sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Oriundi - Sangue italiano nas veias do Modernismo brasileiro: Zina Aita, a artista esquecida

Na italianidade da Semana de Arte Moderna (fevereiro de 1922), um nome menos badalado, foi o de Zina Aita, filha de imigrantes italianos, nascida em Belo Horizonte em 1900. Poucas vezes mencionada quando o assunto é a Semana de 22, Zina viveu boa parte de sua vida na Itália, fato que talvez explique esse vazio nas análises sobre o modernismo no Brasil.

Pintora, ceramista e desenhista, seu nome de batismo era Tereza Aita. Ainda adolescente parte com a família para a Itália) em 1914 onde permanece por quatro anos, realizando estudos na Accademia di Belle Arti di Firenze [Academia de Belas Artes. Em seu retorno ao Brasil começa a conviver com o ambiente modernista, tornando-se amida da pintora Anita Malfati e do escritor Mario de Andrade. Em 1920 realizaria sua primeira exposição individual, justamente na sua cidade natal.

“Assim como Anita havia inaugurado o modernismo em São Paulo, desper- tando uma estética revolucionária nas artes plásticas, Zina Aita transpôs para o cenário cultural ainda acanhado, de Belo Horizonte, no início do século XX, uma arte que funcionou como mecanismo de subversão ao sistema de valores plásticos convencionais. Em 31 de janeiro de 1920 foi inaugurada, no edifício do Conselho Deliberativo da Capital, uma exposição de suas obras, que canalizou os contrastes existentes no ambiente cultural da cidade. Partindo de uma nova sintaxe da cor e de uma liberdade no tratamento técnico que a aproximam do fauvismo de Matisse e Derain, Zina Aita introduziu uma maneira revolucionária de pintar, estranha ao gosto da cidade”, comenta a professora de História da Arte Mônica Eustáquio Fonseca (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais).


Para alguns estudiosos, sua pintura desse período aproxima-se do movimento art nouveau e do pós-impressionismo. Dois anos após paryocipar da Semana de Arte Moderna, Zina muda-se para Itália onde teve intensa produção artística, sobretudo como ceramista. Faleceu em Napoli em 1967.

História (78 ) – ”Far l´America (46 )”: perfil dos imigrantes Piemonteses no Estado do Espírito Santo

Chiara Vangelista, autora do trabalho Gênero e estratégias migratórias: mulheres italianas imigrantes no Estado do Espírito Santo Brasil, 1894-1895 , analisa o perfil dos piemonteses que desembarcaram no Espírito Santo no final do século XIX. “Contrariamente ao que se passou em São Paulo, e de forma semelhante à situação dos Estados do Sul, a imigração das últimas décadas do século XIX consolidou, no Espírito Santo, o sistema introduzido pelas colônias imperiais.

O bom êxito das colônias agrícolas deveu-se ao fato de que estas não foram simples núcleos de povoamento, mas ligaram-se ao circuito comercial internacional, participando da produção do café, produzido, desta maneira, tanto pelas fazendas do sul do Estado, como pelas colônias agrícolas do Centro (Saletto, 1996; Reginato, Vangelista, 1997)”

“Os emigrantes piemonteses aqui analisados embarcaram para o Espírito Santo entre outubro e dezembro de 1894 e chegaram em Vitória entre novembro de 1894 e janeiro de 1895 São no total 467 pessoas que, tendo emigrado no final de 1894, formam parte das estatísticas da imigração dos dois anos – 1894 e 1895 – que representaram um dos picos da imigração italiana no Espírito Santo” “Nos três navios os emigrantes procedentes do Piemonte representam de 8 a 14,5% do total dos passageiros. No caso destes três navios, a emigração piemontesa é formada exclusivamente por unidades familiares (famílias nucleares, famílias com agregados, ou, mais raramente, grupos de famílias nu- cleares, indicadas como unidades pelo registro de embarque”

"Dos 467 emigrantes, com efeito, somente um viajava sozinho e os outros formavam 112 unidades familiares, com uma média de 4,2 pessoas cada uma). O índice de masculinidade médio dos pie- monteses para os três navios (122) é superior àquele do total dos passageiros (107.8)”. “No que se refere à procedência 44,6% das unidades familiares partiu da Província de Alessandria, 24% e 18% das Províncias de Cuneo e Vercelli, enquanto que Asti, Novara e Torino forneceram, juntas, somente 16% das famílias restantes”.