segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

História 65 - "Far l´America (33 )": vinhas gáuchas, fator de fixação do imigrante na colonia

O plantio dos pequenos vinhedos de cada família era feito em terreno já cultivado ou logo após o desmatamento. A fertilidade do solo virgem, a umidade e o sol quente do verão da serra, aliados ao vigor natural da videira Isabel, faziam as plantas crescerem admiravelmente, com longos galhos e enormes folhas robustas. A frutificação era abundante. O entusiasmo era muito grande e, seguramente, a videira foi o bálsamo e o reencontro do imigrante com a sua terra de origem. Uma nova e promissora cultura se apresentava para manter a alegria e coragem e refazer as energias dos desbravadores da região. Com a aumento das famílias, a melhoria das condições de vida e o desenvolvimento da promissora cultura da videira, tornou-se necessária e possível a construção de novas casas, com a maior espaço e mais comodidade. Aí surgem as casas com porão e algumas com sótão.

O porão teve como uma das causas preponderantes do seu surgimento a elaboração, envelhecimento e guarda do vinho nas pipas, o qual deveria durar e abastecer o consumo da família até a colheita do ano seguinte. A uva era colhida em balaios feitos com cipó e esmagada com os pés.

A fermentação se processava em pipas de madeira instaladas no porão da casa, onde todas as operações de vinificação eram feitas pela própria família. Logo após o esmagamento da uva, o mosto doce era bebido por todos. Na época também era muito habitual comer-se o pão molhado nesse mosto. Não eram raras as reuniões de famílias, especialmente no dia 6 de janeiro, para comemorar a festa do pão e do vinho, aproveitando o mosto obtido das uvas mais precoces.

Fermentado, o mosto era transformado em vinho, quase todo ele tinto, de uva Isabel, e consumido já nos meses de abril e maio, devendo durar até a próxima colheita. O imigrante havia encontrado finalmente um fator importante e decisivo para sua fixação e adoção definitiva da nova Pátria. Uma vez mais a vitivinicultura evidenciava-se como elemento de fixação do homem a uma região, por ser ela um componente da civilização humana ligado à cultura e com características universais.

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