho de 1991, a direção do monumento-mausoléu foi confiada, em caráter perpétuo, à Polícia Militar do Estado de São Paulo, na pessoa do comandante da Academia do Barro Branco, Escola Superior de Formação de Oficiais da Polícia Militar.
Dada a série de dificuldades com a conservação do monumento-mausoléu ao longo dos anos 1990 e começo dos anos 2000, a Prefeitura e o Governo do Estado assinaram um convênio em junho de 2006, através do qual a Prefeitura passou a se responsabilizar pelo projeto paisagístico, ajardinamento, limpeza, conservação e segurança da praça em que está implantado, enquanto a responsabilidade pelo restauro e administração ficou a cargo do Governo do Estado.
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