sábado, 29 de maio de 2010

Oriundi – Pastoral e política na vida de Dom Agnelo Rossi (4)

"Em 7 de outubro de 1970, dom Agnelo Rossi enviou e publicou carta ao governador paulista Abreu Sodré. Sodré tinha dito nos jornais, um dia antes, que dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, pertencia à máquina de propaganda do Partido Comunista, “sendo seu elemento de promoção na Europa”. Dizia o governador que “como as esquerdas querem uma ‘vedete’ não de barbas e charuto na mão, mas de batina, usam-no no exterior para denegrir o Brasil. É o que esse Fidel Castro de batina tem feito na Europa”. Dom Agnelo exigiu explicações. “Fico na constrangedora contingência de solicitar-lhe provas de sua afirmação, e, ao mesmo tempo, direito de defesa ao acusado”. Sodré não deu resposta. Tempos de ditadura são assim". (Fonte:  Arquidiocese de São Paulo (Jornal O São Paulo-junho de 2008)

Oriundi – Pastoral e política na vida de Dom Agnelo Rossi (3)

O site da Arquidiocese de São Paulo (Jornal O São Paulo-junho de 2008) assim relata o perfil de Dom Agnelo  Rossi
 
"(..)Preocupou-se com as comunidades estrageiras de São Paulo. Para formar leigos auxiliares, criou o Instituto Paulo 6º, em Taboão da Serra (Grande SP). Através do Instituto Mater Ecclesiae, incentivou o estudo e o desenvolvimento da estrutura paroquial. Criou cerca de 90 paróquias novas. Através do Centro de Informações “Ecclesia”, impulsionou a comunicação. Em seu arcebispado, aconteceu o golpe militar de 1964. O esforço de dialogar com os governos militares não surtiu efeito. Quando cresciam os conflitos entre Igreja e o governo, foi chamado a Roma para chefiar a atual Congregação para a Evangelização dos Povos".

Oriundi – Pastoral e política na vida de Dom Agnelo Rossi (2)

O escritor e jornalista Elio Gaspari, no livro A Ditadura Escancarada revela como o cardeal Rossi conviveu com o regime militar.

”O segundo remanejamento que alteraria o balanço do poder eclesiástico brasileiro ocorreu no dia 22 de março de 1964, quando o cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, aos 74 anos de idade, despachou uma carta ao papa pedindo que o dispensasse da função. Bisneto do visconde de Caeté, era ao mesmo tempo descendente da nobreza mineira do Primeiro Reinado e exemplar típico do cardinalato principesco. Defendia um clero palaciano, que evitasse disputas políticas públicas. Condômino do poder, tivera suficiente intimidade com o governador Adhemar de Barros para aconselhá-lo, em momentos de crise, na casa da amante.6 Talvez tenha sido o único (certamente o último) cardeal brasileiro a escrever ao presidente da República pedindo a promoção de um coronel a general-de-brigada.

A saída de d. Helder do Rio e o nome do sucessor do cardeal Mota em São Paulo haveriam de favorecer o entendimento dos bispos com os generais. Em outubro de 1964, a CNBB reuniu-se em Roma. Formou-se uma maioria conservadora, derrubou-se d. Helder da secretaria geral, e defenestrou-se toda a sua equipe.8 A ofensiva foi tão profunda que em dezembro o arcebispo de Olinda foi visitado por uma carta do Santo Ofício e teve de se defender da acusação de freqüentar um templo protestante, elogiar seus fiéis e criticar a devoção católica à Virgem Maria.

O reverendo respondeu com amargura: "Pedi ao Menino Deus: que eu morra antes de causar uma apreensão justificada à Santa Sé".9 O conservadorismo colocou na presidência da CNBB o arcebispo de Ribeirão Preto, d. Agnello Rossi. Um mês depois, durante os debates da terceira sessão do Concílio,Paulo VI indicou-o arcebispo de São Paulo. Filho de um funileiro italiano, sacerdote de hábitos gentis e reputação de excelente administrador, Agnello Rossi recebeu com o pálio da sé paulista a oferta da liderança de um reordenamento conservador. A

os 51 anos, saído de um bispado sem expressão política, chefiava a maior arquidiocese do país e presidia uma CNBB sem d. Helder na secretaria geral. Tornou-se um operário do regresso. Com a ajuda da hierarquia tentou fazer que a Igreja coubesse dentro do projeto desmobilizador do regime. Diluiu a ação da CNBB, liquidou as organizações laicas da juventude católica e afastou-se do debate político”.

Oriundi – Pastoral e política na vida de Dom Agnelo Rossi (1)

O  site do  Pontifício Instituto Missões Exteriores ao falar sobre igreja e comunidade destaca que “em 1956, o bispo de Barra do Piraí, Dom Agnelo Rossi, preocupado com a difusão do protestantismo e com carência de padres e religiosos, formou centenas de catequistas leigos que, após alfabetizados e treinados, recebiam materiais catequéticos que explicavam em suas comunidades. Reuniam o povo para a leitura bíblica, cânticos e orações. Foi uma primeira experiência de valorização da capacidade dos leigos”.