terça-feira, 4 de maio de 2010

História (178 ) -" Far l´América" (99 ): Imigrantes italianos em São Caetano (2)

O relato dos primeiros tempos da colonização italiana em São Caetano (São Paulo), trabalho das pesquisadoras Eliane Mimesse e Elaine Maschio (Universidade Tuiuti do Paraná, e Faculdade Internacional de Curitiba), mostra claramente as dificuldades enfrentadas pelos pioneiros.

“A extensão de terras da antiga fazenda dos beneditinos foi o local ideal para abrigar os recém-chegados italianos no núcleo colonial de São Caetano, por estar próxima da Capital, ser local de passagem dos trens, além de contar com rios e terras férteis para o plantio e, ainda, pastagens para a criação de animais (...) Mas as condições de vida dos colonos foram extremamente precárias quando de sua chegada, em 28 de julho de 1877. As 28 famílias encontraram em ruínas as construções da antiga fazenda composta pela casa-grande, a capela e as 12 casas das antigas senzalas.

Além disso, moravam no local quatro famílias de brasileiros, três formadas por ex-escravos dos beneditinos e uma família de alemães. Tudo estava por fazer: as casas, as plantações, as divisões dos lotes, as picadas para identificar o local. (...)Nesse período muitos faleceram, principalmente crianças, devido à febre tifóide, o que gerou outros problemas, como falta de um cemitério na colônia e de um padre para encomendar os mortos. A solução foi o comparecimento quinzenalmente de um padre na localidade para celebrar missas, batizar crianças e rezar pelos falecidos.

Mas os mortos ainda não tinham um cemitério. Eram enterrados no de São Bernardo, até que o pároco local não os aceitou mais. Eram então encaminhados ao cemitério da Consolação, na cidade de São Paulo entre 1878 e 1893. A partir desse ano passaram a serem sepultados no recém-inaugurado Cemitério Municipal do Brás, também na cidade de São Paulo, até a construção do cemitério local, no ano de 1911”.

História (177 ) -" Far l´América" (98 ): Imigrantes italianos em São Caetano (1)

Municípios que hoje compõem a Grande Sã Paulo também são testemunhas da história da grande imigração italiana no Brasil. Um deles é São Caetano, que está no centro do trabalho desenvolvidos pelas pesquisadoras Eliane Mimesse e Elaine Maschio (Universidade Tuiuti do Paraná, e Faculdade Internacional de Curitiba).

“Na colônia de São Caetano, os imigrantes eram provenientes da região de Vitório-Vêneto, no Nordeste da Itália, embarcaram em 1877 no vapor Europa na cidade portuária de Gênova e desembarcaram em Santos. Vieram de trem para a Hospedaria dos Imigrantes na cidade de São Paulo, local para onde todos os imigrantes se dirigiam quando chegavam ao país, permanecendo lá por oito dias.

Traziam um prospetto contendo as condições mínimas para o imigrante que tivesse pretensões de fixar-se em um núcleo, na província de São Paulo, na localidade em que o governo disponibilizasse lotes. Seria possível escolher entre três tipos de lotes, com preços diferentes, de acordo com a extensão, além das formas de pagamento. Os colonos que conseguissem quitar o lote antes do prazo, teriam um desconto. Mas isso não ocorreria na colônia de São Caetano.

Depois da parada obrigatória na Hospedaria, os italianos rumaram para São Caetano, de trem. A ferrovia construída pelos ingleses havia sido inaugurada em fevereiro de 1867, com algumas paradas nos locais considerados mais importantes. Existia uma estação na Hospedaria para facilitar o embarque e o desembarque dos imigrantes. A estrada de ferro, que ligava as cidades de Santos e Jundiaí, foi a primeira a ser construída na província de São Paulo e sua inauguração havia sido entusiasticamente anunciada. Em São Caetano ainda não existia uma estação para o desembarque das pessoas, obrigando os imigrantes a saltarem do trem com suas bagagens.”.