sexta-feira, 12 de março de 2010

Italianità: Tradição vêneta no Polentaço de Monte Belo do Sul (2)

No Polentaço, evento que acontece na cidade gaúcha de Monte belo do Sul, um das atrações mais valorizadas é a exposição de esculturas de polentas - única no mundo - com formas variadas, dedicação e a criatividade dos artistas locais que valorizam ainda mais o alimento que foi o sustento dos imigrantes na época da colonização. Para despertar o interesse dos mais jovens ainda se realiza o concurso de Poesia e Desenho junto às Escolas Municipais e Escola Estadual do município com o tema: "A Polenta".

No site do evento, Álvaro Manzoni, da comissão organizadora, fala sobre a importância do Polentaço. "A imigração italiana trouxe muitos costumes! A polenta é o ponto chave para lembrarmos da culinária trazida pela imigração. A polenta que tem até músicas em sua homenagem recebe de nós montebelenses um carinho especial! Uma festa com ar de alegria e criatividade. Quando a lançamos em 1996 muitos não entenderam nosso objetivo, hoje com uma nova roupagem, traduz na simplicidade o modo divertido e simpático de nossa gente.

A exposição de esculturas de polenta, que é a atração maior do evento conta com a colaboração decisiva de nossas comunidades e agricultoras, os pratos típicos acompanhados da polenta, o torneio de bochas modelo 48 que integra cada vez mais nossas comunidades, bem como o futebol rural com a participação de nosso agricultor e agricultora. Os shows, o artesanato, a agroindústria tem seu espaço, mas o mais importante é o trabalho voluntário dos grupos de folclore que fazem parte do centro de tradições italianas, e a lembrança que temos do nosso agricultor já que neste período comemoramos também o Dia do Agricultor, este mesmo agricultor que nos possibilita realizar o evento, pois é ele que nos ajuda a manter viva a tradição através do trabalho na roça e nos dialetos que fala.

Dizem que quem vive de passado é museu, mas devemos entender que sem nosso passado, nada do que temos existiria. Nem a festa da polenta, nem o fabuloso Gemellaggio com Schiavon, nem nossa música, nosso teatro, dança, que são nossos motivos de orgulho. O Polentaço e a festa do agricultor unidos são mais um elemento de preservação da cultura. O Polentaço é orgulho do centro de tradições italianas e de Monte Belo do Sul; o Polentaço é marca registrada. Desejamos que as pessoas que forem a Monte Belo do Sul no período do evento possam retornar um pouco mais felizes com um pouco mais de orgulho de serem brasileiros, pois o Brasil deve se orgulhar de ter um pedaço importante de seu território onde tem um povo que preserva a cultura e a leva como um norte em seus ideais. Monte Belo do Sul está feliz, pois temos a certeza que cada ato cultural que lá é realizado é um motivo a mais para divulgarmos e preservarmos nossas raízes e nossa memória. Temos orgulho de vivermos e podermos colaborar para o progresso de nossa terra. Benvenutti al Polentaço!".

Italianità: Tradição vêneta no Polentaço de Monte Belo do Sul (1)

A necessidade de realização de um evento com atrações características diferentes, nome popular e atrativo, fez com que o Centro de Tradições Italianas de Monte Belo do Su (rio Grande do Sul) criasse em 1996 criou um festa genuinamente popular e com alma italiana: o Polentaço

"Com características típicas, voltado para a cultura e integração entre comunidades, o Polentaço conta com uma programação muito interessante que vai da gastronomia típica regional com um cardápio atrativo que tem em sua base a polenta logicamente, micro feira de produtos coloniais e artesanato, baile italiano, shows de grupos que cantam e dançam o folclore italiano, jogos rurais que integram acima de tudo as comunidades do interior.

A primeira edição do festival da polenta, o Polentaço, foi no ano de 1996. Ao passar dos anos a comissão organizadora do evento percebeu a necessidade de algumas mudanças na programação, incluindo atividades e sempre melhorando o evento para o visitante. Começando pelas datas de realização. As duas primeiras edições realizadas no verão acabaram quase mescladas com a programação de outro evento realizado em Monte Belo: a "Festa de Abertura da Vindima", na qual é celebrado o início da colheita da uva. Desta forma a comissão tomou a decisão de realizar a festa da polenta no inverno, o que surtiu um efeito, uma vez que aderiram ao projeto entidades ligadas com o agricultor”.

“O cunho do evento é extremamente cultural, busca resgatar e manter vivas as tradições, os costumes e ainda prestar homenagem aos imigrantes que aqui chegaram. Este evento vem de encontro com os projetos que Monte Belo do Sul está buscando no caminho de um Desenvolvimento do Turismo Sustentável. Através de suas casas de pedra, casarões de madeira construídos com tábuas serradas manualmente, igrejas e capitéis que são os ícones da fé do nosso povo, dialetos que atestam um passado e origem identificáveis, gastronomia, na qual a polenta é o prato principal, o município demonstra seu grande potencial para o turismo e o significado e a atratividade só tem legitimidade pois são baseados na cultura, no legado cultural que herdamos dos nossos antepassados”. (fonte: site Polentaço)

Italiniatà - Monte Belo do Sul: paisagens e gemellagio

Há um toque de romantismo no site da Prefeitura Municipal de Monte Belo do Sul, ao abrir a página que descreve as belezas desta cidade gaúcha fruto da colonização de imigrantes italianos.
 “De longe dá para ver Monte Belo do Sul. Atravessando o Vale dos Vinhedos, ainda em Bento Gonçalves, já é possível avistar o pequeno município. No alto, um par de torres com 65 metros de altura, da igreja, se encarrega de sinalizar ao forasteiro que a cidade está próxima. As torres imponentes e todo o prédio da Igreja São Francisco de Assis, construída na década de 60, destoam das casas modestas, que nunca passam de dois andares. As estradas que levam ao interior do município passam por dezenas de capitéis invariavelmente enfeitados com flores frescas e por capelas bem cuidadas.

Quem olhar atentamente pode perceber no altar dessas igrejinhas alguma estátua de madeira, quase oculta entre imagens de gesso. São obras de artistas anônimos, possivelmente agricultores que aproveitavam as horas de descanso para manifestar a fé e o talento dos imigrantes. Além das capelas e dos capitéis, a zona rural de Monte Belo reserva mais: a cultura dos camponeses ainda sobrevive em velhas máquinas de plantar milho, nos largos chapéus de palha e nos cestos de vime que desfilam sob os parreirais quando é época de colheita”.

No site da Prefeitura também há espaço para falar do acordo de Gemellagio firmado entre Monte Belo do Sul e a Schiavon (Vicenza). " O ato de Gemellagio é um pacto de irmandade entre duas comunidades. No caso de Monte Belo do Sul é um termo de irmandade com Schiavon, província de Vicenza-Itália. O intercâmbio que Monte Belo do Sul firmou com Schiavon tem como primeiro objetivo o entrelaçamento humano, somos dois povos ligados pelas mesmas origens, isto é, falamos os mesmos dialetos, preservamos muitos dos costumes que nos forma legados pelos nossos antepassados.

O termo de irmandade assinado tem suporte por duas associações – Fratelli Di Cuore, no Brasil e Merica, Merica em Schiavon. Os objetivos, além do entrelaçamento, intercâmbio culturais (como foi a ida do Grupo de teatro Fratelli Di Cuore à Itália para a apresentação da peça “Sonho de um Imigrante”), econômicos, técnicos (ida de pessoas de nosso Município para estágios nas empresas vinícolas e outras indústrias da Itália) bem como no projeto que acontecerá ao longo deste ano com a vinda de um grupo de jovens italianos para buscar uma integração com o jovem brasileiro.

Vários grupos folclóricos vieram ao nosso Município e outros habitantes de Schiavon e foram alojados em nossas famílias, da mesma forma quando uma delegação vai à Itália. Foram artífices do Gemellagio, na Itália, Ângelo Baron, Prefeito Antonio Bianchi, Loris Cortese, dentre tantos com quem nos consideramos irmãos”

Italaini–Sangue romano nas veias do Modernismo brasileiro: o talento de Enrico Bianco(2)

A Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais  assim comenta a obra do romano Enrico, artista radicado no Brasil desde 1937. O comentário é assinado por Roberto Pontual.

"O conhecimento imediato com Portinari, no ano seguinte à chegada ao Brasil, marcou definitivamente o desenho e a pintura de Enrico Bianco desde então. (...) Assim, vemos desenvolver-se, ao longo da obra de Bianco, a busca de fusão entre pólos aparentemente opostos, quais sejam a disciplina organizativa do espaço pictórico segundo esquemas de linearidades e jogos de planos sutilmente cubistas, e a propensão.

Em verdade, mais abrangente, no sentido da veemência expressionista. Decorreu daí o predomínio da figura no trabalho de Bianco, tratada sob preocupação de registrar a dramaticidade de contingências típicas do mundo de hoje, acrescido de guerras globais, ou sob o estímulo de outras memórias do drama, na série de pinturas de fundamento religioso. As paisagens, por sua vez, acentuaram presença na obra atual, sem que nelas, no entanto - apesar da agilidade e idêntica veemência no tratamento do conjunto -, se possa experimentar aquela mesma densidade expressionista de abordagem dos outros temas; é possível inclusive sentir, nesses trabalhos, direcionamento para a simplificação abstratizante de cada elemento e de seu contexto, embora a paisagem continue ali, visível e reativada".

Italaini–Sangue romano nas veias do Modernismo brasileiro: o talento de Enrico Bianco(1)

O pintor, gravador, desenhista, ilustrador Enrico Bianco é outro nome italiano inserido na célebre galeria de artistas estrangeiros que deram copro e alma ao modernismo no Brasil. Nascido em Roma em 18 de julho de 1918, veio para o Brasil em 1937 segundo conta o site oficial .

“Desenvolveu sua arte em meio à efervescência do modernismo brasileiro. Conviveu com grandes mestres brasileiros da pintura, como Cândido Portinari, de quem foi discípulo, privou da amizade de Burle Max e recebeu rasgados elogios de gente de proa no mundo artístico, como Antônio Bento e Pietro Maria Bardi”. O site do artista conta que “Havia seis meses que Bianco estava no Brasil quando o pintor Paulo Rossi lhe sugeriu visitar uma obra que Portinari estava preparando na sede do Ministério da Educação. Ele foi, mas só encontrou lá três ajudantes: Burle Marx (1909-1994), Inês e Ruben Cassa (1905). Percebendo as dificuldades que os três estavam tendo com a ampliação, em afresco, da mão de um garimpeiro, pediu que o deixassem tentar e, contando com o assentimento, pintou sozinho aquele detalhe”.

“Pouco depois chega Portinari e, com intuição de mestre, percebeu a interferência, perguntando com irritação: «Quem é que fez aquela mão ali?» Os discípulos apontaram para Bianco, encolhido a um canto, a quem o mestre, aparentemente, deu pouca ou nenhuma atenção. Bianco, se soubesse, nem teria ido lá mas, já que estava, deixou-se ficar, apreciando o desenvolvimento da obra. Pela hora do almoço, decidiu voltar à casa, despedindo-se de Portinari, que lhe perguntou, com a energia de sempre: «Mas, aonde vai?» «Vou para casa», respondeu Bianco. O mestre estendeu-lhe a mão, com a mesma cara de zangado e lhe perguntou: «Mas amanhã você volta, não volta?» Foi assim que, aos poucos, o jovem pintor foi se integrando à equipe de Portinari, tornando-se, por muitos e muitos anos, um valoroso colaborador. A «mão do garimpeiro», a primeira intervenção de Bianco na pintura do mestre, continua lá, onde foi pintada. E a influência de Portinari em Bianco é visível em muitos de seus quadros. O pintor cresceu, ganhou vida própria, mas nunca se afastou do estilo que assimilou e aprendeu a respeitar".