quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

História 13- O explendor da arquitetura do italiano Giuseppe Landi no Pará


Por volta de 1750, o arquiteto Giuseppe Antonio Landi, natural de Bologna, começaria um extenso trabalho no Norte do Brasil, mais especificamente no Pará. Profissional experiente, tendo já atuado em Lisboa a serviço da Coroa, Landi constrói em estilo neoclássico, edifícios religiosos e civis, na cidade de Belém.

 Landi, nasceu em Bolonha, Itália, no ano de 1713. Formou-se na Academia Clementina de Bologna, a mais importante instituição de ensino de Belas-Artes da Itália, foi discípulo de Ferdinando Bibiena, membro de uma famosa família de arquitetos bolonheses que também se destacavam como decoradores teatrais

Em 1742, já formado, Landi leciona Arquitetura na Academia Clementina e, em 1747, é eleito membro desta instituição. Em 1750, com a assinatura do Tratado de Madri, o governo português junto com a Espanha, precisa contratar profissionais qualificados para integrar a comissão portuguesa de delimitação dos marcos de fronteira do tratado.A inexistência, em Portugal, de profissionais experientes para integrar essa comissão faz com que o rei D. João V solicite a contratação de profissionais estrangeiros, principalmente, italianos para compor a comissão.Assim, Landi é contratado para desenhar mapas e documentar a natureza da região amazônica, abandonando seu cargo na Academia Clementina.

Em 1753, quando a Comissão Demarcadora de Limites chegou a Belém, a paisagem urbana era composta, em sua maioria, por edificações simples, sem grande expressão arquitetônica. Apenas um empreendimento barroco construído pelos jesuítas se destacava: a igreja de Santo Alexandre. A comissão, da qual Landi faz parte, permanece em Belém por um ano. Em 1754, parte para o interior do Amazonas em missão de demarcação.

Em 1755, há relatos sobre os primeiros trabalhos de Landi como arquiteto: uma intervenção para a capela de Santana, em Barcelos. Em 1761, com a revogação do Tratado de Madri, Portugal suspende oficialmente os trabalhos de demarcação e ordena-se o retorno de Landi a Portugal. Todavia, o governador da capitania do Grão-Pará na época, solicita ao rei a permanência de Landi, que ficou na região por trinta e oito anos. Aqui, ele elabora vários projetos para a capital e para o interior do estado, incluindo arquitetura, retábulos, púlpitos, órgãos, composições em estuque decorativos, esquemas compositivos para pinturas em quadratura, construções efêmeras (arcos e alegorias na paisagem urbana), decoração de livros e desenho de peças de ourivesaria.

Em sua produção paraense, Landi faz uso das duas correntes do barroco italiano setecentista: o Classicizante e o Borromínico. Na decoração, ele emprega o rococó italiano e as pinturas ilusionistas conhecidas como Quadratura.

Devoto fervoroso de Santa Ana, Landi deixou suas marcas na arquitetura religiosa, encontradas nos bairros mais antigos de Belém. O arquiteto participou da concepção das Igrejas do Carmo, Ordem Terceira de São Francisco, Igreja das Mercês, de Santo Alexandre e a Catedral da Sé, além de ter projetado inteiramente as igrejas de Sant’Ana, São João Batista e a Capela do Pombo, todas no entorno da Cidade Velha.  

Além das obras religiosas, o italiano construiu o Palácio dos Governadores, o antigo Hospital Real (atual Casa das Onze Janelas) e a Capela de Santa Rita de Cássia - já demolida. No bairro do Comércio, a construção de residências particulares pelo arquiteto, inaugurou, com 63 anos de antecedência, o que viria a ser conhecido – em 1816 – como neoclassicismo de vertente francesa.


 Landi falece em 1791 na fazenda do Murutucu, de sua propriedade, sem jamais ter retornado à Itália.