quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Italianità- Os talian e os cablocos

Engana-se quem pensa que ao chegarem ao Brasil e estabelecerem-se no interior de Estados como o Rio Grande do Sul, na condição de colonos, os italianos impuseram-se hegemonicamente em relação aos brasileiros que trabalhavam nas roças.
O trabalho da pesquisadora Marilei Veroneze mostra justamente o intercâmbio de técnicas entre os imigrantes italianos ((talian) que se dirigiram a Viadutos, interior do Rio Grande do Sul, e os cablocos gaúchos. O estudo intitulado O jeito italiano de ser cabloco  está disponível na internet.  Nele, descobrimos que os italianos aprenderam muito no convívio com os homens da terra, A seguir, trechos do trabalho de Marilei Veronze.

"Assim, a própria manutenção da “construção da idéia do “lavoro” associado ao talian, deve-se em grande medida ao aprendizado das novas técnicas dos caboclos uma vez que, o talian necessitou adequar-se as necessidades de sobrevivência da região, que por sua vez estiveram vinculadas as práticas caboclas. As novas técnicas, no entanto, podem ser assimiladas como uma involução no sentido do aperfeiçoamento de novos meios de cultivo, uma vez que os imigrantes na Itália detinham métodos e técnicas que melhor facilitavam o trabalho com o solo.7 Este elemento não corresponde ao fato de que os taliani eram melhores que os caboclos por terem contatos com “técnicas novas”, mas revela o fato de que nem sempre as inovações chegam com a mesma rapidez em locais diferentes e que, o ser humano em sua essência não necessita deter grandes materialidades para sobreviver, pois a sua sobrevivência pode-se dar de maneira simples ao mesmo tempo que qualitativa. Associada também a prática da coivara o talian aprendeu com o caboclo a fazer suas roças de maneira que o solo não se esgotasse, ou seja, através da rotação de culturas".