terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Italiani - A aventura de Ferrarin e Del Prete nos céus da Itália e do Brasil

Em 2009, a Fundação Rampa, com sede em Natal (Rio Grande do Norte), publica o livro “Cavaleiros do Céu: a saga do vôo de Ferrarin e Del Prete, de autoria dos pesquisadores Frederico Nicolau e Rostand Medeiros. A façanha concluída em 5 de julho de 1928 (com pouso em Natal) celebrizou os italianos Arturo Ferrarin e Carlo Del Prete.

"Os italianos voaram sobre o mar em uma aeronave que não utilizava flutuadores, que possuía grande parte de sua estrutura em madeira, a uma velocidade média de 170 km/h, sem maiores recursos tecnológicos, com apenas um pequeno rádio transmissor, que, entretanto não tinha sistema de recepção, deixando-os surdos em relação ao que acontecia ao seu redor. Ferrarin e Del Prete enfrentaram tempestades fortíssimas. Eles seguiram uma rota que não se distanciava muito da mesma utilizada pelo recente e fatídico vôo AF-447 da Air France, mas conseguiram superar as massas de nuvens que quase comprometeram o “raid” e foram os primeiros aviadores a completarem sem escalas a ligação aérea entre a Europa e a América do Sul.

Enquanto isso, em uma chuvosa Natal, a expectativa era enorme. Operadores das estações de rádio da Marinha e da firma Wharton Pedroza, aguardavam algum sinal em código Morse. O governador da época, Juvenal Lamartine de Faria, já havia preparado toda uma estrutura de apoio aos tripulantes do Savoia-Marchetti S.64 e o então distante Campo de Parnamirim, permanecia iluminado por fogueiras. Na manhã de cinco de julho, após visualizarem a costa brasileira, os maravilhados italianos transmitem uma mensagem informando da chegada. Após circularem em meio a pesadas nuvens durante quase quatro horas, sobrevoaram a capital potiguar, onde observam seus habitantes acenando entusiasticamente. Entretanto eles não encontraram uma ferrovia que indicaria o caminho para o Campo de Parnamirim. 


Buscaram algum local propício para pousarem ao longo da costa litorânea ao norte de Natal e, já sem gasolina, aterrissaram com sucesso nas areias de uma lagoa seca, próximo a beira-mar, de onde podiam avistar a apenas dois quilômetros, uma pequena vila chamada Touros. Este feito assombrou a todos, mostrando a um mundo, que, em grande parte ainda utilizava a tração animal como principal meio de transporte, as enormes vantagens da aviação. Seu ato colocou definitivamente o Rio Grande do Norte, com a sua vantajosa posição geográfica, nos mapas daqueles que desenvolviam este novo meio de transporte”.  (Tribuna do Norte)

Italianitá– O jeito de ser italiano na literatura do modernismo brasileiro:as sátiras de Juó Bananére (2)


No ano em que nascia Juó Bananére (1911), o Brasil era governado por um militar, o marechal Hermes da Fonseca. A ação política do periódico “O Pirrallho” foi extremamente crítica em relação ao governo do marechal.  E tal crítica se sustentava no humor e na ironia de Bananére.
Artigo publicado por Sérgio Amaral Silva no site Digestivo Cultural faz menção à crítica política de Juó Banaére.

Seu alvo preferencial, o presidente da República entre 1910 e 1914, marechal Hermes da Fonseca (que tratava por "Maresciallo", "Hermese" ou "Dudú"), a quem não poupava também a noiva, a caricaturista Nair de Teffé (a "Nairia"). Ironizava ainda a eminência parda do governo, o político gaúcho Pinheiro Machado (o "Pignêro"). Essas três personagens aparecem no poema O Dudú, que no trecho final os denuncia como responsáveis pelo desvio de dinheiro público:

"O Maresciallo co'a Nairia i co Pignêro
Azuláro cos dignêro
Gá du Banco da Naçô.
I un restigno che scapô distu pissoalo
O ermó du Maresciallo
Passô a mó, abafô !

I o Brasile goitado !
Ficô pilado, pilado !!..."