domingo, 9 de maio de 2010

Italiani – O acordeon de Mario Zan

 Mario Zan foi um conhecido acordeonista italiano, nascido em 9 de outubro de 1920, que veio com a família para o Brasil com 4 anos de idade. Aos 14 anos já era solista do acordeon, comandando festas, bailes e eventos.

Sua música "Quarto Centenário", feita em comemoração aos 400 anos de São Paulo, foi a maior vendagem de discos da gravadora RCA e tornou-se hino da Cidade. Mário recebeu os títulos de "Rei da Sanfona" e "Sanfoneiro do Quarto Centenário". O sanfoneiro faleceu em 8 de novembro de 2006. Mariangela Zan, assim traça a biografia de seu pai.




Mario Giovanni Zandomeneghi, conhecido artisticamente como Mario Zan, nasceu em 09 de Outubro de 1920, em Veneza, na Itália. Quando o pequeno Mário tinha 4 anos, com uma Itália devastada por duas guerras, seus pais resolveram mudar-se para o Brasil, onde já tinham alguns parentes estabelecidos na região de Catanduva, mais precisamente na cidade de Santa Adélia, interior de São Paulo. Dona Ema e Sr. Giusepe Zandomeneghi e os filhos Ítalo, Ezelina e Mário foram viver na fazenda Santa Sofia, da familia Dumont, onde trabalharam até 1932. Nas festas da colônia, dos imigrantes, nas fazendas da região, é que o menino Mario sentiu interesse em aprender o acordeon. Ele ficava encantado ao ver os adultos tocando aquele instrumento tão complexo. Até que um dia, Sr. Giusepe comprou um acordeon para o irmão mais velho Ítalo. O pagamento foi uma carabina e alguns mil réis.

Acontece que quem se interessou mesmo pela sanfona, foi o caçula Mário, que não largou mais o instrumento e começou a tirar vários sons, aprendendo sozinho a tocar. Aos 10 anos, Mário tocou seu primeiro baile, em cima de uma mesa. Foi um casamento na roça e a partir daí não parou mais. Foi apelidado na região de "O moleque da sanfona". Quando a familia mudou-se para São Paulo, estabeleceram-se no bairro do Ipiranga, reduto de imigrantes. Mário então começou a ter aulas de acordeon com o professor Angelo Reali, para "saber o que estava fazendo". Adolescente, além do estudo do acordeon, começou a trabalhar numa fábrica de meias femininas e a noite, tentava a sorte nas rádios da capital paulista, em programas de calouros. Mario Zan tocava de tudo - até mesmo o tango e o choro.

A primeira oportunidade para se apresentar no rádio aconteceu na Educadora Paulista, atual Gazeta. Participou do programa de calouros "Peneira Roldini" e levou o primeiro lugar com o choro Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu), acompanhado do Regional de Zé da Pinta. O diretor artístico da Tupi, Armando Bertoni, ouviu sua performance, gostou e deu ao garoto meia hora para se apresentar na emissora. O primeiro emprego artistico, no entanto, só conseguiu na recém-inaugurada rádio Bandeirantes, que funcionava na movimentada rua São Bento, centro de São Paulo. Ao chegar, conheceu Walter Foster, futuro galã da televisão, que lhe fez um favor: ao ouvir o nome do jovem sanfoneiro, perguntou-lhe quem iria decorar aquele Zandomeneghi e simplificou-o para Mario Zan. "Esse sim, é um nome forte!", teria dito Foster.

Começava a década de 40, auge dos cassinos. O apogeu dos artistas era tocar nos cassinos cariocas e das cidades balneárias. Mário largou tudo em São Paulo e foi tentar a sorte no Rio de Janeiro, junto com seus colegas de música, a dupla Palmeira e Piraci. Lá fez testes em vários cassinos e enquanto isso, conseguiu emprego como músico num "táxi dance". Quem lhe ofereceu essa vaga foi Luis Gonzaga, homem de coração generoso que de cara se ofereceu para ajudar o "moleque da sanfona".

Contava Mário que Gonzagão, ao ver sua condição paupérrima, tentando a sorte na cidade maravilhosa, ofereceu a sua vaga de músico no "samba dance" pro moleque tocar e foi arrumar emprego em outro salão. Mário Zan foi-lhe amigo e grato para o resto da vida. Gonzagão sempre dizia que ele era o "rei do baião", mas o "rei da sanfona" era Mario Zan.

Tocando no "samba dance" e continuando a fazer testes nos cassinos, um dia Mário Zan conheceu o diretor do cassino Atlântico, o grande homem do teatro, o polonês Ziembinsky. Ele gostou muito do trabalho do rapaz, mas disse-lhe que nunca Mário tocaria no Cassino Atlântico sentado. "O artista tem que dominar o palco, preenchê-lo. Sentado é mais difícil você dominar uma platéia. Treine quinze dias na frente do espelho tocando de pé meu rapaz e volte aqui". E foi o que Mário fez. Treinou muito e voltou quinze dias depois, apresentando-se a Ziembinsky tocando seu acordeon de pé e foi admitido imediatamente. A partir dai, nunca mais Mario Zan apresentou-se publicamente tocando sentado. Mário começou a fazer todo o circuito dos cassinos do Rio de Janeiro, Quitandinha, em Petrópolis, os das cidades da baixada santista e cidades balneárias do interior de Minas Gerais. Em 1944, gravou seu primeiro disco, em 78 rotações, pela gravadora Continental. De um lado, a milonga argentina "El Choclo" e do outro a valsa de sua autoria "Namorados".

Em 1946, o Presidente Dutra proíbe o jogo no Brasil e Mário como todos os artistas da época se veem desesperados, pois o principal local de trabalho da classe acabara. Mário e seus colegas começaram então a excursionar pelo interior do Brasil com circos e tocando em cinemas. Viajaram por Minas Gerais, Interior de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso. Eram excursões que duravam 6 meses, um ano... O único meio de correspondência com a família na época era telegrama e olhe lá... Ao excursionar pelo Mato Grosso, Mário encantou-se pela região e compôs diversas canções.

Em Corumbá, hospedou-se no hotel São Bento, que ficava as margens do Rio Paraguai. Haviam chegado na cidade nas embarcações típicas da região que recebem o curioso nome de "Chalana". Mário gostou do nome e observando as embarcações que iam e vinham, compôs o rasqueado "Chalana", que ganhou uma linda letra pelas mãos de Arlindo Pinto. Essa música foi gravada pela primeira vez pelo Duo Brasil moreno e ganhou destaque na década de 70, quando Sérgio Reis a gravou e posteriormente em 1990, quando foi trilha sonora da novela Pantanal da Tv Manchete, na voz de Almir Sater.

Seu primeiro grande sucesso foi a musica "Segue seu Caminho", em parceria com Arlindo Pinto, gravado por Solon Sales. Mais uma vez, Luiz Gonzaga ajudou o amigo. Como Mario vendeu muitos discos em 1946, Gonzaga sugeriu que o contratassem para ocupar seu lugar de solista na gravadora RCA Victor, onde posteriormente gravaria mais de 300 discos 78 rpm e mais de 40 LPs. A explosão de Mario Zan aconteceu em 1954, durante as comemorações do quarto centenário da fundação da cidade de São Paulo, quando homenageou a data com seu hino homônimo. Morador do Ipiranga, acompanhando as obras que aconteciam para as comemorações do aniversário da cidade, inspirou-se em compor em parceria com J. M. Alves, que fazia parte da banda da policia militar, um hino em comemoração a cidade que tanto o acolhera bem.

O disco, lançado pela RCA Victor, vendeu 1 milhão de cópias em poucos meses e se tornou um marco na discografia nacional. Dizia-se na época que a marca superou de longe o número de vitrolas em funcionamento no país. Até quem não tinha o aparelho levou uma cópia para casa. Outros compraram mais de uma cópia, já que os 78 rpm quebravam com facilidade. E o disco continua em catálogo: acumula 10 milhões comercializados desde que surgiu em 78 rpm - depois reeditado em LP e na versão CD. Mário tocou seu hino de sucesso extraordinário na inauguração do Estádio do Pacaembu, acompanhado pela Miami Jackson Band, uma das grandes bandas de jazz dos Estados Unidos, em meio à uma chuva de prata, que marcou o quarto centenário de São Paulo.

Em 1958, compôs em parceria com Palmeira, seu maior sucesso internacional "Os homens não devem chorar", inspirado em dois romances vividos por ele. Essa música nasceu uma guarania, que ganhou o nome de "Nova Flor" e depois virou o bolero "Os homens não devem chorar". Esta canção acumula gravações de mais de 200 intérpretes em toda a América Latina, Estados Unidos, Portugal, França, Alemanha, Austria, China e Japão. Em inglês, ganhou o título de "Love Me Like a Stranger" e foi tema da novela "Pecado capital" da Rede Globo. Na Alemanha, o cantor Howard Carpendale também regravou a música no CD "Fremde oder Freunde", acompanhado por orquestra.

A canção atingiu o primeiro lugar nas rádios logo após seu lançamento. Mas foi em toda a América Latina que "Los Hombres No Deben llorar" arrebatou lágrimas masculinas. Mario Zan teve enorme contribuição para a festa junina brasileira. Um de seus maiores sucessos é "Festa na Roça", em parceria com Palmeira, que se tornou um clássico indispensável para quadrilha junina. "Festa na roça" é considerada a "rainha das festas juninas". Mario Zan sempre está presente de alguma forma. Nos anos 70, Mário Zan foi dono de diversas casas de shows na capital paulista e interior, onde levava os principais artistas da época para grandes apresentações, como Roberto Carlos, Chacrinha, Sérgio Reis, Luis Ayrão, Luis Gonzaga, Sidney Magal, entre outros.

Seu nome e retrato estão expostos no Museu de Artes de Frankfurt, Alemanha, ao lado de grandes instrumentistas de todos os tempos. Sua presença está justificada como o "acordeonista mais sentimental de todos os tempos". Na Cidade do México, já recebeu diversas homenagens devido ao sucesso de suas músicas naquele país. Em São Paulo, foi condecorado com a comenda José Bonifácio e com a chave da cidade de São Paulo. Ganhou o troféu Roquete Pinto em 1954, pela música "Quarto centenário". Recebeu pelo Mato Grosso a comenda da ordem do mérito matogrossense, das mãos do governador Blairo Maggi em 2006. Pelo Mato Grosso do Sul, recebeu das mãos do governador Zeca do PT, em 2006, comenda e homenagem no Festival América do Sul em Corumbá (cidade natal de Chalana).

Em 2004, compôs em parceria com André Dias e Meire Parce, uma canção comemorativa pelos 450 anos de São Paulo e fez linda apresentação no reveillión da Avenida Paulista 2003/2004, onde foi extremamente homenageado pela prefeitura de São paulo e dois inesquecíveis shows na maior sala de concertos do Brasil, a Sala São Paulo, onde recebeu bela homenagem do governo do estado de São Paulo. Neste mesmo ano, foi homenageado no carnaval pela escola de samba paulistana "Rosas de ouro", onde desfilou no alto do último carro alegórico da escola, junto ao símbolo dos 450 anos de São Paulo. Faleceu em São Paulo...Seu velório na Assembléia Legislativa reuniu milhares de pessoas, entre amigos, fãs, admiradores e imprensa. Seu sepultamento no dia 9 de novembro arrastou uma multidão para o cemitério da Consolação.

Oriundi - Os palcos do maestro Júlio Medaglia


Outro maestro com sangue italiano nas veias a escrever seu nome nos palcos brasileiros e internacionais é Júlio Medaglia, ítalo-paulistano nascido em 1938 e que neste ano de 2010 assume a regência da Orquestra Sinfônica de São Bernardo.

Júlio Medaglia define o início de sua trajetória musical como "um puro acidente". Seu primeiro contato com um instrumento, um violino infantil, se deu em casa, mas não por meio de seus pais. Uma empregada, Magali Sanches, que depois viria a se tornar atriz de rádio-novela, foi quem introduziu esse pequeno instrumento na vida do futuro maestro. Pouco tempo depois, Júlio Medaglia iria tomar aulas com uma prima da mãe, ex-violinista da orquestra do Cine Avenida, ainda do tempo do cinema mudo... Um dia, já participando de uma orquestra de amadores na Lapa paulistana, conhece o então oboísta Isaac Karabitchevsky, que o leva para a Escola Livre de Música, onde lecionava um dos grandes mentores musicais da época, Hans Joachim Koellreutter. Seu contato com esse mestre alemão lhe abre um novo e amplo universo musical.


Quando, no final dos anos 50, Koellreutter muda-se para Salvador, para montar os Seminários de Música da Universidade Federal da Bahia, Júlio Medaglia o acompanha. Lá, se aperfeiçoa em regência, inicialmente coral e depois sinfônica. Surge, então, com a passagem, por Salvador, do Diretor da Escola Superior de Música da Universidade de Freiburg, Artur Hartmann, um convite para estudar regência na Alemanha. Antes, porém, de deixar o país no inicio dos anos 60, o maestro presta, em São Paulo, sua primeira importante contribuição à Cultura Brasileira ajudando o musicólogo teuto-uruguaio Francisco Curt Lange a divulgar, por meio de concertos, artigos e palestras, a redescoberta de importantes partituras do "Barroco Mineiro", o que antecipou em um século a história da música erudita brasileira.

Aproveitando a oportunidade de estudar no Velho Mundo, Júlio Medaglia toma aulas de regência sinfônica em Taormina, com Sir John Barbirolli, um dos mais respeitados maestros do século 20. Em 1965, forma-se, com distinção, pela Academia de Freiburg, em regência sinfônica. Nesse período, cursa os festivais de música contemporânea de Darmstadt, com dois ícones da música erudita da segunda metade do século 20, Stockhausen e Boulez. No final dos anos 60, Júlio retorna ao Brasil e participa ativamente, com Solano Ribeiro, da organização dos célebres Festivais da Record.

Nessa época, culturalmente excitante em todo o mundo, participa dos mais variados movimentos artísticos de vanguarda, entre os quais o da Poesia Concreta, "oralizando" poemas com os irmãos Campos e Décio Pignatari. No final de 1967, escreve o revolucionário arranjo para a canção "Tropicália", de Caetano Veloso, que marca o início do Tropicalismo. Em 1968, na Record, a mais importante estação de TV da época, produz o "Opus 7", um dos mais criativos e bem sucedidos programas de música clássica da televisão brasileira. Em 1969, é convidado por um grupo de elite de instrumentistas para fundar e dirigir a orquestra Cordas de São Paulo. Com esse conjunto, viaja por importantes cidades brasileiras, grava um disco (restauração de uma obra de André da Silva Gomes, mestre-de-capela da cidade de São Paulo do início do século 19) e faz um programa semanal na TV Cultura, o qual, por sua linguagem revolucionária, ganha, entre outros, o Prêmio Roquette Pinto.

De volta a Europa, no início dos anos 70, rege em diversas rádios e importantes palcos, incluindo a célebre Philharmonie, de Berlim. Nessa época produz programas de rádio e TV sobre música brasileira para a televisão alemã. Em 1975, a convite de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o "Boni", volta ao Brasil para integrar os quadros artísticos da Rede Globo, da qual torna-se, posteriormente, Supervisor Musical Artístico. Ali, compõe também trilhas sonoras para 20 Casos Especiais. Nessa época, dirige a Rádio Roquette Pinto do Rio, a emissora cultural daquela cidade. Nos anos 80, dirige, por 4 anos, o Theatro Municipal de São Paulo.

Nesse período compõe as trilhas sonoras para os seriados de Walter Avancini, para a TV Globo, entre os quais, "Anarquistas Graças a Deus", "Avenida Paulista", "Rabo de Saia" e o premiadíssimo "Grande Sertão Veredas". Nessa década, além de ministrar cursos sobre trilha sonora na USP e na FAAP, participa, também, no Rio, do cinema "marginal", ao lado de figuras como Ivan Cardoso, Luis Otávio Pimentel, Júlio Bressane, Rogério Sganzerla, Neville de Almeida e outros. Sua participação como autor da trilha sonora e ator do filme "O Segredo da Múmia" lhe rendeu os prêmios de "melhor trilha" no festival de Gramado e de "melhor ator coadjuvante" pela Associação Paulistas de Críticos de Arte de São Paulo. Em 87, inicia um programa diário na rádio Cultura FM de São Paulo ("Pentagrama" e, depois, "Tema e Variações"), trabalho que mantém, ininterruptamente, até os dias de hoje. No início dos anos 90, assume a Direção Artística do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e, em seguida, a Regência Titular da orquestra do Teatro Nacional de Brasília.

Na mesma época, dirige o Festival de Inverno de Campos do Jordão, revolucionando esse tradicional evento. Os anos 90 marcam, também, sua participação em grandes espetáculos cênico-musicais, como: "Carmina Burana", de Carl Orff, montada para mais de 100 mil pessoas na praia de Copacabana; a Ópera "Aida", de Verdi, em 6 estádios de futebol de capitais brasileiras; a "História do Brasil", encenada e musicada em 6 palcos simultaneamente na Pedreira, de Curitiba; e a ópera afro-brasileira "Lídia de Oxum", de Lindembergue Cardoso e Ildázio Tavares, levada às margens da Lagoa de Abaeté, em Salvador, para um público de cerca de 30 mil espectadores. No final dos anos 90, Júlio Medaglia surpreende mais uma vez e ganha as manchetes do Brasil e do mundo ao montar uma orquestra filarmônica de nível internacional em plena floresta amazônica. Por ocasião das celebrações do centenário de morte de Carlos Gomes, regeu "O Guarani", na Ópera Nacional da Bulgária, evento gravado em CD, vídeo e transmitido em vários países. Atualmente, tem regido, como convidado, dentro e fora do país, e trabalhado em diversos projetos culturais. Júlio Medaglia é constantemente convidado para ministrar palestras em todo o Brasil.

É ensaista e colaborador dos mais importantes órgãos de imprensa nacionais. Tem livros publicados como tradutor e autor ("Música Impopular", já na segunda edição, "Música, Maestro!", 2009). É membro da União Brasileira de Escritores e da Academia Paulista de Letras, ocupando, nesta última, a cadeira nº 3, que pertenceu a Mário de Andrade. Tem composições, extraídas de suas trilhas sonoras para filmes, peças de teatro e TV, assim como arranjos seus, interpretados e gravados por membros da melhor orquestra do planeta, a Filarmônica de Berlim. Em agosto de 2005, estreou um novo e revolucionário programa na TV Cultura, "Prelúdio", um "show de calouros" para jovens intérpretes de música clássica!” (biografia oficial na Internet)