domingo, 14 de março de 2010

História (111 ) – “Far l’America (62): As primeiras famílias italianas em Nova Venécia

A presença do imigrante italiano em Nova Venécia, no Estado do Espírito Santo,  é assim registrada no site da Prefeitura Municipal, num texto de Rogério Frigerio Piva

"Todos os colonos deveriam prosseguir para Santa Leocádia. Ocorre que, por pressão dos fazendeiros junto ao presidente da Província, Dr. Henrique Moscoso, parte das famílias foi destinada às fazendas da região da Serra dos Aymorés. Para a Fazenda da Serra dos Aymorés (Serra de Baixo), pertencente ao major Antônio Cunha, foram encaminhadas as famílias de: Giovanni BERTOLDI, Giovanni Battista CORADINI e da viúva Maria ZANFERRARI, num total de 13 pessoas.

Para a Fazenda da Boa Esperança (Serra de Cima), do comendador Matheus Cunha foram as famílias de: Domenico SARTORI, Domenico BASSE, Domenico PERUZZI, Antonio ZANETTI e Angelo MANZANI totalizando 14 pessoas. Para a Fazenda da Terra Roxa, do Dr. Constante Sudré, foram as famílias de: Domenico BERNARDI, Domenico BIASI, Pietro PERONI, Paolo ZACHINELLI, Rafaele MORO e Pietro GALLINA, totalizando 12 pessoas. Para a Fazenda da Gruta, do Dr. Antônio Sudré, foram as famílias de: Luigi APRILE e Battista BENEVENUTTI, totalizando 04 pessoas. Estes foram, portanto, os primeiros italianos a chegar à região do atual município de Nova Venécia no ano de 1888 e formavam um grupo de 43 pessoas. Devido ao não cumprimento das promessas feitas pelos fazendeiros aos imigrantes, parte retirou-se para no Núcleo Santa Leocádia e outros, seguiram para Vitória a fim de alcançar novos destinos.

Além da abolição do trabalho escravo e da chegada dos primeiros imigrantes italianos, o ano de 1888 também foi marcado pela retomada da migração de retirantes nordestinos para São Mateus, dos quais, a primeira leva chegou àquele porto no início de dezembro e era composta principalmente por mulheres e crianças que fugiam dos horrores da seca no Ceará, a província mais afetada.

Dentre os chefes de família que se estabeleceram entre 1888-1889 como meeiros ou diaristas nas fazendas da Serra dos Aymorés destacamos alguns como: Manoel ALVES DE OLIVEIRA, Joaquim FIRMINO DA COSTA, Vicente ALVES FEITOSA, Joaquim GALVÃO, Benedicto José de LIMA, José MARQUES DE SOUZA, Francisco José de FONTES, Francisco ELIAS DE SOUZA, Manoel LOURENÇO CARDOSO, Francisco PEREIRA DA SILVA, João LOURENÇO MELLO, João THIMOTHEO DO REGO, dentre muitos outros que se tornaram patriarcas de inúmeras famílias venecianas".

História (110 ) – “Far l’America (61): A formação da colônia Nova Venécia, no Espírito Santo

No Sudeste do Brasil, a imigração italiana também deixou marcas no estado do Espírito Santo, onde a cidade de Nova Venécia é testemunha desse tempo. No site da Prefeitura Municipal de Nova Venécia assim relata a formação do Núcleo Colonial.

“O governo da antiga Província do Espírito Santo, prevendo o fim da escravidão, tratou de dotar os vales dos rios Itapemirim e São Mateus de Comissões de Medição de Terras. Tais comissões foram responsáveis pela criação de núcleos coloniais, cuja função, era atrair imigrantes europeus para essas regiões, onde se poderia “seduzi-los” para trabalharem nas fazendas.

Devemos compreender que neste momento, o preconceito dos antigos senhores, aliado à sede de liberdade dos ex-escravos, foram os principais fatores que levaram a crise da mão-de-obra que sobreveio nas fazendas. Muitos fazendeiros não admitiam o fato de tratar como empregados assalariados aqueles que haviam sido sua propriedade, presos como estavam à antiga mentalidade escravista. Por outro lado, muitos escravos, ao se verem livres, abandonavam as fazendas que tantas lembranças ruins lhes traziam.

Havia ainda a intenção do Governo Imperial que visava “embranquecer” a população com a introdução de imigrantes europeus. Nesta época, a maioria dos habitantes de São Mateus era negra. Em 1888 foi criado o Núcleo Colonial de Santa Leocádia, situado, aproximadamente, a 23 km a oeste da cidade de São Mateus, às margens do córrego Bamburral e seus afluentes. A direção deste ficou a cargo do engenheiro Gabriel Emílio da Costa. Em outubro de 1888 o núcleo recebeu a sua primeira leva de imigrantes italianos. Vieram no navio a vapor Ádria, de bandeira italiana.

Este navio tinha a capacidade de transportar aproximadamente 1.500 passageiros por viagem. Era um dos mais velozes, percorrendo o trajeto Gênova a Vitória entre vinte e vinte e um dias. Esses imigrantes, chegando a Vitória, fizeram “quarentena” em uma hospedaria improvisada no centro da cidade, aguardando o navio Mathilde, de bandeira nacional, que fazia linha regular entre o Rio de Janeiro e o Sul da Bahia passando pelo Espírito Santo. O embarque no Mathilde se deu a 1º de outubro e, de Vitória, seguiram para o porto de São Mateus, onde desembarcaram dois ou três dias depois.

Eram 87 pessoas naturais das regiões da Lombardia e do Vêneto, norte da Itália, que, ao chegarem a São Mateus foram alojadas em um barracão atrás do cemitério da cidade. Grande deve ter sido a curiosidade tanto de italianos quanto de mateenses, devido ao contraste de culturas.

Todos os colonos deveriam prosseguir para Santa Leocádia. Ocorre que, por pressão dos fazendeiros junto ao presidente da Província, Dr. Henrique Moscoso, parte das famílias foi destinada às fazendas da região da Serra dos Aymorés. Para a Fazenda da Serra dos Aymorés (Serra de Baixo), pertencente ao major Antônio Cunha, foram encaminhadas as famílias de: Giovanni BERTOLDI, Giovanni Battista CORADINI e da viúva Maria ZANFERRARI, num total de 13 pessoas. Para a Fazenda da Boa Esperança (Serra de Cima), do comendador Matheus Cunha foram as famílias de: Domenico SARTORI, Domenico BASSE, Domenico PERUZZI, Antonio ZANETTI e Angelo MANZANI totalizando 14 pessoas.

Para a Fazenda da Terra Roxa, do Dr. Constante Sudré, foram as famílias de: Domenico BERNARDI, Domenico BIASI, Pietro PERONI, Paolo ZACHINELLI, Rafaele MORO e Pietro GALLINA, totalizando 12 pessoas. Para a Fazenda da Gruta, do Dr. Antônio Sudré, foram as famílias de: Luigi APRILE e Battista BENEVENUTTI, totalizando 04 pessoas. Estes foram, portanto, os primeiros italianos a chegar à região do atual município de Nova Venécia no ano de 1888 e formavam um grupo de 43 pessoas. Devido ao não cumprimento das promessas feitas pelos fazendeiros aos imigrantes, parte retirou-se para no Núcleo Santa Leocádia e outros, seguiram para Vitória a fim de alcançar novos destinos".

História ( 109)- “Far l´America (60)”: Detalhes sobre o Núcleo Colonial Barão de Jundiaí

A epopeia dos imigrantes italianos na região de Jundiaí rendeu importantes estudos. O site Memória Paulista cita o livro Cem anos de imigração italiana em Jundiaí  de  Elizabeth Fellipini e Eduardo Pereira.." A obra foi organizada para celebrar os cem anos da imigração italiana em Jundiaí (SP). Analisa a relação do Núcleo Colonial Barão de Jundiaí com a cidade, a contribuição da ferrovia para o desenvolvimento local e as atividades de trabalho dos imigrantes na agricultura, comércio e indústria (principalmente, cerâmica e vinho, além do crescimento da CICA). Apresenta, também, a organização e a produção doméstica pelos pequenos proprietários de terra, dedicados ao cultivo do café e da uva. A obra traz bom material iconográfico, no qual é possível identificar as casas nas colônias italianas, o cotidiano dos imigrantes e as construções rurais do Núcleo Colonial Barão de Jundiaí. Registra, ainda, a importância das olarias, dos materiais de construção, do mobiliário e de objetos do cotidiano. Pode ser encontrada na biblioteca da USP"
No site ECCO! capítulos desse importante livro podem ser consultados.  

História ( 108)- “Far l´America (59)”: O Núcleo Colonial Barão de Jundiaí (1)

Um breve perfil do Núcleo Colonial Barão de Jundiaí é traçado no site da Prefeitura de Jundiaí.
 
"Depois que o imperador D.Pedro II ordenou às províncias a criação de núcleos coloniais, o então Presidente da Província de São Paulo, Antônio de Queiroz Telles - o Conde do Parnaíba - criou quatro núcleos, entre eles o Núcleo Colonial Barão de Jundiaí, em 4 de outubro de 1886, atual região do bairro da Colônia".
 "Os núcleos deveriam estar situados em locais que permitissem facilidades de transporte dos produtos do mercado, possuir terra fértil para receber as culturas tradicionais das províncias e boas para a pastagem, além de oferecer condições naturais para serem trabalhadas por meios mecânicos. O Núcleo foi implantado numa área de 221 alqueires, denominada Fazendinha".

As estradas foram executadas seguindo as curvas de nível do terreno e na parte central urbana foram destinadas áreas para Praça, Igreja, Escola, além da área municipal. O imigrante destinado ao Núcleo Colonial não passava pela Hospedagem do Imigrante na capital, e contava com passagem livre nas ferrovias e com abrigo no núcleo escolhido.

A Árvore Lendária 

"A Figueira", árvore que existiu na região central da Colônia onde hoje se localizam as cantinas, foi considerada o maior símbolo deste núcleo colonial, e tornou-se lendária ao cumprir, nos primeiros tempos, a função de "alojamento" dos imigrantes. Segundo depoimentos, as famílias permaneciam sob a figueira protegidas por panos, lençóis e barracas, enquanto esperavam a liberação de seus lotes. Citada em versos, livros, história e estórias, a Figueira  permanece na memória da cidade, remetendo aos primeiros tempos dos imigrantes, ao seu contato com as terras novas, depois de uma viagem dura, carregada de emoções e de fatos dramáticos.

Dificuldades

"A vida do imigrante italiano que se fixou no Núcleo de Jundiaí foi difícil. A maioria deles veio da Itália com passagens subsidiadas pelo governo brasileiro e trazia, além da roupa do corpo, os seus poucos bens. Apesar de todas as dificuldades e com falta de dinheiro, os imigrantes conseguiram, às custas do trabalho em família, realizar benfeitorias nas terras próprias por meios das atividades agrícolas, como o cultivo de uva e cereais. Os colonos, que se estabeleceram nos lotes rurais do Núcleo Colonial Barão de Jundiaí eram agricultores. Dentre as principais culturas destacavam-se o milho, o feijão, o arroz, a batata-doce e a inglesa, a mandioca, os legumes e as frutas.

"Cultivavam-se ainda as hortaliças e uvas, ambas de considerável expressão econômica. O milho, um dos principais produtos básicos, era mais cultivado para o consumo doméstico. Com ele, faziam-se a farinha e o fubá (polenta), que servia ainda de alimento para os porcos e galinhas, que conviviam com cabras, cavalos e vacas. Também a criação de porcos teve importância na economia. Eram criados pelas famílias para seu próprio consumo, como também para vender. Com os porcos, tinham a gordura e faziam a lingüiça".