domingo, 24 de janeiro de 2010

História 40 - "Far l'America ( 8)": Alguns números sobre a imigração italiana "oltre oceano"


Estudos sobre o fenômeno da imigração italiana são a razão de ser do site Altre Italie, iniciativa da Edizioni della Fondazione Giovanni Agnelli.Gianfausto Rosoli do "Centro Studi Emigrazione Roma" é autor do artigo " Un quadro globale della diaspora italiana nelle Americhe". Em sua explanação, Rosli lembra que:  

"(...)L'emigrazione italiana nell'economia atlantica Il XIX secolo è il periodo classico della migrazione atlantica di lavoratori. Nonostante la persistenza di migrazioni stagionali dei contadini in ogni paese europeo, all'interno e all'esterno dei sistemi regionali, l'emigrazione locale e regionale divenne sempre di più internazionale. Mentre si manteneva l'emigrazione verso l'Est, europeo e asiatico, si accelerò il movimento verso Ovest e il Nord America.

Più di 50 milioni di europei lasciarono il continente tra il 1800 e la prima guerra mondiale. La gran parte si riversò nel Nord America, in parte in cerca di terre da coltivare (emigrazione stanziale), la maggioranza in cerca di lavoro salariato (labor migration), permanente o temporaneo (i sojourners). In quel periodo 11 milioni andarono in America Latina (il 38 per cento del totale era costituito dall'emigrazione italiana, il 28 per cento dalla Spagna, l'11 per cento dal Portogallo, il 3 per cento da Francia e Germania).

Oltre ai gruppi, anche le destinazioni erano ora diverse, se paragonate ai secoli precedenti, in particolare in America Latina (degli 11 milioni di europei che andarono in America Latina il 46 per cento si recò in Argentina, il 33 per cento in Brasile, il 14 per cento a Cuba, il 4 per cento in Uruguay, il 3 per cento in Messico, la grande meta per secoli, il 2 per cento in Cile) (Mörner, 1985).


Gli italiani erano in testa al movimento migratorio in America Latina. L'Italia, assieme ad altri paesi esportatori (Irlanda, Spagna, Polonia, paesi slavi), era divenuta la periferia che forniva il grosso dell'emigrazione europea (Gould, 1979-80). In generale, l'emigrazione di lavoro era principalmente rappresentata da piccoli proprietari terrieri, che emigravano verso i centri industriali per pochi anni, progettando di tornare e di investire i propri risparmi nell'acquisto di terra.

L'entrata nell'industria era temporanea, si trattava di una proletarizzazione volontaria allo scopo di evitarne una permanente. Artigiani specializzati e lavoratori, la cui esistenza era minacciata dalla meccanizzazione, si spostarono in aree in cui si aveva ancora richiesta di specializzazione per evitare di scendere nella classe dei lavoratori senza qualifica. Infine la grande emigrazione di lavoratori non specializzati, sia da aree rurali che urbane, conferì nuove imponenti dimensioni al fenomeno. I flussi migratori italiani costituiscono un buon esempio per analizzare l'impatto dei mercati mondiali e i rapporti di potere verso le popolazioni locali.

L'agricoltura italiana era minacciata dall'importazione di cereali e da mezzi di trasporto più rapidi e a minor costo. Gli altri paesi mediterranei erano in competizione con il commercio italiano per l'olio, e prodotti tipici similari. Il surplus di popolazione agricola - circa 18 milioni dal 1870 al 1930 - cercò 8 luglio-dicembre 1992 i lavoro nelle aree atlantiche dell'Europa occidentale che si stavano industrializzando, nel Nord America e nelle zone agricole dell'America Latina, in particolare in Argentina e in Brasile. Secondo il censimento del 1871 sugli italiani all'estero, 450.000 persone si trovavano già in diversi paesi stranieri. In un decennio (censimento del 1881) il numero raddoppiò (1.032.000 unità); di questi il 56 per cento era nelle Americhe".

História 39 - "Far l'America ( 7)": Por uma nova historiografia da diáspora italiana


O fenômeno da imigração italiana no Brasil a partir da década de 70 do século XIX é explicado não apenas pela necessidade de nova força de trabalho na agricultura brasileira, mas também pelas condições sócios- econômicas do então Reino da Itália. O debate historiográfico sobre a imigração italiana rumo a países europeus, EUA e América do Sul, entre outros destinos, rendeu e ainda rende inúmeros estudos e controversas.

Há quem defenda como, Donna Rae Gabaccia (Universidade da Carolina do Norte) que a historiografia italiana passe a reconsiderar certos aspectos desse fenômeno. Para Donna Gabaccia historiadores e pesquisadores italianos têm pela frente o desafio de nacionalizar uma historiografia internacional sobre “os italianos no mundo” e, assim, torná-la parte da Itália.

Segundo ela, é preciso superar olhares equivocados como aquela que tendem a enxergar a grande diáspora como uma questão meridional (êxodo no Mezzogiorno após a Unificação da Itália). Também, segundo Donna é preciso levar em conta a importância do fluxo de italianos que reentram no país depois de passarem um período de suas vidas “all´estero, incluindo aqui a imigração no período fascista e nos anos que se seguiram ao fim da Segunda Guerra Mundial.”.


História 38 – "Far l’America (6)": E arrivano le famiglie...."

No Brasil de Dom Pedro II, o gabinete conservador presidido pelo visconde do Rio Branco proporia em 27 de maio de 1871 um projeto que, timidamente, sinalizava com mudanças no sistema escravocrata no Brasil. A proposta era simples: declarar livres todos os filhos nascidos de mulher escrava a partir da promulgação de lei específica. Em setembro daquele mesmo ano o Câmara e Senado aprovariam ao Lei do Ventre Livre.

Logo após a promulgação da Lei, ganharia impulso a imigração subvencionada que nada mais era que a “facilitação ou concessão de auxílio em dinheiro para a compra de passagens de imigrantes e para sua instalação inicial no país. Aprovada em 1871, logo após a Lei do Ventre Livre, foi, inicialmente, uma iniciativa de fazendeiros".

"No decorrer do tempo, entretanto, a participação destes foi sendo transferida cada vez mais para os governos, provinciais e imperial, até 1889, e posteriormente estaduais e federal (fonte IBGE). A imigração subvencionada se estendeu de 1870 a 1930 e visava a estimular a vinda de imigrantes: as passagens eram financiadas, bem como alojamento e o trabalho inicial no campo ou na lavoura.

"Os imigrantes se comprometiam com contratos que estabeleciam não só o local para onde se dirigiriam, como igualmente as condições de trabalho a que se submeteriam. Como a imigração subvencionada estimulava a vinda de famílias, e não de indivíduos isolados, nesse período chegavam famílias numerosas, de cerca de uma dúzia de pessoas, e integradas por homens, mulheres e crianças de mais de uma geração".

“Os italianos, como todos os demais imigrantes, deixaram seu país basicamente por motivos econômicos e sócio-culturais. A emigração, que era muito praticada na Europa, aliviava os países de pressões sócio-econômicas, além de alimentá-los com um fluxo de renda vindo do exterior, em nada desprezível, pois era comum que imigrantes enviassem economias para os parentes que haviam ficado".

"No caso específico da Itália, depois de um longo período de mais de 20 anos de lutas para a unificação do país, sua população, particularmente a rural e mais pobre, tinha dificuldade de sobreviver seja nas pequenas propriedades que possuía ou onde simplesmente trabalhava, seja nas cidades, para onde se deslocava em busca de trabalho. Nessas condições, portanto, a emigração era não só estimulada pelo governo, como era, também, uma solução de sobrevivência para as famílias. Assim, é possível entender a saída de cerca de 7 milhões de italianos no período compreendido entre 1860 e 1920”. (Fonte:IBGE)

Gastronomia – O pão italiano nosso de cada dia (2)


O site do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de São Paulo traz um breve relato do nascimento das quarteto mágico das padarias italianas do bairro do Bixiga

"A história de todo pão de fermentação natural começa com um "pé". É assim que se chama o fermento natural, ou levain, como se diz em francês. O fermento é vivo, quer dizer, precisa ser alimentado, cultivado, e, dessa forma, sobrevive e vai sendo transmitido de pão em pão, fornada em fornada, por dias, meses, décadas, séculos a fio. Em São Paulo, existem três fermentos centenários, todos eles cultivados por imigrantes italianos. Os Franciullis, das padarias Italianinha e 14 de Julho, cultivam seu fermento há 115 anos. Os Albaneses, da São Domingos, alimentam o deles há 96 anos. E os Laurentis, da Basilicata, fazem seus pães a partir do mesmo fermento há 95 anos.

Mas, afinal, que fermento é esse? Muito simples. Mistura-se farinha e água e espera-se alguns dias. Microrganismos - fungos e bactérias - vão fazer com que essa massa comece a fermentar. Esse processo não controlado produz gás carbônico e ácidos (lácteos e acéticos). Quando essa massa primordial é misturada à massa do pão, que é feita de farinha, água e sal, faz com que ela cresça e ganhe uma agradável acidez. Por muitos anos, o fermento das padarias descansava em caixas. Mas atualmente a legislação baniu a madeira das cozinhas por razões sanitárias.


Ninguém sabe dizer ao certo como nasceu o pé de fermento da família Franciulli. "É coisa dos antigos", diz Vivian Franciulli, uma das guardiãs do fermento. Seu bisavô, um padeiro italiano chamado Antonio, desembarcou no Bexiga no século 19. Em setembro de 1896, abriu a padaria Lucânia, hoje chamada Italianinha. Antes de a loja ficar pronta, o tal pezinho já existia, pois, a grosso modo, não há pão sem fermento.

Alguns meses mais tarde, a família abriu outra porta, também no Bexiga. A nova padaria foi inaugurada no dia 14 de julho de 1897, na rua 14 de julho - e seu nome não poderia ter sido outro: 14 de Julho. Alexandre Franciulli reivindica o título de padaria mais antiga da cidade para a 14 de julho. Não é, mas isso é compensado porque os pães das duas casas nasceram do mesmo pé, que, este sim, é o mais antigo da cidade.

Como o Bexiga era a terra prometida dos italianos na capital, outras famílias foram chegando e trazendo seus pés de fermento para a cidade. Quantos pés vieram não se sabe, mas dois deles sobreviveram até os dias de hoje - o da São Domingos e o da Basilicata. Em 1913, um casarão foi erguido na Rua São Domingos para abrigar a família de Domenico Albanese. Anos mais tarde, os Albaneses se mudam, mas a padaria continuou ali. O pé idem. Há quatro gerações, 96 anos, ele vem sendo refrescado duas vezes por dia, originando cerca de 20 mil pães por mês, vendidos em quase todo o País. Se o pé dos Albaneses falasse... Ele foi testemunha ocular da história. Sobreviveu ao saque histórico da padaria, em 1932; serviu ao samba paulistano (alimentando Adoniran Barbosa); acompanhou a "diáspora" do Bexiga, promovida pelo corte do bairro na construção da Av. Radial Leste; e, recentemente, quase foi assassinado por uma briga de amor, quando um casal que morava no vão do Viaduto do Café (vizinho de muro) ateou fogo no próprio barraco depois de uma discussão.

Em 1914, Filippo Ponzio abriu a Basilicata. Ele já havia formado seu pé, que hoje é mantido pelo sobrinho-bisneto Vittorio Lorenti. De fala mansa, baixa e rouca, à la Marlon Brando, Vittorio, que nasceu, de fato, dentro da paradia ensina que o pé não é somente pé. O fermento natural tem um ciclo próprio, que o preserva de fornada em fornada. Parte dele é usada na massa do pão e a outra descansa por quatro ou cinco horas, quando recebe comida - água e farinha - e vira a "planta"; outro descanso, e ele volta a ser "pé", ou fermento natural. O ciclo se repete várias vezes por dia - na Basilicata, são seis vezes, todos os dias, há 95 anos. Como todo o processo é artesanal e o fermento é sensível a muita coisa - tipo de farinha, água, golpes de vento, temperatura e umidade -, o padeiro chefe Vittorio está sempre por perto, corrigindo as proporções e os tempos. "De vez em quando temos de fazer manobras para reativá-lo, mas dá tempo, o fermento avisa. Na década de 70 houve uma sabotagem e quase perdemos o pé, mas em três semanas recuperamos nossa tradição", sussurra Vittorio.(Fonte: Estadão)