segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Gastronomia – São Paulo, capital brasileira da pizza


A italianidade gastronômica na cidade de São Paulo, que neste 25 de janeiro completa 456 de fundação, tem na pizza o seu principal símbolo. São mais de 6 mil pizzarias, que tiram de seus fornos cerca de 43 milhões de redondas por mês, aproximadamente 700 por minuto, de acordo com o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo.

Segundo dados da Associação das Pizzarias Unidas (Apuesp), atualmente mais de 100 mil pessoas trabalham em atividades relacionadas diretamente ao prato e o setor movimenta cerca de R$ 4 milhões por ano. Mas não foram apenas as pizzarias. As padarias, até pouco tempo reduto de pãezinhos e cafés da manhã, chegam a assar quase 700 unidades em um final de semana.

Origens
 
A palavra pizza pode ser uma derivação da palavra em latim “picea”, uma palavra que os Romanos utilizavam para descrever o pão assado no forno. Nápoles foi a primeira cidade do mundo a produzir as pizzas como conhecemos hoje. Naquela cidade foi aberta em 1830 a primeira pizzaria do mundo, a Pizzaria Antica Port´Alba que está funcionando no mesmo endereço até hoje, à Via Port´Alba, 18.

Nessa época, tanto a primeira pizzaria do mundo quanto as outras que se seguiram eram muito parecidas, possuíam um forno de tijolo, balcão de mármore para trabalhar a massa, prateleira para acomodar os ingredientes do recheio. Como se pode notar, além de alguns novos ingredientes pouco mudou na fabricação da redonda desde o século XVIII.

Em 1889, Rafaele Esposito trabalhava na Pizzaria di Pietro e Basta Cosi (hoje Pizzaria Brandi) quando o Rei Umberto e a rainha Margherita estiveram em Nápoles. Espósito queria agradar com umas cores mais patrióticas e utilizou molho de tomate vermelho, queijo do mussarela branco e folhas verdes de manjericão. A Rainha Margherita adorou a pizza, que levou o seu nome.

A mais famosa das pizzas, justamente a Margherita, é a mais apreciada na dieta Mediterrânea. A receita é simples: farinha de trigo, azeite de oliva, tomate e mussarela. Estes ingredientes podem aumentar ou variar de acordo com a pizza, mas são sinônimo de saúde, se apreciados com moderação.

Italianidade – Assis Ângelo e a valorização do bairro do Bixiga


Procurava algum tema ou personagem para abrir as postagens deste 25 de janeiro, dia em que a cosmopolita São Paulo, que carrega consigo uma envolvente alma italiana, comemora 456 anos. Pensei em falar sobre Armando Puglisi, o Armandinho do Bixiga, oriundo que marcou época na cidade.

Uma das referências a esse neto de italianos me levou ao Blog do Assis Ângelo, um paraibano de 57 anos, há décadas radicado em São Paulo, assim como tantos e tantos conterrâneos nordestinos, que impregnaram a alma paulistana com suor, trabalho, cultura erudita e sabedoria popular.

Conheci Assis na década de 80. Naquela época eu trabalhava no jornal “Il Corriere”, periódico da comunidade italiana. Assis, chefe de reportagem na editoria de política do jornal O Estado de S.Paulo, dedicava seu tempo livre numa interessante pesquisa: a troca de correspondências entre os maestros e compositores de ópera Giuseppe Verdi e Carlos Gomes.

Procurei no blog do Assis referências a esse trabalho, mas não encontrei. Porém dei de cara com um texto que se cobre perferitamente o objetivo desta postagem: falar de São Paulo, exaltando a sua italianidade. De quebra, na figura de Assis Ângelo, fica aqui o reconhecimento do trabalho de todos os migrantes brasileiros que ajudaram a construir essa grande cidade.  Eis o que ele diz  a respeito de Armandinho e de outros símbolos da italianidade do Bixiga . Grazie, Assis.


"Acabo de ler Memórias de Armandinho do Bixiga, ditadas ao jornalista Júlio Moreno. O livro, excepcional e esgotado, saiu pela editora SENAC de São Paulo em 1996, dois anos após o desaparecimento de Armando Puglisi, o Armandinho, que conheci de perto pouco antes de nascer o Museu do Bixiga, com “i”, por ele mesmo criado. A cada virada de página, nomes de amigos e lembranças iam surgindo.

Uns ainda por cá, como o querido José Sebastião Witter. Outros já no chamado andar de cima, como Roberto Fioravanti, Antônio Rago, Francisco Petrônio, Geraldo Filme, Adoniran Barbosa. O professor Witter, da USP, experiente e sério na prática de revirar a história à procura de verdades, eu conheci nos anos de 1980. À época, eu trabalhava como repórter para o grupo Folha, do Frias pai; hoje, do Frias filho. Ao lado de Witter, um cidadão incrível como Armandinho, eu tomei prazerosamente muitos dedos de cana, ao tempo em que ele comandava o Arquivo Público do Estado, ali na Rua Marquês der Paranaguá, próximo à 4ª DP. Eu costumava ir ao arquivo em busca de informações para meus artigos e reportagens.

Ler o livro é o mesmo que ouvir Armandinho em conversa com amigos. Fala fácil, alegre, fluente. Nesse ritmo, as informações vão surgindo da memória privilegiada do bom Armando que, como Adoniran, não aceitava que chamassem o Bixiga de Bela Vista. “Na verdade, eu faço uma distinção”, ele diz à pág. 117: “O Bixiga é o centro da Bela Vista, embora o Bixiga não exista oficialmente”. Uma máxima que repetia sempre: “O Bixiga é um estado de espírito”. E exemplificava: “Você sente quando está no Bixiga, você cheira a Bixiga”. Duas páginas adiante, ele nos dá o mapeamento que fez da região: “Sempre a divisão do Bixiga foi (avenida) 9 de Julho, (avenida) Brigadeiro e uma linha imaginária, a (rua) Ribeirão Preto. É um triângulo. Do lado de lá da Brigadeiro sempre foi (avenida) Liberdade. Até o Paramount (antes teatro, hoje cinema) é Liberdade. Mas quando construíram a (avenida) 23 de Maio, o pessoal da Liberdade começou a achar que a divisa da Liberdade era a 23.

Nós continuamos com a onda e aquele pedaço ficou órfão. É onde estão os Arcos do Bixiga, a Vila Itororó, um dos monumentos fantásticos. É onde você cheira a Bixiga. Fizemos um movimento e adotamos aquela parte. Agora o Bixiga pega também a (rua) Asdrúbal do Nascimento, a 23, tudo do lado de cá, sobe a (rua) Pedroso e pega a Brigadeiro, Ribeirão Preto e 9 de Julho...”. Depois de falar da morte de Pato n´Água, que virou tema de música de Geraldo Filme (Silêncio no Bixiga), Armandinho conta que foi ele quem sugeriu ao prefeito Faria Lima que homenageasse o violinista e compositor Alberto Marino, autor da valsa Rapaziada do Brás, com seu nome num viaduto. Sugestão aceita. O viaduto é o que passa sobre a extinta porteira do Brás, também tema de várias músicas, uma delas cantada por Nélson Gonçalves. Acho que todos os bairros de São Paulo deveriam ter sua história contada da forma como Armandinho contou o Bixiga". ( Blog do Assis Ângelo -12/08/09). ....................