A escolha recaiu sobre
uma gleba de terras –Pedrinhas – de 3.565 ha., localizada na bacia do Rio Paranapanema,
na direção sudoeste do planalto paulista. Desbravada na altura de 1922, esta
área, constituída em 1950 de catorze propriedades, entre fazendas e sítios,
[...] [situava-se] a apenas 50 quilômetros da cidade de Assis.
A compra de terras e a
execução do plano de colonização foram realizadas pela Companhia Brasileira de
Colonização e Imigração Italiana, empresa constituída no Rio de Janeiro, como
sociedade anônima, em 28 de setembro de 1950, com o fim de 'promover a
imigração e colonização italiana no Brasil'. [...] esta instituição surgia como
produto também da Segunda Guerra Mundial, compondo assim o elenco de órgãos
encarregados de revitalização da emigração italiana de pós-guerra. [...] Surge,
assim, a Companhia Brasileira de Colonização e Imigração Italiana, com capital
formado pelos bens italianos liberadose pela subscrição do
governo italiano, auxiliado pelo governo americano. A ocupação da gleba,
compreendendo os trabalhos de demarcação dos lotes e as atividades de
construção, levou três anos. Em 1963, data do início da pesquisa e 10 anos
depois da chegada das famílias, Borges Pereira encontrou o seguinte quadro:
[...] uma área rural dividida em 180 lotes, variando de 20 a 25 ha., a qual circunda totalmente a área urbana, com uma faixa de intermeio – suburbana – onde se localizam o cemitério e os campos de aviação e de futebol. Na parte urbana, com ruas e avenidas que se cruzam em traçados precisos, localiza-se a igreja, o hospital de emergência, os escritórios administrativos do núcleo, o clube, a hospedaria, o banco, as escolas pré-primária, primária e secundária. Completando esta paisagem urbana, e atendendo ao desenvolvimento do núcleo, há, ao lado de casas residenciais, um comércio varejista, que aos poucos se diversifica, e uma indústria icipiente de transformação – máquinas de beneficiar arroz, moinhos de trigo e de fubá, laticínio, etc. É neste cenário rural-urbano que se distribui a população envolvida no processo de aculturação, que está sendo objeto desta análise.
Para
completar o quadro da colônia, o autor destaca a sua localização
próxima da cidade de Assis, um centro urbano dotado de recursos –
escolas e faculdade, assistência médico-hospitalar, etc. –, o que
"garantiu de antemão à Companhia Colonizadora redução do capital
investido no núcleo". Esse fato levou a comunidade a entrar
forçosamente em contato com a sociedade inclusiva, tornando-a uma
comunidade "aberta" e criando assim condições que "atuam
favoravelmente no processo de aculturação daquele grupo étnico".
Além
da proximidade de Assis, a escolha da localização do núcleo foi
também motivada pela facilidade de obtenção de mão-de-obra: os
trabalhadores temporários, migrantes dos estados setentrionais, de
"certas áreas matogrossenses, fronteiriças com o Paraguai, o que
explica a presença esporádica de paraguaios, e até de índios Terena".
Esses trabalhadores são aproveitados pelos imigrantes italianos para a colheita do algodão. (fonte:Ethel V. Kosminsky Universidade Estadual Paulista, campus de Marília - in www.scielo.com.br )