segunda-feira, 8 de março de 2010

História (101) - Especial: italianos na Imprensa anarquista brasileira (3)

Um dos mais significativos semanários libertários de cunho anarquista editado no Brasil foi o La Battaglia, fundado pelo ativista toscano Oreste Ristori, em junho de 1904. Duarnte nove anos, o La Battaglia ganhou as ruas semanlamente, tendo mudado de nome em 1912 para La Barricata. Segundo o pesquisador Luigi Biondi no trabalho "La stampa anarchica italiana in Brasile. 1904-1915" (Tesi di Laurea, Università degli studi di Roma "La Sapienza)", o La Battaglia era editado em quatro páginas com uma tiragem de 5 mil exemplares.

"Foi favorecido por ser um jornal anarquista que funcionava também como espaço de discussão entre todas as tendências libertárias presentes em São Paulo, e com os grupos socialistas e de sindicalistas italianos” “A estratégia de propaganda do jornal concentrou-se sobretudo nas críticas às duras condições de vida e de trabalho das classes populares italianas no estado de São Paulo, seja no campo seja na cidade.

Em particular, concentrou-se numa extenuante campanha contra a imigração para o Brasil, alertando os camponeses que a vinda às fazendas de café só teria aumentado o número da mão-de-obra e, por conseguinte, teria causado a queda do poder de barganha na contratação de todos os trabalhadores, tanto nas fazendas como na cidade para onde acabavam se dirigindo os colonos que fugiam da lavoura.

Em torno desse grupo editor havia, na cidade de São Paulo, vários outros grupos anarquistas de apoio ao à publicação ; ademais, as inúmeras viagens de propaganda de Ristori para o interior do estado fizeram com que uma parte relevante dos que apoiavam o jornal pertencesse às camadas de artesãos e operários italianos, presentes em todos os centros urbanos paulistas de médias dimensões”.

História (100)- Especial: italianos na Imprensa anarquista brasileira (2)

A imprensa anarquista (de origem italiana) no Brasil teve em Oreste Ristori, um um de seus mais expressivos nomes ligado ao jornal La Battaglia: Nascido na Toscana, em 1874, desembarcou em Buenos Aires e em seguida veio ao Brasil, onde chegou em 1904. Mas que era esse jovem toscano? Carlo Romani (pesquisador Unicamp) descreve um rápido perfil de Oreste Ristori no trabalho Individualismo à italiana  .

“Segundo os relatórios policiais, este libertário não era dos mais comportados. Das práticas de investigação resulta que Ristori é um anarquista exaltado, de alma má, avesso ao trabalho, capaz de qualquer ação delituosa. Possuía uma brochura anarquista com métodos de fabricação de explosivos, porém não encontrada na perseguição que lhe foi feita. ...Desde 1894 era considerado das autoridades de P.S. como anarquista, exaltado, prepotente e temível..." Alma má, vagabundo, exaltado, violento. Oreste, filho de uma família de camponeses sem terra e sem emprego fixo habitantes, nascido na Toscana em 1874, não era propriamente o tipo de homem que a polícia, a burguesia e os padres gostariam de ter em sua paróquia.

Ristori foi um desses adolescentes, que muito cedo aprendeu a "se virar na vida", fazendo pequenos rolos para conseguir sobreviver. Sem instrução, sem grandes perspectivas de vida, foi aproximando-se desses anarquistas que se constituíram nos mercados e bares ao redor das praças. A partir dos dezessete anos de idade foi elaborando, de modo intuitivo, um discurso teórico que ouviu nos bares que freqüentou, pondo-o em prática naquelas ações transgressivas que denominamos de individualismo à italiana.

Com o passar dos anos, Ristori foi modificando suas práticas aproximando-se do comunismo anárquico. Já no Brasil, Oreste Ristori tornou-se o diretor responsável pela publicação do principal periódico anárquico do país, que funcionou em São Paulo, entre 1904 e 1913, com o nome de La Battaglia. Moveu intensa campanha contra a imigração ao Brasil, combatendo a exploração de colonos nas fazendas de café”

História (99)- Especial: italianos na Imprensa anarquista brasileira (1)

Quem pesquisar sobre imprensa anarquista no Brasil irá se deparar, na Internet, com vários textos: resumos históricos, teses de mestrado e doutorado, artigos acadêmicos, matérias jornalística, entre outros documentos. No site do Arquivo Público do Estado de São Paulo, por exemplo, surge o seguinte verbete sobre imprensa anarquista:

“Os imigrantes anarquistas que vieram para o Brasil em fins do século XIX e começo do XX tiveram um importante papel na imprensa de esquerda daquela época. Eram figuras como Oreste Ristori (editor de L’Alba Rossa), Luigi Damiani (La Battaglia e A Plebe), ou o espanhol Primitivo Raymundo Soares, fundador de Germinal. Para enganar a repressão, Soares se apresentava com o pseudônimo de Florentino de Carvalho. Esses homens já atravessavam o oceano comprometidos com um ideal de luta contra o capitalismo e a exploração do povo".

"Chegando ao Brasil, se improvisaram em jornalistas, editores, distribuidores e gráficos de fundo de quintal. O objetivo era sempre o mesmo: viabilizar seus jornais, chamar à luta contra os patrões, e levar à classe operária da época uma visão de mundo alternativa à da grande imprensa dos patrões. Germinal (1902–1913) é um exemplo curioso desses periódicos. A partir de 1913, juntou–se ao jornal La Barricata (1912–1913), publicado em italiano por Luigi Damiani, formando assim um veículo duplo que defendia os ideais libertários em duas línguas. O jornal durou vinte números".

"A saga dos anarquistas estrangeiros teve um final melancólico: aos poucos, o governo brasileiro foi forjando leis de expulsão de estrangeiros, cujo o objetivo era combater os "subversivos alienígenas". Assim, muitos deles tiveram que abandonar o país”.

Italaini: o pioneirismo de Mario Dedini

Mario Dedini nasceu na cidade de Lendinara, província de Rovigo (Rigião Veneto) em 23 de setembro de 1893. Filho de camponeses, Leopoldo Dedini e Amália. Em 1914 deixava sua terra natal e com o irmão Armando embarcavam rumo ao Brasil. Os Dedini foram parar no interior de São Paulo.

Segundo a pesquisadora Zóia Vilar Campos Mário acabou sendo contratado numa usina de cana em Santa Bárbara, enquanto Armando seguiu para Pirajupi onde trabalhou como ferreiro.
Anos mais tarde, em 1920, os dois irmãos compraram, na cidade de Piracicaba, , uma pequena oficina de carpintaria e ferramentaria, (consertos de carroças, arados). Em pouco tempo os néocio cresceu se transformou em uma fábrica de peças para o processamento de cana-de-açúcar. Segundo xxx Mário “ Em 1936/37, integralizou as seis cotas que possuía na Usina Costa Pinto, com a implementação de modernos equipamentos. Sua parceria com as empresas Ometto, inaugurou uma nova era na vida das empresas”.