quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

História 58 - "Far l 'America (26)": o destino dos vênetos de Schio

A imigração italiana no Brasil continua sendo objeto de estudos e debates acadêmicos. Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), pesquisas do professor Antônio Folquito Verona, mostram o percurso de um grupo de italianos da cidade vêneta de Schio, que migrou rumo ao Brasil entre 1891 e 1985.

Os estudos do professor já renderam dois seminários, o último realizado em janeiro de 2010. Para identificar as famílias, a partir de 1990, o professor Verona passou a reunir dados da prefeitura de Schio e da província de Vicenza, em Vêneto, além de arquivos do Lanifício Rossi. Ele cruzou as informações obtidas com as existentes no Memorial do Imigrante, no Arquivo Municipal de São Paulo e no Arquivo do Estado de São Paulo. Também consultou documentos em outros estados e contou com financiamento do município de Schio para a realização de pesquisas na Itália e no Rio Grande do Sul.

Das mais de trezentas famílias que saíram da cidade italiana rumo ao Brasil, 157 ainda não tiveram a identificação de seus destinos e locais de desembarque. Entre as identificadas, a maior parte se instalou em São Paulo, mas poucas puderam continuar no ofício de tecelão. A maioria foi empregada nas lavouras de café, que tinham grande necessidade de mão-de-obra. O segundo destino escolhido por esses imigrantes foi o Rio Grande do Sul, corrente que vai dar origem a Galópoles, um vilarejo da cidade de Caxias do Sul.

No local foi criada a Cooperativa Industrial Têxtil, mais tarde transformada no Lanifício São Pedro. “A instalação de uma tecelagem em meio ao ambiente rural ocasionou um movimento que, mais tarde, tornaria Caxias do Sul o conhecido pólo industrial dos dias atuais”, diz Verona. O Rio de Janeiro também foi um destino importante, sobretudo o distrito de Cascatinha, na cidade de Petrópolis.

Dados de 1906 informam que, no local, a Companhia Petropolitana, única fabricante de tecidos de seda no Brasil naquela época, empregou 1.100 funcionários, quase todos italianos. “Muitos imigrantes de Schio foram contratados porque detinham um conhecimento sobre a indústria têxtil que os demais italianos desconheciam, por serem, em sua maioria, trabalhadores rurais”, relata o professor.

Uma minoria dos imigrantes foi para Minas Gerais e para o Espírito Santo. O isolamento territorial e o distanciamento das demais famílias que vieram da Itália dificultaram a localização de registros que apontem quais atividades econômicas esse grupo desenvolveu.(Fonte: Unesp)Unesp

História 57 - "Far l 'America (25 ): como era o agenciamento na Hospedaria dos Imigrantes em São Paulo

O site do Instituto de Estudos Brasileiros (artigo Como São Paulo Hospedava seus imigrantes no início da República , de autoria de Arlinda Rocha Nogueira) mostra como agiam os agenciadores no recrutamento de trabalhadores para os fazendeiros paulistas.