domingo, 2 de maio de 2010

Italiani - Eliseu Visconti, um precursor do modernismo no Brasil (1)

Pintor, desenhista, professor, o italiano radicado no Brasil, Eliseu Visconti, deixou um importante legado na história da arte brasileira. De acordo com o site oficial do artista, Eliseu Visconti “nasceu em 30 de julho de 1866, na Vila de Santa Catarina, Comuna de Giffoni Valle Piana, Província de Salerno, Itália. Filho de Gabriel d’Angelo e de Christina Visconti, teria imigrado para o Brasil com um ano de idade, segundo Frederico Barata, seu principal biógrafo e autor do livro oficial do pintor 'Eliseu Visconti e Seu Tempo', de 1944. No entanto, informações posteriores, prestadas inclusive por seu filho, Tobias d'Ângelo Visconti, revelam que Visconti viajou para o Brasil já menino.

Uma carta de próprio punho, encaminhada por Eliseu Visconti em 26 de agosto de 1938 a Oswaldo Teixeira, à época Diretor do Museu Nacional de Belas Artes, constitui o único documento que faz menção ao ano em que Visconti imigrou. De seu texto, depreende-se que sua vinda para o Brasil teria ocorrido em 1873, aos sete anos de idade portanto.

Num trabalho de pesquisa sobre obra do artista, Miriam N. Seraphin (Unicamp) ressalta que "sua formação artística deu-se no Rio de Janeiro, a partir de 1883, no Liceu de Artes e Ofícios, e depois na Academia Imperial das Belas Artes, desde 1885. Por ocasião da Proclamação da República, naturalizou- se brasileiro e participou da reforma da Academia, que a transformou em Escola Nacional de Belas Artes (ENBA). Foi o vencedor do primeiro concurso com prêmio de viagem à Europa, promovido pela nova instituição. No seu período de aperfeiçoamento em Paris (1893-1900) estudou na École des Beaux-Arts, na Académie Julian, e na École Guérin, no curso de composição decorativa de Eugène Grasset.

Os nus femininos dominam a produção artística do jovem Visconti, principalmente durante esse período. No entanto, após seu casamento, em janeiro de 1909, com a francesa Louise Palombe, a temática familiar será uma constante até o final de sua carreira. [Fig. 2] Trabalhou na França por pelo menos mais dois períodos (1904-07 e 1913-20), quando realizou as obras de decoração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e pintou diversos aspectos dos jardins parisienses e de Saint Hubert, onde morou numa propriedade da família de sua esposa.

De 1908 a 1913 foi professor da ENBA no Rio de Janeiro, porém sua atividade principal sempre foi a pintura, da qual tirou seu sustento sem dificuldades”.


A Enciclopédia Itaú Cultural lembra que Visconti, de volta a Europa, realizou, entre 1913 e 1916 (Paris), a decoração do foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e só se fixou definitivamente no Brasil em 1920. Segundo alguns estudiosos, é considerado um praticante do art nouveau e do desenho industrial e gráfico no Brasil, com obras em cerâmica, tecidos e luminárias.

O website do artista destaca que já na fase de maturidade artística (anos 20) ele inicia (1927) a pintura de “paisagens impressionistas de Teresópolis, cheias de atmosfera luminosa e transparente, de radiosa vibração tropical.

Como notou Mário Pedrosa: ‘... Sob a luz tropical ainda indomada de nossa pintura, Visconti é um conquistador da atmosfera. E aquela ciência da luz e do colorido que aprendeu em França vai servir-lhe agora para dominar o vapor atmosférico, sua grande contribuição à nossa pintura’. (Visconti diante das modernas gerações – Correio da Manhã – 1 de janeiro de 1950)”. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1944.

Oriundi - Sangue italiano no Modernismo Brasileiro: a arte de Aldo Bonadei

Em 1906, o casal Claudio e Amélia Bonadei festejavam o nascimento de mais um filho, o sexto da prole. Era Aldo Cláudio Felipe Bonadei, que, anos mais tarde, assinando apenas Aldo Bonadei, passaria a ser reconhecido com um dos grandes nomes da pintura moderna brasileira. No site da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, o perfil do artista é assim traçado.

“(..) Iniciou seus estudos em artes em 1923, com os pintores acadêmicos Pedro Alexandrino e Antonio Rocco. Cursou, ainda, desenho e artes no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Em 1930, foi estudar na Academia de Belas Artes de Florença. Retornou a São Paulo no ano seguinte e, em 1935, passou a integrar o Grupo Santa Helena, formado por pintores, em sua maioria autodidatas, imigrantes ou descendentes de imigrantes, que compartilhavam ateliê no Palacete Santa Helena, na Praça da Sê.

Em 1937, transfere seu ateliê para a casa, no bairro de Moema, em que residia com a família e onde sua mãe e irmã mantinham uma oficina de costuras e bordados e com a qual o artista colaborava realizando, além de desenhos de modelos, trabalhos de manufatura. Embora a pintura seja predominante em sua obra, Aldo Bonadei produziu muitos desenhos, gravuras e trabalhou, ainda, criando figurinos de moda e para teatro e cinema. Bonadei participou da Família Artística Paulista e foi um dos fundadores da Oficina de Arte (O.D.A.). Faleceu em São Paulo, em janeiro de 1974. 'Pode-se dizer que, na história da arte brasileira, poucos artistas tiveram tão grande envolvimento com a pesquisa plástica como Bonadei, que teve a busca de inovação como uma constante em sua trajetória. Nela surgem pesquisas de materiais, de meios de expressão artística e das principais tendências que marcaram o projeto estético da época em que viveu, inclusive com reflexões sobre o seu próprio trabalho'.

O texto acima, escrito por Lisbeth Rebollo Gonçalves, professora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e diretora do Museu de Arte Contemporânea (MAC/USP), para o catálogo da exposição comemorativa dos cem anos de nascimento de Aldo Bonadei, define o percurso estético do artista. Inicia-se no desenho e na pintura acadêmica, mas, alguns anos depois, integra o Grupo Santa Helena que tem como uma das suas características – ao lado da pintura ao ar livre, de paisagens urbanas e suburbanas de São Paulo, e da pintura em ateliê, de modelos e naturezas-mortas – a liberdade de pesquisa da construção do espaço plástico, da cor, da forma. Nos anos 1940, inicia a pesquisa da abstração, a partir do seu contato com a música: pinta ou desenha as sensações que a música lhe provoca. Pesquisa também o cubismo, mas não abandonará jamais por completo o figurativismo. Na verdade, ao longo de seu percurso artístico, Bonadei alternará fases abstrata e figurativa".