quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Italianità - Memórias da família Rivetti

No resgate da Lapa de outrora, não faltam exemplos de imigrantes italianos que, fugindo da grave crise econômica do país de origem na segunda metade do século XIX, cruzaram o Atlântico dispostos a “Far l´America” .
Uma dessas história tem a ver com os Rivetti, tradicional família do bairro da Lapa, em São Paulo. Quem conta algumas passagens guardadas na memória e em documentos pessoais é Walter Rivetti, bisneto do imigrante Ângelo Rivetti, um napolitano nascido em 1851 e que desembarcou em São Paulo em 1871. “Meu bisavô chegou junto com os Martinelli, com quem foi trabalhar. Naquela época, a família Martinelli começava a mexer com vários negócios, entre eles a carne”, afirma Rivetti.
A primeira residência da família italiana em São Paulo foi um sítio na Romana (Scipião com Faustolo). Foi lá que Ângelo criou seus 13 filhos. O caçula, Giuseppe (avó de Walter) veio da pequena cidade de Mondragone ainda criança. Anos mais tarde, no começo do século passado, os Rivetti iniciavam uma próspera história no comércio paulistano. “O bisavô Ângelo montou um pequeno centro comercial na rua Tito. Em 1915 já administrava açougue, leiteria, armazém e padaria”, conta o bisneto do imigrante napolitano.
Os Rivetti também entraram para o ramo da construção civil e participaram de obras importantes, como o famoso prédio Martinelli, no centro de São Paulo, e também do Tendal da Lapa (hoje centro cultural e sede da Subprefeitura), na Rua Guaicurus, em 1938. “Foi um edifício projetado para servir de entreposto de carne. Lá chegavam os caminhões que descarregavam os produtos para fiscalização e distribuição”, lembra Walter. “Meu pai (Rinaldo) nasceu em 1918 e seguiu os passos do meu avô Giuseppe e do bisavô Ângelo”.
Lapeano atuante, Rinaldo (também conhecido como Renato) sempre lutou pela melhoria do bairro. Por essa dedicação às causas lapeanas, o Decreto Municipal nº 17.807, assinado pelo então prefeito de São Paulo, Reynaldo de Barros, determinava que o mercado Municipal da Lapa, recebesse o nome de Rinaldo Rivetti.

Cultura - Arquitetura/Sociologia, uma ponte entre Brasil e Itália


O jornalista Mario Ciccone, italiano da região Lazio, reside e trabalha em São Paulo, onde atua como editor executivo da revista Wish. Apaixonado pelas coisas da Itália e pelas temáticas da italianidade e do "Made in Italy", Ciccone entrevistou recentemente, em Roma, o sociólogo italiano Domenico De Masi, que contou sobre o projeto em parceria com  o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. A seguir um trecho da entevista publica na Wish.


- Vejo aqui em seu escritório o desenho do Museu de Arte Contemporânea, de Niterói, projeto de Oscar Niemeyer. Vocês são muito amigos, não?


É verdade. Nós nos conhecemos há tanto tempo que nem me lembro mais o ano. Hoje, essa amizade está mais do que consolidada com o projeto do Auditorium em Ravello.

- Fale desse projeto.


Posso dizer que este é o meu filho amado. Eu intermediei esse projeto com Niemeyer, que o dedicou a mim em 2000. A construção começou em 2006 e finalizamos em outubro último. A grande inauguração será em 30 de janeiro do ano que vem. Teremos a Orquestra Sinfônica de São Paulo e o Coral Santa Cecília, o mais importante da Itália. A abertura terá a Nona Sinfonia de Beethoven. Ravello, na Costa Amalfitana, é um dos lugares mais lindos do país. Vive da música. Tem um festival de música lá muito importante e que nunca para, não importa se chove ou faz calor. O Auditorium terá três blocos magistralmente projetados por Niemeyer. O primeiro terá bar, livraria e uma praça . No segundo, a sala de concertos para 600 pessoas. No terceiro, estacionamento, camarins e sala de imprensa. Tudo voltado para o mar. Este projeto teve investimento de 18,5 milhões de euros por parte da prefeitura local e gerenciado pela Fundação Ravello, da qual sou presidente. Trata-se, efetivamente, de uma ponte entre Itália e Brasil. 

- Essa ponte é uma constante na sua vida. 

A embaixada brasileira é bem perto daqui. Sem dúvida. A embaixada está a poucos passos. Da minha casa (um andar acima do escritório), pode-se ver a embaixada.