domingo, 4 de abril de 2010

Oriundi - Vadico, compositor e parceiro de Noel Rosa

Filho de Erasmino Gogliano e Maria Adelaide de Almeida, casal de imigrantes italianos do bairro do Brás, Osvaldo de Almeida Gogliano, nas rodas cariocas conhecido como Vadico (1910-1962), foi outro oriundo que inscreveu seu nome na história da música brasielira sobretudo como parceiro do genial Noel Rosa.

Rafael dos Santos (Unicamp - Campinas) num trabalho sobre Vadico assim descreve o seu perfil: 

 "Conhecido como um dos principais parceiros de Noel Rosa, Osvaldo de Almeida Gogliano, conhecido como Vadico, atuou intensivamente como compositor, pianista e arranjador. Entretanto, com exceção de suas obras em parceria com o Poeta da Vila e algumas poucas outras (como no caso de Prece, de 1958, com Marino Pinto), até o momento não se encontram disponíveis registros em gravação ou partitura de sua produção, e nem mesmo se sabe se ainda existem. Per Musi - Revista Acadêmica de Música - n.14, 110 p., jul - dez,2006 SANTOS, Rafael dos).

O feitio da inovação na década de 1930... Per Musi, Belo Horizonte, n.14, 2006, p.33-43 34 Vadico era paulistano, nascido em 1910, no Brás; era descendente de imigrantes italianos e todos os seus irmãos eram músicos. Seu irmão Dirceu fez o Conservatório Dramático Musical de São Paulo e sua irmã Rute era formada em piano e harmonia (MARCONDES, 1998, p.797). Sabe-se que a música européia tradicional exerceu uma influência considerável na sua formação; sua educação musical incluiu o estudo formal de piano, harmonia e composição (MÁXIMO e DIDIER, 1990, p. 266).

Anos depois, já durante o período de sua carreira internacional, que começou em 1939, estudou harmonia, contraponto, composição musical e regência com o compositor italiano Mario Castelnuovo Tedesco (MARCONDES, 1998, p.797).

Foi para o Rio de Janeiro em 1931, aos 21 anos de idade, mas um pouco antes disso já tinha duas composições gravadas: o samba Deixei de ser Otário, de 1929, gravado por Genésio Arruda na Odeon, e o samba Arranjei Outra, com Dan Mallio Carneiro, gravado por Francisco Alves em 1930. Também já fazia arranjos nesta época".

Oriundi -Italianidade na vida e música de Toquinho(3)

Em seu Blog Toquinho fala do sentimento italiano que carrega consigo.


"Sou um dos inúmeros brasileiros que, com muito orgulho, carregam a Itália impregnada no sangue. Meus avós maternos e paternos nasceram naquele país. Imigraram para o Brasil, chegando aqui no início do século passado, emprestando a força de seu dinamismo para a construção e o desenvolvimento dessa terra, mais especificamente do estado de São Paulo.

Não bastasse esse elo sanguíneo, a Itália se constituiu no berço de meu aprendizado profissional durante os sete meses que lá passei ao lado de Chico Buarque no ano de 1969, época de forte repressão política aqui no Brasil. Mal podia imaginar que se iniciava naquele ano difícil minha caminhada artística pela Itália. Posteriormente, ao longo dos anos, primeiramente junto com Vinicius de Moraes, e depois individualmente, fui construindo um lastro de popularidade consolidada a partir dos anos de 1980 pelo retumbante sucesso da canção “Aquarela”. Popularidade essa ratificada a cada ano com seguidas temporadas de shows por todo território italiano.

A Itália é minha segunda Pátria, e lá, me tratam como filho da terra. Tanto o povo italiano quanto as autoridades daquele país respeitam e valorizam seus descendentes espalhados pelo mundo. Meu avô paterno nasceu em Toro, município da região de Molise, província de Campobasso. Sei que essa minha relação com aquele pequeno pedaço de terra é um orgulho para toda sua comunidade, e tenho recebido manifestações inequívocas que provam esse sentimento. Em novembro de 2007, fui agraciado pelo “sindaco” (prefeito) de Toro, Ângelo Simonelli, em meio a tantas atitudes de carinho, com os documentos oficiais (atestado de nascimento de meu avô, Giovanni Antonio Pecci) que comprovam minha descendência de uma estirpe “torese”. Sou considerado como uma 'coisa preciosa', como são todas as pessoas que contribuíram e contribuem para elevar o nome daquela região.

Por isso, assim como outros descendentes, fui alvo de mais uma homenagem por parte da comunidade de Toro, recebendo, em julho, o PRÊMIO AMBASSAD’OR, il passaporto d’oro, conferido aos descendentes daquela terra que se destacam pelo mundo em suas atividades. Estive lá, apresentando-me num espetáculo, levando comigo a mistura do engenho inventivo do sangue brasileiro com a altivez do italiano, e meu enorme agradecimento por tão carinhoso ato de reconhecimento pelo meu trabalho. É emocionante receber esse importante reconhecimento, há um valor simbólico muito grande, pois estou representando todas as pessoas que imigraram e trabalharam aqui no Brasil".