terça-feira, 16 de março de 2010

Italianità - Dança e música preservam raízes no Espírito Santo

Em Cariacica, no Espírito Santo,  grupos folclóricos ajudam a manter vivo o sentimento de italianidade, como relata o site Espírito Santo em Foco


"O Grupo di Ballo Saltarello foi fundado em 21/02/2002 e é filiado à Associação da Cultura Italiana de Cariacica (ACIC) conta com um repertório variado e apresenta danças de várias regiões da Itália, visto que cada região possui uma característica diferente e traços individuais. O grupo é conhecido pela originalidade das danças vivenciadas em cada coreografia, alegre e vibrante. Vem percorrendo todo o Estado do Espírito Santo e demais estados brasileiros, inovando sempre suas danças e através de cursos, na certeza de desenvolver ainda mais seu trabalho e manter vivas as tradições italianas".

Coral Italiano Infanto Juvenil Gingin D'Amore. 

Formado em abril de 1996, para cantar no 13º Congresso Eucarístico Nacional. Mais tarde, com o apoio dos pais e incentivo da comunidade, surgiu a iniciativa de continuar com o coral, porém com canções italianas . O primeiro ensaio do coral deu-se no dia 19 de fevereiro de 1997, nascendo assim o Coral Italiano Infanto Juvenil Gingin D'Amore, sua primeira apresentação foi na Festa do Bom Pastor em Campo Grande - Cariacica - E.S., em abril de 1997. Daí por diante, o Coral Italiano Infanto Juvenil "Gingin D'Amore", vem se apresentando com muita animação, representando a arte de cantar, alegrando festas típicas, eventos religiosos, festas de famílias tradicionalmente italianas abertura de pela ACIC.

Gruppo Folkloristico Tarantella

Fundado em março de 2003,  representa a continuidade da cultura italiana com apresentações de danças típicas de todas as regiões da Itália, estando vinculado a Associação dos Moradores do Núcleo de Campo Grande, a mesma que promove anualmente o "Encontro dos Descendentes de Italianos de Cariacica". A criação do grupo se fez com a intenção de despertar na sociedade a importância do folclore, seja qual for a cultura em questão. O grupo acredita que através da divulgação da cultura italiana, somado aos outros grupos folclóricos, a sociedade, principalmente jovens e crianças, seja em comunidades ou escolas, se interessarão em resgatar e preservar não só a cultura italiana, mas todas as culturas existentes em nosso País".

História (115)– Especial: Imigrantes e Fascismo(2)

Em  O Brasil, os imigrantes italianos e a política externa fascista, 1922-1943 ,  o pesquisador  João Fábio Bertonha (Unicamp) mostra qual era, em 1925, olhar do governo fascista da Itália em relação aos imigrantes radicados no Brasil em 1925,


"Os interesses italianos para o Brasil nos anos 20 podem ser melhor compreendidos, porém, através da leitura de um surpreendente relatório escrito em 1925 por um emissário do governo italiano que, após passar três anos no Brasil, enviou um relato incrivelmente lúcido, tanto sobre a situação dos italianos no Brasil como sobre as pretensões de Roma no país na década de 20.

Umberto Sala inicia seu relatório4 comentando como a Itália continuava sua crise demográfica e que, fechada a porta americana, a única saída disponível era a América do Sul e, em especial, o Brasil. Sala ressaltava imediatamente, porém, que isso era apenas um potencial e que vários fatores (exploração capitalista em níveis fora do concebível mesmo de italianos para italianos, ação estatal de proteção aos trabalhadores inexistente, etc) inibiam um retorno da migração italiana de massa para o Brasil.

Ainda assim, o autor acreditava no enorme potencial do Brasil e em especial do Estado de São Paulo e augurava como fundamental o não abandono do país pela política italiana. Nesse sentido, Umberto Sala lamentava o relativamente baixo nível de envolvimento dos italianos na política paulista e discutia como seria proveitoso fazer os italianos e seus filhos conservarem a italianidade, mas agirem na política local em defesa dos interesses da comunidade e da Pátria mãe.

Nesse momento, o autor ressaltava que, se fosse possível realmente fazer os italianos influírem na vida política do Estado, estes conseguiriam, por simples peso demográfico, criar um grande centro de influência italiana na América Latina. Incorporar militarmente esse centro à Itália seria, continua o autor, muito difícil devido à distância e à presença do poder dos Estados Unidos, mas surgiria, de qualquer forma, um centro de expansão da raça italiana, onde a solidariedade de origem, raça e cultura formaria algo semelhante a um “Dominion” inglês como o Canadá ou a Austrália, onde se poderia contar com um lugar conveniente para enviar os excedentes demográficos italianos, um aliado seguro em caso de guerra e uma complementação econômica que seriam básicas para a sobrevivência da raça italiana.

A tendência separatista de São Paulo também seria um fator auxiliar para firmar o predomínio italiano no estado. Em nome dessas possibilidades, o autor recomendava o retorno da imigração italiana, as boas relações com o Brasil e a firme união da coletividade em torno da italianidade e das diretrizes de Roma. Para isso, as sessões dos fasci all’estero e das associações dos ex-combatentes seriam fundamentais, e ele termina seu relatório ressaltando o progresso e o desenvolvimento desses órgãos”.