sexta-feira, 7 de maio de 2010

História (184) - "Far l'America (103)": Imigração italiana na história da Fazenda Santa Gertrudes (4)

Na Fazenda Gertudes " O Colonato ao combinar distintas formas de produção, proporcionava ao colono um pagamento em dinheiro pelo trato e colheita e também a produção da sua subsistência. O dinheiro que ele recebia pelo trato e pela colheita geralmente não cobria as necessidades de sobrevivência da família.

Os salários pagos aos colonos variavam de região para região, de fazenda para fazenda, de ano para ano, dentro de uma própria fazenda. Seu valor estava diretamente ligado as condições oferecidas para a lavoura de subsistência e praticamente independia das condições de oferta e demanda de mão-de-obra. Estes salários provinham de três fontes: Do trato, de um certo número de pés de café, pago por unidade de 1000 pés; o trato consistia em fazer a limpeza das ervas daninhas de três a cinco vezes ao ano; Da colheita paga pela quantidade de alqueires de café colhido (um alqueire de café equivalia a 50 litros); Das diárias, isto é, dias de trabalho avulso prestado ao fazendeiro conforme as necessidades da fazenda. A documentação da fazenda Santa Gertrudes permite verificar o quanto cada uma das fontes de rendimento monetário representava no total do rendimento familiar, quer em relação ao tamanho da família, quer em relação à força de trabalho, quer ainda em relação aos anos de boa ou má safra.

O trato tanto em relação ao tamanho da família quanto ao número de trabalhadores chegava a representar quase a metade do rendimento monetário do colono, enquanto a colheita era responsável por cerca de 39% ficando o restante por conta da diária e outros serviços.

Embora estas proporções não variem muito quando se trata do tamanho da família, o trato quando é relacionado com um número de trabalhadores tem uma leve tendência a diminuir enquanto as outras fontes no geral tendiam a aumentar ligeiramente a sua participação no rendimento, à medida que aumentava também o número de trabalhadores no grupo familiar. A documentação da fazenda Santa Gertrudes permitiu estimar o orçamento de uma família colona naquela propriedade, para o ano de 1913. Esta família, composta de marido, mulher, dois adolescente entre 12 e 16 anos e mais uma criança pequena aparece na documentação da fazenda como uma família de 5 pessoas e duas enxadas.

Em 1913 ela tratou de 5081 pés de café recebendo por isso a importância de R$ 406$480, colheu 903 alqueires de café no valor de R$ 415$500 (este foi um ano de excelente safra) e executou 33,25 diárias no total de R$ 74$625, além de receber R$ 90$300 de gratificação pela colheita paga pelo fazendeiro a todos os colonos que concluíram o ano agrícola em Santa Gertrudes.

Portanto, esta família recebeu da fazenda a importância de R$ 986$905. Isto posto, pode-se inferir que o sistema de colonato apresentava-se vantajoso para as famílias que se e encontravam no ápice de sua capacidade produtiva e soubessem se beneficiar ao máximo da mesma. As famílias empregadas nas fazendas mais próximas aos núcleos urbanos possuíam uma opção de vender o excedente da sua produção de subsistência e fazer aí as suas compras evitando os preços mais altos cobrados no armazém da fazenda, numa época em que os gêneros de primeira necessidade estavam bastante caros". ( (Fonte: Fazenda Santa Gertrudes )

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