terça-feira, 9 de março de 2010

Italianitá: lazer e esporte entre amigos e família (1)

No âmbito do legado da cultura dos imigrantes pioneiros que vieram para o Brasil na esperança de construir ou reconstruir suas vidas vale lembrar o legado de jogos de cartas como a mora ou de quadras como a bocha..   No site Projeto Memoria da EsteEditora um espaço espacial é dedicado a esse tipo de carteado.

“O jogo da mora é uma tradição trazida da Itália, sobretudo pelos imigrantes da região do Vêneto, tradição esta que se manteve e se incorporou aos hábitos e costumes dos seus descendentes. Mora, segundo o escritor Frei Aquiles Bernardi, significa morra, jogo aleatório dos imigrantes italianos. Consiste em acertar a soma dos dedos que os contendores venham a expor sobre a mesa. A principal característica é a agilidade no estender os dedos sobre a mesa entre gritos e batidas – para o encanto e a torcida das crianças e adultos que cercam o local. Além desta agilidade, é importante que o jogador perceba que fez o ponto e o diga; caso contrário, o adversário el da sora (continua) e, assim, não se efetua a marcação do ponto".

"A mora é um jogo que exige, dos participantes, movimentação rápida dos dedos e mãos, num alternar de encolhe, abre, fecha e bate, enquanto se ouve velozes pronúncias dos números de zero a dez: muta, uno (un), due (du, un per un, un per uno), tre (trrr), quatro, cinque (sinque), sei (ces), sete, oto, nove, dieci (diese, o tuta). É, também, exigido do jogador raciocínio treinado e reflexos apuradíssimos. . Os jogos típicos dos italianos e seus descendentes, ao final de tarde durante a semana, ou aos domingos após a missa eram os da mora, a bocha e o baralho (bisca, trissete, quatrilho, canastra, escova, escovão, dentre outros)".

"O jogo da mora era um dos esportes preferidos, que marcavam os filós e encontros nas capelas aos domingos. Trata-se de um jogo que exige raciocínio rápido para cálculo matemático, agilidade e grande esforço físico pelos movimentos repetitivos das mãos sobre a mesa de jogo. Basicamente o mecanismo do jogo se dá na soma dos dedos entre os jogadores, que expõe na mesa cantando em voz alta o número desejado. Quem acerta a soma proposta entre os seus dedos e os dedos de seu adversário marca o ponto, em seguida, inicia-se com outro jogador a disputa de um novo ponto".

"As jogadas e trocas entre jogadores se repetem sucessivamente até chegar a 12, 15, 16 ou 21 pontos, quantidade estabelecida para se ganhar uma partida. O jogo da mora se caracteriza pelo barulho feito na mesa de jogo, tanto pelas batidas fortes na mesa, geralmente de madeira, como pelas chamadas dos números em alto tom de voz. Outro ponto interessante é a chamada dos números pelos jogadores que mais freqüentemente substituem o número três e o número seis por um simples grito, dando a entender que se referem as estes números, sem precisar chamar exatamente o nome".

"A marcação do ponto também tem uma dose de comemoração, vibração e emoção que se diferenciam de acordo com a característica de cada jogador. A mora pode ser jogada em duas, quatro ou mais pessoas, tendo um juiz ou mais, que observa as jogadas para marca os pontos. O juiz só pode marcar o ponto quando, quem o fez, faz um sinal apontando; caso contrário, deve permanecer calado".

Italiani - Castagneto: pittore del mare

Na portuária cidade de Genova, no dia 27 de Novembro de 1851 nascia Giovanni Battista Castagneto, que anos mais tarde escreveria seu nome nas páginas da arte brasileira.

Castagneto desembarcou no Rio de Janeiro em 1874 e, quatro anos mais tarde ingressava na Academia Imperial de Belas Artes.

O verbete da Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais assim o define:


"O artista revela uma sensibiblidade romântica, por meio da qual interpreta a natureza. Assim, suas representações do mar ou dos botes a seco, são carregadas de sentimento. O tratamento pictórico é impulsivo e quase violento, percebe-se a pincelada cortante e o empastamento farto. Representa embarcações de pesca, simples canoas, que adquirem dignidade e imponência, como em Canoa a Seco na Praia em Angra dos Reis (1886). Em 1887, pinta o quadro Uma Salva de Grande Gala na Baía do Rio de Janeiro, concebido nos modelos da Academia, para concorrer ao prêmio de viagem. A recusa do quadro pela Aiba e as críticas publicadas nos jornais, causaram profunda amargura no artista, cuja produção, nos anos seguintes, torna-se irregular. Viaja para a França em 1890, com o auxílio de amigos. ".
O Ministério das Relações Exteriores (Itamarty), em Brasília, tem em seu acervo uma tela de Castagento. Assim, o site do Itamaraty também publica um verbete sobre o artista, que faleceu no Rio de Janeiro em 1900. ' “Para Castagneto, o pintor do mar, o mar era um estado de alma e a pintura, uma forma de vida. Vivia na praia de Santa Luzia, numa casa que parecia um barco. Qualquer objeto lhe servia para fi xar a lembrança de um trecho de praia ou para copiar um tema. Apoderava-se, então, do tema com o traço febril da mão e com grande economia de meios, até transfigurá-lo numa imagem simplificada e rápida, a fi m de não perder a força da sensação', escreveu Luciano Migliaccio".  ' "Em certos pontos, percebem-se a violência do gesto, o uso de instrumentos improvisados e até mesmo do polegar, à maneira dos escultores. Os botes a seco de Castagneto ultrapassam os limites de gênero, atingindo, não raro, o domínio da expressão lírica, como nos cascos–hieróglifos de De Fiori, Volpi, ou nas areias deslumbrantes de Pancetti' , como definiu o crítico. (Mostra do Redescobrimento, 2000, São Paulo. Arte do século XIX. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000. p. 129-130)".

História (104) - Especial: italianos na Imprensa anarquista brasileira (4)

O ativismo anárquico de Oreste Ristori à frente do semanário  Batatglia também rendeu estudos na Itália.Gli anarchici italiani di San Paolo e il problema dell'organizzazione operaia (1898-1917) é um trabalho de Isabelle Felici (In "La riscoperta delle Americhe – Lavoratori e sindacato nell'emigrazione italiana in America Latina 1870-1970", a cura di Vanni Blengino, Emilio Franzina, Adolfo Pepe – Teti Editore) disponível na internet.

“La Battaglia, fondata da Oreste Ristori nel 1904, conosce uno dei periodi più ricchi d'avvenimenti per il proletariato di San Paolo. Sul terreno dell'organizzazione operaia, la polemica continua sulle stesse basi, contro lo sciopero parziale e contro il principio di autorità che le organizzazioni di San Paolo non riescono a cancellare. La Battaglia si oppone a tutte le manifestazioni che tendono a rendere ufficiale l'organizzazione operaia, a farne una istituzione. Per questo si oppone alla Federazione operaia di San Paolo, di cui passa sotto silenzio la nascita, ma che non manca un'occasione di vituperare, come per esempio quando gli anarchici sindacalisti si propongono come tramite tra scioperanti e padrone a San Bernardo".

“Il primo Congresso operaio brasiliano che si svolge a Rio de Janeiro nell'aprile 1906 criticato per lo stesso motivo. E' accolto da La Battaglia con ironia e sarcasmo e viene denominato ‘congresso internazionale di batra’ . Si usa meno ironia a proposito del congresso anarchico di Amsterdam del 1907, ma la diffidenza è la stessa nei riguardi dell'utilità di un congresso internazionale. Pagare le spese di viaggio dei delegati, uno per ogni corrente anarchica rappresentata in Brasile, significherebbe perdere l'occasione di diffondere ‘centinaia di opuscoli di propaganda ad immensa tiratura’ . La propaganda sul terreno sembra più utile della partecipazione a un congresso internazionale”.

“Sempre nell'intento di dimostrare il legame degli anarchici italiani con la realtà brasiliana, è interessante vedere qual è l'atteggiamento della Battaglia sul terreno pratico delle lotte sociali. Quando si manifestano i primi movimenti sociali nel 1906, il giornale critica violentemente le azioni dei sindacalisti che portano gli operai al macello . Ciò nonostante pubblica liste di crumiri, annunci di riunioni, e tutte le informazioni relative allo sciopero, cercando di essere una tribuna aperta a tutte le tendenze, anche se gli anarchici sindacalisti hanno in quel momento un organo, A Terra Livre. Quando scoppia lo sciopero dei ferrovieri nel maggio 1906, il giornale entra pienamente nella lotta, decidendo di mettere momentaneamente da parte il problema teorico dello sciopero. Un articolo in prima pagina incita tutti i lavoratori a entrare in sciopero in segno di protesta contro la repressione di cui sono stati vittime i primi scioperanti:

‘Siamo teoricamente contrari alla tattica degli scioperi. Ma poiché il governo e le autorità – che avrebbero dovuto conservare un'attitudine neutrale in questa lotta tra oppressori ed oppressi – hanno messo le loro forze al servizio dei capitalisti, noi ci mettiamo completamente a disposizione della massa scioperante, minacciata di morte dalla bocca dei moschetti e dalle daghe assassine della polizia. La questione dello sciopero, su cui esprimeremo più tardi la nostra opinione, passa in seconda linea. Non si tratta più di sostenere una lotta platonica contro le tracotanze infami di due o tre funzionari superiori superlativamente vigliacchi, ma di difendersi con tutta l'energia possibile da una violenta e bestiale sopraffazione di classe provocata dall'alto commercio e dal clero, spalleggiata e sospinta dai briganti che stanno al Potere’ “.

“Quello che porta La Battaglia a scegliere questa posizione è il carattere assunto dalla resistenza operaia. Tutti gli ingredienti dello sciopero generale sono presenti: un'intera categoria, quella dei ferrovieri, è coinvolta, il peso di questo sciopero sull'economia dello Stato è grandissimo ; si è cominciato a rispondere alle violenze poliziesche distruggendo materiale e rotaie, il resto della popolazione operaia si è già mostrata insofferente alle misure impopolari delle autorità”.

“La polizia reagisce a quest'appello sequestrando il giornale. Quando riprende le pubblicazioni, dopo tre settimane di silenzio, La Battaglia fa il bilancio dello sciopero. Tutti, compresa la Federazione Operaia, a cui il giornale apre le sue colonne, concordano nel dire che lo sciopero è fallito. Ma La Battaglia insiste sul risveglio delle masse operaie e sull'enorme movimento di solidarietà che è stato rilevante data la mancanza totale di esperienza politica della maggior parte degli operai. Il giornale vede nell'azione delle leghe un'influenza piuttosto riduttrice che produttrice. Infatti, se il movimento non è potuto giungere a niente di concreto, è a causa dei capi dello sciopero. Essi si sono circondati di un'aura quasi divina e hanno ingannato gli operai portandoli a credere nell'efficacia della loro forza d'inerzia invece di spingerli all'azione. L'esperienza dunque non fa che rinforzare la diffidenza dei redattori della Battaglia nei confronti della resistenza legale” .

História (103): Namorar e casar na zona de imigração italiana gaúcha

O casamento era um dos momentos coletivos mais importante na zona colonial do Rio Grande do Sul. Através dele se mantiveram os valores da terra de origem e se conservaram os usos, os costumes e as tradições familiares trazidas do Vêneto pelo pioneiros. Foi ele o fator principal que permitiu aos imigrantes, principalmente os homens, de se fixarem à terra e criarem aqui uma nova sociedade estável, sempre tendo por exemplo aquela da qual vieram. Casar e constituir uma família era o desejo comum encontrato em toda a zona rural vêneta.

O namoro, período ritual de preparativos graduais para o recíproco conhecimento dos jovens e também das duas famílias envolvidas, era o primeiro passo necessário que, depois de um período variável, chegava ao noivado, fase que antecedia o casamento, que devia então durar por toda a vida.

O filò nas estrebarias, os trabalhos em comum na colheita das plantações, importantes costumes coletivos trazidos das terras de origem, e depois mais tarde nas missas, foram as formas encontradas para continuar, aqui no Rio Grande do Sul, propiciando momentos de encontro entre os jovens de diversas famílias vizinhas e início dos namoros. Os jovens eram considerados noivos somente depois da aprovação dos pais e o rapaz podia então frequentar a casa da noiva, com visitas aos domingos a tarde”. (Fonte: Arquivos da La Piave FAINORS Federação Veneta )Fonte: Arquivos da La Piave FAINORS Federação Veneta)

História (102): A mulher imigrante na zona de colonização gaúcha

"No Rio Grande do Sul, como também já no Vêneto, as famílias de imigrantes eram quase sempre muito numerosas, contanto muitas vezes mais de dez filhos em um casal. Assim, praticamente a cada dois anos uma mulher tinha um filho e com eles um aumento da sua já pesada carga de trabalho.

As atividades que uma mulher desenvolvia no seio de uma família de imigrantes eram variados e pesados: além do trabalho de acompanhamento do crescimento e educação dos filhos, cabia também à mulher todas as atividades da casa como cozinhar, lavar, costurar e remendar as roupas de todos, cuidar da horta e dos animais doméstico, ordenhar as vacas, cuidar dos doentes e pessoas idosas da família e se estendia com o trabalho no campo ajudando o marido no trabalho nas roças e em serviços artesanais.

A jornada de uma mulher começava muito antes do alvorecer, sendo a primeira a levantar, para só terminar à noite, após preparar o jantar e finalizar os trabalhos de costura. Foi este trabalho duro e esta dedicação exclusiva à família da mulher vêneta fatores decisivos para que aquela emigração desordenada tivesse êxito aqui no nosso estado. Foram elas que tornaram possível a fixação do homem à terra além de manterem sempre vivas as tradições da língua, religiosidade, cultura e gastronomia dos Vênetos.

A Mulher Vêneta no início da imigração Na família, até muito pouco tempo atrás, o pai ou o marido detinham a autoridade total da casa. Distribuiam tarefas e determinavam eles todas as atividades a serem cumpridas em uma propriedade. Considerada menos importante que o homem, a mulher era muitas vezes privada do direito ao estudo em vantagem dos homens e sempre deixada de fora da herança familiar da terra. À mulher trabalhava incessantemente, mergulhada nas pesadas ocupações agrícolas e domésticas tarefas e deveres precisos dos quais não podia refutar.

O dia de trabalho da mulher camponesa iniciava ainda antes do alvorecer com a ordenha das vacas, fazia todo o trabalho da casa, desde as refeições, a feitura do queijo até a costura, o remendo das roupas para toda a família, a confecção da lã e dos chapéus de palha usados como proteção ao sol nas lidas do campo. Terminava a sua dura faina diária somente a noite, depois de servir o jantar para a família. A primeira levantar e a última a deitar.

O analfabetismo femenino era muito elevado e segundo dados apurados chegava até perto de 80% entre as primeira mulheres imigrantes que chegaram ao Rio Grande do Sul. Nas palavras da autora do livro "Brasile per sempre" Francesca M. Raouik: "depositária e guardiã dos principais conteúdos do patrimônio étnico dos emigrantes, a mulher preservou da extinção modelos de vida e valores camponeses do fim do século XIX, com costumes, linguagem e usos típicos desta cultura que, graças a maternidade, puderam ser conservados e transmitidos às novas gerações".(Fonte: Arquivos da La Piave FAINORS Federação Veneta ).