quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

História (67 ) – "Far l’America (35 )”: donne e imigrantes, a força de trabalho feminino na composição da renda familiar

“Além do café e do cereal, as mulheres cuidavam dos animais que representavam outro adicional de fonte de renda. Embora a atividade da mulher fosse sempre qualificada como “trabalhos de casa”, inúmeras iam para a lavoura. Os produtos e os animais que excediam o necessário consumo da família eram vendidos,‘os trabalhos de casa, executados pelas mulheres acabavam também colaborando no orçamento doméstico”

“A importância da mulher mais velha aparece registrada no balanço de uma família grande: “a família era composta por uma mulher velha, um homem adulto, uma mulher adulta, uma mocinha de dezesseis anos, um rapaz de quatorze anos e duas crianças de nove e cinco anos, que cuidam de nove mil pés de café”.

A mulher ajudada pelas crianças com menos de doze anos acabava contribuindo com praticamente a metade do dinheiro recebido durante o ano, além de cuidar da casa, cozinhar, costurar, cuidar da horta, juntar lenha dos bosques, fazer o sabão, a charcuteria, criar porcos e galinhas, confeccionar colchões, fazer conservas, farinha de milho e mandioca, polvilho, beneficiamento de café e arroz, nos pilões, rapadura, queijo e manteiga, etc. A importância da mulher era fundamental para a sobrevivência da família”.

“A mulher exercia um papel muito importante no sistema de colonato, porém, não existiam enquanto trabalhadoras individualizadas. Aparecia como mãe, filha ou esposa. O homem era simultaneamente chefe da família e de trabalho, seu poder atingia a todos os membros transformando a família 'em seus trabalhadores'. As mulheres e os jovens de doze a dezesseis anos, eram considerados “meia enxada”, como se produzissem a metade do que produzia um homem. 'Enxada' era o trabalhador adulto e do sexo masculino, acima dos dezessete anos, com plena capacidade física”.

Históri (66 ) – “Far l’America (34 )”: donne e imigrantes, exploradas e humilhadas

Um relato interessante da participação da mulher italiana no fenômeno da imigração italiana no Brasil foi traçado por Ines Manuel Minardi (Centro de Comunicação e Letras – CCL – Universidade Presbiteriana Mackenzie) no texto Imigrantes italianas. Eis algumas das passagens do trabalho da professora, relatando a difícil situação da mulher imigrante.

“Durante o período escravocrata, a família para os fazendeiros, senhores absolutos em seus domínios, era formada por um núcleo central legalizado, composto pelo casal branco e seus filhos e um núcleo periférico mal definido, constituído do senhor, escravos e agregados. A mulher negra era um objeto de que os fazendeiros, seus filhos e capatazes dispunham como bem entendiam. É exatamente nesta promiscuidade à qual a escrava, por sua própria condição, pouca resistência podia oferecer, que a mulher imigrante é atirada, sofrendo seus resquícios ainda por muito tempo” . “Inúmeras queixas chegavam aos Consulados ou Vice-Consulados, onde a violência moral, misturava-se à violência física. Normalmente, quando as mulheres resistiam às propostas desonestas de patrões, de seus filhos ou capatazes, toda a família sofria represálias. Casos de estupros de meninas ainda crianças eram freqüentes, não suscitando nenhuma punição, nem mesmo quando procuradas as autoridades na cidade distante” .

“No caso de agressão às mulheres, a repulsa levava à solidariedade e esta paralisação do trabalho era o único meio de protesto possível. O desrespeito pelas mulheres era tão previsto que os contratos de trabalho rezavam que entre os motivos válidos para o colono poder abandonar a fazenda e romper o contrato, estavam o atentado a honra da mulher, filhas e outras pessoas da família por parte do proprietário da fazenda ou pessoas ligadas à direção e administração da mesma.”.

“Ao lado do trabalho extenuante que eram obrigadas a executar, a violência moral e física de que eram vitimas pelo fato de serem mulheres, havia a solidão em que viviam, e o fato de não contar com nenhum tipo de assistência. Muitos casos de loucura por parto foram assinados. Os médicos eram raros e difíceis. Os honorários impagáveis pelos colonos. As mulheres se serviam da ajuda de uma vizinha ou do próprio marido. Qualquer complicação era fatal. No auge do desespero recorriam a curandeiros. Os próprios padres procuravam cuidas das doenças com benzimento”.