domingo, 31 de janeiro de 2010

Oriundi: Valentin Tramontina, o ferreiro empreendedor e a formação de um grande grupo

Dentre tantas histórias da italianidade na serra gaúcha, uma que sem dúvida merece destaque é a trajetória da família Tramontina, hoje sinônimo de cutelaria de alta qualidade. A trajetória de sucesso dos Tramontina tem início em 1911.

Valentin Tramontina, filho de imigrantes italianos (região de Maniago, Friuli-Venezia Giulia, província de Pordenone - local de fabricação de facas e canivetes), morava em Santa Bárbara, região de Bento Gonçalves. Lá viviam da fabricação de ferramentas agrícolas.



Com a chegada da ferrovia, Valentim decide dar novo rumo á sua vida e migra para Carlos Barbosa, que à época não passava de uma vila. Ali monta uma pequena ferraria, esperando ser impulsionado pela dinâmica da ferrovia.



Em 1919, Valentim dá um passo adiante e compra um terreno de 300 m2 na Rua Amapá, construindo um prédio de madeira para abrigar o seu negócio . Trabalhava com ele o irmão Luiz .

Até 1930, a produção da ferraria era modesta. Valentin prestava serviços a empresas, entre elas, Arthur Renner, proprietário de uma refinaria de banha; fazia conserto em indústrias locais, ferrava cavalos e fabricava canivetes.

Em 1932, Valentin agrega os primeiros colaboradores. São pessoas que residem na vila, trabalham na agricultura em tempo parcial e começam a fazer facas e canivetes nos porões de suas casas. Valentin Tramontina, nascido em 1893, falece com 46 anos de idade, no ano de 1939.

A partir daí, assume a ferraria, dona Elisa Tramontina, esposa de Valentin, que desponta como uma empreendedora nata e arrojada. Ela é quem embarca no trem da estação da vila de Carlos Barbosa e vai vender a produção nos mercados regionais e na capital do Estado. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), caso não existisse a determinação e a coragem de Elisa, a ferraria teria sucumbido.

O ano de 1949 pode ser considerado um marco na história do Grupo. Trata-se da data em que Ruy José Scomazzon, barbosense de 20 anos, amigo de Ivo Tramontina, cursando a Faculdade de Ciências Econômicas da PUC – Porto Alegre, começa a prestar assessoria à Tramontina. Ruy, com espírito de liderança, implanta planos ambiciosos, enfatizando a organização em todos os setores. Inaugura-se uma nova etapa. O caráter artesanal dá lugar a uma produção manufatureira. Na década de 50, a empresa contava com 30 empregados e alguns representantes comissionados espalhados pelo Estado. Os canivetes representavam 90 por cento do faturamento.

Vem da Itália a tradição de ter no bolso um canivete, cuja denominação é "brítola". Trata-se de um canivete com formato de pequena foice utilizado principalmente na poda da parreira, para cortar vime. A Tramontina sempre se destacou na fabricação deste canivete. A empresa se capitaliza rapidamente, com inovações tecnológicas: laminadores, marteletes, máquinas de esmerilhar e forjar, que dinamizam a produção em série. Com a presença do governador Ildo Meneghetti, em dezembro de 1956, foi inaugurada a ampliação das instalações da empresa e o novo escritório. Intensifica-se a produção de facas e ferramentas agrícolas.

O ano de 1958 marca a fundação da Metalúrgica Forjasul, em Porto Alegre, e posteriormente transferida para Canoas. Em 1961 falece a grande baluarte Elisa Tramontina. As décadas de 60 e 70 são marcadas pela instalação de empresas do Grupo em Garibaldi, Farroupilha e na Bahia, e também pela admissão de novos empregados. Houve um salto gigantesco. Dos 30 empregados existentes em 1950, a empresa passou a ter em seu quadro 557 funcionários no final dos anos 60.

Hoje o Grupo emprega quase 6.000 pessoas, exporta para mais de 100 países e é uma marca conhecida no mundo inteiro. Nas suas diversas unidades produz mais de 17 mil itens. A década de 80 foi de um enorme crescimento para empresa, tanto no mercado interno como externo, onde em 1986 inaugurou uma subsidiária na cidade de Houston no Texas. Nos anos seguintes a  Tramontina tornou definitivamente um gigante em seu setor, ampliando ainda mais sua linha de produtos e ingressando em muitos mercados mundiais como a Alemanha (1993), Chile (2000), Dubai (2004) e Peru (2005).

Neste novo milênio a Tramontina também decidiu que tinha chegado a hora de ir além da cozinha. A ordem partiu de Clóvis Tramontina neto de Valentim e principal responsável pelas maiores mudanças da empresa nos últimos anos. A grande tacada do empresário foi aproveitar uma simples fábrica de cabos de madeira que revestem talheres para ingressar no mercado de móveis.

Exporta com marca própria para mais de 120 países. Atualmente o grupo é formado por 10 unidades industriais (sendo oito no Estado do Rio Grande do Sul, uma em Belém, no Estado do Pará, e outra em Recife, no Estado de Pernambuco) que produzem mensalmente quatro milhões de facas, 21.5 milhões de talheres para uso diário, quatro milhões de talheres finos e econômicos, 800 mil chaves de fenda, 260 mil martelos, 200 mil enxadas, 20 mil pias e 35 mil cubas, 300 mil cadeiras e mesas plásticas, 20 mil mesas e cadeiras de madeira, 66 mil prateleiras, 15 mil cortadores e aparadores de grama e 200 mil panelas de aço inox.

6 comentários:

  1. A CHAVE PARA O SUCESSO D.T.T.

    DEUS - TALENTO - TRABALHO (MUITO TRABALHO)

    PARABENS A TODOS VOCES QUE FAZEM PARTE DESTA GRANDE EMPRESA.

    EDSON LUIZ DE CARVALHO SOUZA - CASCAVEL PR

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  2. UMA EMPRESA QUE NAO VALORIZA O QUE MAIS TEM DE PRECIOSO ``O EMPREGADO``

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  3. GOSTARIA DE SABER SE UM E-MAIL QUE RECEBI É VERDADEIRO COMENTANDO QUE ELE ERA ANALFABETO E TEVE INICIO E DESPERTOU PARA O DOM DO COMÉRCIO APÓS SER DEMITIDO... SE FOR VARDADE, TEM MAIS VALOR AINDA, POIS DÁ MAIS CORAGEM PARA TODOS NÓS QUE TEMOS FOBIA A TOMAR INICIATIVAS...

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  4. Caro amigo, a famiglia gabassi, oriundi di Treviso, após desembarcar no Brasil no final do século XIX na região de Capivari/Piracicaba, transferiu-se para São Paulo nos anos 40/50,do século passado, instalando-se na zona oeste de São Paulo, mais especificamente na Lapa/Vila Jaguara/Vila Anastácio/Vila Mangalot. Ainda hoje algumas pessoas moram na região, porém parte da familia retornou para o interior ou espalhou-se em outros bairros da cidade. abraço, famiglia Gabassi

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    1. Coincidência ver seu comentário sobre a família Gabassi.
      Eu estava buscando informação sobre meu tataravô que chegou ao Brasil, junto uma família com esse sobrenome. No livro da Hospedaria dos Imigrantes, diz que eles foram juntos para Valinhos de trem. Estou buscando saber para qual colônia ou fazenda eles foram deslocados. De repente você tem essa informação para me ajudar.

      Outro detalhe interessante é o livro de registro do Vapor Maria que trouxe tanto esse meu tataravô quando a família Gabassi. Tenho todos os links e referências. Creio que nossos antepassados conviveram durante o trajeto e início de "nova" vida no Brasil.

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  5. Bom dia Eduardo !
    Também sou um blogueiro e apreciei muito o teu blog, se me permites uma sugestão - deverias colocar uma ferramenta de busca no blog para que possamos consultar com mais facilidade o conteúdo de tuas postagens.
    Sds - Norberto

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