domingo, 6 de junho de 2010

Italiani - Federico Gentile, 'imprenditore" no Nordeste

"O construtor Frederico Gentil, nascido em Paola, Itália, em 7 de fevereiro de 1888, estava no grupo ou na denominada Missão Artística Italiana (em Sergipe). Aqui fixou residência, entrou para a Maçonaria em 27 de julho de 1929 e aqui casou-se duas vezes, a primeira com Maria Santos Francisca Gentil, a segunda, em 18 de abril de 1964, com Jair Dantas de Brito Gentil. Frederico Gentil morreu em Aracaju, em 22 de julho de 1970, deixando família. Gentil era construtor licenciado, com escritório na rua de Geru, 163, vizinho da Fábrica Aliança, de Atíllio Gentil, que fabricava ladrilhos e artefatos de cimento em geral e vendia material de construção. Outra firma – A Construtora, de Gentil, Irmãos & Cia Ltda, na rua José do Prado Franco, 463, vendia material de construção, mosaicos, azulejos, material sanitário, cimento, canos de ferro e de chumbo". (Fonte: Fraternidade Maçônica)

Italiani - Gentile, Gatti e “amici” na reforma do Palácio Olimpio Campos em Sergipe

O Palácio Olimpio Campos "teve a sua construção iniciada, provavelmente, no final de 1859, como relata Urbano Neto (NETO, O Palácio Olimpio Campos, Revista IHGS, n. 26, p. 85), e as obras foram visitadas pelo Imperador D. Pedro II, no dia 10 de janeiro de 1860.

Três anos depois o Palácio estava concluído, assumindo uma postura monumental na incipiente capital, com a sua soberba fachada frontal, voltada para o Leste, medindo 29 metros e as fachadas laterais medindo 35 metros, que se mantiveram até os dias atuais.

Na sua concepção inicial, era um formoso sobrado ao estilo português, encimado com um frontão triangular, onde se via o brasão imperial em baixo relevo, característico dessas construções, muito em voga na época. No pavimento térreo, bem na parte central, existiam três largas portas que davam acesso ao hall do edifício. De cada lado do conjunto formado por estas três portas ficavam três janelas que, como todas as portas e janelas existentes na construção, tinham a parte superior em arco pleno.

No pavimento superior, nove janelas com sacadas providas de grades em ferro forjado, coincidindo os eixos destas janelas com os das janelas e portas do pavimento térreo.

 (...)

O certo é que em 1863 as obras do Palácio do Governo estavam concluídas. Alexandre Rodrigues da Silva Chaves, Presidente da Província, que assumira em 31 de julho de 1863, “apontava como obra terminada o Palácio do Governo, espaçoso, mas, no seu entender, sem estética”, como anota J. Pires Wynne (WYNNE, História de Sergipe: 1575-190, vol. I, Editora Pongetti, p. 213). Sede do governo provincial e depois do republicano, o Palácio foi palco de vários acontecimentos políticos no decorrer do século XX. Golpes e contragolpes se sucederam até a implantação do regime constitucional.

Nas primeiras décadas do século, fortes eram as disputas das oligarquias pelo poder, chegando a causar a Tragédia de Sergipe, como foi denominada a execução do deputado, filósofo, poeta e orador Fausto Cardoso, no dia 28 de agosto de 1906, quando liderava um movimento sedicioso que depôs o Presidente Guilherme de Campos e invadiu o Palácio do Governo. Com a morte do seu líder, o movimento revolucionário foi abafado. Fausto Cardoso morreu como herói glorificado, fazendo a exortação “a liberdade é uma coisa que só se prepara na história, com o cimento do tempo e o sangue dos homens”.

Minimizadas essas contendas políticas, o governo começou a preocupar-se com as instalações do Palácio para abrigar os serviços administrativos. Com isso, procederam-se reformas e “A primeira reforma do Palácio aconteceu a partir de 1915”, como registrei no livro Sergipe e seus monumentos (NASCIMENTO, Sergipe e seus monumentos, J. Andrade, 1981, p. 89). Depois, em 8 de maio de 1916, o Presidente do Estado, General Manuel Prisciliano de Oliveira Valadão, assinava o Ato n. 102, incorporando ao patrimônio estadual, o Palácio do Governo e, na gestão do Coronel José Joaquim Pereira Lobo, iniciada a 24 de outubro de 1918, foram promovidas obras de reparos e de reforma do antigo Palácio, com vista às comemorações do Centenário da Independência de Sergipe, que seriam realizadas no ano de 1920.

A partir daí, artistas italianos contratados em Salvador tiveram uma atuação destacada na reformulação do monumento, valendo anotar que a reforma externa foi trabalho de Orestes Cercelli, pintor e decorador florentino, especialista em decoração a cola, que se inspirou em um palácio de Florença, na Itália. As estátuas da platibanda foram modeladas aqui em Aracaju pelo escultor Pascoal Del Chirico que, à época, era o diretor da Escola de Belas Artes da Bahia. Frederico Genti (federico Gentile)l encarregou-se das obras de assentamento e as grinaldas, capitéis, balaustres e demais elementos decorativos, tanto do exterior como do interior, tiveram sua execução a cargo de Belando Bellandi e Orestes Gatti. Bruno Cercelli, pintor. As pinturas dos tetos e das paredes do Salão de Recepção e do Salão Nobre são, praticamente, dessa época.

A escadaria de 1863, que leva ao piso superior, foi revestida de mármore e recebeu uma grade de ferro e bronze fundidos por Fiori. As estátuas que ficam na base dessa escadaria representam os rios São Francisco e Real, cujo trabalho é atribuído a Orestes Gatti.

Essa reforma modificou totalmente o monumento, que passou a ter aspecto de um palacete florentino, reunindo elementos decorativos dos estilos clássico, medieval, renascentista e barroco, que configuram o estilo eclético, desenvolvido no Brasil ao longo do século XIX até o início do século XX”. (Fonte: José Anderson Nascimento (Mestre em Educação/UFS e presidente da Academia Sergipana de Letras em Jornal da Cidade )