quinta-feira, 22 de abril de 2010

Italiani - O legado do teatrólogo Gianni Ratto

No teatro brasileiro, Gianni Ratto foi outro italiano a deixar importante legado.

"Gianni Ratto nasceu em Milão em 27 de agosto de 1916, mas viveu até a juventude em Gênova, com a mãe, Maria Ratto, pianista e professora de canto lírico. Na escola primária era chamado de “bastardo” por não levar o nome do pai, de quem Maria se separou quando era muito pequeno e passou a sustentá-lo sozinha através de seu trabalho com a música. Foi assim que Ratto teve seu primeiro contato com a arte: não apenas com a música, como também com a cenografia, pois foi uma aluna de sua mãe (filha de Gordon Craig) que o levou, pela primeira vez, ao ateliê do cenógrafo - experiência que o marcaria por toda a vida. Começou a trabalhar no campo das artes e da cultura muito jovem.

Enquanto ainda estudava no Liceu Artístico, conseguiu um estágio com Mario Labò, renomado arquiteto genovês que tornou-se seu grande amigo e mestre. Inscreveu-se, também, em diversos concursos organizados pelo governo nas áreas de cenografia e cinema, obtendo êxito em vários deles e terminando por conseguir uma bolsa de estudos para cursar Direção no Centro Experimental de Cinema de Roma. Estudou também Arquitetura no Politécnico de Milão, mas foi obrigado a abandonar tudo em função do início da Segunda Guerra Mundial, que ocorreu enquanto prestava o Serviço Militar obrigatório. Não concordando com a posição de seu país, desertou do exército italiano e fugiu para a Grécia, onde viveu com camponeses por dois anos, passando todo tipo de necessidade, até o término da Guerra. Em 1946 mudou-se para Milão e começou, junto com o amigo da escola de oficiais Paolo Grassi, a fazer teatro como cenógrafo.

Trabalhando, a partir daí, em todas as vertentes do espetáculo (teatro dramático e lírico, musical, dança e revista), sua carreira teve uma rápida evolução que culminou com a fundação do Piccolo Teatro de Milão, ao lado de Grassi e Giorgio Strehler, e o trabalho como cenógrafo e vice-diretor artístico do Teatro Alla Scala de Milão. Tornou-se um dos cenógrafos mais respeitados da Europa, e colaborou ativamente para o pensamento artístico de seu tempo, escrevendo artigos para revistas especializadas e dando palestras. Foi figura-chave na reconstrução do teatro italiano no pós-Guerra, trabalhando ao lado de grandes artistas, como Maria Callas, Herbert Von Karajan, Mitropoulos e Igor Stravinski.

Após alguns anos de trabalho ininterrupto, começou a sentir uma estagnação e ao mesmo tempo uma vontade de explorar novas possibilidades dentro do teatro, como a direção. Em 1954, Maria Della Costa e Sandro Polloni, que estavam prestes a inaugurar seu teatro em São Paulo, foram à Itália convidar Ratto para cenografar - e dirigir - o espetáculo de inauguração do Teatro Maria Della Costa - 'O Canto da Cotovia', de Jean Anouilh. Ratto aceitou o convite, e acabou apaixonando-se pelo Brasil e mudando-se para cá. Chegou aqui quando o teatro verdadeiramente brasileiro estava começando a surgir, e foi esta possibilidade de construção de algo novo que o encantou.

Foi grande incentivador da dramaturgia nacional, pesquisando autores e montando textos não valorizados à época, como “ A Moratória”, de Jorge Andrade e “O Mambembe”, de Artur Azevedo, que obtiveram grande êxito. Trabalhou brevemente no TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) e organizou um departamento de teatro para o MASP. Fundou e dirigiu companhias teatrais estáveis, como o Teatro dos Sete, em 1958 (com Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Sergio Britto e Ítalo Rossi), que teve um trabalho altamente premiado, e o Teatro Novo, nos anos 1970, um teatro/escola que abrigava um elenco permanente, um corpo de baile e uma orquestra de câmara - iniciativa fechada pela ditadura militar. Através de seu trabalho e dos conhecimentos que trouxe, participou como formador de pelo menos três gerações de artistas e técnicos teatrais brasileiros. Atuou também, formalmente, como professor, em vários cursos ministrados em diversas escolas e centros culturais (EAD-USP, Conservatório Nacional de Teatro, Universidade da Bahia, entre outros).

Realizou inúmeras montagens teatrais e operísticas, exercendo diversas funções na construção da cena: direção, iluminação, cenário e figurino, o que fez dele um verdadeiro 'homem de teatro'. Trabalhou também, como tradutor de textos teatrais, articulista para jornais e revistas, e autor de prefácios e textos para livros. Foi, ocasionalmente, ator, como no filme 'Sábado', de Ugo Giorgetti, e na série de TV “Anarquistas Graças a Deus”. Aos oitenta anos tornou-se escritor na língua portuguesa, publicando seu primeiro livro, uma autobiografia, 'A Mochila do Mascate'.

Publicou também 'Antitratado de Cenografia', 'Crônicas Improváveis', “Noturnos' e 'Hipocritando'. Recebeu inúmeros prêmios ao longo dos anos, e em 2003 recebeu o Prêmio Shell por sua contribuição para o teatro brasileiro. Faleceu em 30 de dezembro de 2005 em São Paulo, aos 89 anos de idade". (Fonte

Italiani - O processo de beatificação de padre josefino João (Giovanni) Schiavo

A Congregação de São José- Josefinos de Murialdo luta pele beatificação e posterior canonização do padre João (Giovanni) Schiavo, cujo perfil é resumido no site da ordem.   
 
"Padre João Schiavo nasceu na Itália, em Sant’Urbano de Montecchio Maggiore(VI), no dia 8 de julho de 1903, filho de Luigi Schiavo e Rosa Faturelli. Da família recebeu uma educação profundamente cristã; e, ainda pequeno, experimentou as agruras da pobreza. Embora de saúde muito frágil percorria 6km a pé, todos os dias, para ir à escola em Montecchio Maggiore. Desde criança desejava ser Padre. Entrou na Congregação dos Josefinos de Murialdo e, em 1919, fez sua primeira Profissão Religiosa. No dia 10 de julho de l927, apenas completados 24 anos, foi ordenado Sacerdote. Pe. João era muito fervoroso. Nos primeiros anos de sacerdócio escrevia os sermões e os meditava diante do Santíssimo Sacramento.

 Tinha o grande desejo de ser missionário e mártir; e, depois de quatro anos de Sacerdote, seguindo a ordem da obediência, partiu para o Brasil, chegando em Jaguarão (RS), no dia 05 de setembro de 1931. Logo conheceu todas as obras dos Josefinos. Em Ana Rech, foi professor, iniciador e diretor da Escola Normal Rural Murialdo. Em Galópolis, foi Diretor da Escola e Pároco.

Em 1941, fundou o Seminário Josefino de Fazenda Souza (Caxias do Sul – RS), sendo o primeiro Diretor dessa obra que marcaria sucessivas gerações de jovens. Desde que chegou no Brasil, Padre João desenvolveu uma intensa atividade vocacional e foi o primeiro mestre de noviços da missão Josefina brasileira. Fundou diversas obras em favor das crianças e jovens pobres; Abrigo de Menores S.José (Caxias do Sul) hoje, Centro Técnico Social Obra Social Educacional, em Porto Alegre, Partenon e no Morro da Cruz. Abrigo de Menores em Pelotas e Rio Grande (RS), Colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens, em Araranguá (SC).

Foi o primeiro Superior Provincial dos Josefinos no Brasil, de 1947 a 1956 e a ele se deve o desenvolvimento das Obras Josefinas, o reconhecimento oficial das escolas e a formação religiosa dos primeiros confrades brasileiros. Após um período de discernimento, em consonância com o Fundador Padre Luigi Casaril, no dia 09 de maio de 1954, iniciou o grupo brasileiro das Irmãs Murialdinas de S.José. Em 1957 fundou a Escola Santa Maria Goretti das Irmãs Murialdinas, onde atuou como diretor e professor.

Em fevereiro de 1956 deixou o cargo de Superior Provincial, mas continuou prestando serviço à sua Congregação e dedicando-se mais às Irmãs Murialdinas. Ao findar de 1966, Padre João Schiavo, cuja saúde há tempo estava debilitada, adoeceu gravemente. Apesar de todas as tentativas da equipe médica e de tanta oração pedindo a Deus sua cura, a doença prosseguiu de modo fulminante e, em dois meses, terminou com a caminhada terrena do Padre João. No último dia de sua vida, repetia: 'Meu Jesus, Misericórdia'! Suas últimas palavras foram o compêndio de uma vida: 'Pai, sou teu filho; sempre quis fazer tua vontade'.

Padre João Schiavo faleceu às 9h30 do dia 27 de janeiro de 1967, assistido pelos dois Bispos de Caxias do Sul: D. Benedito Zorzi e D. Cândido Bampi, pelas Irmãs Murialdinas, Confrades e amigos. Padre João Schiavo foi velado na capela do então Abrigo de Menores S.José (hoje CTS) e no dia seguinte, foi levado para a catedral, onde o Bispo presidiu a Missa de corpo presente, prosseguindo, em seguida para Fazenda Souza.
 
Após a Missa o povo, que afluiu numerosíssimo, como numa grande festa, acompanhou o féretro até o terreno das Irmãs Murialdinas, onde foi sepultado. Desde então sua sepultura é meta de orações e peregrinações. À sua intercessão são atribuídas muitas graças".