segunda-feira, 31 de maio de 2010

História ( 211) - "Far l'America (122)" - Imigração no Rio Grande do Sul nas memórias de Julio Lorenzoni (1)

Maria Catarina Chitolina Zanini, professora da Universidade Federal de Santa Maria, no trabalho "Um olhar antropológico sobre fatos e memórias da imigração italiana"  analisa trechos das memórias doimigrante  vêneto Julio Lorenzoni (1863–1934).

"A sociabilidade daqueles colonos era limitada às festas religiosas, à missa dominical, quando se reuniam na igreja e, em seguida, na bodega, na qual compravam artigos que não produziam para o sustento familiar. Ali também ficavam a par dos acontecimentos mais distantes e, algumas vezes, recebiam notícias da "patria lontana. Julio Lorenzoni narra que, em 1879, já possuindo ele seu cavalo, que era um símbolo de status, rumava para a sede de Silveira Martins. Lá, aos domingos, encontravam-se os colonos, e as casas comerciais enchiam-se de gente. Nelas, bebiam e comiam. Depois, iam fechar seus negócios e fazer compras. A maioria logo voltava para casa, outros, porém, ficavam para jogar a mora, jogar bochas, de modo que alguns retornavam a casa 'bem alegres' . Esse era um universo primordialmente masculino, pois as mulheres, depois da missa — quando iam — tinham que retornar a casa e cuidar da prole, dos animais e dos demais serviços domésticos.

História ( 210) - "Far l'America (121)" - Imigração no Rio Grande do Sul nas memórias de Julio Lorenzoni (1)

Julio Lorenzoni (1863–1934), nascido em Vila Raspa, partiu da Itália com sua família em 1877, aos 14 anos. As memórias desse imigrante vêneto que se fixou no Rio Grande do Sul foram traduzidas por sua filha, Arminda Lorenzoni Parreira e publicadas em 1975 quando do Centenário da Imigração Italiana no estado, sob o título Memórias de um imigrante italiano. Maria Catarina Chitolina Zanini, professora da Universidade Federal de Santa Maria, no trabalho "Um olhar antropológico sobre fatos e memórias da imigração italiana"  analisa trechos dessas memórias.

"Ao decidirem partir da Itália para o Brasil, aqueles indivíduos procuravam realizar seus rituais religiosos, uma vez que não sabiam, conforme relata Pozzobon (1997), a religião que era praticada na nova terra. Eram aconselhados a trazer uma garrafinha de água benta, e as crianças eram crismadas antes da partida. Igualmente, na manhã que precedia à despedida de suas localidades, uma missa era realizada a fim de que fizessem uma boa viagem.

Lorenzoni assegura que, durante os primeiros anos de colonização, 1878 e 1879, a única religião que conservaram os colonos era a do coração, pois não havia igrejas ou padres. Ele sentia falta de rituais religiosos que mantivessem "vivo e ardente aquele sentimento religioso" (1975:77) que haviam trazido da Itália. Conforme o autor, a educação religiosa se dava em casa, pelas mães, que procuravam educar seus filhos na religiosidade católica. Missa só havia de três em três meses. O sentimento daqueles migrantes era o de que, sem religião, afastavam-de da civilização: 'O nosso colono não podia conformar-se com esse estado de coisas: ter que morrer sem ter um padre perto que lhe desse os confortos da religião, a extrema-unção, etc.'

Em 1880, contudo, chegou o primeiro sacerdote a Silveira Martins, e os colonos, de acordo com Lorenzoni, trabalharam todos na construção da igreja. Após a chegada dos padres, foram esquecidos 'os dois longos anos passados no meio do mato, à semelhança de animais selvagens' . Segundo Santin (1986:13), a capela, o campanário e os sinos constituíram a essência de toda a vida e de todo o universo do imigrante italiano em sua nova pátria. A força desses elementos era aquela do mundo de origem e tê-los aqui, na terra estrangeira, representava a preservação de uma determinada cosmologia".

domingo, 30 de maio de 2010

História ( 209) - "Far l'America (120)" - Imigração no Rio Grande do Sul nas memórias de Andrea Pozzobon (2)

Maria Catarina Chitolina Zanini, professora da Universidade Federal de Santa Maria, no trabalho "Um olhar antropológico sobre fatos e memórias da imigração italiana"   analisa trechos das memórias o imigrante vêneto Andrea Pozzobon.

“Pozzobon relata que ao saírem de Santos, após sua chegada ao Brasil em 1885, puderam dar adeus àquela tão antipática cidade, na qual a "negrada" os chamava de carcamanos, gringos, ladrões etc., situação que os recém-chegados achavam humilhante. Esses elementos devem ser considerados num contexto em que os imigrantes eram observados como agentes de transformação e de competitividade em nível nacional. Aliás, o termo 'negro' era usado pelos imigrantes italianos como forma genérica para determinar os brasileiros. Não residia aí classificação biológica somente; ela era prioritariamente cultural.

A brasilidade será incorporada em termos identitários, aos poucos e de forma diversa, conforme os contextos históricos exigirem. Há de se observar que, ao saírem aqueles migrantes da Itália, esta havia se unificado há pouco e, de fato, não possuía enquanto nação um sentimento comum de pertencimento. Lorenzoni narra que, no vapor em que veio para o Brasil em 1877, o que se ouvia era uma mistura de vários dialetos, muitos dos quais ele nada compreendia. Enfim, eram pessoas culturalmente diversas que, na situação de partida, tornaram-se genericamente italianos. Na Itália havia rivalidades entre as localidades, e a aparente noção de homogeneização cultural se daria no Brasil, quando de emigrados italianos passariam a imigrantes italianos e, depois, a colonos proprietários.

Pozzobon narra que, ao chegarem a Porto Alegre em dezembro de 1885, surpreenderam-se com a fartura da terra brasileira: carne bovina, suína, ovina, aves, peixes, verduras e frutas. O ‘nonno’ Pozzobon, de 77 anos de idade, teria comentado: ‘Esperava encontrar aqui, ao chegar, o leão baio, tigres e macacos. Agora como uma bela melancia’ Enfim, a terra brasileira era a terra da fartura a ser por eles colonizada e cultivada. A brasilianidade foi, de certa forma, construída atrelada à noção da terra como propriedade, da comida e da manutenção da ordem familiar. A comida, aliás, desempenhará um papel adscritivo fundamental na condição de colono italiano".

História ( 208) - "Far l'America (119)" - Imigração no Rio Grande do Sul nas memórias de Andrea Pozzobon (1)

No trabalho "Um olhar antropológico sobre fatos e memórias da imigração italiana", Maria Catarina Chitolina Zanini, professora da Universidade Federal de Santa Maria,analisa de que forma os imigrantes italianos que se dirigiram para a região central do estado do Rio Grande do Sul em finais do século XIX conduziram a colonização local e quais as categorias sociais presentes nesse processo. A pesquisadora usou como fonte as memórias escritas por dois imigrantes: Julio Lorenzoni (publicadas em 1975) e Andrea Pozzobon (publicadas em 1997), bem como o Álbum do Primeiro cinquentenário da imigração italiana no estado, escrito em italiano e impresso em 1925.

“(O vêneto) Andrea Pozzobon (1863–19–),aqui chegado em 1885 (Rio Grande do Sul), já com 22 de idade e recém-casado. As memórias de Pozzobon (originalmente escritas em italiano) foram publicadas  (traduzidas) em 1997 por seu neto Zolá Franco Pozzobon e receberam o título de Uma odisséia na América. Abarcam o período de vida do migrante que vai de 1884 a 1928.

(..) As memórias são entrecortadas por temas, intitulados Soldado do rei; Adeus às armas; Coração aflito; Com Francesca, no altar; Arriverdérci; A travessia; Siamo arrivati, entre outros. As datas vão de 1884 a 1928, no livro publicado. Sua família era proprietária de poucos bens, o que teria sido "torrado", segundo ele, por preços irrisórios) quando de sua partida da Itália. (...)Pozzobon relata que, ao embarcarem, ‘quantas mulheres com os cabelos desgrenhados increpam os maridos que quiseram dar aquele triste passo".

Contudo, acrescenta ele, "a culpa disso é de terem ouvido falar que na América se trabalha pouco e se vestem roupas de seda’ , ou seja, a América assegurava a possibilidade de reverter a condição social na qual viviam: a de seres despossuídos e sem oportunidades, numa Itália em que comiam mal, vestiam-se mal e não possuíam prestígio algum.

(...) Todavia, a partida para a América, para alguns, era também uma passagem ritual para uma nova condição social, na qual a família como um todo teria que lutar pela sobrevivência. Para aqueles que seguiram com a parentela extensa, o desconforto talvez tenha sido menor. Para Pozzobon, a emigração foi um processo complexo em relação a diversos pontos de vista: tratava-se de uma decisão paterna à qual teve que obedecer e, no decurso da travessia, ele mudaria também seu estado civil, de solteiro para casado. Diz ele que a ‘idéia de constituir família em terra estrangeira, completamente desconhecida até em meus livros escolares, num país onde nada e ninguém me falava ao coração’ (1997:38) causava-lhe terror. E, assim, nesse quadro conflituoso, muitos migraram; como ele, sob a autoridade da decisão paterna ou familiar”.

sábado, 29 de maio de 2010

Oriundi – Pastoral e política na vida de Dom Agnelo Rossi (4)

"Em 7 de outubro de 1970, dom Agnelo Rossi enviou e publicou carta ao governador paulista Abreu Sodré. Sodré tinha dito nos jornais, um dia antes, que dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, pertencia à máquina de propaganda do Partido Comunista, “sendo seu elemento de promoção na Europa”. Dizia o governador que “como as esquerdas querem uma ‘vedete’ não de barbas e charuto na mão, mas de batina, usam-no no exterior para denegrir o Brasil. É o que esse Fidel Castro de batina tem feito na Europa”. Dom Agnelo exigiu explicações. “Fico na constrangedora contingência de solicitar-lhe provas de sua afirmação, e, ao mesmo tempo, direito de defesa ao acusado”. Sodré não deu resposta. Tempos de ditadura são assim". (Fonte:  Arquidiocese de São Paulo (Jornal O São Paulo-junho de 2008)

Oriundi – Pastoral e política na vida de Dom Agnelo Rossi (3)

O site da Arquidiocese de São Paulo (Jornal O São Paulo-junho de 2008) assim relata o perfil de Dom Agnelo  Rossi
 
"(..)Preocupou-se com as comunidades estrageiras de São Paulo. Para formar leigos auxiliares, criou o Instituto Paulo 6º, em Taboão da Serra (Grande SP). Através do Instituto Mater Ecclesiae, incentivou o estudo e o desenvolvimento da estrutura paroquial. Criou cerca de 90 paróquias novas. Através do Centro de Informações “Ecclesia”, impulsionou a comunicação. Em seu arcebispado, aconteceu o golpe militar de 1964. O esforço de dialogar com os governos militares não surtiu efeito. Quando cresciam os conflitos entre Igreja e o governo, foi chamado a Roma para chefiar a atual Congregação para a Evangelização dos Povos".

Oriundi – Pastoral e política na vida de Dom Agnelo Rossi (2)

O escritor e jornalista Elio Gaspari, no livro A Ditadura Escancarada revela como o cardeal Rossi conviveu com o regime militar.

”O segundo remanejamento que alteraria o balanço do poder eclesiástico brasileiro ocorreu no dia 22 de março de 1964, quando o cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, aos 74 anos de idade, despachou uma carta ao papa pedindo que o dispensasse da função. Bisneto do visconde de Caeté, era ao mesmo tempo descendente da nobreza mineira do Primeiro Reinado e exemplar típico do cardinalato principesco. Defendia um clero palaciano, que evitasse disputas políticas públicas. Condômino do poder, tivera suficiente intimidade com o governador Adhemar de Barros para aconselhá-lo, em momentos de crise, na casa da amante.6 Talvez tenha sido o único (certamente o último) cardeal brasileiro a escrever ao presidente da República pedindo a promoção de um coronel a general-de-brigada.

A saída de d. Helder do Rio e o nome do sucessor do cardeal Mota em São Paulo haveriam de favorecer o entendimento dos bispos com os generais. Em outubro de 1964, a CNBB reuniu-se em Roma. Formou-se uma maioria conservadora, derrubou-se d. Helder da secretaria geral, e defenestrou-se toda a sua equipe.8 A ofensiva foi tão profunda que em dezembro o arcebispo de Olinda foi visitado por uma carta do Santo Ofício e teve de se defender da acusação de freqüentar um templo protestante, elogiar seus fiéis e criticar a devoção católica à Virgem Maria.

O reverendo respondeu com amargura: "Pedi ao Menino Deus: que eu morra antes de causar uma apreensão justificada à Santa Sé".9 O conservadorismo colocou na presidência da CNBB o arcebispo de Ribeirão Preto, d. Agnello Rossi. Um mês depois, durante os debates da terceira sessão do Concílio,Paulo VI indicou-o arcebispo de São Paulo. Filho de um funileiro italiano, sacerdote de hábitos gentis e reputação de excelente administrador, Agnello Rossi recebeu com o pálio da sé paulista a oferta da liderança de um reordenamento conservador. A

os 51 anos, saído de um bispado sem expressão política, chefiava a maior arquidiocese do país e presidia uma CNBB sem d. Helder na secretaria geral. Tornou-se um operário do regresso. Com a ajuda da hierarquia tentou fazer que a Igreja coubesse dentro do projeto desmobilizador do regime. Diluiu a ação da CNBB, liquidou as organizações laicas da juventude católica e afastou-se do debate político”.

Oriundi – Pastoral e política na vida de Dom Agnelo Rossi (1)

O  site do  Pontifício Instituto Missões Exteriores ao falar sobre igreja e comunidade destaca que “em 1956, o bispo de Barra do Piraí, Dom Agnelo Rossi, preocupado com a difusão do protestantismo e com carência de padres e religiosos, formou centenas de catequistas leigos que, após alfabetizados e treinados, recebiam materiais catequéticos que explicavam em suas comunidades. Reuniam o povo para a leitura bíblica, cânticos e orações. Foi uma primeira experiência de valorização da capacidade dos leigos”.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Oriundi - O cardinalato de Dom Agnelo Rossi (2)

O site da Arquidiocese de São Paulo relata, brevemente, a nomeação espiscopal de Dom Agnelo Rossi e suas posterior elevação a Cardeal


"No dia 5 de março de 1956, aos 33 anos, foi nomeado, pelo Papa Pio XII, Bispo de Barra do Piraí, Rio de Janeiro, tendo o anúncio sido feito pelo então Núncio Apostólico no Brasil, Dom Armando Lombardi, na seção solene de instalação da Universidade Católica de Campinas, realizada no Teatro Municipal de Campinas, no dia 14 de março de 1956. Foi sagrado bispo no dia 15 de abril de 1956, na catedral metropolitana de Campinas, pelas mãos de Dom Paulo de Tarso Campos, Arcebispo Metropolitano de Campinas, sendo consagrantes Dom Helder Pessoa Câmara e de Dom Vicente Ângelo José Marchetti Zioni. Em 6 de setembro de 1962, foi designado Arcebispo Metropolitano de Ribeirão Preto, São Paulo, função que exerceu até 1 de novembro de 1964, quando da sua nomeação pelo Papa Paulo VI para Arcebispo de São Paulo.

Exerceu esta função até 22 de outubro de 1970, quando foi chamado a servir a Igreja na Cúria Romana. Cardinalato A 25 de janeiro de 1965,durante as cerimônias de inauguração do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, foi anunciada a sua escolha para o cardinalato. No Consistório do dia 22 de fevereiro de 1965, festa da Cátedra de São Pedro, presidido pelo Papa Paulo VI, na Basílica de São Pedro, Dom Agnelo Rossi foi criado Cardeal presbítero, do título da Grande Mãe de Deus (1970-1984). Tomou posse de sua igreja titular a 27 de fevereiro de 1965. Em 22 de outubro de 1970, foi designado Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos. Em 8 de abril de 1984, foi designado Presidente da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica , cargo que renunciou a 6 de dezembro de 1989, Em 25 de junho de 1984, foi eleito Cardeal-Bispo do título Suburbicário de Sabina e Poggio-Mirteto (1984-1995).

Em 19 de dezembro de 1986, foi eleito Cardeal-Bispo do Título Suburbicário de Óstia Antiga, sendo confirmado, pelo Papa João Paulo II, Cardeal Decano do Sacro Colégio, cargo que renunciou a 31 de maio de 1993"

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Oriundi - O cardinalato de Dom Agnelo Rossi (1)

Na história da Cúria Metropolitana de São Paulo um nome de destaque é do Cardeal Agnelo Rossi cujo perfil é assim retratado de Arquidiocese paulista.

"Dom Agnelo Cardeal Rossi (Joaquim Egídio, 4 de maio de 1913 - Helvetia, 21 de maio de 1995) foi um sacerdote católico brasileiro, décimo sexto bispo de São Paulo, sendo seu quarto arcebispo e segundo cardeal. Foi o brasileiro que mais alto subiu na hierarquia eclesiástica, sendo considerado o maior expoente da Igreja do Brasil, chegando a ser cardeal-decano do Colégio Cardinalício. Nasceu em Joaquim Egídio, distrito de Campinas-SP, filho de Vincenzo Rossi, Comendador da Ordem do Santo Sepulcro, e Vittoria Colombo. Teve um único irmão, Miguel Rossi. Faleceu aos 82 anos, tendo sido sepultado na igreja de Nossa Senhora do Guadalupe, por ele construída, em Campinas.

Estudos Realizou seus primeiros estudos em Valinhos, São Paulo, ingressando depois, a 26 de janeiro de 1926, no Seminário Menor Diocesano Santa Maria, de Campinas, onde também cursou a Filosofia. A 15 de outubro de 1933 partiu para Roma, instalando-se por cinco meses no Colégio Pio Latino-Americano. A 4 de abril de 1934, foi um dos trinta e três alunos fundadores do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, onde recebeu a matrícula de número 1 do novo e grandioso colégio, na Via Aurélia. Realizou seus estudos de Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Presbiterado Foi ordenado sacerdote pelas mãos de S. Ema. Revma. Cardeal Luigi Traglia, Bispo Auxiliar de Roma, na Arquibasílica de São João Latrão, em Roma, a 27 de março de 1937".

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Italiani - O legado de Luigi Caloi ( 2)

"Em 1942, as dificuldades de importar devido à Segunda Guerra Mundial obrigaram-no a produzir peças de reposição em um barracão no bairro do Brooklin. Anos mais tarde, em 1948, mesmo com a volta da importação, a empresa agora chamada Indústria e Comércio de Bicicletas Caloi, manteve sua fabricação, passando a produzir suas bicicletas no Brasil com a inauguração da primeira fábrica de bicicletas do país. No ano de 1953 ocorreu o lançamento da linha Fiorentina que tinha aro 26" (novidade para a época), freio a varão, bagageiro e vinha com uma utilíssima bolsa para ferramentas sob o selim, em couro.

Em 1955 foi o ano em que o Sr. Guido Caloi faleceu, dando lugar à 3ª geração da família na direção da indústria; o Sr. Bruno Antônio Caloi. - - A bicicleta Berlineta dobrável lançada no final da década de 60, possuía aro 20 e se tornou moda nos anos 70 entre o público jovem. Suas características compactas, aliadas ao fato de ser dobrável, fizeram dela uma ótima opção para uso urbano. Tinha bagageiro na traseira e guidão alto, para o conforto do ciclista. Na década de 70 ocorreu a consolidação e expansão da marca no mercado brasileiro e internacional como sinônimo de bicicletas, além de várias novidades como a famosa e inesquecível Caloi 10, com quadro baseado nas Biachi San Remo. Era a primeira vez que um cidadão comum podia adquirir uma “bicicleta de corrida”, com 10 marchas.

Outra novidade foi a Caloi Barra Forte, uma bicicleta robusta e resistente com quadro em aço carbono, desenvolvida para levar o ciclista com segurança e conforto, que se tornou referência histórica no segmento de transporte. Depois foi a vez da Caloi Jovem com aro 24". Pouco depois, o lançamento da Extralight marcou a chegada do BMX ao Brasil, em 1978. As rodas eram no tamanho 20" com pneus biscoito. As partes de alumínio da Extralight eram coloridas (inédito na época) e tinha rotor na caixa de direção. - - No ano seguinte foi à vez da Caloi Ceci, primeira bicicleta feminina do mercado brasileiro. A cestinha na dianteira sempre foi à marca registrada deste modelo.

O comercial de televisão desta bicicleta trazia a atriz Bruna Lombardi como garota propaganda. Foi também nesta década, no ano de 1975, em franca expansão, que a CALOI inaugurou mais uma fábrica no país. Localizada em Manaus, a nova unidade industrial destinava-se à produção de bicicletas de alto valor agregado. - - No ano de 1990 a CALOI inaugurou uma subsidiária nos Estados Unidos, localizada em Jacksonville, no estado da Flórida, começando a comercializar bicicletas no mercado americano. Outro importante fato para sua expansão internacional nesta época foi o patrocínio ao heptacampeão do Tour de rance, o americano Lance Amstrong, na equipe Motorola/Caloi.

Até a abertura do mercado brasileiro, em 1992, a CALOI tinha como única concorrente a Monark. As duas se alternavam na liderança das vendas, mas fim da década de 80, a empresa consolidou sua vantagem e chegou ao recorde de produção de 2.2 milhões de unidades. Depois da abertura, o mercado do pedal ficou muito mais competitivo e a CALOI passou a enfrentar grandes problemas. Mesmo com uma situação financeira delicada, em 1997 expande seus negócios, ingressando no segmento de Home Fitness, com o lançamento de uma linha de equipamentos de ginástica com esteiras e stepper.

Em pouco mais de cinco anos, a CALOI assume a liderança de mercado no segmento home fitness e reafirma sua posição de liderança no mercado de bicicletas. - - A empresa foi dirigida pela família Caloi até o ano de 1999, quando a família vendeu a maioria acionária para Edson Vaz Musa, respeitado administrador de empresas. A partir de então, a CALOI partiu para um novo desafio: ser sinônimo de bicicletas e também de fitness, agregando saúde, esporte e lazer à marca Em 2006, a CALOI inaugurou uma moderna fábrica em Atibaia, desativando a antiga unidade da Avenida Guido Caloi. Líder de mercado, em 2008 a CALOI comemorou 110 anos comercializando mais de 700 mil bicicletas e 100 mil unidades de aparelhos para home fitness por ano, e lançando um novo posicionamento da marca com o slogan “Caloi. Movimentando a Vida”. (fonte: Mundo das Marcas)

Italiani - O legado de Luigi Caloi ( 1)

"Em 1898, Luigi Caloi, um italiano cujo sonho era fazer a melhor bicicleta utilizando a tecnologia mais avançada que alguém pudesse imaginar na época, veio da Itália com seu cunhado Agenor Poletti, um mecânico muito hábil. Abriram a Casa Poletti & Caloi, um estabelecimento que alugava, consertava e reformava bicicletas de corrida do Clube Atlético Paulistano em São Paulo. Quatro anos depois, Luigi se tornou representante exclusivo da fábrica italiana de bicicletas Bianchi no Brasil. Em 1924, ele faleceu e a nova sociedade, agora chamada Casa Irmãos Caloi, formada por seus filhos, Henrique, Guido e José Pedro, durou pouco. Guido ficou sozinho com a empresa, que passou a ser conhecida como Casa Luiz Caloi". (fonte: Mundo das Marcas)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Oriundi - Miguel Reale e o Direito no Brasil (2)

"Com a tese Fundamentos do Direito (1940), considerada inovadora e um marco para a época, Reale lançou as bases da 'Teoria Tridimensional do Direito', tornando-se internacionalmente conhecido. Ele interpretou a experiência jurídica sob vários prismas, determinando, assim, uma reação contra o formalismo jurídico.

Em 2000, na entrevista concedida ao Jornal da USP, o jurista descreveu o sentido de sua teoria e esclareceu que, 'em primeiro lugar, há o formalismo legislativo, ou legislado, no sentido de que se confunde o Direito com o código, o Direito com o diploma legal.Dessa maneira, conhecer o Direito se resume a interpretar as leis e aplicá-las, recebendo-se, portanto, algo já pronto e acabado sob a forma de regula juris, de norma de direito. Contra isso havia um segundo formalismo, o formalismo factual, no sentido de que se procurava nos fatos sociais uma ciência jurídica sociológica. E uma terceira orientação tinha um caráter idealista e filosófico, dando importância apenas ao mundo dos princípios e dos valores', concluiu.

O professor reagiu contra essa tríplice orientação descrita como separada e unilateral. Sua originalidade mostrou que 'fato, valor e norma' são elementos que se correlacionam, representando três aspectos unitários e dinâmicos. E dessa idéia, surgiu o nome Teoria Tridimensional do Direito, definida como 'uma tomada de posição contra compreensões unilaterais da experiência jurídica'." (Fonte OAB-DF)

Oriundi - Miguel Reale e o Direito no Brasil (1)

Um dos maiores juristas brasileiros do século XX, Miguel Reale, tinha sangue italiano nas veias. Confira o perfil de Miguel Reale publicado no site da OAB do Distrito Federal.

"Paulista de São Bento de Sapucaí, Miguel Reale nasceu em 6 de novembro de 1910. Descendente de italianos, filho do médico Braz Reale e de Felicidade da Rosa Góes Chiarardia Reale.

Ainda adolescente, despertou sua vocação para o ensino, dando aulas de francês e latim para estudantes de escolas particulares. Estudou no internato do então Instituto Médio Dante Alighieri, colégio clássico que, segundo Reale, decidiu seu destino humanístico e sua razão existencial. Casou-se com sua colega de classe, Filomena Pucci Reale, ou simplesmente Nuce. Formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo (1934), e posteriormente desenvolveu uma longa carreira como professor.

Como estudante escreveu seu primeiro livro, O Estado Moderno, em que debatia as ideologias do fascismo, do comunismo e do liberalismo. Por duas vezes foi reitor da USP, em 1949 e 1969, onde implantou as reformas administrativas e universitárias, substituindo as cátedras pelos departamentos. Implementou e urbanizou o campus da universidade, construindo cerca de 250 mil metros quadrados de edifícios destinados ao ensino, à pesquisa e ao esporte.

No ano de 1949, foi fundador do Instituto Brasileiro de Filosofia e cinco anos depois, da Sociedade Interamericana de Filosofia. Reale revelou valores esquecidos do pensamento brasileiro em seus estudos sobre a teoria da cultura. Determinou as diretrizes do culturalismo, movimento que sugere a idéia de que não basta analisar as condições subjetivas do conhecimento, mas também as objetivas e as histórico-sociais. Para o filosófo e jurista, a cultura não era apenas o aprimoramento do intelecto, e sim o conjunto de tudo que o homem realizou no plano material e espiritual, por meio do processo das gerações. 'Em toda a minha vida representaram os trágicos conflitos militares e sociológicos do século XX, tendo sido a minha perene preocupação de compor em unidade integral a liberdade, a pluralidade e a solidariedade', contou Miguel Reale no artigo Variações a Partir de Si Mesmo, de 2005

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Italiani - A missão religiosa de Pio Giannotti, o Frei Damião (2)

O site da Fundação Joaquim Nabuco continua, assim, a relatar a vida de Frei Damião no Brasil.

"De 1939-1945, período em que ocorreu a Segunda Guerra Mundial, Frei Damião, foi proibido de realizar missões, devido a sua origem italiana, permanecendo recluso em um convento em Maceió até 1945. À medida que os anos foram passando Frei Damião tornou-se mais conhecido no Nordeste. Em suas missões e romarias pelos lugarejos mais distantes da Região, reunia milhares de fiéis das localidades visitadas e romeiros das regiões vizinhas, que caminhavam quilômetros a pé ou viajavam em caminhões para assistir ao grande ato de fé. Durante as caminhadas ele fazia casamentos coletivos, batismos e sermões, dava comunhão, ouvia confissões.

Iniciava seus trabalhos de peregrinação às quatro da madrugada. Saía em procissão por ruas e estradas, em busca das comunidades mais distantes e necessitadas, acordando todos com o badalar de um sino, cânticos e orações. Devido as suas intensas peregrinações pelo interior do Norte e Nordeste do Brasil, pregando o evangelho à grande número de pessoas, ficou conhecido como o andarilho de Deus. Foi o único pregador que visitou o Nordeste em missão Franciscana, recebeu centenas de medalhas e condecorações, inclusive títulos de cidadão honorário em 27 cidades. Na literatura de Cordel, Frei Damião foi motivo de inspiração para muitos poetas e escritores cordelistas, que escreveram centenas de folhetos relatando a sua vida missionária, seus milagres, testemunhos e sobre seu prestígio popular. Com o passar dos anos, a intensa vida missionária produziu-lhe uma progressiva deformação causada por problemas de cifose (corcunda) e escoliose, que lhe causou dificuldades na fala e na respiração.

Os últimos anos de vida do Frei Damião de Bozzano foram muito sofridos. Segundo os médicos que o assistiam, desde jovem ele sofria de insuficiência cardiovascular periférica e erisipela, doenças que se agravaram com o tempo, devido as longas peregrinações por cidades empoeiradas. Em virtude do cansaço e da idade avançada, seu estado de saúde foi se agravando a ponto de tornar-se irreversível. Após 19 dias de coma profundo, veio a falecer aos 98 anos de idade, no dia 31 de maio de 1997, às 19 horas, no Hospital Real Português, no Recife".

Italiani - A missão religiosa de Pio Giannotti, o Frei Damião (1)

Dentre os religiosos italianos que vieram ao Brasil em missão evangelizadora, a história reserva um lugar de destaque para Pio Giannotti, conhecido entre nós como Frei Damião, cujo perfil é assim retratado pela Fundação Joaquim Nabuco .

"Pio Giannotti, nasceu a 5 de novembro de 1898, em Bozzano, vilarejo da cidade de Massarosa, a 460 quilômetros de Roma. Filho de Félix Giannotti e Maria Giannotti, camponeses humildes e devotos. Desde cedo, Pio demonstrava inclinação para o sacerdócio. Iniciou seus estudos religiosos na Escola Seráfica de Camigliano em 1910. Aos 12 anos de idade seguiu a inclinação natural que o levaria quatro anos depois, já com 16 anos, ingressar na Ordem dos Capuchinhos, no Convento de Vila Basílica. E ao receber o hábito escolheu o nome de Damião.

Em 1917, aos dezenove anos, Pio Giannotti foi convocado juntamente com seus irmãos capuchinhos, pela Força Militar do Exército, para servir na frente de batalha da Primeira Guerra Mundial. Após o término da guerra ele ainda permaneceu por 3 anos acampado na região de Zarra, fronteira da Itália disputada com a antiga Iugoslávia. Este foi um período da sua vida que lhe deixou profundas e amargas recordações, por ter presenciado enorme carnificina. Em 1923, quando retornou ao Seminário, foi ordenado sacerdote, na Igreja de São João Latrão em Roma. Neste período ingressou no Colégio Internacional, onde cursou Teologia, Filosofia e Direito Canônico. Concluídos estes estudos, matriculou-se na Universidade Gregoriana e doutourou-se em Teologia Dogmática.

Voltou para o convento de Vila Basílica, para assumir o cargo de vice-mestre de noviços, onde passou a lecionar até 1931. Neste mesmo ano, foi convidado pelos seus superiores a fazer uma escolha entre duas opções: permanecer na profissão de professor ou ser missionário no Brasil. Frei Damião seguiu a voz do coração e decidiu pela missão de evangelizar. Dias depois embarcou no navio Cante Rosso, rumo ao Brasil. Desembarcou no Rio de Janeiro e no dia seguinte seguiu para o Recife, Pernambuco.

Hospedou-se na Basílica de Nossa Senhora da Penha e adotou o nome de Frei Damião, com o designativo de sua terra natal Bozzano. Celebrou sua primeira missa no Brasil, em 05 de abril de 1931, na cidade de Gravatá, agreste pernambucano, no mesmo ano em que chegou ao País. No mês seguinte passou três dias consecutivos ouvindo os fiéis, em confissão. Esta atitude do Frei, deu-lhe grande prestígio, conquistando a admiração da população católica daquela região".

domingo, 23 de maio de 2010

História ( 207) - "Far l'America (118)": O papel da Sociedade Promotora da Imigração numa análise italiana

No site Storicamente, Elena Bignami explica o papel da Sociedade Promotora da Imigração.

“La Sociedade Promotora, dunque, incoraggiava l’immigrazione di nuclei familiari piuttosto che di singoli per ottenere il miglior sistema produttivo disponibile sul mercato del lavoro immigrato. Così facendo, infatti, essa si garantiva una manodopera stanziale, a scanso della dispersiva immigrazione temporanea (come quella diretta invece in Argentina), erena rispetto alle ansie provocate dalla lontananza dai familiari, perché come scrisse il deputato dell’Assembléia Provincial de São Paulo Marthino Prado Júnior nel 1888 «è innegabile quanto influisca sul morale dell’immigrante il fatto di poter portare con se coloro che gli appartengono con il sangue e con il cuore», e per questo supposta anche più mansueta rispetto a velleità politiche, ma soprattutto una manodopera già perfettamente organizzata al suo interno grazie a quella preziosa suddivisione operata sulla base dell’appartenenza di genere che faceva della famiglia patriarcale una straordinaria macchina da lavoro, ricca com’era di braccia a buon mercato (quelle di donne e bambini) per fazendeiros e imprenditori, premurose e gratuite (quelle femminili) per le cure dello spazio domestico; proprio quello che si voleva trasferire e impiantare in Brasile.

L’operazione sortì gli effetti sperati, e così «dei 219.785 individui introdotti a San Paolo dalla Sociedade Promotora de Imigraçao, il 46% erano donne», l’esatta metà del cielo. Ma non si tratta soltanto di testare una presenza, quanto di rileggere un fenomeno “migrazione e lavoro” nella sua giusta complessità, dunque portando alla luce anche il ruolo sommerso e scontato di una parte dei suoi protagonisti, le donne”.

História ( 206) - "Far l'America (117)": A propaganda paulista para atrair imigrantes

No site  Storicamente,Elena Bignamiao fala sobre imigração feminina no Brasil, reproduz trecho de um opúsculo publicado pelo governo paulista buscando atrair trabalhadores estrangeiros para atuarem na lavoura cafeeira. 


 «È specialmente per una certa classe d’immigrati, ossia per gli agricoltori con famiglia numerosa, che nessun paese del mondo può offrire i vantaggi che offre lo Stato di San Paolo. Molti immigrati con famiglia numerosa non possono trapiantarsi in altri paesi senza prima recarvisi soli, giacchè, le spese di viaggio essendo così rilevanti che superano i mezzi di cui dispongono, devono prima cercar di guadagnare nel nuovo paese quel tanto che loro permetta di far venire anche la famiglia. Questo non accade per i lavoratori che vogliono recarsi in S. Paolo. Essi non spendono nulla per il loro viaggio e per quello della loro famiglia, giacché è il governo dello Stato che pensa a pagarlo. Inoltre possono subito partire con tutta la loro famiglia, giacché non c’è immigrante agricoltore che appena arriva all’ Hospedaria (Albergo o ricovero degli immigrati) in S. Paolo non trovi subito collocamento con sussistenza garantita; ha solo l’imbarazzo della scelta del padrone, giacché generalmente accade che siano in più a volerlo. Le famiglie numerose sono poi quelle che più d’altra parte sono ricercate e quindi trovano con maggiore facilità da collocarsi perché danno maggior numero di braccia alla coltivazione del caffè nella quale possono lavorare uomini e donne fin dall’età di dodici anni.»

História ( 205) - "Far l'America (116)": A imigrante Emma Mennocchi (3)

O site Storicamente assim termina o relato sobre a vida de Emma Mennochi.

"Alla fine del 1919 Damiani venne espulso e ricondotto in Italia,[53] prontamente l’inseparabile compagna lo raggiunse a Roma.[54] Tra 1920 e 1921 la relazione tra i due si interruppe bruscamente e per la Mennocchi fu un momento molto difficile.

Ritrovare un equilibrio a più di cinquant’anni di età e privata del suo amato “salvatore” la costrinse ad una nuova rinascita, che suggellò con una scelta autonoma e dolorosamente solitaria: mentre Damiani fissava la sua residenza a Roma e sposava la giovanissima Lidua Meloni (figlia di un compagno), la Mennocchi optò per una seconda vita, di nuovo in Brasile, dedita alla sua avviata professione di modista e ai suoi affetti. Le fonti a questo punto abbandonano l’immagine della Mennocchi compagna di Damiani e considerano la donna, svelando tutta la ricchezza del passato professionale e relazionale che aveva saputo mantenere e coltivare negli anni, sino ad allora oscurato dall’attivismo del compagno. A San Paolo visse circondandosi di nipoti, conterranei e soprattutto vicina al figlio secondogenito di cui nel 1906, dopo il suicidio del primogenito, era riuscita ad ottenere l’affidamento. I suoi contatti con la terra d'origine erano molto intensi e ritmati da frequenti spole tra Brasile e Italia (si contano almeno nove ritorni documentati nel corso della sua vita), ma se prima si trattava di viaggi solitari di “assestamento” o al seguito di Damiani e dei suoi interessi, dopo la separazione i suoi spostamenti erano motivati da visite ai parenti, lunghi soggiorni di salute (a Montecatini soprattutto) e incontri “di affari” (a Firenze e Milano) per l’aggiornamento della sua attività e l’espansione del suo negozio di mode di San Paolo; il tutto ad indicare un netto miglioramento delle proprie condizioni economiche e una maggior concentrazione su se stessa.

Per la Mennocchi, dunque, l’anarchismo è stato il mezzo attraverso cui arrivare ad una nuova vita. La scelta anarchica, infatti, l’ha portata in un nuovo paese dove, al prezzo di una coraggiosa separazione dal marito e una dolorosa rinuncia ai figli, ha potuto trovato un’occasione di lavoro che le ha permesso di raggiungere quell’indipendenza economica che difficilmente le sarebbe stata concessa in Italia, invisa com’era alle autorità e viste le condizioni economiche in cui versava il paese. Un passo fondamentale verso la completa autonomia, completato poi da una nuova separazione, questa volta forzata, che allontanandola dal compagno, e dal predominio delle sue occupazioni ed esigenze, la rese definitivamente protagonista della propria vita".

sábado, 22 de maio de 2010

História ( 204) - "Far l'America (115)": A imigrante Emma Mennocchi (2)

O site Storicamente depois de falar sobre a decisão de Emma Mennochi em deixar a Itália rumo ao Brasil, conta como foi a aventura desta "brava donna" no pais que a acolheu.

"Risale al novembre del 1902 la prima notizia che accredita alla Mennocchi un impegno politico attivo, a questa data infatti la prefettura di Lucca fa risalire una conferenza anarchica tenuta dalla donna presso il «ritrovo detto Bar Internazionale» di Curitiba capitale dello stato di Paraná dove con il compagno e «altri settari, [… formava] uno dei più terribili gruppi anarchici».

Della sua pericolosa militanza anarchica le fonti poliziesche ricordano tuttavia solo questo episodio, oltre al modesto impegno nella «spendita di biglietti falsi e furti» – «reati comuni» come scrivono le autorità – insieme al compagno. In effetti, dopo questo periodo iniziale, il suo impegno politico si dipana lungo binari lontani da quelli su cui le fonti sono solite concentrarsi.

Distante dalle riflessioni teoriche del pensiero libertario e dalla ribalta della militanza politica, la Mennocchi fu una donna pragmatica e passionale, che visse e praticò l’anarchismo in una dimensione quotidiana, più modesta e “familiare”. Non teneva conferenze e impugnava la penna per intervenire sui periodici raramente e solo se lo riteneva assolutamente necessario (come fece per denunciare i casi di pedofilia che nel 1911 si stavano verificando in alcuni orfanotrofi religiosi di San Paolo, e nel 1919 per difendere Damiani dalle accuse di furto che gli mosse il governo brasiliano per espellerlo dal proprio territorio), ma in occasione delle iniziative di raccolta fondi e propaganda (anticlericale e antimilitarista soprattutto) non risparmiava la sua manovalanza, spesso come membro – e talvolta portavoce – del Centro Feminino “Jovens Idealistas”, l’associazione femminile facente capo al gruppo “La Battaglia” Da ciò emerge l’immagine di una persona che adotta l’anarchismo, nei termini di una affiliazione che diventa dedizione, come spesso accadeva per le donne. Maria Gemma Mennocchi nel raccogliere frutti e ideali dell’anarchismo in termini di opportunità di vita preparava le condizioni per il farsi dell’anarchismo stesso. Aderì al movimento e attraverso di esso approdò effettivamente ad una nuova vita, e alle occasioni della migrazione.

Grazie all’anarchismo trovò la forza e la strada per abbandonare la «casa-città»ed emigrare verso un nuovo paese-destino. Il risultato più eclatante di questo processo fu un nuovo e fruttuoso lavoro, come modista e addirittura proprietaria di una «negozio di mode». Una adesione che, in linea con questo periodo storico di profondo dislivello tra i generi in termini di diritti e di partecipazione alla politica, finisce per vincolare fortemente la donna al compagno che a lei ha trasmesso e rappresenta l’ideale. La Mennocchi, infatti, si dedicò totalmente a Damiani, prendendosi cura della sua persona e provvedendo al suo mantenimento concreto, in modo da permettergli di proseguire il mestiere di scenografo e l’intensissima missione di militante"

História ( 203) - "Far l'America (114)": A imigrante Emma Mennocchi (1)

A imigração italiana vista a partir da inserção  "della donna emigrata" faz parte das páginas do site  Storicamente .

"Maria Gemma Mennocchi, detta Emma, è nata a Lucca il 9 dicembre 1867. Il 12 aprile 1888, all’età di vent’anni e già orfana di padre, sposò Aurelio Ballerini, di un anno più grande e di promettente carriera (al tempo era appena passato ad alunno delegato di 2° categoria di Pubblica Sicurezza e uno stipendio annuale di circa 960 lire). Alle spalle della loro storia un figlio, nato nel dicembre del 1886 e iscritto all’anagrafe con i nomi Gino Luigi Felice Giovanni. Un matrimonio probabilmente “riparatore”, forse concepito come unica speranza di riscattare sé stessa e prole da una vita di stenti.

All’inizio del 1890 nasce il secondo figlio, Felice,[36] ma poco dopo il rapporto precipita e Ballerini, in seguito alla immorale condotta della moglie colpevole – secondo quanto riportato dalle carte di polizia – di aver «tradito più volte i suoi doveri coniugali», chiede la separazione «personale» che viene decretata con sentenza del Tribunale di Lucca il 30 giugno 1891. Donna audace, specie per i tempi, e di intelligenza curiosa, aveva frequentato il primo anno di corso delle scuole normali,[Maria Gemma Mennocchi non era donna da assegnare facilmente in un destino prestabilito. Proprio in quegli anni il noto anarchico romano Gigi Damiani si aggirava «randagio, sempre a scopo di propaganda, in parecchie città d’Italia», tra cui Orbetello, Grosseto, Cecina, Carrara,ossia intorno alla città dove viveva la Mennocchi, Lucca.

È dunque possibile far risalire a questo periodo di impegno politico di Damiani e di smarrimento della Mennocchi – compreso tra 1891 e 1894 – la conoscenza tra i due. Nelle parole di questo celebre anarchico la donna potrebbe aver trovato una nuova speranza di vita, non quella posticcia offerta dalla dipendenza dal marito ma quella “autentica” della libertà e dell’affrancamento sociale cui aspirava e che l’anarchismo promette agli uomini che lo abbracciano; il “sol dell’avvenire” dopo il buio di una vita di stenti. Folgorata dal promettente ideale e dall’uomo che lo portava, la Mennocchi abbandonò la difficile vita di provincia per unirsi a Damiani e con lui iniziare una nuova vita. Il 28 settembre 1897 partirono insieme alla volta del Brasile, in cerca di lavoro e in fuga dalla persecuzione antianarchica seguita alle leggi di Crispi del luglio 1894, che aveva duramente colpito Damiani.

Ad accoglierli trovarono il calore della comunità anarchica italiana immigrata, che proprio in quel periodo stava riprendendo vigore dopo anni di dure repressioni. Damiani ne divenne uno dei maggiori protagonisti e la Mennocchi fu fedele e discreta compagna, eccezion fatta – pare – per il vezzo eccentrico di indossare abitualmente «giubbetto rosso e gonna nera, o viceversa, senza cappello». Si mossero inizialmente all’interno dello stato di San Paolo, spostandosi in varie località, e poi lungo lo stato di Paraná, dove vissero tra 1902 e 1908, quindi di nuovo a San Paolo, più stabilmente nella città omonima”.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

História ( 202) - "Far l'America (113)": A imigrante Maria Teresa Carini (2)

O  breve relato da  vida Maria Teresa Carini no Brasil, no final do século XIX e início do século XX é apresentado nas páginas do site Storicamente  .



"Il febbrile attivismo si concentrò in realtà negli anni trascorsi a San Paolo, dove fu assidua alle riunioni operaie, alle sessioni di cultura popolare e alle azioni di protesta, tanto che alcuni le attribuiscono la maternità (insieme a Tecla Fabbri e Maria Lopes) del più celebre manifesto alle donne operaie, intitolato As Jovens costureiras de São Paulo e uscito il 28 luglio 1906 sul periodico libertario «a Terra livre», ma anche a conferenze, corsi e concerti della borghesia paulista. Fu in questi ambienti che conobbe e frequentò Adelino Tavares de Pinho, Edgard Leuenroth, Antonio Piccarolo, Badalassi, Enrico Ferri e lo storico Guglielmo Ferrero, marito di Gina Lombroso che al suo seguito tenne numerose conferenze sul tema del “femminismo” in diversi circoli socialisti di San Paolo.

Dopo la separazione partì per Poços de Caldas (città del Minas Gerais), dove condusse un’esistenza modesta, vivendo dei pochi compensi ricevuti in cambio di lezioni di lavoro a maglia, italiano e francese, e conducendo una riservatissima militanza, fatta di intensi contatti epistolari con i compagni di San Paolo e dell’incessante lettura delle opere di Proudhon, Réclus, Kropotkine, Ada Negri e soprattutto Leopardi (il suo autore preferito), ai margini dei grandi eventi e circondata solo dai suoi amati gatti.

Sparirono dunque con la separazione dal marito le condizioni stesse che parevano averla causata, indice che in realtà i contrasti riguardavano più l’incompatibilità tra due veri e propri approcci al mondo oltre un grave squilibrio in termini di rispetto reciproco a sfavore di lei, piuttosto che dissapori nella concretezza della gestione quotidiana della vita a due, e di pari passo emerse il vero progetto di vita della donna più diretto alla serenità interiore che alla ricchezza materiale, sino ad allora impedito da decisioni che altri prendevano al suo posto.

Arrivata in Brasile in seguito al lavoro del marito, e aggrappata ad un matrimonio imposto, questa donna ha dunque trasformato un accidente (la migrazione) in un’occasione rivoluzionaria per la sua esistenza, che le ha permesso di trovare vocazione politica e dimensione esistenziale, come probabilmente non le sarebbe stato possibile in Italia, dove invece era politicamente isolata all’interno di una famiglia conservatrice che decideva per lei".

História ( 201) - "Far l'America (112)": A imigrante Maria Teresa Carini (1)

Na internet é possível encontrar relato de histórias de vida daqueles que, deixando a Itália para trás, buscaram a sorte em outras terras, como o Brasil.. O site Storicamente  nos propõe a história, por exemplo, de "Maria Teresa Carini nata il 27 agosto 1863 a Fontanellato (Parma), terzogenita di Anacleto Carini e Virginia Pasquale".

"Trascorse l’adolescenza immersa nell’atmosfera della decadente aristocrazia provinciale dei signori Sanvitale di cui il padre amministrava i beni, e sottoposta alle severe cure della nonna, che la allenò alla remissività facendole passare giornate intere «a sgranare il rosario, lavorare a maglia per i poveri, ricamare e dipingere, […] a temere Dio e il Re, che in casa erano rappresentati dal padre prima e dal marito poi.  E infatti la riverenza cui era stata educata fece si che dopo la morte del padre, avvenuta il 31 dicembre 1889, i fratelli e i conti Sanvitale decidessero senza incontrare ostacoli di sposarla al clarinettista Guido Rocchi, che si sapeva provare per la giovane un sincero affetto.

A ventisei anni Maria Teresa passò così, senza soluzione di continuità, dalla tutela paterna a quella maritale e dal remissivo ruolo di figlia a quello di moglie-ancella al seguito del marito musicista. Il 29 giugno 1890, in pieno giorno di São Pedro, i Rocchi sbarcano a Rio de Janeiro insieme alla compagnia di Arnaldo Conti, per un breve tour concertistico, ma quella che doveva essere una tappa di lavoro divenne la residenza definitiva della coppia. Considerata la situazione economica italiana e le opportunità locali, decisero infatti di rimanere per qualche tempo, che poi divenne tutta la vita. Entrambi non rividero più l’Italia. Dopo alcuni spostamenti all’interno dello stato di San Paolo (Santos, Iguape), intorno al 1895 decisero di stabilirsi nella capitale.[57] L’agio economico e il fermento socio-politico dell’ambiente della migrazione italiana paolista permisero alla Carini di approfondire la sua passione per la letteratura e la questione sociale, e così di riconoscere in quello che sino ad allora aveva vissuto solo come spinta interiore e una sorta di “slancio altruistico”, un valore condiviso e un riconoscimento pubblico.

Rocchi non capiva le passioni della moglie – che considerava affettate “velleità” libertarie – e tantomeno sopportava il suo stile di vita, sempre circondata com’era da rivoluzionari, musicisti e letterati. Il matrimonio di interesse cedette così ai primi vagiti di indipendenza della moglie che, decisa a proseguire nelle certezze appena acquisite e nonostante il profondo affetto che provava per Rocchi, nel 1910 lasciò il marito mai amato". 

quinta-feira, 20 de maio de 2010

História (200) - Imigração Italiana após a Segunda Guerra (4)

 "O site da Regione Friuli Venezia Giulia descreve, brevemente, o panorama do êxodo de friulanos entre 1946 e 1970 “Secondo gli annuari statistici, nel periodo 1946-1970 risultano espatriate complessivamente dal Friuli Venezia Giulia 363.854 persone, con una media di 14.554 all'anno.

L'andamento degli espatri è, come per il passato, molto irregolare, e si può riassumere in una serie di ondate di dimensioni decrescenti (TABELLA 1). Essa corrisponde a quello nazionale e coincide, con un paio d'anni di ritardo, con quello del tasso di disoccupazione. Nello stesso periodo i rimpatri risultano complessivamente 211.524, con una media annuale di 8.461 unità. Il loro andamento è anch'esso ad ondate, meno accentuate e, al contrario, crescenti. Il saldo migratorio del periodo è fortemente negativo: la perdita netta è di 152.330 persone, 6.093 all'anno.

Le rilevazioni dell'ISTAT forniscono alcune indicazioni sulla natura del fenomeno migratorio: il flusso in uscita risulta composto in grande prevalenza dalla fasce di età centrali (15-64 anni) e, tra queste, da quelle giovanili (15-30 anni), che manifestano il più accentuato saldo negativo. Nelle province friulane risulta elevato anche l'indice di espatrio femminile.

Nelle condizioni professionali, cominciano a prevalere le attività industriali e qualificate su quelle tradizionali. Nei primi anni Sessanta il 60% degli emigrati risultano muratori e manovali edili, in quelli successivi crescono le posizioni specializzate in campo industriale, mentre vanno rapidamente scomparendo i mestieri tradizionali (fornaciai, terrazzieri, mosaicisti, pittori, ecc.).

Le destinazioni dei flussi migratori del secondo dopoguerra sono in larga maggioranza (88%) europee. La destinazione più frequente è la Svizzera (47%), seguita dalla Francia (meta tradizionale dell'emigrazione regionale, che si differenzia in questo caso da quella nazionale), dalla Germania, daI Lussemburgo e dal Belgio. Tra i Paesi transoceanici prevalgono l'Australia (con una partecipazione più elevata delle province giuliane) ed il Canada, seguiti dagli Stati Uniti, dal Venezuela, dall'Argentina e dal Brasile. Le province giuliane differiscono inoltre nella scelta delle destinazioni da quelle friulane, dirigendosi in prevalenza verso Svizzera, Germania ed Inghilterra. L'area giuliana del resto presenta a partire dal 1958 un saldo migratorio positivo, divergendo in questo nettamente dalla province di Udine e di Pordenone”.

História (199) - Imigração Italiana após a Segunda Guerra (3)

Em fins do século 19 e início do século 20, as levas de italianos vieram em famílias numerosas, com uma média impressionante de dez filhos por casal. Já entre os imigrantes do segundo pós-guerra, havia poucas famílias, com no máximo quatro filhos. Homens e mulheres solteiros formavam o grosso do contingente e a faixa etária ia de 18 a 50 anos, dentro do perfil selecionado pelo governo brasileiro interessado em mão-de-obra qualificada.

Ao governo italiano, incapaz de absorver tanta força de trabalho, também convinha a emigração de pessoas que buscassem no exterior divisas para aumentar a poupança interna, contribuindo para a reconstrução do país. Depois de Estados Unidos e Canadá, ao norte, os países mais procurados pelos italianos foram, pela ordem: Venezuela, cujo petróleo permitia boas condições de progresso; Argentina, que acolheu não só trabalhadores mas a maioria das lideranças do fascismo; e Brasil, apesar da restrição aos comunistas, cuja entrada era controlada inclusive por padres católicos, aos quais cabia conceder atestados de boa conduta. Entre 1946 e 1960, 110.932 italianos rumaram para o Brasil, 231.543 para a Venezuela, 484.068 para a Argentina e 504.449 para Estados Unidos e Canadá.

Para dar uma dimensão desta força de trabalho, a professora Luciana Facchinetti cita dados de Constantino Ianni em seu livro Homens sem Paz: em 1962, por exemplo, as remessas recebidas na Itália de seus emigrados de todo o mundo, e registradas no balanço de pagamentos internacionais do país, somaram cerca de 550 milhões de dólares; antes, em 1961, a soma alcançou 450 milhões de dólares. Daí, a revolta dos imigrantes diante do preconceito que sofrem ao retornar à terra natal, ou das tentativas do governo italiano em suspender a pensão de quem continua fora. "É uma briga ferrenha. Eles enviaram muito dinheiro para a reconstrução da Itália e esperam uma retribuição, agora que o país vive uma situação saudável", afirma a pesquisadora A historiadora Luciana Facchinetti, da Unicamp.(Fonte: Unicamp)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

História (198) - Imigração Italiana após a Segunda Guerra (2)

A historiadora Luciana Facchinetti (Unicamp) lembra que uma das bases do fascismo é o nacionalismo, sentimento difícil de impor a uma Itália dividida em muitas regiões, cada qual com seu dialeto. "Mussolini via na alfabetização o meio de unificar o país, moldar uma consciência de cidadão e transmitir sua ideologia, criando uma geração de fascistas em todo o território. Obrigava a família a colocar os filhos da escola, no mínimo até o quarto ano primário", conta.

Educação, mas até determinado nível, pois o ditador reduziu incentivos ao ensino médio, fechou escolas técnicas e elitizou a formação superior. Não queria seres pensantes. Então, como o imigrante conseguiu sua qualificação, perguntava a historiadora aos entrevistados, obtendo como resposta o corporativismo de ofício que prevalece na Itália desde tempos feudais. "As crianças saíam da escola e iam aprender uma profissão com um parente ferramenteiro, um vizinho alfaiate. Mesmo aqueles do sul, que representam 60% da minha amostragem, tinham pais agricultores mas aprenderam a fazer pão, por exemplo".

Assim, vieram para o Brasil ferramenteiros, pedreiros, carpinteiros, mecânicos, marceneiros, padeiros, motoristas, barbeiros. Não possuíam certificados, mas conheciam o ofício. Também vieram diplomados como engenheiros, técnicos altamente especializados e professores. "Um professor com importantes publicações na área da aeronáutica, que por colaborar com o regime fascista ficou sem espaço na Universidade de Roma, foi autorizado pelo governo a trabalhar na Embraer. Vale salientar que engenheiros e especialistas italianos tiveram uma participação importante na construção do primeiro avião brasileiro, o Bandeirante”

Historia (197 ) - Imigração Italiana após a Segunda Guerra (1)

"Se fosse pertinente e adequado escolher o que simbolizasse a destruída Itália do segundo pós-guerra, seriam as oliveiras que demoram tantos anos para crescer e produzir, derrubadas pelos alemães. Eles resolveram vingar a derrota solapando da população civil, já sem nada para comer, o derradeiro ganha-pão. Oliveiras e campos inférteis ao sul, indústrias quebradas nas cidades ao norte: privadas de 70% da produção, as empresas mal podiam absorver a massa desempregada, tampouco os soldados regressos do front de outras batalhas.

A historiadora Luciana Facchinetti é filha de Giovanna e Giuseppe, testemunhas daquele purgatório e que buscaram no Brasil não o paraíso, mas um lugar onde pudessem simplesmente trabalhar e recomeçar a vida. O depoimento do casal está guardado no Memorial do Imigrante, em São Paulo.

Instigada pela vida dos pais e por um trabalho no próprio Memorial, em que ajudou a digitalizar os Livros de Entrada de Imigrantes de 1882 a 1907, a professora recorreu a outro acervo da instituição, 24 mil fichas produzidas pelo CIME (Comitê Intergovernamental para as Migrações Européias), para reconstituir a história de alguns personagens e avaliar a influência desses imigrantes no desenvolvimento da indústria brasileira. Ela defendeu a dissertação de mestrado junto ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, em fevereiro. "Eles cruzaram o Atlântico essencialmente por causa do país destruído, mas também pelo desmoronamento de um sonho. Criados no fascismo, sob a promessa de Benito Mussolini de um país unido, grande e forte, foram pagos com moeda falsa. Perderam a infância e parte da adolescência, passaram por muita fome", conta Luciana. Ela recorda que, além do conflito mundial, a população amargurou uma guerra civil de 20 meses entre os que insistiam em salvar o Duce e os partigiani (ligados à resistência). "Nos depoimentos é comum a lembrança de que eles tinham quatro inimigos: os fascistas e os alemães de dia, os partigiani e o bombardeio americano à noite.

Não sabiam para que lado olhar, levavam tiros por todos os lados". O Memorial do Imigrante registra a entrada de sete italianos em 1870. Até 1913, o total exato é de 1.291.280, um mar de gente que motivou incontáveis estudos sobre sua contribuição à agricultura, comércio e indústria, principalmente no Estado de São Paulo, e sobretudo para nossa formação cultural. Nas décadas seqüentes o fluxo diminui acentuadamente e é quase nulo nos anos da guerra, havendo então a retomada de certa intensidade por volta de 1950. "Queria entender como esses imigrantes do pós-guerra, apesar de terem vindo em menor quantidade, influíram na economia brasileira", explica a historiadora.

O interesse se justifica, pois havia uma diferença importante em relação aos patrícios da virada do século: a especialização. "Se os que chegaram antes eram analfabetos em 90%, os que vieram depois eram alfabetizados e quase todos sustentando alguma qualificação", acrescenta. A qualificação era um critério importante para aprovação do governo brasileiro, que incentivava a indústria e não se interessava em receber novas levas de mão-de-obra barata".(Fonte: Unicamp)

terça-feira, 18 de maio de 2010

História (196 ): Imigrantes piemonteses em números (2)

No site da Regione Piemonte mostra também números das imigração no período 1901-1913. 

"Secondo periodo: dal 1901 al 1913 “Negli anni dal 1901 al 1914, l'emigrazione piemontese dimostra un andamento irregolare, con una tendenza all'aumento. I valori più bassi si incontrano all'inizio del periodo, quando questi stanno poco al di sopra delle 40.000 unità. Due sono i momenti di particolare rilievo: il 1906 con 72.190 emigranti ed il 1913 con 78.663.

Francia 230.291
Svizzera 155.456
Germania 26.682
Austria 6.178
Altri Paesi 24.595
Totale 443.202
Stati Uniti 122.278
Argentina 151.030
Brasile 17.128
Altri Paesi 18.893
Totale 309.329
Nel complesso 752.531 ”

História (195 ): Imigrantes piemonteses em números (1)

Sem fazer referência particular ao Brasil, o site da Regione Piemonte, contabiliza o número de piemonteses que país no período 1876-1900.

“In questi anni l'emigrazione piemontese è soggetta a movimenti oscillatori e si manifesta con maggiore intensità nei periodi 1881-1882, 1888-1890, 1892-1894. Nei riguardi dei paesi di destinazione, la Francia occupa il primo posto, da sola supera nel periodo il 55% realizzando una media di circa 15.800 unità; è ragguardevole anche il 23% della parte relativa all'Argentina.

Gli emigranti hanno avuto sempre come direzione principale le regioni del Plata, spingendosi però anche verso Cordoba, Salta e Mendoza. I piemontesi emigranti nelle province argentine si sono dedicati a tutte le professioni: prevalgono gli agricoltori, seguono per importanza numerica i braccianti, gli artigiani e, in più piccola parte, alcuni professionisti, insegnanti, marinai, pescatori, artisti e commercianti. I piemontesi emigranti nelle province argentine si sono dedicati a tutte le professioni: prevalgono gli agricoltori, seguono per importanza numerica i braccianti, gli artigiani e, in più piccola parte, alcuni professionisti, insegnanti, marinai, pescatori, artisti e commercianti”.

Emigrazione piemontese periodo 1876-1900

Francia 393.454
Svizzera 65.703
Germania 7.861
Austria 1.618
Altri Paesi 16.801
Totale 482.437
Stati Uniti 18.785
Argentina 165.128
Brasile 22.253
Altri Paesi 20.473
Totale 226.639
Nel complesso 709.076

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Oriundi: Cleyde, mais um talento da família Becker Yáconis (2)

A força melodramática de Cleyde Yáconis também conquistou fãs na televisão, como lembra o site da Fundação Nacional das Artes (Funarte) "Entra para a televisão em 1966, na TV Paulista, mas logo é levada por Cassiano Gabus Mendes para a TV Tupi de São Paulo, onde aparece nas novelas O Amor Tem Cara de Mulher (1966), Mulheres de Areia (1973) e Gaivotas (1979).

Na TV Globo, faz Rainha da Sucata (1990), Vamp (1991) e As Filhas da Mãe (2001). Em 2006, na TV Record, trabalha em Cidadão Brasileiro. Em teatro, brilha mais uma vez em 2002 ao lado de Sergio Britto, em Longa Jornada de um Dia Noite Adentro, de Eugene O’Neill, sob a direção de Naum Alves de Souza. Em 2003 conquista o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) pelo conjunto da obra. Neste mesmo ano, recebe o Prêmio Nacional Jorge Amado de Literatura & Arte do Governo da Bahia.

Em 2005 é agraciada com a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura. Por sua interpretação na primeira montagem brasileira de Cinema Éden, de Marguerite Duras, com direção de Emílio Di Biasi, é indicada em 2005 para o Prêmio Shell de Teatro. Em 2006 subia novamente ao palco em A Louca de Chaillot, de Jean Giradoux, peça inédita nos palcos brasileiros, sob o comando dos jovens diretores Ruy Cortez e Marcos Loureiro. Em 2010 faz parte do elenco da novela Passione (Rede Globo).

Oriundi: Cleyde, mais um talento da família Becker Yáconis (1)

Entre os Becker Yáconis não foi só o talento artístico da então Cacilda Bcker que brotava na década de 40. Sua irmã, Cleyde Yáconis, também se firmaria como nome de grande sucesso nos palcos e na TV. O site da Fundação Nacional das Artes (Funarte) assim retrata a atriz, filha de Edmundo Radamés Yacónis (descendente de gregos e italianos calabreses que imigraram para o Brasil em 1880) e Alzira Becker.

“Cleyde Becker Yáconis nasce em Pirassununga, São Paulo, em 14 de novembro de 1923. As dificuldades da sua infância pobre aumentam aos 4 anos de idade quando o pai abandona a família. Incentivada pela mãe professora, faz o curso normal e, simultaneamente, o de enfermagem, com a ideia de se formar em medicina. Em 1950, levada pela irmã Cacilda Becker, trabalha no guarda-roupa do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Mesmo sem intenção de se tornar atriz, substitui Nydia Licia no papel de Rosa Gonzalez, em O Anjo de Pedra, de Tennessee Williams. Por sua atuação, Ziembinski a convida para o papel de Annette, em Pega-fogo, de Jules Renard. Com isso, desiste de prestar exame para a Faculdade de Medicina.

No ano seguinte, 1951, torna-se a atriz-revelação do teatro paulista, premiada pela Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT), por sua atuação em Ralé, de Maximo Gorki. De 1950 a 1964 participa de 35 montagens no TBC, entre as quais, Santa Marta Fabril S.A., de Abílio Pereira de Almeida (1955); Adorável Júlia, de Marc-Gilbert Sauvajon (1957); e A Morte do Caixeiro-viajante, de Arthur Miller (1962). Mas é em 1953 que ganha seu primeiro grande papel no TBC, a Senhora Flora, protagonista de Assim É Se lhe Parece, de Luigi Pirandello, quando abiscoita o Prêmio Governador do Estado como melhor atriz do ano. Em Maria Stuart, de Schiller(1955), também é premiada como melhor atriz: Prêmio Saci.

Três anos depois, ao lado de Cacilda Becker, Ziembinski, Walmor Chagas e Fredi Kleeman, funda o Teatro Cacilda Becker. A companhia estreia com O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna, em maio de 1958. Em 1964 tem outro desempenho consagrador: vive nos palcos Yerma, de Garcia Lorca, dirigida por Maurice Vanneau. Durante a temporada de Vereda da Salvação, de Jorge Andrade, é detida pela ditadura militar, mas o prestígio de Cacilda faz com que seja liberada. Desliga-se do TBC e, em 1965, a convite de Nelson Rodrigues, aceita viver a prostituta Geni de Toda a Nudez Será Castigada, com direção de Ziembinski. Por seu desempenho é premiada com o Molière. Em 1966 integra o Grupo Opinião em Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come, de Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar, com direção de Gianni Ratto.

Em 1967 substitui Teresa Rachel em Édipo Rei, de Sófocles, e dá vida a outra grande personagem, Jocasta, a mãe de Édipo, este vivido por Paulo Autran, sob a direção de Flávio Rangel. Em 1976 faz A Rainha do Rádio, de José Safiotti Filho, direção de Antonio Abujamra. Em 1988 dá início à parceria com o diretor Ulysses Cruz com Cerimônia do Adeus, de Mauro Rasi, em que interpreta Simone de Beauvoir. Em 1995, com o mesmo diretor, atua em Péricles, Principe de Tiro, de Shakespeare".

domingo, 16 de maio de 2010

Oriunidi: Cacilda, a morte e o poeta

"Numa apresentação vespertina para estudantes secundaristas, durante o intervalo da peça Esperando Godot de Samuel Beckett, Cacilda Becker sentiu fortes dores de cabeça e levada às pressas para um hospital foi submetida a uma cirurgia. Trinta e nove dias após a internação, faleceu vítima de um aneurisma cerebral: era 14 de junho de 1969 e o país vivia sob o olhar censor do regime militar". (Joceley Vieira de Souza- Revista USP).

"Cacilda partiu deixando o Brasil em estado de coma político: muito sangue ainda iria jorrar, manchando indelevelmente a consciência nacional. Ela, que pregava a arte pela arte, que nunca fora uma artista engajada, deixou-nos como legado uma trajetória corajosa de doação à cultura brasileira que tanto amou, conquistando um lugar que poucos ocupam na história do nosso teatro. O Brasil sobreviveria ao AI-5, mas com seqüelas graves. Ainda sofremos em conseqüência das lesões profundas causadas pelo aneurisma militar que, por 21 anos, colocou o país em vida política vegetativa e nos legou uma atrofia social e cultural contra a qual ainda lutamos" (Biografia de Cacilda Becker – “CACILDA BECKER: FÚRIA SANTA” - Luis André do Padro)

“A morte emendou a gramática / Morreram Cacilda Becker / Não eram uma só. Eram tantas..” (do poeta Carlos Drummond de Andrade ao saber da morte da atriz)

Oiriundi - : Cacilda Becker, atriz completa

A carreira de Cacilda Becker passou do amadoreimso para o profissionalismo pleno de êxito ainda na década de 40. 


"Em 1943, ingressa no grupo criado por Décio de Almeida Prado, Grupo Universitário de Teatro - GUT, no qual participa de três espetáculos: Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente; Os Irmãos das Almas, de Martins Pena; e Pequenos Serviços em Casa de Casal, de Mário Neme. Trabalha, em 1944, na Companhia de Comédias de Bibi Ferreira.

Em 1945, volta ao GUT, atuando em Farsa de Inês Pereira e do Escudeiro, de Gil Vicente, direção de Décio de Almeida Prado. Colabora com Os Comediantes na remontagem de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, no papel de Lúcia, a irmã da protagonista, em 1947. Ainda nesse ano, sob o mesmo conjunto, participa também de Era Uma Vez um Preso, de Jean Anouilh, com direção de Ziembinski; Terras do Sem Fim, adaptação de Graça Mello do livro de Jorge Amado, dirigido por Zigmunt Turkov; e Não Sou Eu..., de Edgard da Rocha Miranda, mais uma encenação de Ziembinski. Em 1948, protagoniza A Mulher do Próximo, texto e direção de Abílio Pereira de Almeida, um dos espetáculos inaugurais do Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, em sua fase amadora. É a primeira profissional a ser contratada pela companhia. Está presente em quase todas as montagens do conjunto entre 1949 e 1955, com destaque para Nick Bar...Álcool, Brinquedos, Ambições, de William Saroyan e Arsênico e Alfazema, de Joseph Kesselring, ambos dirigidos por Adolfo Celi em 1949.

Em 1950, participa de A Ronda dos Malandros, de John Gay, espetáculo polêmico de Ruggero Jacobbi. No Teatro das Segundas-Feiras, acontece a sua primeira consagração. Pega Fogo, de Jules Renard, inicialmente formando um programa triplo ao lado de outros dois textos, torna-se um grande sucesso, entrando em carreira no horário nobre do teatro e permanecendo em cartaz por muito tempo. Atua em Seis Personagens à Procura de Um Autor, de Luigi Pirandello, novamente dirigida por Celi, e A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, encenação de Luciano Salce, ambos em 1951.

No ano seguinte, está em Antígone, de Sófocles (1º ato) e de Jean Anouilh (2º ato). Em 1955, é antagonista de sua irmã, Cleyde Yáconis, em Maria Stuart, de Schiller, novamente com o diretor Ziembinski. Despede-se do TBC em 1957 e funda um ano depois, com Walmor Chagas, Ziembinski, Cleyde Yáconis e Fredi Kleemann, o Teatro Cacilda Becker - TCB, no qual desempenha sua carreira durante 22 anos. Em 1958, está em Jornada de um Longo Dia para Dentro da Noite, de Eugene O'Neil, representando Mary Tyrone, personagem vinte anos mais velha do que ela; protagoniza A Visita da Velha Senhora, de Dürrenmatt, 1962; é premiada com medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais - ABCT, como melhor atriz de 1965, pelas peças A Noite do Iguana, de Tennessee Williams, e O Preço de um Homem, de Steve Passeur. Sob a direção de Maurice Vaneau, interpreta a protagonista de Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?, de Edward Albee, também em 1965. O crítico Décio de Almeida Prado relembra: 'A prolongada sessão de terapia pela bebida, pela flagelação e autoflagelação que é Quem Tem Medo de Virgínia Woolf? deu-lhe ensejo para uma de suas maiores criações. À medida que a sua voz e a sua dicção se tornavam pastosas, que as insinuações sexuais, deliberadamente vulgares, se explicitavam, aumentava a alucinante fusão estabelecida entre intérprete e personagem. Uma senhora, dias depois de assistir ao espetáculo, não se conteve quando lhe falaram em Cacilda Becker, 'Bêbada', murmurou indignada.Cacilda se queixou, aliás, de espectadores que, terminada a peça, na hora dos agradecimentos, avançavam para o palco e a insultavam baixinho'.

Os efeitos da ditadura militar sobre a atividade teatral fazem surgir uma Cacilda Becker militante das causas de sua classe. Demitida da TV Bandeirantes, sob a alegação de que suas interpretações são subversivas. A atriz assume a presidência da Comissão Estadual de Teatro de São Paulo, lugar que enfrenta a repressão em defesa dos direitos dos artistas e produtores. Quando, em 1968, o espetáculo Primeira Feira Paulista de Opinião sofre 71 cortes de censura no dia do lançamento, a atriz surge no proscênio e se responsabiliza pela apresentação do texto na íntegra, em um ato de rebeldia e desobediência civil. Sua convicção faz com que os censores e agentes federais presentes no teatro acatem sua decisão e assistam ao espetáculo.(Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural)

sábado, 15 de maio de 2010

Oriundi - Nasce uma estrela: Cacilda Becker Yáconis (2)

No site Revista da História (USP), Joceley Vieira de Souza escreve sobre o livro CACILDA BECKER: FÚRIA SANTA, uma biografia da atriz de autoria de Luis André do Padro.

"Seria na cidade de São Paulo que firmaria sua carreira e confirmaria seu talento: convidada por Décio de Almeida Prado passou a integrar o elenco de amadores do Grupo Universitário de Teatro (criado e dirigido pelo intelectual) vinculado ao Fundo de Pesquisa da USP. Sua interpretação de Brízida Vaz, em O auto da barca do inferno (1943), de Gil Vicente rendeu-lhe algum reconhecimento e daí para o Teatro Brasileiro de Comédias-TBC02 foi um passo.

Nesse grupo de amadores foi a primeira a se profissionalizar, assinando um contrato de trabalho e recebendo mensalmente o mais alto salário. Protagonizou inúmeros sucessos, grandes clássicos da dramaturgia mundial e a cada montagem seus dotes artísticos eram melhor elaborados, o sentido da arte era apreendido, dado o alto nível de erudição dos diretores estrangeiros com quem trabalhou e se formou.

Dessa maneira, o respeito como artista foi se solidificando à medida que galgava o lugar definitivo como principal intérprete de sua época. Sua notabilização foi tamanha que desmentiu o presságio do diretor polonês Zbigniew Marian Ziembinsky, segundo o qual ela nunca seria uma atriz".

Oriundi - Nasce uma estrela: Cacilda Becker Yáconis (1)

O teatro brasileiro tem sua eterna primeira-dama: Cacilda Becker Yáconis, filha imigrante italiano, que, se viva, completaria em 2010, 89 anos. Heloisa Pontes, professora do Departamento de Antropologia da Unicamp é autora do texto “A burla do gênero: Cacilda Becker, a Mary Stuart de Pirassununga”. A docente assim escreve sobre a inserção da atriz no mundo da dramaturgia.

"Quando Cacilda nasceu, em 1921, os pais moravam num sítio em Pirassununga, numa casa de pau-a-pique sem água encanada (cf. Prado, 2002, p. 35). Aos seis anos, ela e suas duas irmãs mais novas, Cleyde e Dirce, mudaram-se para São Paulo, com a mãe Alzira Becker (filha de imigrantes alemães protestantes que para cá vieram em 1860) e o pai Edmundo Radamés Yacónis (descendente de gregos e italianos calabreses que imigraram para o Brasil em 1880). Moraram um ano num bairro de periferia.

O pai passava a maior parte do tempo longe das filhas e da mulher, que praticamente tinha de sustentá-las sozinha. Sem a proteção da família extensa, que ficara em Pirassununga — e lá vivia em situação de extrema pobreza, enfrentando os 'vícios da pobreza' e as necessidades superadas 'à custa de dolorosas e vergonhosas humilhações' —, Cacilda, a mãe e as irmãs atravessaram um dos períodos mais difíceis de suas vidas. Nas palavras da atriz, 'até passamos fome. Fui obrigada um dia a roubar um pé de verdura para o almoço. Machuquei o pé e tive tétano.

Roubar, acho que não foi importante: a fome é que me dói até hoje' (trecho de depoimento de Cacilda Becker, cf.Vargas e Fernandes, 1995, p. 24). A relação dos pais, que já era ruim, tornou-se insustentável nesse período, culminando com a separação, em 1929, e a volta de Alzira e suas três filhas para a casa dos avós maternos em Pirassununga. Pouco tempo depois, com o novo emprego da mãe, que se tornara professora primária numa escola rural localizada numa fazenda a sessenta quilômetros de Pirassununga (e cujos trabalhadores eram, em sua maioria, imigrantes japoneses ou descendentes), Cacilda tomou para si a tarefa de 'substituir' o pai.

A decisão, acalentada no ano 'mais amargo e marcante' da sua vida, foi tomada numa noite de insônia, quando teve a clara noção de que 'virara gente'. Tinha então nove anos. A partir daí passou a "agir como um pai" e "obrigou" a mãe a deixar a fazenda e ir para Santos, para que ela e as irmãs pudessem estudar. Em suas palavras, "nós éramos três meninas. Lindas, inteligentes, sensíveis, precoces, com mamãe. Abandonadas pelo papai. Praticamente sozinhas no mundo. E a vida foi dura" (Idem, p. 28).

Em Santos, moravam em um chalé de madeira alugado. Dos três cômodos, um foi transformado em sala-cozinha. O banheiro ficava do lado de fora da casa, no chuveiro apenas água fria. A mobília era improvisada com caixotes pintados. Graças ao trabalho da mãe como professora primária, puderam voltar à escola e concluí-la sem as interrupções freqüentes de antes. Os uniformes eram costurados à mão, reaproveitando roupas usadas; os cadernos escolares, confeccionados com folhas de papel de embrulho (cf. Prado, pp. 75-77). Sapatos eram artigo de luxo. Cacilda tinha 14 anos quando usou o primeiro par. Entende-se, assim, que ela não tivesse saudades da adolescência. O que não quer dizer que fosse infeliz. Pois se a pobreza era muita e o conforto quase nenhum, ela e as irmãs tinham, em "compensação", uma liberdade de movimentos maior que a habitual na época para as moças solteiras.

Cacilda que adorava dançar, experimentou-se como dançarina moderna e amadora, travando contatos e amizades interessantes, como a de Flávio de Carvalho (que por ela se enamorou) e de Miroel Silveira, que, além de lhe franquear o acesso à intelectualidade e aos artistas de Santos que freqüentavam a casa de seus pais, foi o maior responsável pela inserção de Cacilda no mundo do teatro. Vendo que a vontade dela de se tornar dançarina profissional tinha poucas chances de se concretizar, e estando a par das transformações em curso no teatro carioca, Miroel escreveu para a encenadora Maria Jacintha indicando Cacilda, que a aproveitou na peça que o Teatro do Estudante estava em vias de montar: 3200 metros de altura, apresentada em 1941. Nela e no papel de Zizi, Cacilda fez a sua estréia no teatro”.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

História (194 )- "Far l'America" (111): Miséria e imigração na Calábria

No site do comume San Mango d'Aquino (Calábria) fica claro o grande motivo da sáida em massa dos calabreses rumo a outros países no final do século XIX. “Si emigra perché si è miseri e perché la libertà non ha ancora creato, e forse non creerà mai, così com’è intesa e praticata oggi, un vero legame di solidarietà fra le classi” scrive De Cesare, ed il libro Cuore di Edmondo De Amicis (pubblicato in mille copie a Milano il 15 ottobre 1886, primo giorno di scuola nelle elementari di tutta Italia, e arrivato nel 1923 ad un milione di copie) contiene già la figura di “un ragazzo di viso molto bruno, coi capelli neri, con gli occhi grandi e neri, con le sopracciglia folte e raggiunte sulla fronte; tutto vestito di scuro, con una cintura di marocchino nero intorno alla vita” che il Direttore accompagnava in classe e che “guardava noi con quegli occhioni neri, come spaurito”: è un piccolo italiano nato a Reggio Calabria. Dice il maestro: “Vogliategli bene, in maniera che non s’accorga di essere lontano dalla città dove è nato; fategli vedere che un ragazzo italiano, in qualunque scuola italiana mette il piede, ci trova dei fratelli” (fonte: San Mango d'Aquino).

História (193 )- "Far l'America" (110): Crise econômica e êxodo na Calábria

Um site do comume San Mango d'Aquino (Calábria) aponta a relação entre crise econômica e diáspora no final do século XIX.

“Nel 1871 la popolazione del Meridione è di 6.884.863 unità e la Calabria è popolata da 1.206.302 abitanti; il numero dei senza professione (466.305) è nettamente superiore agli addetti all’agricoltura (336.281). Nel 1880 scoppia la crisi dell’agricoltura e nasce il protezionismo; il prezzo del grano crolla e gli effetti sono rilevanti in Italia, dove il sistema economico nazionale è ancora in via di formazione. In Calabria la congiuntura favorevole che si è manifestata grazie anche all’incremento della produzione di vini, agrumi e olio si arresta, l’economia non riesce a sostenere un peso demografico diventato eccessivo rispetto alle risorse e a correggere lo squilibrio interviene l’emigrazione verso l’estero.

All’inizio poche centinaia di partenze all’anno, poi il flusso s’ingrossa. Una relazione del 1863 sullo stato della Prima Calabria Ulteriore ci dice che è in corso la migrazione stagionale dei “vanghieri” cosentini nelle terre del basso Mesima; nel 1867 la cifra dei calabresi emigrati è di appena 900 persone; nel 1874 l’inchiesta Franchetti sulle condizioni economiche delle province napoletane registra l’emigrazione di calabresi che vanno a lavorare le terre del Nisseno; nel 1876 gli emigrati sono 530; nel 1880 sono 2.722; nel 1882 il flusso supera le 10mila unità, nel 1893 arriva a 19mila.

All’inizio del Novecento gli emigrati calabresi ammontano, in tutto, a 276mila unità, ed il 90% è diretto verso i paesi transoceanici. Fino al 1875 il movimento migratorio interessa in maggioranza l’Italia Settentrionale e si dirige in prevalenza verso i paesi europei e quelli del bacino del Mediterraneo; tra il 1870 ed il 1900 la Francia, per esempio, accoglie in media 40 mila emigrati italiani all’anno. Nel 1887 si registra la prima inversione di tendenza e 129 mila italiani si dirigono verso l’America, mentre 82 mila scelgono l’Europa. Argentina, Uruguay, Brasile… e sulle rive del Rio de la Plata nasce il sogno di realizzare una “più grande Italia”. (fonte: San Mango d'Aquino)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

História (192 )- "Far l'America" (109): Imigração e saudade

"La saudade". Esse é o título de um texto publicado no site do Museo dell´Emigrazione do comune di Francavilla Angitola que fala sobre o êxodo de cidadão locais rumao ao Brasil

"Malinconia…tristezza…lontananza.. non è facile spiegare il significato di questa parola (saudade). 
La magia di posti splendidi e incontaminati, l’allegria e la cordialità dei brasiliani, la bellezza delle ragazze, il samba e la caipirinha…..forse la “saudade” sono tutte queste cose messe insieme. A mio parere si tratta di un sentimento universale il cui nome esiste solo nella lingua portoghese. Se si volesse abbozzare una traduzione in italiano, forse quella che più assomiglia sarebbe “nostalgia” ma si tratterebbe senz’altro di una trasposizione infedele e sicuramente incompleta. Forse, ma solo forse, la genesi di questa parola ha cercato di fornirmela una brasiliana doc, diremmo noi, mia cugina Carina, la quale quando venne per la prima volta in Italia mi disse che, probabilmente, la “saudade “ è quel “ desiderio malinconico a metà tra speranza e consapevole improbabilità “, questo, almeno, è quello che io ho capito!!! Ed è dalle lettere dei nostri emigranti che si colgono appieno la testimonianza delle passioni, della tristezza, dei pregi e dei difetti della loro vita quotidiana nonché i drammi incontrati e vissuti così lontani da casa.

L’emigrante imparava a convivere con i sentimenti della malinconia e della nostalgia che lo attanagliava continuamente senza tregua. Rimaneva nel paese ospite solo per necessità di tipo economico, pensando continuamente al ritorno in patria, a quando ritroverà la sua famiglia, le abitudini, i sapori e gli odori della sua terra. La decisione di emigrare, raramente era il frutto di una libera scelta, ognuno affrontava le difficoltà del lungo viaggio con la speranza che un giorno sarebbe tornato in patria.

Le cose, però, con il passare degli anni cominciarono a cambiare: il nostro emigrante cominciò ad adattarsi al nuovo ambiente sociale, imparò a convivere con la diversità di usi e costumi e, cosa più importante, assimilò la lingua e le abitudini di vita e sebbene continuasse a rimpiangere il suo paese natale, non viveva più la sua condizione di emigrante in maniera negativa, ma si impegnava per consolidare e migliorare la sua condizione.

Oggi, la stragrande maggioranza dei figli dei nostri emigrati in Brasile, è laureata ed occupa posti di lavoro importanti e dignitosi. L’emigrante italiano in Brasile, oggi, è pienamente brasiliano, lo è nel cuore e nell’anima. Per lui, essere brasiliano, non indica tanto l’appartenenza ad un popolo ma è qualcosa di più profondo.. è un sentimento… un modo di essere e di porsi nei confronti della vita. E’ questa, forse, la diversità maggiore che si coglie tra chi è emigrato in Brasile e chi invece si trova in tutt’altra parte del mondo. Se è vero che il concetto di emigrazione è uguale dappertutto, è altrettanto pacifico che chi è emigrato in Svizzera piuttosto che in Germania non si sente parte di quelle nazioni a differenza di chi, invece, è emigrato in Brasile ed è divenuto un tutt’uno con quella gente". ( Mimmo Aracri - Francavilla)

História (191 )- "Far l'America" (108): A diáspora a partir da Calábria

Francavilla Angitola é uma cidade da região da Calábria, província de Vibo Valentia, com cerca de 2.357 habitantes. Estende-se por uma área de 28 km2, tendo uma densidade populacional de 84 hab/km2. A cidade se orgulha de conservar no Museo dell’Emigrazione, um importante acervo da diáspora italiana nos séculos XIX e XX. Sob o título “Un dramma del nostro tempo: l’emigrazione – La via brasiliana", o site do Museo ell’Emigrazione relata momentos desses dois períodos históricos nos quais “cittadini francavillesi” deixaram sua terra natal e partiram rumo ao Brasil.

“L'Italia, nel 1870, nel cosiddetto periodo della grande emigrazione, aveva finalmente raggiunto l'unità. Realizzata l'unità, rimaneva il grosso problema di riunificare il popolo, lo spirito italiano, l'identità italiana. Questo fu veramente il più grosso problema che si pose allora e che provocò un lungo periodo di instabilità politica, sociale ed economica. L'Italia dell'epoca, si trovava quindi con una popolazione, soprattutto quella rurale, con enormi problemi di sopravvivenza che, se nel settentrione era notevole, nel meridione e già da allora in Calabria, era addirittura devastante tanto da denominarla  'questione meridionale' .

In questo contesto, l'emigrazione non era soltanto sostenuta dai governi di allora, ma costituiva l'unica soluzione di sopravvivenza per le famiglie. Il Brasile, a sua volta, aveva la necessità di popolare un territorio sterminato mettendo a coltura il maggior numero di terre e sostenere un modello di crescita economica improntato all'esportazione di alcuni prodotti, in particolare il caffè. I governi brasiliani iniziarono quindi a promuovere l'arrivo di emigranti arrivando a gestire tale promozione attraverso due provvedimenti: il pagamento della traversata atlantica e la preferenza ad accogliere non più singole persone, ma interi nuclei familiari, ai quali venivano assegnati della case, o per meglio dire delle baracche, e dei piccoli appezzamenti di terreno. Ovviamente, agli occhi dei francavillesi di allora, era questo il vero "eldorado ".

Le prime partenze verso il Brasile dei cittadini francavillesi avvennero tra la fine dell'800 e gli inizi del 1900, ma fu nell’immediato dopoguerra a cavallo del 1950 che si ebbero i distacchi più dolorosi in quanto questi a differenza degli altri furono caratterizzati dal fatto che chi partiva aveva in mente di rimanere a lungo, se non per sempre, in quella terra; il viaggio, infatti, non era più gratuito come nel secolo passato e quindi chi partiva difficilmente poteva tornare!!!...... Proprio in quegli anni e precisamente nel 1948, fu Rosario De Caria di professione musicista, a riaprire la strada verso il Brasile e fu lui, si dice, dopo essersi sposato con Julia Patti a combinare il matrimonio di Totò Farina con la sorella della moglie Flora Patti, entrambe brasiliane. Seguirono poi gli altri fratelli Farina, Vincenzo Nicola sposatosi con Silvia Attala, Maria che si sposò nel 1952 con un brasilero di nome Armando Vittilo e Foca Alfredo, marito di Nina Aracri che raggiunse il consorte un paio di anni dopo, precisamente nel giugno del 1953.

A differenza di quanto avveniva in precedenza, quando il viaggio era gratuito, adesso, partiva un familiare alla volta; con Nina Aracri , infatti, partì soltanto il figlio Peppino, mentre Maddalena, partì anni dopo, appena in tempo di vedere nascere la sorella Silvana. Ad onor del vero, due anni prima, Maddalena cercò di partire, ma fu respinta poco prima di imbarcarsi dal porto di Napoli per un glaucoma all’occhio ritenuto all’epoca molto contagioso; giunse in ogni caso in Brasile il 5 dicembre del 1955 e a 19 anni sposò Celso Araùjo Roberto discendente italo-tedesco; adesso hanno tre figlie Carina Franca di professione avvocato ed insegnante, Simone Carla specialista in protesi dentarie e Amanda commissario di bordo nell’aeronautica. Lo stesso viaggio intrapresero le sorelle Ciliberti, Concettina, Maria e Barbarina con i fratelli Mario e Nicola; emigrarono pure i fratelli Aracri (Sarina, Antonio, Giovanni, Mario e Nina) di Pizzo ma originari di Francavilla per parte della mamma Talora .

Uno di questi, Giovanni Aracri, dopo un lungo soggiorno estivo a Francavilla, nell’imbarcarsi, morì all’improvviso sull’aereo che stava per decollare per rientrare in Brasile.Ben otto sono poi gli eredi di Francesco Bilotta e di Cerasia Bettina anche loro emigrati in Brasile.

Tutti questi nuclei familiari, scommettevano in un mondo che stava cambiando e si stabilivano nella metropoli di San Paolo, attirati dal grande sviluppo edilizio ed industriale della metropoli brasiliana o nei centri limitrofi. Questa scelta, generalmente, non coronava gli sforzi dell’emigrante, che rimaneva straniero sia nel paese di emigrazione che straniero in Patria. Diversamente, oggi, le generazioni contemporanee, vivono la loro vita in maniera più razionale e in modo meno traumatico.

La ragione di questo diverso approccio risiede sicuramente nel fatto che la facilità delle comunicazioni attraverso il telefono ma anche attraverso internet, non crea più il senso di abbandono che provavano gli emigranti di qualche anno fa. Le distanze poi non sono così enormi da ricoprire, con gli attuali mezzi di trasporto si può raggiungere qualunque posto in meno di ventiquattro ore. In ogni caso, anche per loro, che magari non l’hanno vista ma che l’hanno sicuramente amata l’Italia resterà sempre un paese meraviglioso" (Fonte: Francavilla)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

História (190 )- "Far l'America" (107): Friuli e a grande imigração

O siteArchivio Multimediale della Memoria dell’Emigrazione  (Friuli Venezia Giulia) conta em breves palavras como foi noticiado, entre os friulanos, o fato de o Brasil imperial ter adotado uma política oficial para atrair imigrantes.

  "Le prime notizie relative alla possibilità, per gli abitanti dell’attuale regione Friuli Venezia Giulia, di raggiungere come emigranti le campagne del Brasile risalgono al 1872. L’8 giugno di quell’anno, infatti, il Console Generale del Brasile a Trieste Barone Mario de Morpurgo invia all’Eccellentissimo Imperial Regio Governo Marittimo della città giuliana alcuni esemplari e relativa traduzione del contratto sottoscritto il 31 gennaio precedente a Porto Alegre, nello stato del Rio Grande do Sul, da Jeronymo Martiniano Figueira de Mello, Presidente della Provincia di São Pedro do Rio Grande do Sul e da Caetano Pinto & Irmão e Holtzweissig & C.ª per l’introduzione di quaranta mila coloni nell’arco di dieci anni . Nella lettera che accompagna la copia del contratto, il Console Generale chiede di rendere l’accordo “di pubblicità per scienza e conoscenza di chi possa interessare tale stipulazione per parte di quel Governo [brasiliano] onde non venire eventualmente ingannati dai contrattatori o loro incaricati”.

História (189 )- "Far l'America" (106): Doenças e mortes a bordo

No site do recém-criado Museo Nazionale dell' Emigrazione Italiana Museo Nazionale dell’Emigrazione Italiana há um breve relato das dificuldades enfrentadas por quem decidiu partir em busca de uma nova vida nas Américas, no final do século XIX.

"Per dormire, «l’emigrante si sdraia vestito e calzato sul letto, ne fa deposito di fagotti e valigie, i bambini vi lasciano orine e feci; i più vi vomitano; tutti, in una maniera o nell’altra, l’hanno ridotto, dopo qualche giorno, in una cuccia da cane. A viaggio compiuto, quando non lo si cambia, ciò che accade spesso, è lì come fu lasciato, con sudiciume e insetti, pronto a ricevere il nuovo partente» (Teodorico Rosati, ispettore sanitario sulle navi degli emigranti, 1908). In tali condizioni, contrarre una malattia è frequente, e non mancano i decessi come rivela il diario di bordo del piroscafo “Città di Torino” nel novembre 1905: «Fino ad oggi su 600 imbarcati ci sono stati 45 decessi dei quali: 20 per febbre tifoide, 10 per malattie broncopolmonari, 7 per morbillo, 5 per influenza, 3 per incidenti in coperta».

Tra i casi più clamorosi di “vascelli fantasma” con decine di morti durante la traversata, il “Matteo Brazzo”, nel 1884, in un viaggio di tre mesi con 1.333 passeggeri ha avuto 20 morti di colera ed è stato respinto a cannonate a Montevideo; il “Carlo Raggio” in un viaggio del 18.12.1888 con 1.851 emigranti ha avuto 18 vittime per fame e in un altro viaggio, del 1894, 206 morti di cui 141 per colera e morbillo; il “Cachar” che partito per il Brasile il 28.12.1888 con 2.000 emigranti ha avuto 34 vittime per asfissia e altri per fame; il “Frisia” in viaggio per il Brasile il 16.11.1889 ha avuto 27 morti per asfissia e più di 300 ammalati; nello stesso anno sul “Parà” un epidemia di morbillo uccide 34 persone; il “Remo”, partito nel 1893 con 1.500 emigranti, ha avuto 96 morti per colera e difterite e fu respinto dal Brasile; l’“Andrea Doria” nel viaggio del 1894 ha contato 159 morti su 1.317 emigranti; sul “Vincenzo Florio” nello stesso anno i morti sono stati 20 su 1.321 passeggeri.Infine, le navi per emigranti, per tutto l’Ottocento, mancavano di infermerie, ambulatori e farmacie, tanto che, tra il 1897 e il 1899, più dell’1% degli arrivati a New York è respinto in Italia perché ridotto in cattivo stato dai disagi e dalle sofferenze del viaggio".