segunda-feira, 29 de março de 2010

Italiani: Imigração e Cinema no Brasil (2)

 Márcio Galdino assina texto no site  do  Archivio Storico Dell´Emigrazione Italiana  e conta  a participação de imigrantes italianos (séculos XIX e XX) na história do Cinema no Brasil.

 "Os irmãos Segreto Gaetano (1866-1908) e Paschoal (1868-1920) oriundos de San Martino Cilento chegaram ao Brasil em 1883. No Rio de Janeiro trabalharam juntos vendendo bilhetes de loteria e como jornaleiros conseguem organizar um pioneiro sistema de bancas de jornais, que prospera. Nesse tempo a maioria dos jornais editados na cidade tinham suas redações e oficinas na Rua do Ouvidor. Gaetano consegue a distribuição exclusiva do vespertino A Notícia, fundado em 1894 por Manuel Jorge de Oliveira Rocha, o mais simpático, o mais lido e o de maior tiragem

Em 1893 surge na cidade o jogo dos bichos que se alastra como uma epidemia e é logo criminalizado como contravenção penal. Os irmãos Segreto travam então contato com José Roberto da Cunha Sales (1840-1903), conhecidíssimo na Capital da República por suas artimanhas com fórmulas farmacêuticas, a mais célebre das quais a Virgolina, “para fazer voltar a estado de donzela aquelas que já não o eram”. Cunha Sales explorava o jogo dos bichos disfarçadamente no Pantheon Ceroplástico, primo pobre do Museu Grévin de Paris, situado na Rua do Ouvidor, que por sua pouca largura era alcunhada de “beco das novidades”, em cima do Café Java, ponto de venda de bilhetes de jogos. 27 de novembro 1897. Cunha Sales Pedido de patente notação n.º. 8663.

Paschoal se associa a Cunha Sales e formam o Salão Novidades Paris no Rio. Paschoal percebendo o futuro brilhante do rendosíssimo negócio das diversões adquire a Vito Di maio, que também se achava instalado na Rua do Ouvidor n.º 49, desde 1891, com uma lanterna magica. Diante do sucesso das exibições promovidas por Henri Paillie, em junho de 1897, das imagens animadas, lançadas com o nome Omniographo, Paschoal não tem mais dúvidas. Paschoal Segreto obteve a patente, que recebeu o n.º 2598, publicada no D.O.U. de 9 de agosto de 1898 p. 4623 col. 3. Paschoal ampliou suas salas na Capital Federal, em Santos, São Paulo e Campos, no norte fluminense. Foi cognominado pela imprensa Ministro das Diversões. Produziu dezenas de filmes, reportagens de assuntos locais".

Italiani: Imigração e Cinema no Brasil (1)

O site Archivio Storico Dell´Emigrazione Italiana traz um texto em português assinado por Márcio Galdino revelando a participação de imigrantes italianos (séculos XIX e XX) na história do Cinema no Brasil.

“Se a primeira exibição cinema no Brasil, ocorrida na Rua do Ouvidor em 1896 foi promovida por um francês chamado Henri Paillie, as primeiras filmagens foram feitas por Vito Di Maio. Nascido em Nápoles em 14 de abril de 1852, que chegando ao Brasil em 1891 instalou uma sala exibidora com espetáculo de lanterna mágica na rua do Ouvidor n.º 149, que em 1894 vendou a Paschoal Segreto, indo em seguida para a Europa, onde comprou aparelho, provavelmente Animatógrafo de Paul e em 6 de maio de 1897 exibiu no Cassino Fluminense, em Petrópolis, cidade elegante de veraneio carioca, quatro filmes: Ponto Terminal da Linha de Bondes de Botafogo, vendo-se os Passageiros Subir e Descer; Uma Artista Trabalhando no Trapézio do Politeama; Chegada do Trem a Petrópolis e Bailado de Crianças no Colégio, no Andaraí Cf. Verdades Sobre o Início do Cinema no Brasil. Jorge J.V. Capellaro e Paulo Roberto Ferreira. Rio de Janeiro: Funarte, 1996.

Di Maio foi um ambulante infatigável. Entre 1899/1901 promoveu exibições em São Paulo. Em 1905 estava de novo no Rio de Janeiro, promovendo exibições no chope berrante do Passeio Público, para uma platéia onde se encontrava Artur Azevedo. Em 1906 estava no Teatro Maceioense, em Alagoas! No dia 13 de janeiro de 1907 no Éden Parque, em Vitória, Espírito Santo. Ainda nesse mesmo ano chegou a Fortaleza, fixando-se aí então, definitivamente, onde veio morrer em 21 de abril de 1926”.

Italianità - Grupos folclóricos em Quiririm, Santa Catarina

O sentimento italiano se faz vivo no distrito de Quririm (Brusque, Santa Catarina) em manifestações culturais como as apresentações culturais. Os grupos Santa Lucia, Piccola Tarantella e Mazzolin di Fiori preservam raízes deixadas pelos pioneiros. O site Festa da Colônia traz um perfil desses grupos. O trabalho do Grupo Santa Lucia é assim descrito:

“Final do século 19 - A Itália vive uma de sua maiores crises econômicas - muitas famílias italianas partem em busca de uma vida melhor, partem em busca do sonho dourado "refazer suas vidas" na AMERICA, a nova Terra. 1889 - depois de 36 longos e sofridos dias em "máquina a vapore", desembarcam em terras brasileiras. Quiririm é a grande esperança de uma vida feliz, um trabalho digno, um lugar para criarem os filhos, um lugar para se ter PAZ. O coração saudoso, aflito, mas cheio de esperanças.

Crianças de todas as idades, homens jovens saudáveis e fortes dispostos a qualquer tipo de trabalho, outros mais velhos já cansados se renovando através da ESPERANÇA, mulheres GUERREIRAS - essa era a nossa gente, esses ITALIANOS, os nossos antepassados. O trabalho começava ao raiar do dia e só terminava ao pôr do sol, mas a cada semente que germinava, crescia com ela o amor pela terra, o amor pelo Quiririm, se esvaecia a tristeza e a saudade da distante Itália. Povo politizado, lutavam por seus direitos através da "SOCIETÀ" que aqui formaram; povo falante, bravo, exigente, povo festivo. Os casamentos, batizados, Dia de Santo Antonio, da Padroeira a Imaculada Conceição, Santa Lucia sempre acompanhados de grandes festas... muita comida e vinho. Bandeirinhas, arcos de bambu, flores enfeitavam as ruas e casas, nas festas um falatório tão alto que quase encobria o som da sanfona que chamava a todos para uma roda de TARANTELA. A alegria da dança reunia na mesma roda as crianças, os pais e os avós. E é através da música e da dança, que essas meninas, filhas de Quiririm, vem mostrar o orgulho que sentem em serem parte da continuidade desta história de luta, de glórias e derrotas, de sonhos e esperanças que não se encerrarão nelas, que continuarão pelos seus filhos e pelos filhos dos seus filhos.

Aqui nesse rincão brasileiro, nossos avós e bisavós fincaram os pés e é aqui nessa terra querida, que os acolheu é que queremos ficar, nessa querida Pátria chamada Brasil. QUIRIRIM NÓS TE AMAMOS, COMO ELES TE AMARAM!!

O grupo foi formado em junho de 1989, logo após a 1º Festa Italiana de Quiririm, para se apresentarem na Festa de Santo Antonio. Desde então se apresenta na Festa Italiana e em outras cidades, outros estados levando o nome do nosso Distrito. São 10 componentes, todas mulheres, dançando tarantella e outras músicas que fazem parte do universo folclórico italiano. Em 2003, forma-se o Grupo Folclórico Italiano Mirim "Santa Lucia", com meninas entre 3 e 10 anos. Nesses anos várias "meninas" passaram pelo grupo e várias ainda passarão, sempre com muito orgulho de fazerem parte da história do Quiririm”.