domingo, 21 de fevereiro de 2010

Arquitetura – Villa Matarazzo, memória desaparecida e ainda polêmica (1)

O processo de tombamento da Mansão Matarazzo, na Avenida Paulista, ganhou as páginas dos jornais na década de 90  raças à disputa entre a família Matarazzo, contrária ao tombamento, e a prefeitura de São Paulo (gestão Luiza Erundina - 1989-1992).

O Conde Francisco Matarazzo era conhecido e respeitado como o homem mais rico do país, e ergueu o maior complexo industrial da América Latina na época, as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM).
O Conde Francisco Matarazzo Júnior, seu 12° filho; herdou as fábricas e a mansão que o pai havia mandado construir num dos endereços mais elegantes da cidade, a Avenida Paulista. Viajado e culto, adquiriu a maior parte das obras de arte que a mansão abrigava, e delegou em testamento o controle das ações e a posse da casa a sua filha caçula, Maria Pia Matarazzo, personagem das disputas envolvendo o imóvel. A construção teve início em 1896 e foi concluída em 1941. Ao longo dos anos, o projeto inicial do arquiteto Julio Saltini sofreu reformas e ampliações com supervisão de outros arquitetos, entre eles o Escritório Técnico Ramos de Azevedo, Severo e Villares.

Chegou-se a afirmar que Marcello Piacentini, o arquiteto favorito de Mussolini, teria participado das reformas da mansão (fato que ainda gera controvérsias) Os Matarazzo não desejavam o tombamento da mansão, o que pode parecer estranho, pois representaria uma distinção, qualificando o objeto tombado como único. Ao contrário, estavam interessados na venda do terreno, com o metro quadrado mais caro da cidade.

Na época houve uma tentativa de implodir a mansão durante a noite, mesmo sem a autorização da prefeitura; sua sólida estrutura, porém, suportou o ataque, sofrendo dano apenas no subsolo. Após esse episódio, a polícia foi acionada para averiguar os estragos. Havia uma disputa aberta pelo destino do imóvel. O processo de tombamento foi demorado. A prefeitura saiu na frente, e em 16.03.1990 o CONPRESP (Conselho municipal de preservação do patrimônio histórico cultural e ambiental da cidade de São Paulo) tombou o imóvel por unanimidade de votos.

Tratava-se de um bem de interesse cultural e ambiental, com valor simbólico e de referência urbana. Os advogados da prefeitura alegavam, ainda, tratar-se de "documento arquitetônico que permite recuperar a atmosfera mental em que viviam nossas classes privilegiadas em determinado momento histórico" (...) "faceta disciplinadora para nossas elites que agem tão brutal e ilegalmente quando saem em defesa de seus interesses pecuniários". Tombada a mansão, aventou-se a possibilidade de se instalar no local o "Museu do Trabalhador", ou a "Casa de Cultura do Trabalhador".

O debate, porém, continuou, e os argumentos utilizados pela prefeitura eram discutidos na mídia. Para muitos especialistas, a mansão não tinha valor arquitetônico. Projetada por vários arquitetos, tornara-se híbrida, sem estilo próprio. Não acompanhara as mudanças do tempo, convertendo-se num corpo estranho na Avenida, já caracterizada por arranha-céus.

Outros imóveis seriam mais representativos da vida e obra da família como a atual sede da prefeitura, o Edifício Matarazzo na Praça do Patriarca, este sim projetado por Piacentini. Os jardins da mansão, fruto de projeto paisagístico, não eram remanescentes da mata original da região, caaguaçu. Pietro Maria Bardi, então diretor da MASP (Museu de Arte de São Paulo), criticou o projeto do Museu do Trabalhador, reivindicando investimentos nos museus já existentes. Na gestão Paulo Maluf (1993-1996), uma medida judicial suspendeu os efeitos do tombamento, e a mansão foi derrubada, conservando-se apenas a portaria. O espaço que abrigava a mansão, tombada pelo poder público e depois derrubada, é hoje um, sem arquitetura e sem função social.(Fonte: Prefeitura de São Paulo)

Italiani - Sangue toscano nas veias do Modernismo brasileiro: as telas de Alfredo Volpi

Na segunda geração do Modernismo brasileiro, Alfredo Volpi, italiano natural de Lucca ( 1896) foi, sem dúvida, um dos grandes nomes.

O site doMuseu de Artte Conteporânea, USP), assim descreve Volpi,  falecido em São Paulo em 1988.

"De origem italiana humilde, Alfredo Volpi chega ao Brasil com dois anos de idade e na adolescência começa a trabalhar como pintor-decorador de paredes. Desde então, manifesta uma pintura dotada de um procedimento artesanal cuidadoso, que irá se manter ao longo de toda sua trajetória artística.

Autodidata e à margem da movimentação modernista decorrente da Semana de 1922, Volpi elabora sua pintura a partir da observação atenta de cenas de gênero (família, trabalho, cotidiano simples dos arredores de São Paulo) e de paisagens, resultando em uma poética intuitiva e de linguagem simplificada, decorrente de seu autodidatismo.

É a partir de sua proximidade com os artistas do Palacete Santa Helena1, e da formação da Família Artística Paulista em 1937, que Volpi entra em contato com a arte moderna italiana influenciada pelas pesquisas de Paul Cézanne e pela metafísica, e com a obra de Ernesto De Fiori que irão influenciá-lo. Passa a compreender que a qualidade da pintura está, como afirmava, em 'resolver o quadro'.

Sua primeira exposição individual, em 1944, evidencia o percurso traçado pelo pintor em busca do domínio das cores para atingir a harmonia entre as formas que compõem suas imagens e o modo inteligente como soube traduzir as influências recebidas. 'O plasticismo italiano concorre com a cor matissiana para criar um novo universo estilístico, que será um ponto de chegada para a pesquisa de Volpi. É significativo, porém, que a cristalização desse universo se dê num campo delimitado pela pintura popular' afirma o teórico Lorenzo Mammì em sua análise da obra do artista.

A crítica daquele momento o compreende como um artista promissor. Como um artesão imerso em seu ofício, Volpi produz suas próprias têmperas e faz surgir, na superfície das telas, casarios e fachadas marcados pelo gesto cuidadoso das pinceladas que preenchem as formas sensivelmente geometrizadas. Gradativamente sua pintura deixa de sugerir a ilusão de profundidade e toda a composição passa a se realizar num primeiro plano.

Em 1950, tem a oportunidade de ver na Itália mestres pré-renascentistas como Giotto e Margarito d'Arezzo. Nas imagens frontais realizadas a têmpera e nos antigos painéis italianos, Volpi confirma as possibilidades poéticas que com maestria saberá interpretar nas séries de imagens sacras das décadas de 1950 e 1960.

O reconhecimento de sua obra inicia-se com o Prêmio de Pintura Nacional que divide com DI CAVALCANTI na II Bienal do MAM de São Paulo, em 1954, por influência do crítico inglês Herbert Read. A agitação cultural provocada pelas bienais, com a decorrente assimilação das vanguardas européias, como a abstração geométrica e a arte concreta, iriam transformar o gosto do público e a arte brasileira.

Esta transformação também se percebe na produção de Volpi. ' […] Mar e céu desaparecem em simples faixas coloridas, telhados viram simples triângulos, ladeiras e ruas são lisas formas retangulares em diagonal, portas e janelas se reduzem a retângulos e quadrados […]', verifica Mário Pedrosa no final dos anos 1950.4

A síntese de elementos alcançada por Volpi em suas composições a partir de formas como casarios, fachadas, bandeirinhas, mastros e barcos à vela, proporcionam à arte moderna brasileira uma dimensão de estilo inconfundível".

Italianità-Especial: De Palestra Italia a Palmeiras(2)

O site Palestrinos  ao contar a história dos primeros tempos do Palestra Italia, hoje Palmeiras, transcreve a ata de fundação do clube que resume os acontecimentos da histórica noite de 26 de agosto de 1914. 

“Presentes 37 sócios; conforme lista subscrita, o Sr. Ezequiel Simone foi, por unanimidade dos presentes, nomeado presidente provisório para, dirigir os trabalhos da presente assembléia. O Sr. Simone agradece e tomando posse do cargo; abre a seção às 9 horas, lendo a seguinte Ordem do Dia, para discutir: 1.° ‑ Leitura, da ata da seção preparatória. 2.° ‑ Discussão e aprovação do estatuto e de diversos regulamentos internos. 3.° ‑ Eleição do conselho deliberativo. 4.° ‑ Várias".

"Aprovada por unanimidade, fala em primeiro lugar o Sr. Armando Rebucci, que indaga de que modo e com quais meios se deve constituir a biblioteca para a instrução intelectual. O Sr. presidente explica que a biblioteca será oportunamente organizada, com a colaboração de sócios que desejem oferecer livros a sociedade, com fundos sociais ou com subscrição".

"Lido o capitulo 2.°, o presidente cede o posto ao secretario e propõe a anulação do artigo que fala dos sócios perpétuos, alegando que tal qualidade de sócios e mais para as sociedades, de mutuo socorro, do que para a nossa. O Sr. Ragognetti, entretanto, opta pela admissão dos sócios perpétuos, sendo do mesmo parecer o Sr. Rebucci. O Sr. Simoni insiste em sua proposta. O Sr. Luigi Medici associa-se à proposta Ragognetti, tendo o presidente posto em discussão as duas propostas; resultando aprovada por maioria a proposta Ragognetti. O Sr. Oberdan Zamboni, pede explicações sobre o parágrafo "F" do art. 4, relativo aos sócios correspondentes, sendo feita nova leitura, com a qual Zamboni se confessa satisfeito, sendo depois disto aprovada a proposta".

"É lida a proposta 3a. Revisto § 6° do art. 7° ‑ Deveres dos sócios ‑ O Sr. Ragognetti propõe que a quota mensal para os sócios, efetivos seja de 5$000, quando no estatuto mencionava 3$000. O Sr. Rebucci associa-se ao Sr. Ragognetti, enquanto que alguns presentes optam pelos 3$000. Então o presidente põe em discussão o parecer, tendo a maioria aprovado a quota de 3$000. Discutiu-se depois a taxa de admissão de que trata o capitulo 6. Cervo propõe 5$000 como taxa de admissão, o que foi aprovado por 21 votos. Lidos os capítulos. 4, 5, 6, 7 e 8, foram todos aprovados por unanimidade".

"Finalmente, o presidente submete ainda uma vez à aprovação o estatuto, com as modificações feitas, sendo o mesmo aprovado por unanimidade. O Sr. Rebucci pede a palavra e propõe um voto de aplauso aos que compilaram o estatuto. O presidente não concede a discussão por tratar-se de assunto concernente as várias, e, de acordo com os presentes, pede a aprovação do regulamento a juízo do futuro conselho. Procede-se então à eleição do conselho deliberativo, por escrutínio secreto. Votaram 34 presentes. É eleita a seguinte diretoria : Presidente, Ezequiel Simone (28 v.); vice-presidente, Luigi E. Marzo (unan.); secretário, Luigi Cervo. (unan.); vice-secretário, Antonio Aulicino (unan); revisores de contas, Guido Giannetti, Oreste Giangrande, Armando Rebucci; (todos por unanimidade) ; tesoureiro, Francisco de Vivo (33 v.); 1º mestre-sala, Alvaro F. Silva; 2º mestre-sala, Francisco Morelli; inspetor de sala, Francesco Cilento e Adolfo Izzo; diretor esportivo, Vicenzo Ragognetti (32 v.). O Sr. presidente e depois o Sr. Luigi Cervo, agradecem aos presentes a confiança neles depositada, prometendo fazer o possível, mesmo com sacrifícios, para que o Palestra Itália ocupasse o primeiro lugar entre sociedades congeneres, como digna do nome que leva e que invoca a pátria distante. Em vista do adiantado da hora, e nada havendo de importante a tratar, o presidente dá a seção por encerrada, às 24 horas e 55 minutos. Aprovada por unanimidade de votos. São Paulo, 7 de outubro de 1914. O presidente (assina) - Ezequiel Simoni. O secretário (assina) - Luigi Cervo".

Assim, oficialmente, na noite de 26 de agosto de 1914, foi proclamada a fundação do "Palestra Itália"

Italianità-Especial: De Palestra Italia a Palmeiras(1)



Não é só no plano econômico e cultural que as raízes italianas deixaram profundas marcas em solo brasileiro. Também no esporte os imigrantes que cruzaram o Atlântico plantaram sementes que germinaram dando origem a grandes clubes poliesportivos e, sobretudo, a grandes times de futebol.
E como futebol faz parte da lama do brasileiro, este Blog abre espaço especial para contar a história de clubes como Palmeiras e Juventus (ambos nascidos na cidade de São Paulo) e Cruzeiro (Belo Horizonte).

Uma dessas sementes foi semeada no distante ano de 1914 e recebeu como nome de batismo Palestra Itália, mais tarde Sociedade Esportiva Palmeiras. O primeiro registro da história do Palestra Itália aparece no jornal da comunidade italiana editado em São Paulo "Il Fanfulla". 

"Pela formação de um quadro Italiano de Futebol em São Paulo. São Paulo, 14 de agosto de 1914. Egrégio Sr. diretor do "Fanfulla": Uma palavra apenas e para esta um cantinho no vosso jornal. Eis do que se trata: alguns conhecidos futebolistas italianos, mas associados à clubes brasileiros, encarregaram-me de escrever-vos acerca de um projeto pôr eles ideado, entre dois goles de café, fazendo-me então compreender que tal projeto o vosso jornal deverá se tornar o propugnador e o propagandista. Nós temos em São Paulo - afirmam os referidos esportistas - o clube de futebol dos alemães, dos ingleses, dos portugueses, dos internacionais e mesmo dos católicos e dos protestantes, mas, um clube que seja exclusivamente de "sportmen" italianos, e sendo nossa colônia a maior do Estado, nada se tentou ainda realizar! Futebolistas italianos que jogam bem encontram-se em São Paulo, porque, de comum acordo, não reunimos os referidos senhores, e assim como temos associações de remo, filodramáticas, mundanas, patrióticas, etc., etc., de estrutura italiana, poderemos também ter um clube de futebol exclusivamente de italianos". Ai fica a proposta dos futebolistas italianos; com vossa senhoria, diretor, o comentário. Vicente Ragognetti". 

 Cinco dias depois da publicação da referida carta, na mesma rubrica do mesmo jornal, em data de 19 de agosto, apareceu o seguinte comunicado:

" Foi organizada uma diretoria provisória, para a formação de uma sociedade que será denominada Palestra Itália. A sociedade compreendera também a seção filodramática e dançante, uma seção esportiva objetivando a organização de um time puramente italiano para o jogo do "football". Os aderentes, que. até ao momento se compõem de estudantes e empregados no comércio, reunir-se-ão hoje às 20 horas no Salão Alhambra, à rua Marechal Deodoro nº 2 (atual Rua Riachuelo), com o fim de eleger a diretoria provisória e para a completa formação da sociedade".

Na noite de 19 de agosto de 1914; no salão Alhambra compareceram 37 pessoas de origem italiana ou de descendência italiana. Foi convidado para presidente da reunião, o Sr. Ezequiel, servindo de secretario, o Sr. Luigi Cervo, que na qualidade de antigo esportista, educado no S. C: Internacional, podia ser considerado como o mais indicado organizador da sociedade futebolística italiana, então em vias de completa formação. Nessa reunião; foram lançadas as bases para a fundação do Palestra Itália e os Srs. Luigi Cervo e Luigi Emanuele Marzo, foram incumbidos de compilar o projeto dos estatutos que deveriam reger a sociedade. A primeira assembléia geral foi realizada em 26 de agosto, noite em que deveria ser oficialmente proclamada a fundação da sociedade.(Fonte: site Palestrinos )


Oriundi: Rubens Ometto, rei do acúçar e do álcool no século XXI (2)

A Revista Exame, ao traçar o perfil de Pedro Ometto, conta que "em 1978, ele cedeu às pressões familiares e passou a dirigir a Celisa, a holding das usinas da mãe. Uma de suas primeiras tarefas foi negociar dois acordos societários para consolidar a divisão entre as empresas de dona Isaltina e as do tio Orlando".

"Em 1986, adquiriu, para si próprio, o controle acionário do grupo Bom Jesus, com as usinas Santa Helena, Ipaussu e São Francisco. Mas nenhuma disputa acionária deu mais trabalho do que o conflito interno com a mãe e os irmãos Celso, Mara e Celisa, iniciado em 1990.  A briga só chegou ao fim em 1996, com a fusão entre os grupos Bom Jesus e Celisa, o que resultou na holding Nova Celisa. Rubens negociou acordos individuais com 23 acionistas e assumiu a gestão do grupo, ficando com 50% das ações. A mãe e os irmãos receberam os outros 50%.”

“Em 1997, 1998 e 1999 o setor penou com austeridade, downsizing, prejuízos e quebradeira. A Nova Celisa reestruturou seis usinas. Trocou todos os diretores. A Usina Santa Bárbara foi fechada e sua maquinaria transferida para Ipaussu. O grupo reduziu todos os custos e equacionou o grosso da dívida. Ao mesmo tempo, quando o governo privatizou os portos, em 1997, aproveitou para arrendar uma seção do Terminal Portuário de Santos por 25 anos. Em 1999, a empresa vendeu 10% do capital à distribuidora inglesa de açúcar e derivados Tate & Lyle. O passo decisivo da reestruturação foi juntar todos os ativos do grupo e consolidá-los numa nova holding, a Cosan, no começo de 2000”. Cosan possui 23 unidades produtoras, sendo 21 em São Paulo e duas em construção, uma na cidade de Jataí (GO) e outra em Caarapó (MS), quatro refinarias e dois terminais portuários.

Por meio da Cosan Combustíveis e Lubrificantes, detentora de licença de uso das marcas Esso e Mobil, a Companhia tornou-se a única empresa totalmente integrada do setor. Desde 2005 a Cosan tem suas ações negociadas no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). EM 2007, teve suas ações listadas na Bolsa de Nova York, tornando-se a primeira empresa de controle brasileiro com ativos negociados diretamente na NYSE.

Produtora de açúcar cristal (VHP), açúcar refinado granulado, açúcar orgânico, amorfo, líquido sacarose e líquido invertido, etanol e energia elétrica (produzida a partir do bagaço de cana), a Cosan é a terceira maior produtora de açúcar do mundo, quinta maior produtora de etanol e uma das maiores exportadoras mundiais de etanol. Na safra de 2008/2009 registrou o recorde de processamento de cana-de-açúcar, obtendo uma moagem de 44,2 milhões de toneladas. Com a absorção dos ativos da Novamerica, sua capacidade de moagem atinge hoje cerca de 60 milhões de toneladas.

Oriundi: Rubens Ometto, rei do acúçar e do álcool no século XXI (1)

O legado de Pedro Ometto, filho do imigrante italiano Antonio Ometto, rende frutos ainda hoje. Rubens Ometto Silveira Mello, 59 anos, neto de Pedro, é o senhor do álcool e açúcar no Brasil. O perfil do empresário foi assim descrito pela revista Istoé Dinheiro:

“A trajetória de sucesso de Ometto começou aos 17 anos. Quando a maioria de seus 20 primos almejava trabalhar nos canaviais da família plantados há gerações na interiorana Piracicaba, Ometto debandou para São Paulo com a ideia fixa de cursar engenharia. Passou no vestibular da Escola Politécnica, a Poli, e, apressado, não descansou enquanto amigos não o indicassem para uma vaga em alguma instituição financeira de grande porte. Calhou de um deles conhecer um executivo do Unibanco, para onde Ometto foi dar expediente como estagiário. Aos 21 anos, idade em que seus colegas se limitavam às apostilas da faculdade, foi nomeado assessor da diretoria do banco. Aos 23, teve um golpe de sorte. Numa festa em família, sentou à mesma mesa de José Ermírio de Moraes Filho (morto em 2001) , do Grupo Votorantim, e a identificação foi imediata. Ambos eram obsessivos pelo trabalho, francos de uma maneira incomum e sequiosos por sucesso. Ermírio convidou Ometto para trabalhar na Votorantim. Aos 24 anos, o jovem engenheiro já era diretor financeiro da empresa de Ermírio, o que muitos acreditam ser, pela precocidade, um recorde no universo empresarial brasileiro. Ometto ficou lá até os 30 anos e depois retornou ao ramo de origem da família - as usinas de cana”.

A Revista Exame acrescentaria que “em 1996, Rubens, formado em engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, da quarta geração dos Ometto, italianos que vieram para o Brasil em 1887, assumiu o comando das empresas da mãe, Isaltina Ometto Silveira Mello, com quem travara uma longa disputa judicial. Além de envolver-se em três guerras societárias familiares, Rubens renegociou dívidas, fechou empresas, comprou usinas, bateu recordes de produtividade e conquistou sócios estrangeiros para os negócios".

"(...) As disputas entre parentes são tão freqüentes entre usineiros que viraram uma característica do setor. Entre os descendentes dos irmãos Antonio e Girolamo Ometto, que em 1906 compraram seus primeiros 6 alqueires de terra na fazenda Água Santa, em Piracicaba, não foi diferente. Em um século, os Ometto se multiplicaram e adquiriram fazendas e usinas de acúçar por todo o estado. Em 1986, constituíam cinco grupos autônomos, pródigos em disputas familiares: o grupo Pedro Ometto (Usina da Barra e Costa Pinto), o grupo Hermínio Ometto (Usina São João), o grupo Narciso Ometto (Usina Santa Lúcia), o grupo Iracema (Usina São Martinho) e o grupo Ometto-Pavan (Usina Santa Cruz). Não raro, os donos dessas usinas também possuíam ações das empresas dos parentes, o que tornava o jogo de interesses e participações cruzadas uma teia impossível de desatar. Quando Pedro Ometto, avô de Rubens, morreu, em 1970, suas usinas foram divididas entre seus dois filhos. Isaltina, a mãe de Rubens, ficou com a Costa Pinto e a Santa Bárbara, e seu irmão, Orlando, com a Usina da Barra”.

Oriundi: Orlando Chesini Ometto e as origens do colosso Usina da Barra

O pioneirismos da família Ometto na usinagem de cana-de-açúcar tem fortes raízes em Barra Bonita, interior de São Paulo. Foi nesta cidade que Orlando Chesini Ometto, filho de Pedro Ometto e neto do imigrante Antonio Ometto, recebeu de seu pai a incumbência de cuidar de um novo empreendimento familiar: a Usina da Barra, que hoje, ao lado da Usina Costa Pinto e outras negócios, fazem dos Ometto reis do açúcar e álccol no Brasil.

O portal Estância Barra Bonita conta como surgiu a Usina da Barra. "No ano de 1943, uma transação de terras acontece no município. Igual a outras, o tempo viria provar, porém que a ela se credita a modificação da estrutura da cidade, com ressonâncias estadual, nacional e internacional. A Usina Costa Pinto adquire, do Senhor Octaviano Almeida Prado, a Fazenda Pau D'Alho, com trezentos e quarenta e um alqueires por Cr$ 700.000,00. Eram terras de cultura; um cafezal, casa de morada, casas de colonos, animais, maquinário, veículos, móveis, instrumentos agrários, duas usinas: uma elétrica, montada com 30hp e outra hidráulica, com força de 20hp e demais acessórios. A Fazenda Pau D'Alho estava se despedindo do café. Breve o farfalhar dos canaviais a projetaria como principal pólo industrial da região".

"Nesse mesmo ano, adquire do Senhor Fernando Netto, a Fazenda Aliança, com cento e vinte e quatro alqueires, por Cr$ 300.000,00. A compradora, Usina Costa Pinto, pertencia a um conglomerado de indústrias ligadas ao setor sucro-alcooleiro, de propriedade do Grupo Ometto. Para comandar a nova frente de trabalho, Pedro Ometto designa seu filho Orlando, então com 22 anos e há dois trabalhando na Usina Iracema".

"Apesar da pouca idade, Orlando Chesini Ometto se revela administrador competente. Fibra, tenacidade e amor ao trabalho dão mostras de sua capacidade: em dois anos a Usina é posta em funcionamento, moendo o suficiente para produzir 49.380 sacas de açúcar e 107.269 litros de álcool, isso em 1946. Já era ele, Orlando, arrendatário de quatrocentos e sessenta e cinco alqueires da Usina Costa Pinto, conforme escritura lavrada no dia 26 de janeiro de 1945. A histórica primeira safra acontecia quando Barra Bonita estava sob administração do Prefeito Clóvis Pompeu. E em 1949, é constituída a Usina da Barra S/A Açúcar e Álcool, que viria a ser a maior produtora do mundo".

"A Usina da Barra transformou-se em Sociedade Anônima com o capital de vinte milhões de cruzeiros (valores da época), reformulando sua organização administrativa, com a criação de novos departamentos e além de ampliar seu quadro de fornecedores, adquiriu novas propriedades, proporcionando a aceleração de seu desenvolvimento industrial, econômico e financeiro". Integrando-se à comunidade barra-bonitense desde sua chegada em 1944, o jovem Orlando Chesini Ometto foi eleito por duas vezes, Vereador à nossa Câmara Municipal: no período de 1º de janeiro de 1948 a 31 de dezembro de 1951, na primeira gestão do Senhor Hermínio de Lima e de 1º de janeiro de 1952 a 31 de dezembro de 1955 na administração do Dr. Orlando Lopes. Na luta pela Comarca, foi Presidente de Honra da Comissão Central. A benemerência e o espírito público faziam parte de sua personalidade. Os clubes sociais e esportivos; as entidades assistenciais, beneficentes, religiosas e de classes; o esporte, a educação, o desenvolvimento industrial e os projetos habitacionais populares, sempre mereceram de Orlando Chesini Ometto o apoio e a participação direta ou indireta, através de doações imobiliárias, materiais e prestação de serviços, inscrevendo seu nome entre os grandes benfeitores de nossa comunidade.

"O reconhecimento público das nossas autoridades religiosas por tantas iniciativas beneméritas veio através da Comenda de 'Cavaleiro Comendador da Ordem de São Silvestre Papa', concedida pelo Papa João XXIII e entregue ao homenageado no dia 31 de maio de 1959 em cerimônia pública realizada defronte à Praça São José, precedida de grande manifestação popular, representada por um desfile de todas as forças vivas da comunidade"

"Rodeado pelo carinho da família, saudado pelas autoridades e aplaudido pela multidão, recebeu, emocionado, das mãos do Padre Lauro Gurgel do Amaral a comenda que fez jus. A Administração Municipal também prestou seu reconhecimento público ao Comendador Orlando Chesini Ometto, concedendo-lhe em 18 de fevereiro de 1963, através da Lei nº 364 o título de 'Cidadão Benemérito'. Nada mais justo que oficializar um cidadania que já existia de fato há quase vinte anos".

História (81) - "Far l´America ( 49)": A união dos 'paesanos' em Barra Bonita, interior de São Paulo, no ínico do século XX

 Para os italianos e italianos que se fixaram em Barra Bonita a partir do final do século XIX um ditado era seguido à risca: a união faz a força. É isso que relata o portal  Estância Barra Bonita ao contar a história da cidade.

"Superadas as dificuldades de adaptação, a colônia italiana foi se integrando à nova terra, não esquecendo, porém, a distante Itália. Dessa forma, para amenizar a saudade, receber notícias, trocar experiências, conhecer as dificuldades dos 'paesanos' e manterem vivos os usos, costumes, tradições e cultura da terra-mãe, os italianos aqui residentes decidiram fundar uma sociedade, onde pudessem se reunir para tratar de assuntos de interesse geral, incluindo nas finalidades estatuárias (Artigo 3º e 6º letra "f") o mútuo socorro material, intelectual e moral, a consolidação dos vínculos de nacionalidade entre os italianos residentes nesta República, e efetuar, desde que houvesse disponibilidade, pequenos empréstimos de valores aos sócios necessitados, com aval de associado reconhecidamente idôneo e proprietário de imóvel. A Assembléia Geral de fundação e aprovação dos estatutos da 'Societá Italiana Di Mutuo Socorso e Beneficenza di Barra Bonita' - realizou-se no dia 16 de outubro de 1907, conforme exemplar do mesmo, em impresso datado de 1910, indicando apenas dois diretores: Antenore Balsi, presidente e Bruno Romano, Secretário"

. Segundo consta, (e de acordo com os depoimentos dos descendentes dos Sócios fundadores) a 'Sociedade Italiana' de fato, foi fundada em 1907, mas só foi legalizada e passou a funcionar efetivamente em 5 de setembro de 1909, quando os sócios fundadores elegeram por unanimidade de votos, o Conselho Diretivo e também, por unanimidade, escolheram 20 de setembro - Data Nacional da Itália - como dia de fundação da sociedade (Ata de 5 setembro de 1909 do Livro de Deliberazione Assembléia Generale da Societá Italiana, fls. 1 e 3)"

"O Conselho Diretivo ficou assim constituído: Presidente: Antenore Balsi; Vice presidente: Tomazo Pugliese; Secretário: Bruno Romano, Vice Secretário: Tomazo D'Ambrósio; Tesoureiro: Antônio Reginato; Conselheiros: Tomazo Guzzo, Carlo Meneghesso, Aurélio Saffi, Vittorio Cinquetti, Ferrucio Bolla, Rocco Di Muzio, Francisco Mascaro, Giustino Basilico, Giustiniano Ferrazoli, Eugenio Nanni e Francisco De Luca; Porta Bandeira: Valentino Reginato e Ângelo Borsetto; Exator (Cobrador); Amedeo Ruotti.
Presentes também os sócios fundadores: Vitto Melle, Dr. Luciano Maggiori, Pietro Zanella, Carlo Vechiatti, Antônio Sacco, Giácomo Cestari, Francisco Polizzi, Emilio Bressan, Ângelo Cestari, Alfonso Bellei, Batista Torcia, Giovanni Cicco, Arturo Balsi, Giuseppe Rizzi, Antônio Bruno e Luiz Reginato".

"Para se ter uma idéia do entusiasmo dos 'paesanos' com a sua sociedade, em 8 de novembro de 1909, o sócio fundador e Conselheiro Ferrucio Bolla, doava uma área de 300m2 para a construção da sede social, à rua 1º de março (hoje Atacadão Badu). Em reconhecimento a essa valiosa doação, a 'Sociedade Italiana', como era chamada, concedeu-lhe o título de Sócio Benemérito em 28 de novembro de 1909, oportunidade em que homenageou também Juvenal Pompeu com o título de Sócio Honorário, por ter lavrado a escritura do imóvel gratuitamente e por seus méritos pessoais, como consta da Ata do Conselho. Na mesma data, Ferrucio Bolla foi eleito para chefiar a comissão encarregada de promover festas beneficentes, subscrições, rifas, etc.. com o fim de angariar fundos destinados à construção do prédio próprio".

"Sobre a inauguração do prédio, não há nenhum registro em Ata, nem placa comemorativa. Apenas um recorte de jornal, possivelmente do "Estado de São Paulo", que publicava em 9 de setembro de 1911 a notícia do seu correspondente local, Juvenal Pompeu, informando que, 'a Societá Italiana de Mutuo Socorso e Beneficenza trabalha activamente para inaugurar festivamente o seu bello edificio próprio no dia 20 de setembro próximo' ".

"A determinação e a coragem daqueles imigrantes, constituíram-se em alicerces sólidos do belo prédio, construído em menos de dois anos, que resistiu à passagem do tempo, permanecendo majestoso, embora tenha sofrido modificações na sua fachada e interior. É bom lembrar que o edifício sede da "Sociedade Italiana", possuía no pavimento inferior um salão para festas, bailes e reuniões. Na parte térrea, um amplo auditório com 314 poltronas, dotado de camarote, palco, camarins, sanitário, além de um piano e equipamento para o 'cinematógrafo', assim chamados os pertences para a projeção de filmes. No carnaval, as poltronas eram retiradas, e lá se realizavam os bailes. Por aquele palco passaram muitos artistas profissionais e amadores. Recitais, festas cívicas e escolares, teatro e festivais beneficentes, enfim, todas as manifestações artísticas eram realizadas na "Sociedade Italiana"


A denominação 'Príncipe Umberto' só ocorreu a 8 de março de 1925 com a reforma dos estatutos e eleição dos novos conselheiros e diretores, assim distribuídos: Presidente, Antenore Balsi; Vice presidente, Vittorio Blasizza; Tesoureiro, Tommaso Guzzo; Secretário; Luigi Pichiello; Vice Secretário, Alberto Stangherlin; Conselheiros: Julio Turi, Dionísio Barduzzi, Padre Nicola Giúdice, Frederico Corradi, Tizziano Dalla Chiara, Ricardo Pigatto, Mario Lorenzoni, Augusto Bombonatto e Domênico Carlo Stocco; Suplentes: Tiziano Bressanim, Tommaso Casale, Emilio Bertagnoli, Nicola Saffi e Emilio Gottardo; Revisores das Contas: Ambrosio Colombo, Domênico Giovanni Guzzo e Romolo Manesco".


Há que se ressaltar a figura de Antenore Balsi que presidiu a 'Sociedade Italiana' por 28 anos, merecendo, quando de sua retirada, em 26 de maio de 1935, os maiores elogios da nova diretoria, presidida por Julio Turi, além do título de "Presidente Benemérito" concedido por unanimidade.
Para atender as exigências legais, a 'Sociedade Italiana' reformulou seus estatutos em 5 de outubro de 1938, sendo estes, e todas as atas a partir de então, redigidas em português, o que anteriormente era feito no idioma italiano".

"Entre 1938 e 1956, as atividades  limitaram-se, praticamente, a alterações e reformas estatuárias exigidas para registro, reorganização e funcionamento da mesma. Em 15 de janeiro de 1957, houve uma tentativa de transformá-la em 'Associação dos Amigos de Barra Bonita' entidade que não chegou a se constituir juridicamente".

"A 'Sociedade Italiana de Mútuo Socorro e Beneficência Príncipe Umberto' se findou, por deliberação da maioria de seus sócios e representantes, em 25 de outubro de 1961, destinando todos seus bens ao Hospital São José local, de acordo com os estatutos. Dos sócios fundadores apenas um remanescente: Giovanni Chicco (João Chico)".

História (80) - "Far l´America ( 48)": As primeiras famílias italianas em Barra Bonita, interior de São Paulo

Assim como diversas cidades paulistas, Barra Bonita também acolheu imigrantes italianos no final do século XIX e início do XX. O portal Estância Barra Bonita traça retratos desse período.


"Segundo dados do IBGE, até o ano de 1890 o Brasil havia recebido 360.224 imigrantes italianos, 313.025 portugueses, 45.834 espanhóis e 75.299 entre alemães e demais nacionalidades em menor número. Os desembarques, em sua maioria, eram nos Portos do Rio de Janeiro ou de Santos. Os que desciam em Santos eram encaminhados para São Paulo, e alojados na Hospedaria dos Imigrantes. Dali, após triagem e formalidades legais, o encaminhamento aos locais de trabalho, a maioria na zona rural".

Dos tantos que vieram para a Vila do Jahu, muitos chegaram à região agrícola do Porto da Barra Bonita, após cansativa viagem em sacolejantes carroções que faziam o trajeto entre trilhas e picadas. Outros viajavam de trem até a Estação do Banharão e de lá, em carroças ou a pé, chegaram aqui, a partir da década de 1880. Os italianos formavam a grande maioria mas, entre eles haviam muitos espanhóis, sírios, alemães, austríacos e portugueses. Cada família foi tomando seu rumo, formando novos núcleos espalhados pelas inúmeras propriedades agrícolas que compunham o nosso território de então. Dedicados ao trabalho e à terra que os acolheu, escreveram, de modo indelével seus nomes na história da cidade que ajudaram a formar e progredir".

"Nas pesquisas e buscas realizadas no Departamento de Imigração em São Paulo, nos arquivos do Estado, no Museu Municipal de Jahu, nos livros e relações de eleitores (os estrangeiros também votavam) do "Districto de Barra Bonita - Comarca de Jahu" - a partir de 1897 e anos seguintes, nos livros de atas da 'Societá Italiana', nos cartórios locais, de Brotas e Jahu, nos jornais e publicações diversas, no livro "Memórias de Barra Bonita" de Domingos Settimio Frollini, e de acordo com informações dos familiares e descendentes dos antigos moradores da cidade, figuram entre os pioneiros imigrantes que se fixaram na zona rural, as famílias: Aiello, Antonangelo, Antonelli, Alponti, Abruzzi, Bellini, Barduzzi, Bellei, Balbo, Boldo, Bressanim, Bozzi (Rigon), Bérgamo, Ballan, Blasizza, Bettini, Boarini, Bressan, Bocato, Borgui, Brunelli, Caetano, Cárdia, Cagnotti, Constanzo, Cestari, Casagrande, Casale, Chiarato, Capelossa, Castelari, Dal Corso, De Marchi, De Conti, Dalla Costa, De Luca, Dias, Ereno, Frollini, Ferrari, Fagá, Ferrazolli, Fantin, Fantinatti, Fuim, Feltrin, Finatto, Giacomini, Guedin, Giroto, Grizzoni, Galhardi, Gatti, Marcon, Mascaro, Massenero, Mori, Marinelli, Maffei, Mozarle, Nardo, Osti, Patuzzo, Pizzo, Pollini, Pozebon, Perassoli, Piva, Pezente, Pellini, Pavani, Parezan, Petri, Polatto, Ricci, Rossi, Rizzatto, Reginato, Ragoni, Ribeiro de Andrade, Santinello, Stangherlin, Selleguin, Sargentim, Scarpela, Scalissa, Scapin, Stringheta, Stramantinolli, Sponchiatto, Santilli, Sabbatini, Spaulonci, Salve, Sacco, Simionatto, Simoncini, Testa, Tozatto, Terrazan, Ursolino, Ungaro, Vechiatti, Veghini, Vetorazzo, Victorino de França, Zaffani, Zanella, Zerlin e Ziglio, todas elas representando os fundamentos sólidos sobre os quais construiu-se a cidade de que hoje nos orgulhamos: Barra Bonita".

"Embora a grande maioria dos imigrantes tenha se dedicado à lavoura, muitos desenvolveram atividades de acordo com as profissões que exerciam anteriormente. Lembram-se, nesse particular, entre outros, italianos, alemães, sírios, espanhóis, portugueses e austríacos, os comerciantes: José Angelino, Ângelo e Silvano Bataiola; Guerino; Luiz e Antonio Reginato; Luiz, Carlos, João, Antônio e Francisco Lourenção; Rocco Di Muzio; Emílio Bressan; Luigi Gaioli; Luiz Iaia; Salomão, Elias e Alfredo Simão; José, Alfredo e Muhama Rayes e José Chadad; Cláudio e Hyppólito Lopes. Os sapateiros: Tiziano Dalla Chiara, Aurélio Saffi e Gregório Vessio. Os ferreiros: Júlio Turi, Ezio Benfatti, Luiz Simon e Alberto Strutzel. Arthur e Antenor Balsi foram proprietário da primeira serraria do lugar. Os hoteleiros: Jacob Chalita, Victorio Cinquetti, Tomaz Mantovani, Emílio Quaglia e João Fantinatti. Os ceramistas: Ezequiel Otero, Thomas Guzzo, Francisco e Frederico Corradi, Benedito Bressanim, Ângelo Borsetto, Valentin Ferrazolli e mais tarde, João Martini, o introdutor do forno "abóboda" no município. Os açougueiros: Ferrucio e Sabino Bolla. Os primeiros pescadores profissionais: Valentino e Eugenio Giacomini. Vito Melle e Serafim Berti foram os primeiros farmacêuticos e Dr. Luciano Maggiori um dos primeiros médicos. Os fabricantes de cervejas e refrigerantes: Germano Güther, Baptista Torcia e os irmãos Antônio, Luiz e Giovanni Carnevalle. Os barbeiros: Francisco Mascaro e Domingos Di Poldo. Os construtores: Eugenio Nanni, José Negrin, Emílio Bertagnolli e Bernardo Pardo. Os carpinteiros: Amadeu Angelici, Ângelo e Emílio Gottardo e os irmãos José, Antônio e Manoel Marques Ferreira. Relojoeiro: José Lodi. O comandante fluvial: Francisco de Oliveira Diniz. Os condutores ou proprietários de trolis e carroças: João Gerin, Ângelo e Valentin Reginato, Ângelo e Giácomo Cestari, Adamo e Pietro Ziglio, Lorenzo e Severino Antonelli, Victório e Arthur Blasizza, Giuseppe Antonangelo, Olimpio Trema, Alfonso e Aristodemo Bellei, Francisco e Victorio Bergamo, Antônio Guerreiro, Antônio Moreno Ramirez e Miguel Molina que se juntaram aos "brasilianos": Francisco de Oliveira Paulista, Virgolino e João da Silva Nogueira".

História (79 ) - "Far l´America ( 47)": Dificuldades ao cruzar o Atlântico rumo ao Brasil

O portal  Estância Barra Bonita, cidade do interior de São Paulo, ao retratar a história do município abre espaço para falar da importância do imigrante italiano no desenvolvimento local, além de contar histórias que ilustram a saga de homens e mulheres que cruzaram o Atlântico dispostos a "Fazer a América".

"Nossa cidade deve a maior parte de seu desenvolvimento aos imigrantes e, de modo especial, à colônia italiana, que aqui se fixou no final do século 19 e início do século 20, época do início da formação do povoado e da Vila de São José da Barra Bonita.Segundo a historiadora Célia Stangherlin, havia, em cada imigrante, um sonho de riqueza a se concretizar. O café, chamado de 'ouro verde' e as pedras preciosas, das quais tinham ouvido falar, eram a promessa de uma nova vida de sucessos. Célia Stangherlin destacou uma curiosidade na história local dos imigrantes italianos".

"Dona Tereza G. Bolla, imigrante italiana, que chegou ao Brasil, aos 18 anos, em 30 de dezembro de 1897, juntamente com o esposo Ferrúcio, com 25 anos, e uma filha recém-nascida, Éster, contava as dificuldades da viagem no navio, onde quase tudo era racionado". "Segundo o relato de dona Tereza, resgatado por Célia, a água para se beber, era colocada numa cartola, a mais de um metro de altura e, nela, se colocava uma chupeta (tipo de bico de mamadeira antiga) para os passageiros "chuparem" a água, quando estivessem com sede. 'Todos bebiam no mesmo bico. Assim, evitava-se o desperdício, para não faltar água em alto mar''.