sábado, 27 de março de 2010

História (130 ): Imigrantes e o Hospital Umberto I

 A assistência médico-hospitalar ao imigrante italiano tem no Hopsital Umberto I, em São paulo, um importante marco cuja criação é assim descrita por Maria do Rosário R. Salles e Luiz A. de Castro Santos no trabalho Imigração e médicos italianos em São Paulo na Primeira República

"A Sociedade Italiana de Beneficência se constituiu pouco antes do fim da Monarquia, num momento em que São Paulo contava com pouco mais de 25 mil habitantes e a comunidade italiana era ainda reduzida, com comerciantes e artesãos na sua quase totalidade. Uma aspiração da Sociedade desde o início foi fundar um hospital, projeto difícil de se realizar, uma vez que requeria recursos de que os sócios não dispunham. Dessa forma, primeiro abriu-se uma enfermaria no bairro do Bexiga, cuja população, no começo do século, era quase exclusivamente italiana. Em 1901, a criação do Fundo de Emigração pelo governo italiano proporcionou uma inesperada e oportuna ajuda financeira de 350 contos de réis, acrescida de uma subvenção a ser obtida do governo brasileiro, em função de um acordo firmado em novembro de 1896 entre os dois países, que previa a ajuda a iniciativas que visassem à melhoria das condições de assistência ao imigrante (Pisani, 1937). A Sociedade Italiana de Beneficência em São Paulo pôde inaugurar seu hospital em 1.º de janeiro de 1905, com um forte apoio, inclusive financeiro, da comunidade.

O fato, entretanto, do hospital ter sido criado com o intuito de atender aos imigrantes, sem restrições de 'raça, cor ou credo' (Lammoglia, 1954), criou desde logo dificuldades financeiras e administrativas para sua manutenção, em grande parte resultantes do crescimento do número de indigentes e pacientes de baixa renda, atendidos gratuitamente. Desta forma, com sucessivas contribuições pessoais e subscrições coletivas de italianos, dotações e subsídios do governo italiano, e também com o decisivo apoio financeiro do Conde Francisco Matarazzo18, funda-se uma casa de saúde anexa ao hospital, a Casa de Saúde Francisco Matarazzo, onde deviam funcionar as clínicas e serem atendidos pacientes particulares, cuja renda serviria para subvencionar o atendimento gratuito do hospital.

A Casa de Saúde seria o primeiro de uma série de empreendimentos, quase todos patrocinados pelo Conde ou pela família, todos favorecendo o hospital, a partir da renda gerada pelo atendimento à clientela pagante. Essa era a expectativa do Conde Matarazzo, anunciada no discurso de inauguração da Casa de Saúde, em 1917 (Lammoglia, 1954). A fundação do Hospital Umberto I em São Paulo, significou, por um lado, a possibilidade de incorporação de um número importante de médicos italianos e o incremento da imigração médica e, por outro, a alavanca para o seu desenvolvimento posterior como grupo e a base da constituição de sua visibilidade'

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