segunda-feira, 19 de abril de 2010

Italiani: Franco Zampari e as primeiras temporadas do TBC

"A estréia do TBC dá-se em 1948, com as apresentações de La Voix Humaine, de Jean Cocteau, por Henriette Morineau, em francês, e A Mulher do Próximo, de Abílio Pereira de Almeida, pelo Grupo de Teatro Experimental - GTE, dirigido por Alfredo Mesquita Seguem-se outras produções de amadores até que, em 1949, o conjunto se profissionaliza, lançando Nick Bar...Álcool, Brinquedos, Ambições, de William Saroyan, sob a direção de Adolfo Celi.

A contratação do encenador italiano, formado pela Academia Nacional de Arte Dramática de Silvio D'Amico, é decisiva para o futuro da companhia. Com Celi, o elenco permanente inicia um longo aprendizado técnico e artístico, submetendo-se às exigências de uma montagem moderna, esteticamente sofisticada. Aldo Calvo, o primeiro cenógrafo contratado, ratifica essa opção. Cacilda Becker é a primeira atriz profissionalizada e à sua contratação seguem-se as de: Paulo Autran, Madalena Nicoll, Marina Freire, Ruy Affonso, Elizabeth Henreid, Nydia Licia, Sergio Cardoso, Cleyde Yáconis, entre outros.

Os textos são escolhidos em função das dificuldades técnicas oferecidas mas, igualmente, de olho na bilheteria, no gosto do público. Na temporada de 1949, são apresentados Arsênico e Alfazema, de Joseph Kesselring, e Luz de Gás, de Patrick Hamilton, ambos dirigidos por Celi, exercícios que antecedem as montagens de Ele, de Alfred Savoir; e O Mentiroso, de Carlo Goldoni, primeiras direções de Ruggero Jacobbi na casa. Os tecidos dos figurinos são especialmente confeccionados na tecelagem Matarazzo; armas e adereços são forjados em metalúrgicas, contribuindo para o brilho e o sucesso, sem precedentes, até então". (Fonte:Enciclopédia Itaú Cultural)

Italiani: Franco Zampari e o Teatro Brasileiro de Comédia

Na história do Teatro no Brasil, o nome do napolitano Franco Zampari está associado à criação de uma importante companhia paulistana: o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) fundado em 1948.

“O Teatro Brasileiro de Comédia é o grande modernizador do teatro no país. No comando do TBC está Franco Zampari, italiano radicado no Brasil desde 1922. Em 1945, Franco Zampari escreve uma peça de teatro chamada 'A Mulher de Braços Alçados'.

Napolitano, engenheiro das Indústrias Matarazzo e amante das artes, Zampari apresenta sua peça numa festa da alta sociedade de São Paulo. Essa brincadeira entre amigos é a semente que brota e acaba motivando Zampari para uma dedicação mais profunda ao teatro.

Nas décadas de 30 e 40 predominavam, no teatro brasileiro, espetáculos humorísticos centrados em um ator principal, valorizado por sua capacidade de comunicação direta com o público e suas habilidades de improvisador. O ator era, em geral, o dono da companhia e sua principal atração. Procópio Ferreira, Jaime Costa e Dulcina de Morais são exemplos.

Nos anos 40, uma vontade geral de transformar esse modo de fazer teatro se propaga por grupos amadores, formados por universitários, intelectuais e profissionais liberais. Décio de Almeida Prado funda o Grupo Universitário de Teatro. Alfredo Mesquita dirige o Grupo de Teatro Experimental e funda a primeira escola de atores do Brasil, a EAD - Escola de Arte Dramática, em São Paulo. Esta febre de mudanças tem dois alvos prioritários: o repertório dos textos encenados e a técnica. Movidos pela força da paixão, os amadores brasileiros viabilizam parte desse projeto.

Em 1948, Franco Zampari, associado a um grupo de empresários de São Paulo, cria o TBC - Teatro Brasileiro de Comédia. Transforma um velho casarão em teatro aparelhado com 18 camarins, duas salas de ensaio, uma sala de leitura, oficina de carpintaria e marcenaria, almoxarifados para cenografia e figurinos, além de modernos equipamentos de luz e som. Um luxo para a época. Na noite de 11 de outubro , o TBC estréia com espetáculo duplo. "A Voz Humana", monólogo de Jean Cocteau, interpretado em francês pela atriz Henriette Morineau. Completa a apresentação a peça "A Mulher do Próximo", escrita e dirigida por Abílio Pereira de Almeida. No elenco está a jovem atriz Cacilda Becker, que mais tarde se torna um dos maiores mitos do teatro brasileiro. A estréia é um sucesso.

O TBC renova a sistemática do trabalho teatral. Monta uma equipe fixa, com encenadores estrangeiros como Adolfo Celi, Ziembinski, Ruggero Jacobi, Luciano Salce e Flamínio Bollini Cerri. Além de cenógrafos, iluminadores e cenotécnicos, contrata um corpo de atores que inclui Cacilda Becker, Sérgio Cardoso, Nydia Lícia, Cleyde Yáconis, Paulo Autran, Tônia Carrero e muitos outros nomes importantes para o teatro brasileiro.

A partir de 1949, Zampari expande suas atividades nas artes e inicia a Companhia Cinematográfica Vera Cruz. As histórias da Vera Cruz e do TBC se misturam. Diversos artistas e técnicos trabalham para as duas companhias. Ao longo de sua existência, o TBC alterna grandes sucessos com fracassos de público. As constantes crises econômicas da companhia levam-na ao fechamento em 1964. O TBC é um marco na história do teatro brasileiro.

Formou toda uma geração de atores, diretores e dramaturgos. Suas encenações estão documentadas nestas fotos de Fredi Kleemann, ator do TBC e fotógrafo de teatro. Diversas companhias teatrais têm origem no TBC, como as de Nydia Lícia e Sérgio Cardoso; de Tônia Carrero, Adolfo Celi e Paulo Autran; e de Cacilda Becker. Também o Teatro de Arena e o Teatro Oficina, que apesar de terem propostas diferentes, partem do TBC como referência. O TBC fez uma das mais importantes revoluções no teatro brasileiro ao estabelecer um novo conceito de profissionalismo. Encenou textos de qualidade, com montagens bem cuidadas e renovou o ambiente cultural brasileiro". (Fonte: Tv Cultura)